Love Rollercoaster
Capitulo 1 – Montanha-russa
Então depois de todo esse tempo, aqui estou eu, sentado na minha mesa, sozinho, escrevendo o que me vem à mente, só para dizer que eu o amo e pedir seu perdão. É, eu sabia que ia terminar assim. Estava errado desde o início. Mas deixe-me contar tudo, desde o começo.
Era sábado, estava um frio gostoso, vontade de nunca sair debaixo do edredom. Mesmo assim eu levantei. Vesti-me logo com as roupas mais quentes e bebi uma xícara de chocolate fumegante. O dia estava começando muito bem. Mas eu não fazia idéia do que me esperava. É aí que começa minha história.
Meu nome é Shaka, eu tenho vinte anos. Sou formado em Ciências Biológicas e agora estou fazendo Mestrado, com a pretensão de fazer Doutorado em Genética. Mas enquanto esse dia não chega eu vou levando a vida. Trabalho, moro sozinho e sou um viciado em computador. Talvez esse fosse o meu maior mal.
Naquele sábado eu acordara mais bem disposto. Sentei na frente do computador com o intuito de terminar um trabalho, enquanto isso conversava com alguns amigos dos tempos de faculdade. Foi assim que uma pessoa entrou na minha lista no MSN. Ele tinha um nick engraçado... E se dizia conhecido de um amigo meu. Ele estava procurando alguém que lhe ajudasse em um trabalho de biologia. Ninguém melhor que eu para isso.
Foi assim que nos conhecemos. Ele, um garoto que precisava apenas de uma forcinha em um trabalho. Eu, um aluno de mestrado, procurando nada mais que seguir minha vidinha chata.
Fênix: Vc é Shaka?
Shaka: Eu mesmo.
Fênix: Um amigo meu passou seu MSN, ele me disse que você faz Biologia...
Shaka: Na verdade sou formado...
Fênix: Espero não ocupar mt seu tempo, mas realmente preciso de ajuda...
Shaka: Sem problemas... Eu tenho tempo livre.
Fênix: Então, você faz o que?
Shaka: Trabalho em um laboratório e faço Mestrado.
Fênix: Nossa... Mas meu amigo disse que você tinha só vinte anos.
Shaka: E tenho! Sou um pouco precoce, entrei na faculdade com dezesseis anos. Mas diga... Qual o seu nome?
Fênix: Desculpe... É Ikki.
Shaka: Ikki, q faculdade vc faz?
Fênix: Na verdade ainda estou na escola, segundo ano do ensino médio.
Shaka: Ahn... Legal.
Bom, foi assim que nos conhecemos. Ele tinha dezesseis e eu vinte. Mas ele parecia mais adulto que eu às vezes. Depois dessa conversa marcamos um encontro. Eu deveria ajudá-lo com um trabalho de biologia para a escola... Mas não foi só isso que fiz por ele.
Na quarta-feira seguinte àquele sábado nos encontramos na minha casa. Eu pensava em um menino pequeno, magricela de dezesseis anos, mas o que entrou na minha sala foi um rapaz de cabelos escuros e curtos, de pele morena e musculoso. Nada a ver com a imagem que eu fazia de um garoto.
– Você é Ikki? – Eu perguntei sorrindo. Ele fez que sim com a cabeça, mas não falou nada. Provavelmente eu também não era o que ele imaginava.
Eu fiz com que ele sentasse-se à mesa e começamos o trabalho. Era apenas uma dissertação, nada de complexo, mas para alguém que odiava "tudo que não tinha cálculo" era o cúmulo da chatice. Bem, eu fui bastante paciente e ensinei tudo o que sabia a ele, mas quem deveria redigir era ele.
No fim daquele dia eu estava balançado com aquele menino. Ele era engraçado, tinha a voz mais grossa que a minha... Um olhar predador e aquela ingenuidade que só se tem uma vez na vida. Eu fiquei encantado... Ele era tudo que eu nunca seria e muito bonito também.
Ele falava sobre tudo, sempre sorrindo para mim, um pouco nervoso no início, mas depois mais solto. Acabamos lanchando juntos e quando vimos estava tarde. Eu o levei de carro para casa, mas minha atenção nunca estava no trânsito, mas sim nele.
– Por Zeus! Nunca mais ando de carro com você! – Ele brincou. Nos conhecíamos há poucas horas, mas já tínhamos essa intimidade.
– Eu dirijo bem, você quem tira minha atenção, moleque! – Eu retruquei rindo e ele me devolveu o sorriso na mesma intensidade. Rapidamente desviou o olhar e colocou a mochila nos ombros.
– Obrigado pela paciência e pela carona, Shaka.
– Foi um prazer, garoto... Apareça lá em casa quando precisar. – Eu sorri mais uma vez, quebrando o clima frio.
– Certo. Mas não me chame de garoto... Eu não sou criança... – Aquilo de um certo modo me fez parar e olhar pra ele de outra forma. Ele não era um garoto, era um homem... E certamente parecia mais com um do que eu, apesar da diferença de idade.
– Claro... Garoto. – Mas era legal implicar com ele, então eu pisquei um olho e entrei novamente no carro.
Esse menino tinha um poder imenso de me tirar o chão, de fazer meu coração pular em meu peito. Eu não sabia o que ele tinha, mas sabia que tudo nele me hipnotizava e eu precisava ter ele pra mim. Não era certo, eu era muito mais velho, mas eu o queria... Eu precisava dele.
oOoOo
Os dias se passaram. Com o tempo eu e Ikki ficávamos mais amigos. Sempre nos encontrávamos no MSN e às vezes a gente conversava até o amanhecer. E cada vez mais eu o queria para mim, cada vez mais eu gostava de conversar com ele e precisava vê-lo de novo.
O trabalho dele foi um sucesso na escola, por isso marcamos de ele voltar na minha casa em uma sexta-feira. Era apenas uma desculpa minha para vê-lo, mas colou muito bem e minha consciência ficou tranqüila.
Ele chegou a minha casa de tarde, me mostrou o trabalho, me contou sobre os elogios da professora e sobre algumas fofocas que rolavam no colégio. Eu contei algumas histórias sobre a minha antiga faculdade, sobre como ia meu mestrado, o que eu fazia no trabalho e quando vimos estávamos no meu quarto em frente ao abençoado ou amaldiçoado computador.
Meu karma maior! Aquele computador falava por si só, minha vida estava lá. Meus temores, minhas alegrias, minhas virtudes e até mesmo defeitos. Era fácil me descobrir pelo meu computador. E então era prato cheio para que Ikki tirasse sarro de mim. Principalmente depois de ter visto algumas fotos comprometedoras que alguém sempre tira da gente.
A cada segundo eu queria desligar aquela máquina e jogá-lo na minha cama, mas não poderia, ele era só uma criança. Uma criança muito interessante, eu diria, mas ainda assim novo demais.
E esse moleque novo demais teve a coragem de abrir uma pasta de fotos antigas, de uma festa da faculdade na praia. Quando eu vi era tarde demais, tentei fechar a pasta, mas ele já via minhas fotos de quando eu era ridiculamente criança e tinha cara de menina e acabou que eu passei o braço por cima dele, fazendo nossos rostos quase se tocarem.
Eu podia sentir seu hálito quente em meus lábios. Aqueles olhos azuis escuros brilharem quando encontraram os meus. Eu engoli em seco, quase não resisti à tentação de tomar aquela boca vermelhinha em um beijo. Afastei-me bruscamente ao ver que ele também queria me beijar.
Aquilo fora um choque. Eu me levantei apressado dizendo que precisava beber água. Ele não disse nada e eu nem esperei por algo, apenas saí do quarto até a cozinha, respirando pesadamente pelo susto. Só me passava pela cabeça a idéia de que eu estava louco por agarrar ele. E ele era só um garotinho de dezesseis anos...
"Shaka seu pervertido!" Eu pensava, enquanto tentava beber água sem derrubar nada. "Ele é só um menino e você fica tendo essas idéias pervertidas com ele..." Eu me julgava um tarado sem noção e o que eu não via era que nossa diferença de idade era só de quatro anos.
Naquela tarde eu não o levei em casa. Ele voltou sozinho, enquanto eu tentava não pensar nele. Mas quem eu quero enganar? Eu gostava dele, não iria esquecer tão fácil assim... E ainda por cima meu corpo me desobedecia armando um complô contra mim, junto com minha mente.
Depois desse dia passamos alguns sem nos falarmos. Eu tentei até esquecê-lo de alguma forma, ficando com outras pessoas, mas eu sempre me pegava pensando nele. Então numa tarde eu estava com um "amigo", Aioria, em casa e o computador estava ligado. Eu vi que Ikki me mandava mensagens, mas não respondi, afinal eu estava... Ocupado.
Mas aquele moleque ligou pra minha casa. Sim, ele ligou bem na hora errada e eu atendi o telefone. Aioria tentou não me deixar atender, mas eu, ofegante, já falava com a pessoa do outro lado da linha. Pior foi sentir que aquele estúpido não parou de me provocar, mesmo eu estando falando ao telefone.
– Hum... Pare... – Eu tentei falar baixo, abafando gemidos. Mas Ikki ouviu.
– Quem tá aí? Shaka, o que está acontecendo? – Ele percebeu tudo, principalmente quando não obteve resposta alguma. – A gente se fala depois... – Ele sussurrou antes de desligar.
Eu taquei o telefone longe e afastei Aioria. Sentei-me na cama pensando nas milhões de idiotices que eu tinha feito pra afastar aquele menino de mim. Ele agora devia estar pensando que naquele dia eu estava só brincando com ele e provavelmente me achando meio... Puto! A quem eu queria enganar?
– Desculpe, Aioria... – Eu me levantei e vesti minha roupa, ignorando minha excitação ainda maior por causa da voz de Ikki no telefone.
– O que foi, Shaka? Quem era? – Eu o encarei e desviei o olhar. Aioria se parecia com Ikki, mas aparentava ser mais velho e o era. Por que então eu não ficava com ele?
– Nada... Era... Um amigo...
– Hum... Aquele que você gosta?
– O quê? – Eu me assustei com a pergunta e voltei meu olhar para ele.
– Shaka, você não engana nem a uma porta. Está apaixonado por ele, não está? E por que não ficam juntos?
– Acha que é simples? E se ele não gostar de... Homem?
– Você já perguntou?
– Não! – "Não é algo que você saia perguntando por aí, oras!" Eu pensei comigo... – E além do mais... E ele tem só dezesseis anos! – Eu me sentei na cama com as mãos no rosto, estava querendo sentar e chorar.
– Não sabia que você era meio... Pedófilo! – Aquele safado ainda ria?
– Aioria!
– Desculpe... – Ele riu e sentou-se ao meu lado me abraçando pelos ombros. – Deixa de bobagem... São apenas quatro anos... Meu irmão namora o Shura e eles têm uma diferença de quatro anos... – Eu o encarei perplexo, era muito diferente. Shura era Shura e Aioros era Aioros...
– Não dá pra comparar!
– É claro que dá! Se você gosta desse garoto não faz diferença alguma a idade que ele tenha. Ele é virgem? – Que tipo de pergunta era aquela? Eu levantei uma sobrancelha e me afastei um pouco.
– Como é?
– Ah... Você sabe... Nessa idade dele... De repente...
– Aioria! Depois eu quem sou pedófilo!
– Você também não sabe, né? – Eu neguei com a cabeça, confirmando que ele estava certo. Mas Ikki não tinha cara de ser virgem, ou tinha? – Bom de qualquer forma se você gosta dele...
– É você está certo... Mas faça um favor... Vista as roupas!
oOoOo
Aioria era um bom amigo, a gente sempre se dava muito bem. Mas ele tinha o dom de falar as coisas mais pervertidas na hora mais errada. E o pior era que ele sempre sabia que estava certo.
Mas depois da minha gafe eu precisava me redimir com Ikki, por isso no dia seguinte eu o busquei na escola. Quando ele me viu fez aquela cara de "não estou nem aí pra você" e veio até mim. Eu disse que precisava conversar com ele, então o levaria a minha casa.
Ele tentou contestar, mas eu fiz pé firme e o levei quase arrastado ao meu apartamento. De novo era um dia frio, mas eu parecia estar sentindo um calor incomum. Ele me fazia sentir-me assim... Quente.
Almoçamos calados e assim que eu o vi virar o rosto mal humoradamente resolvi iniciar uma conversinha...
– Sabe por que te trouxe pra cá?
– Pra conversar?
– Sim... – Eu apoiei o cotovelo na mesa e o encarei. – Sobre?
– Por que não fala logo e me deixa ir?
– Que mau humor! – Eu exclamei irritado. – Está com ciúmes?
– Ciúmes? De que? – Sua voz aumentava de volume e ele estava ficando nervoso.
– Porque ontem quando você me ligou eu estava com outra pessoa... – Eu sorri sarcástico e ele virou a cara.
– Não me importo... Você pode ter quantas quiser... Não faz diferença pra mim. – Eu poderia provar o contrário.
– Não quer saber quem era e o porque de estar aqui?
– Eu já disse, não me interessa quem você traz pra cá, nem o que vocês fazem... Mas eu posso fazer uma boa idéia. – Ele ficava tão fofo assim nervoso.
– Hum... Não precisa ficar nervoso, garoto... Olha, me desculpe... Talvez eu não devesse ter atendido ao telefone naquele momento...
– Não me importa...
– É claro que você se importa! Olha, Ikki... Essa pessoa que estava aqui... A gente não tem nada um com o outro... E...
– Tudo bem Shaka... Não precisa me explicar porque ela estava aqui... – Eu queria esganar ele por ser tão lerdo! Como podia não perceber que eu estava irremediavelmente apaixonado?
– Ela?
– Não era ela? – Ele me olhou confuso e eu ri, encostando-me ao espaldar da cadeira.
– Não... Era ele. Aioria, um amigo meu da faculdade. Ele veio aqui ontem... E seus pensamentos estão certos, na hora que você ligou eu estava realmente transando com ele... Mas eu queria estar com outra pessoa. – Ele arregalou os olhos como se eu tivesse dito um absurdo... Bem, pra um menino de dezesseis anos talvez fosse, mas pra mim era normal.
– Desculpe, se eu soubesse não teria ligado... Mas... É...
– Está tudo bem. – Eu aproximei meu rosto ao dele, queria beijar aqueles lábios agora. – Por que me ligou ontem?
– Você não respondia no MSN, mas eu sabia que você estava em casa... E... Eu... Eu não sei... Eu de certo modo sabia que você devia estar ocupado e...
– Queria atrapalhar? – Ele me olhou com espanto, mas só podia ser... Ele estava com ciúmes, mesmo sem saber o que eu fazia. – Você conseguiu, eu não terminei o que fazia e ele foi embora... Sabe por quê?
– Não...
– Porque eu não gosto dele... Eu queria estar com outra pessoa...
– Quem?
– Você. – Aquela boca vermelhinha tremeu levemente e eu não contive minha vontade de cobrir seus lábios com os meus.
Continua...
