Desespero
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Você não sabe quem sou, humano, e por isso mesmo me conhece; porque eu estou no não-saber, e na ânsia insaciável de saber humana.
Eu sou a praga que se dissemina, alheia aos seus esforços.
Eu sou a indignação que definha e se conforma.
Eu sou a lágrima não liberta, o grito contido, o gemido abafado. O cadáver sem futuro, o escravo sem presente, o povo sem passado.
Eu sou o que em verdade você mais teme, e que tantas vezes confunde com a (tão gentil) Morte. Eu sou o porvir que não mais vir�, a questão que sequer se levanta por não haver resposta, o ponto final das frases mais curtas e que por serem curtas jamais se calam.
Eu sou a ruga e a ferida no espelho. E sou nua, porque a verdade assim o é.
Nota da Autora: Uma coisa curta que me veio antes de dormir.
Créditos sobre Desespero e os Perpétuos vão para o mestre Neil Gaiman.
