N/A: Olá, pessoal. Essa é minha primeira fic de Once Upon a Time, que é uma das minhas séries preferidas. Escrevi logo depois da última aparição do Chapeleiro, porque o personagem não apareceu mais de forma significativa e gosto demais dele. Achei que Jefferson merecia um final feliz. Acrescentei alguns momentos de flashback à história e espero que vocês gostem.

A propósito, essa é uma songfic e a música usada como base para ela foi "I want my tears back" da banda finlandesa Nghtwish. A tradução da música foi feita por mim...

Well, enjoy!


EU QUERO MINHAS LÁGRIMAS DE VOLTA

Abraçar Grace depois de todo aquele tempo, depois de tantos anos vivendo solitário e vendo-a sob os cuidados de outros era uma sensação indescritível. E como o garoto, Henry, lhe dissera, ela não demonstrara magoas contra suas ações. E estavam juntos outra vez agora.


I want my tears back!

Eu quero minhas lágrimas de volta!


Grace fora com ele para a mansão em que ele vivia e imediatamente começou a fazer perguntas e a puxar a mão do pai para que ele lhe mostrasse tudo o que havia na casa.

Foi nessa peregrinação que ela descobriu o quarto. Sim, o quarto. Ele o montara lentamente naqueles anos, com o dinheiro que era abundante para ele naquele mundo. Pensou, durante algum tempo, que era apenas uma tortura para ampliar sua solidão, mas quando os olhos da menina se arregalaram e ela correu para descobrir os brinquedos no baú, as bonecas e jogos de chá, ele soube que fora a esperança de ter novamente o amor da filha que o fizera comprar tudo aquilo, arrumar o quarto.

Jefferson observava-a, parado na porta.

-Você sabia onde eu estava papai? Sabia e comprou tudo isso... pra mim? – Ela perguntou, deixando de lado a exploração.

Ele não soube como responder.

-Sim... Tudo isso é seu. É pouco para compensar o modo como a deixei, no nosso mundo de origem, mas espero que você goste.

-Não diga besteiras, papai. – Ela correu até ele, abraçando-o. – Eu perdôo você. Você fez o que achava certo e foi embora para conseguir dinheiro, não é?

-Sim. – Ele fechou os olhos, pousando as mãos no cabelo dela e sorrindo para si mesmo. Era mesmo um bobo por pensar que sua Grace fosse se esquecer, fosse odiar. Ela se parecia demais com a mãe para fazer qualquer uma dessas coisas... Ela era tão parecida com Alice!


The treetops, the chimneys,

The snowbed stories, winter grey

Wildflowers, those meadows

Of heaven, wind in the wheat

As copas das árvores, as chaminés

As histórias para dormir, inverno cinzento

Flores silvestres, aqueles campos

Do paraíso, brisa no trigo


No País das Maravilhas não havia inverno e O Chapeleiro, como era conhecido em sua terra natal, não sabia como era a neve.

Viveu durante muito tempo com a Lebre de Março, um velho amigo, e o Caxinguelê.

Apesar de, para uma pessoa de outra realidade, aquele mundo parecer louco e sem sentido, era feliz ali, até a chegada de Alice.

Ela era, na época, uma garotinha muito pequena, com um vestido de rendas brancas e uma determinação ingênua. Tinha seis anos e era muito mais esperta que a maioria dos adultos, porque tinha um coração.

Encontrara os três companheiros tomando chá e logo travou uma conversa com eles, falando sobre seu mundo. Ela não era dali: vivia na Floresta Encantada, e não sabia como tinha chegado naquele lugar bizarro. Ela falou da neve e das casas cheias de aconchego e por algum motivo, aquelas palavras ficaram com O Chapeleiro quando ela se foi.

Alguns meses depois de conhecê-la, ele estava só. A Rainha de Copas fizera uma nova lei que punira a Lebre e o Caxinguelê com a morte por decapitação e ele escapara apenas por ser o chapeleiro preferido da soberana.

Aquele mundo estava tão sem alegria, que ele teve uma ideia e uma vontade e utilizando magia, costurou um chapéu especial e único que abriria portais para os outros mundos.

Queria conhecer o mundo de Alice e talvez até encontrasse a menininha por lá.

E foi quando colocou o chapéu mágico para funcionar pela primeira vez.

O resultado foi o esperado e ele chegou a uma pequena aldeia na orla da Floresta Encantada. E era inverno.

A neve cobria o chão e os telhados das casas, das quais as chaminés lançavam uma fumaça suave e cinzenta.


A railroad across waters,

The scent of grandfatherly love

Blue bayous, Decembers

Moon through a dragonfly's wings

A ferrovia cruzando águas

O vestígio do amor de um avô

Rios azuis, Dezembro

A lua através das asas de uma libélula


Estava parado ali, admirando aquela paisagem quando sentiu uma mão tocar seu ombro e se virou, observando uma mulher jovem, que sorria.

-É você mesmo? Quero dizer... Eu o conheço senhor, eu acho.

-Eu lamento, mas não sou daqui. Não sei como poderia conhecê-la.

-Você é O chapeleiro! Tomei chá com você e com a lebre, lembra-se? Faz tanto tempo, é claro que não se lembra! – Ela rira e ele se sentira extasiado com aquela risada. Os cabelos louros estavam parcialmente cobertos pela capa azul, mas os olhos, aqueles olhos redondos e repletos e amor pelo mundo o fitavam e eram os olhos dela.

-Alice?

-É claro! Mas como veio parar aqui?

-Eu apenas vim... Isso não é importante. Mas… Há algumas semanas você era uma criança. Uma menininha! Como cresceu tão rapidamente?

-Semanas? 12 anos se passaram aqui desde que retornei do País das Maravilhas.

-Anos? – Ele pareceu surpreso.

-Talvez o tempo funcione diferente, aqui e lá. – Ela coçava o queixo. – Mas venha, não pode ficar aqui na neve ou vai congelar!

E a jovem mulher puxou-o pela mão, conduzindo-a até uma modesta cabana de madeira, onde o fogo queimava na lareira. Ela o conduzira para dentro de sua vida e ele jamais a deixaria para trás... Jamais a esqueceria.


Where is the wonder? Where's the awe?

Where's dear Alice knocking on the door?

Where's the trapdoor that takes me there?

Where's the real is shattered by a Mad Marsh Hare?

Onde está a maravilha? Onde está a admiração?

Onde a querida Alice está batendo na porta?

Onde está o alçapão que me trouxe aqui?

Onde é o que é real foi quebrado pela Lebre de Março?


-Papai, você brinca um pouco comigo? – Ela pediu, tirando-o de suas lembranças.

-É claro. Do que vamos brincar?

-Quero brincar de chá. Como nós fazíamos, lembra?

-Tudo bem. Escolha os seus convidados e vamos montar a mesa de chá.

Ela começou uma demorada passagem pelo quarto, escolhendo bichos de pelúcia e bonecas para a brincadeira e ele observava, sentado no tapete, a sua menina se divertir.

Jamais a deixaria novamente, mesmo que voltassem para o seu mundo, mesmo que passassem por dificuldades.


Where is the wonder? Where's the awe?

Where are the sleepless nights I used to live for?

Before the years take me

I wish to see the lost in me

Onde está a maravilha? Onde está a admiração?

Onde estão as noites insones para as quais eu costumava viver?

Antes que os anos me peguem

Eu desejo ver o que estava perdido em mim


-Você viu como as rosas estão bonitas, Jefferson? – Ela estava animada. Alice sempre estava com aquele olhar alegre e aquele sorriso.

-Estão mesmo. – Ele comentou. – Mas ainda bem que não pertencem à Rainha de Copas.

-É por isso que são bonitas. – Ela se aproximou e pulou no pescoço dele, dependurando-se em um abraço demorado e roubando-lhe um beijo rápido em seguida.

Era difícil para ele assimilar que estavam casados agora e que ele recebera um nome, o nome preferido da amada: Jefferson.

Não trabalhava mais com chapéus, mas vendendo legumes e lenha no mercado, junto com a esposa.

Não viviam a mais confortável das existências, mas tinham um ao outro e Alice sempre parecia contente com tudo o que tinham. Naquele dia, apesar disso, tudo parecia muito mais bonito para ela e ela parecia brilhar como uma das fadas que visitavam o vilarejo de vez em quando.

-A propósito, chamá-la de Rosa, talvez seja uma boa escolha. – Ela murmurou, cheirando uma das flores.

-Chamar a quem?

-À nossa filha. E isso porque tenho certeza de que será uma menina, apesar de eu ter descoberto apenas há poucos dias...

Ela continuou tagarelando, mas Jefferson voltara a abraçá-la. Por algum motivo, aquela notícia o deixara profundamente alegre. Sua Alice e ele teriam um bebê.


I want my tears back!

I want my tears back now!

Eu quero minhas lágrimas de volta!

Eu quero minhas lágrimas de volta agora!


-Eu fiz o almoço, querida. – Ele murmurou, enquanto se sentava na beirada da cama, fitando os olhos de pestanas pesadas.

-Você é muito gentil. – Ela sorriu, mas foi um sorriso fraco.

Ele auxiliou-a a se sentar na cama e organizou os travesseiros para que ficasse confortável, enquanto ajudava-a a comer.

-Você está se alimentando bem, meu amor? Está magro...

-Estou comendo o suficiente, Alice. Apenas estou trabalhando um pouco mais. Mas não se preocupe! Logo você ficará bem e nossa filha vai nascer.

Ela terminou a refeição e Jefferson ajudou-a a se deitar novamente.

-Eu amo você. – Murmurou, dando um beijo carinhoso em seus lábios, antes de deixar o interior da cabana para pegar lenha.

Mal conseguiu se conter para chegar até a rua e as lágrimas brotaram de seus olhos, por mais que teimasse com elas. Doía-lhe tanto vê-la naquele estado... E ele não tinha nada para oferecer, mal conseguia comprar comida para alimentá-la...


A ballet on a grove, still growing young all alone

A rag doll, a best friend, the voice of Mary Costa

Uma dança em um pomar, que continuou crescendo jovem completamente só

Uma boneca de pano, um melhor amigo, a voz de Maria Costa


Grace sorria, enquanto sua mãozinha se prendia nos pelos de um filhote de coelho que o pai pegara para ela antes de sair em viagem.

Alice segurava a filha de dois anos no colo e conversava com ela. Estavam no pomar e a cena era tão bonita que Jefferson demorou um instante para se aproximar delas.

-Como estão as minhas meninas?

-Papai! – Grace murmurou com alegria.

-Com saudades... – Alice respondeu.

Ele pegou a filha no colo e deu um beijo longo na mulher.

-Fico tão preocupada quando você vai... Você sabe os boatos que têm corrido sobre a Rainha. Tenho medo dela.

-Não se preocupe, Alice. Esse foi o último trabalho que realizei para ela, já conversamos sobre isso, não é? Agora podemos ir para o norte, numa casa maior que vamos comprar com o dinheiro que eu consegui.

-E você não vai mais nos deixar? – Ela sorrira e ainda tinha seu sorriso de criança.


Where is the wonder? Where's the awe?

Where are the sleepless nights I used to live for?

Before the years take me

I wish to see the lost in me

Onde está a maravilha? Onde está a admiração?

Onde estão as noites insones para as quais eu costumava viver?

Antes que os anos me peguem

Eu desejo ver o que estava perdido em mim


-A mesa de chá está pronta, papai. Podemos começar a brincadeira?

-Sim, podemos. – Ele disse. – Eu já lhe contei que conheci a sua mãe tomando chá?

-Não, mas eu me lembro de ouvi-la falar de chá. Queria que ela estivesse aqui com a gente. Ela ia adorar tomar um Milk shake, não acha?

-Eu também queria que ela estivesse aqui. – "E se não fosse por mim, ela estaria viva... Mas como te dizer, Grace, que eu não cumpri minha promessa? Eu abandonei vocês duas e abandoei você... Será que posso manter minha palavra agora? Eu posso prometer apenas que farei o máximo por você, minha pequena Grace...".