Adeus
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Abriu a porta. Os cabelos negros, lisos, comuns, estavam bagunçados. Os olhos azuis não demonstravam nada, mas o vermelho ao redor denunciava seu choro anterior.
- O que...? - O garoto a sua frente perguntou, mas o olhar firme dela o calou.
- Você vai embora? – Onde estava aquela voz irritantemente infantil que ele conhecia? Que voz fria e madura era aquela?
- Como você...? – Franziu o cenho e apertou os olhos azuis.
- Não importa. Só responda. – Interrompeu. Aproximou-se.
- Vou. – Suspirou, passando a mão nos cabelos loiros.
Ela abaixou a cabeça. Os cabelos negros caíram pelo seu rosto. Seus ombros começaram a balançar e logo depois o seu corpo também. Um gemido. Seria um choro?
Surpreso, ele deu um passo à frente.
- Não. Fique aí. – A voz estava embargada. Sim, era um choro.
Ele obedeceu e esperou até que os gemidos parassem e as lágrimas secassem. Ela levantou o rosto. A única coisa que denunciava seu choro era a vermelhidão ao redor dos olhos, mas os próprios eram firmes.
Andou. Andou. E logo estava frente a frente com ele.
- Mello... – Passou a mão pelo rosto dele.
Com as mãos nos bolsos, ele fechou os olhos. Suspirou e esperou a próxima ação da garota.
Ela não conseguiu evitar seu sorriso quando tocou seus lábios vermelhos nos lábios fortes dele. Logo a língua dele brincava na sua boca. Mãos nos bolsos? Não mais. Agora as mãos de Mello apertavam firmemente a cintura dela.
De repente, o beijo acabou.
- Porque fez isso? – Ele ainda segurava a cintura dela. Cenho franzido.
- Seu idiota. É óbvio que foi para que não se esquecesse de mim. – Meneou a cabeça.
Separaram-se. Meio nervoso, ele tirou um chocolate do bolso. Mordeu. Mas logo o pedaço mordido fora roubado pela língua dela.
- E agora, porque fez isso? – Uma ponta de irritação.
- Eu queria saber o gosto disso. Afinal, você come tanto... – Mello se surpreendeu. Ela nunca havia provado um chocolate? – O gosto é bom, mas confesso que o da sua boca é melhor... – Ela não parecia ter vergonha.
- Você é tão...
- Chata, irritante, idiota? – Ela riu.
- Inconstante. – Ele revirou os olhos.
- E quem não é?
Meneou a cabeça e virou-se para sua cama. Pegou a mala que estava ali. Quando se voltou novamente para ela, percebeu que o ar brincalhão dera lugar para um ar triste.
- O que foi? Não achou que com um beijo faria com que eu permanecesse aqui, não é? – A frase era rude, mas era esse o seu jeito.
- Não. Mas mesmo assim fico triste.
- Não fique. Daqui a uma semana, já terá me esquecido.
- Nunca. – Era firme. – E você, irá me esquecer?
- Provavelmente sim. – Ambos sabiam que não. – Agora, se me der licença, tenho que sair daqui. Vai me acompanhar até o portão? – Ele perguntou, mas não tinha certeza se queria isso.
- Não. Vai ser pior. – Um alívio no rosto de Mello.
- Então... adeus. – E, sem pensar, deu um beijo na testa dela.
- Tchau. – Porque era muito difícil dizer adeus.
Ela quis pedir um novo beijo, mas ele já acenava e saía da porta. Jogou-se no chão. As lágrimas contidas voltaram a cair. Seu peito doía. Respirou fundo e correu para a janela.
E lá estava ele, caminhando, com um chocolate na mão. Parou, olhou para trás, parecia olhar em sua direção. E, depois, correu para fora dali.
Depois disso, nunca mais se viram. Mas nunca se esqueceram um do outro.
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N/A: Minha primeira fic. Uma MelloxOC sem nome. Não sei o porquê dessa escolha de shipper, mas de repente essa idéia veio-me a cabeça. Não sei se está boa, mas gostei de escrevê-la. Estou adepta a críticas e conselhos.
E... ganhar reviews seria bom...
