Prefácio

Era uma noite fria em Los Angeles, fria demais para Agosto, as ruas estavam vazias, o que não era casual, não na cidade da fantasia. Um homem caminhava lentamente pelas ruas vazias, sem dar importância para o frio, sua cabeça estava baixa e suas mãos estavam nos bolsos de sua calça preta. Sua cabeça levantou e ele respirou fundo e virou na próxima rua onde uma mulher aguardava na calçada, por um taxi ou uma carona, quem se importa? Ele se aproximou dela com um sorriso torto, ela o viu se aproximar, se virou e continuou olhando para rua apreensiva enquanto apertava a bolsa junto ao corpo. Ele parou a uma distância considerável dela, olhou-a por um tempo enquanto ela ficava ainda mais inquieta.

– Uma moça não devia estar sozinha a uma hora dessas – ele disse numa voz amistosa, a mulher o encarou e voltou a olhar a rua sem nada dizer – Eu não vou machucá-la se é isso que está pensando!

– Não estou sozinha! – a mulher disse ainda olhando a rua – Estou esperando meu marido, ele foi buscar o carro numa rua próxima.

– Bom, se é assim você não se importaria se eu ficasse aqui, parado, zelando pela sua segurança até seu marido chegar, não é? – a mulher o olhou e mordeu o lábio inferior um pouco insegura, o que não passou despercebido pelo homem. Ela deu os ombros e continuou olhando para rua. – Sabe o que eu acho? – ele disse depois de uns minutos em silêncio.

– O que? – a mulher perguntou olhando-o com um pouco mais de atenção agora.

– Acho que seu marido se perdeu a caminho do carro – ele deu uma risada seca enquanto a encarava.

Os olhos dele, ela percebeu eram escuros e diziam claramente que ela não devia ficar ali parada, não com ele tão perto. Algo lhe dizia que ele não era uma boa companhia.

– Ele saiu faz pouco tempo, já deve estar voltando, você já pode ir, eu vou ficar bem.

O homem olhou pro chão e riu mais uma vez, uma risada diferente, uma risada que fez os pêlos do corpo dela se arrepiarem.

– Bom, se ele já esta voltando, acho melhor não perder tempo, não é? – ele levantou a cabeça e a encarou, os olhos deles haviam ficado mais negros e havia presas em sua boca, a mulher gritou e tentou correr, mas ela não teve tempo de ir muito longe, braços de aço agarram sua cintura e uma mão tampou sua boca. Tudo ficou escuro.

Ao longe, faróis de carro se aproximavam, mas ali não havia nada para se buscar, a não ser uma bolsa preta, largada no chão.