Aquarela De Sorrisos
por Louie B.
Ela vestia roxo no dia em que eu a conheci. Um vestido curto demais para os padrões antiquados do mundo bruxo e, ainda assim, ela não poderia parecer mais perfeita dentro dele, com o longo cabelo castanho formando pequenos cachos nas pontas e as unhas longas pintadas de um roxo escuro. Ela definitivamente não era a garota mais bonita que eu havia conhecido. De fato, ela era comum demais. A irmã dela, por exemplo, tinha uma beleza clássica. Ela era apenas normal.
Acordava todos os dias pontualmente às sete da manhã e ia dormir quando o relógio badalava oito horas. Fora da escola, eu sempre houvera sido encorajado a não acordar antes das dez da manhã e não ir dormir antes das três da madrugada. Horários normais são para pessoas normais, meu avô sempre me dizia, e qualquer um pode ser normal. E ela usava sempre as mesmas cores sem graça e comuns. Tons escuros. E branco. Nunca vermelho, ou amarelo. Nem mesmo verde.
Seus cabelos estavam sempre penteados do mesmo modo, todos os dias. Ela tinha um perfume comum, de rosas, como praticamente todas as outras garotas do mundo. E ainda assim, tinha algo sobre ela que eu não sabia explicar. Algo que me atraiu desde aquela primeira vez em que eu a vi. Talvez fosse carisma. Não que eu saiba o que seja carisma, veja bem, mas sempre me soou como o tipo de coisa que te atrai. Vai saber.
Só sei que, naquele dia, algo me impulsionou a ir falar com ela. Minha vida estava péssima, eu estava derrotado, a honra da minha família estava, basicamente, soterrada e, ainda assim, ela me sorriu. Ela era dois anos mais nova. E eu nunca havia prestado atenção a ela durante minha estada em Hogwarts. Mas eu estava lá. E fiquei realmente surpreso de ela puxar assunto comigo, um ex-comensal, um nada naquele novo mundo em que Harry Potter era o herói.
Pra falar a verdade, eu nunca gostei do tal Potter. Foi a primeira coisa que ela me disse, quando eu perguntei por que ela estava falando comigo, afinal, quando todo o resto dos convidados da festa onde estávamos estavam lutando pela atenção do meu antigo colega de escola. Ela me ganhou naquele momento. E eu nunca descobri quando foi que eu a ganhei.
Não sei se foi na primeira vez que a vi de azul, ou se quando a levei para casa depois da meia-noite em um de nossos encontros. Não sei se foi quando ela trocou de perfume por um que eu nunca descobri qual era exatamente ou se foi no dia em que ela dividiu o cabelo ao meio pela primeira vez. Honestamente, acho que foi na primeira vez que ela me sorriu. Porque, de acordo com a irmã dela, ela nunca sorria.
E ela sempre sorriu pra mim. Eram vários sorrisos. Tinha aquele que ela usava quando estava feliz, e o outro que usava enquanto me via dormir. Tinha o que ela dava depois que brigávamos e o que ela dava por motivo nenhum. Mas o que me fazia sentir especial era saber que aqueles sorrisos, cada um deles, todos... eram meus. E apesar dela ser tão comum, seu sorriso era a coisa mais incomum que eu já havia visto. Porque quando ela sorria, independentemente do que ela estava vestindo ou do perfume que exalava, Astoria ficava linda. Ela estava sorrindo quando eu pedi para que ela se casasse comigo. E eu nunca a vi sem um sorriso no rosto desde aquele dia.
N/A: Dedicada às partners, My, Bê, Mary e Tai. Amo vocês gathas.
