SPECIAL K.
Gravity
No
escaping, gravity
Gravity
No escaping... Not for free
I fall
down... Hit the ground
Make a heavy sound
Every time you seem
to come around
A luz azulada da enorme TV de plasma enchia o quarto, fazendo-o parecer uma espécie de aquário.
Ele permanecia encostado nas milhares de almofadas com estampas de pele, meio deitado, meio sentado na king size de casal.
Assistia mais uma nova banda teen que tentava imita-los. O vocalista gritava uma letra pseudo-revoltada/depressiva no microfone.
Sem mexer um músculo, ouviu quando a porta se abriu, hesitantemente, e a voz de Hynata chegou até ele:
- Gaara-kun, a comida chegou. – Ele não disse nada. – Você... Quer que eu te traga alguma coisa aqui mesmo?
- Naruto foi mesmo embora? – A falta de emoção em sua voz certamente não combinava com o nível da questão.
O silêncio dela foi a confirmação que ele precisava.
- Não quero nada, Hynata. – Disse ele de repente, calmamente, ignorando o sentimento de que o mundo acabara de desabar sobre sua cabeça. – Arigatou.
Pelo canto dos olhos, ele a viu fazer menção de dizer algo, uma palavra de conforto talvez, mas Hynata conteve-se.
- Está bem, então. – E a porta se fechou.
Gaara permaneceu imóvel por alguns minutos; a cabeça, um total vazio. Ele suspirou, sentindo um peso estranhamente incômodo no peito.
Seu coração batia incomodamente rápido, em nada combinando com sua confortável imobilidade.
Como se Gaara tivesse, subitamente, parado de respirar.
Voltando a cabeça para o lado, seus olhos bateram sobre a estante amontoada de porta-retratos. Um chamava especial atenção.
Gaara estendeu a mão e o apanhou.
Naruto e ele próprio riam, em alguma das ruas de Tóquio. O cabelo do loiro estava desarrumado pelo vento e ele acenava, Gaara pendurado em suas costas, abraçando-o pelo pescoço.
No canto superior esquerdo do porta-retrato, um post-in com a conhecida letra do loiro.
"Você sempre vai ter tudo de mim!"
Aquilo causou-lhe sentimentos estranhamente contraditórios.
Ele quis rasgar aquela foto, destroçá-la em mil pedaços medonhamente despedaçados e então engoli-los para que se fundissem com sua carne, suas entranhas, seu sangue e nunca mais o deixassem.
Então, ele quis apenas apertar aquela coisa contra o peito, encolher-se na cama e esperar que qualquer coisa semelhante a um sentimento viesse e o resgatasse.
Eventualmente.
Gaara deitou-se de lado na cama, o porta-retrato próximo ao rosto e fechou os olhos.
Nada aconteceu.
