Eu gosto de azul, sabe.
É uma cor bonita, simples, fácil.
Mas eu também gosto de chuva, sorrisos e lembranças.
Das chuvas torrenciais e os sorrisos de eu-te-amo-tanto-Harry.
Harry é como o céu azul que flameja acima das pequenas gotas de chuva, enquanto eu tento gravar em minha memória a sensação da água correndo em nossas peles.
Mas tem momentos em que o negro o esconde, e ouço uma voz falar comigo. Só eu ouço. Porque ele existe em mim.
Aquela voz. Das cores, chuvas e lembranças erradas. Daquela noite em que Harry me salvou da câmara.
O tempo não existe pra ele.
A lâmina da faca desliza pela minha pele, desde as pontas dos meus dedos até o fim do meu braço. É tão suave que eu me arrepio, sentindo a brisa leve passar entre meus cabelos ruivos.
Lá fora chove. Mas não a chuva que eu gosto.
Harry está em algum lugar, longe daqui.
Eu sei porque ele está aqui e quando ele está aqui o azul de Harry escorre pelas suas veias, a tinta foge e o negro se funde.
A voz macia de veludo me faz fechar os olhos.
A ponta afiada dói em meu pulso, arde e o sangue vem...
Vermelho. Não azul.
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