Non querro!

Gabrielle segurou o riso, ao ver sua irmã recusar o 50º convite que recebia, desde que o baile de natal foi anunciado.

Non aguento mais isse! — Fleur gritava, irritada, enquanto o garoto saía correndo, traumatizado.

— Pelo menes, non irrá sozinha — disse a mais nova, um pouco triste.

— Só esperre — a irmã sorriu para ela — Alguém virrá convidá-la.

Gabrielle não tinha muita convicção disso, mas assentiu.

— Convidei a Lavender — anunciou Dean, jogando-se em sua cama.

— Tá de brincadeira! — Seamus exclamou, surpreso — Pensei que íamos juntos.

— Que coisa mais gay — Dean debochou, fazendo uma careta.

— Isso é vacilo! Você nem tentou me ajudar — reclamou.

— O que eu poderia fazer? Harry convidou a Parvati — fingiu não se importar, mas era evidente sua irritação com isso — e o Rony levou a Padma de brinde.

— Ótimo! Vou ser o único encalhado...

— Acho que Crabbe e Goyle também estão disponíveis.

Dean desviou da almofada que foi atirada em sua direção, rindo.

— Ei! Aquela menina do colégio francês — Seamus começou.

— Quem? — perguntou o amigo.

— A garota que o Rony convidou a berros.

Os dois seguraram o riso, iam zoar da cara do colega pelo resto de suas vidas.

— Sei, o que tem? Não tá planejando repetir a dose, certo? — brincou Dean.

— Ela não tem uma irmã.

Dean ficou em silêncio, olhando-o.

— Ela deve ser uns 2 anos mais nova que você — disse, cautelosamente.

— É só uma companhia para o baile, não vai rolar nada — defendeu-se Seamus.

— Certo... Bem, já devem tê-la convidado.

De costas, ele não notou quando o amigo bufou.

— Com um amigo desses, quem precisa de inimigo... — resmungou.

— O que quer que eu diga? Tá! Vai na fé! Tenho certeza de que ela aceita!

— Prefiro fingir que estou doente do que admitir que não consegui convidar uma garota para o baile.

— Convidar é fácil, difícil é ela aceitar.

Seamus levantou-se e começou a ir em direção à porta.

— Ei! Onde você vai? — perguntou Dean.

— Não quero pegar essa positividade do quarto — ironizou, antes de fechar a porta.

— Sensível... — murmurou, para o vento.

— O que deu no Seamus? — perguntou Rony a Dean.

— Está há cinco dias tentando convidar a irmã da Fleur — explicou.

— Sabe, não é tão difícil! É só você ir e convidar! — ironizou Rony.

— Falou o que precisou que o Harry arrumasse par — retrucou Seamus, azedo.

As orelhas do ruivo ficaram vermelhas, e ele resolveu calar-se.

— Se você não quiser que eu te empurre enquanto ela passa, é melhor ir agora — ameaçou Dean.

— Não faria isso — Seamus disse, despreocupado.

Antes que pudesse dizer ou fazer algo a mais, Gabrielle passou e ele tropeçou na direção dela.

— Desculpe — ele pediu, corado de raiva e vergonha.

Os risos das outras francesas, e de seus amigos, não ajudavam em nada.

Pas de problème — disse Gabrielle, tão envergonhada quanto ele.

— Tem algum par para o baile? — as palavras escaparam antes que pudesse se parar.

— Me busque às sete — respondeu a loira, antes de virar-se.

Não só Seamus olhava incrédulo para a garota.

— De nada — murmurou Dean.

— Eu vou te matar — rosnou.

O garoto arregalou os olhos, e saiu correndo, com o amigo atrás dele.

— Como eu consegui? — Seamus olhava o espelho, pensando em voz alta.

— Talvez porque você não ficou agindo como um idiota — disse Harry.

— Idiota? — repetiu Seamus, confuso.

— Quando você tentou convidar aquela corvina, você ficou agindo como um arrogante — concordou Rony, olhando depressivo para os babados de seu traje a rigor.

— Ele tava tentando provar para mim que conseguiria convidar alguém antes de mim — explicou Dean.

Quando Seamus finalmente conseguiu sair de seu estado chocado, ele olhou diretamente para Rony.

— Ah, meu Deus! O que é isso? — perguntou.

O ruivo fez apenas uma careta de desgosto.

— É melhor irmos — Dean apressou-o — Você ainda precisa ir até lá fora, eu acho. Foi o que entendi, pelo menos.

— Ela não desgruda da irmã. Provavelmente, estará lá embaixo com ela — Harry acalmou-o.

— Por que o Harry é mais legal que você? — perguntou Seamus, antes de sair do quarto.

— O quê? — perguntou Dean, indignado, indo atrás dele — Eu sou seu melhor amigo!

— Se ele non vier, je mesma irrei atrrás del — Fleur tentou tranquilizá-la.

No entanto, o jeito da irmã mais velha só conseguia irritar a Gabrielle. Ela amava a irmã, sempre queria seguir o exemplo dela, mas, às vezes, irritava o jeito como ela agia, tão despreocupada com os sentimentos das pessoas. Parecia que Fleur tinha as características de veela que ela nem de longe tinha.

— Deixe, Fleur! Está deixando-a mais nerrvose — uma das meninas salvou-a.

Por fim, todas as meninas decidiram sair, deixando Gabrielle por lá.

Dean continuava resmungando sobre o "Harry ser mais legal que ele", mas Seamus não lhe dava atenção, estava olhando ao redor, procurando pela loira.

Désole — a dita cuja surgiu atrás dele, assustando a Dean.

— Sem problemas — disse Seamus, embasbacado.

— Vou nessa! Tchau! — Dean aproveitou a brecha para ir procurar Lavender.

Seamus engoliu em seco.

— Vamos — disse Gabrielle, puxando a mão dele.

Fleur abriu a porta, já segurando os sapatos de salto em suas mãos. Apesar de já ter ido a muitas festas, aquilo seguia acabando com seus pés.

— Roger non me escutou a noite toda — desabafou, irritada — Como foi sua noite?

Aquilo surpreendeu a Gabrielle, que estava jogada em sua cama de uma forma que, se Apolline visse aquilo, levaria a bronca mais longa de sua vida ("isso non é jeite de uma mocinhe"). Ela esperava que a irmã fosse tagarelar durante horas, se não fosse para elogiar, que fosse para reclamar.

— Ah! Constrrangedor — resumiu a sua noite em uma palavra.

Acabarron de se conhecer — Fleur deu de ombros, jogando os saltos em um lado — Non se prreocupe.

Vous faz parrecer tan fácil — desabafou Gabrielle, sentando-se.

Fleur sorriu cansada para a irmã, sentando-se ao seu lado, e passando a mão em sua bochecha.

— É só o prrimeirro de várrios — disse a mais velha.

Erra parra me animerr? — perguntou, soltando uma risada sem humor.

— Te prreparrar. Maintenant...

Ela levantou-se e estendeu a mão para a irmã mais nova.

— Vamos lavar esse rosto. Non é bom dorrmir com maquillage.