Título: Até o Dia Que Vire Uma Abóbora
Autora: Eri-Chan
Beta: Sheilla Mendes
Fandom: Supernatural
Casal: Dean x Sam
Classificação: NC-17
Gênero: Comédia, Romance, Ação, Slash, Wincest, Lemon
Disclamer: Dean e Sam não me pertencem, mas sim aos seus criadores e à Warner Bros que detém seus direitos autorais.
Sinopse: Tudo o que eles queriam era terminar logo aquele caso e voltar para casa para descansar. Mas eles não contavam que aquela noite estava para se tornar inesquecível... Em todos os sentidos.
Observação: Fic desenvolvida para o Concurso Happy Supernatural Halloween, moderado pelo meu amado Peu Wincest. Essa fic ficou em Segundo Lugar (Sabe Deus lá Como... xD)
Até o Dia Que Vire Uma Abóbora
Eri-Chan
Parte I
Sam observava o loiro ao seu lado com uma expressão incrédula, ainda tentando acreditar no que via. Dean sorria, empolgado ao ver a serra elétrica decepando um homem gordo. O sangue escorria para todos os lados deixando o Winchester mais velho quase em êxtase.
Aquela animação toda incomodava profundamente ao moreno, que olhava ao redor prestando atenção nos sinais da presença sobrenatural. Sem notar nada de anormal voltou a encarar o irmão que continuava a olhar tudo como se estivesse hipnotizado.
Sons de explosões encheram o lugar, a luz avermelhada iluminando os dois irmãos que observavam a cena passivamente. O silêncio que preencheu o lugar foi quebrado por novas explosões, o clarão repentino irritando ainda mais o moreno.
– UAU! Foi jogada de mestre essa com as bombas múltiplas. Incrível! – Dean gargalhava enquanto dava leves tapas na própria coxa.
Respirando fundo, Sam encarou seu irmão de modo repreensivo, as esmeraldas cintilando com a raiva contida.
– Dean, será que você poderia ser um pouquinho mais profissional? – A voz ácida ecoou pelo ambiente escuro.
– Ah, mas o filme está tão legal! – Novamente a expressão quase infantil voltou ao rosto do mais velho.
– Ah, me poupe desses comentários, Dean! – Sam falou mais alto recebendo vários protestos por causa do barulho.
– É melhor você ficar quietinho Sammy, não vamos atrapalhar a ordem no cinema. – O loiro sorriu de lado, a ironia escorrendo por suas palavras enquanto voltava a encarar fascinado para gigantesca tela a sua frente.
Soltando um muxoxo exasperado, Sam cruzou os braços diante do corpo, totalmente emburrado. Notando a irritação de seu irmão, Dean pôs a mão em seu ombro de maneira carinhosa e conciliatória.
– Relaxa Sam, hoje é Halloween. Assiste ao filme comigo e depois pegamos aquele espírito vingativo. Afinal, faz muito tempo que não vamos ao cinema.
A voz suave do loiro quebrou um pouco da barreira gelada que havia entre os dois, fazendo Sam descruzar os braços.
– Mas, Dean... – Sam começou, porem após receber mais reprimendas das outras pessoas, baixou o tom de voz para quase um sussurro. – Daqui a pouco será meia-noite.
– Ah, ta bom. Você venceu. – O mais velho respondeu impaciente, tirando sua mão do ombro do moreno. – Já que temos que fazer isso... Vamos logo.
Os dois irmãos se levantavam quando um ruído estranho chamou-lhes a atenção. Olhando em volta da sala escura e recebendo várias reclamações por estarem na frente de quem queria ver o filme perceberam uma interferência na imagem da tela, o que causou um alvoroço ainda maior nas pessoas presentes.
– Ei, Dean, acho que ele está vindo. – Sam disse baixinho ao ver as luzes de emergência oscilar.
– Ta na hora de acabar com esse ciclo – Dean apressou-se a descer as escadas para sair da sala de cinema.
Sam acompanhou seu irmão de perto, observando as paredes do lugar começarem a tremer, aterrorizando os civis que gritavam cada vez mais alto achando que aquilo era um simples terremoto.
Foi quando tudo se aquietou repentinamente, alarmando os dois caçadores que olharam ao redor, e estupefatos, viram tudo paralisado.
– Melhor nos apressarmos antes que ele faça alguma vítima. – O moreno gritou sobre o ombro enquanto abria a porta que dava acesso direto para a bilheteria, que àquela hora estava completamente deserta.
Parando próximo à porta de saída, Sam tirou do bolso um pequeno livro e começou a entoar um feitiço em latim para atrair o espírito do zelador que havia sido assassinado brutalmente naquele lugar 30 anos antes e que agora atacava os expectadores da sala 6 na última sessão do dia 31 de outubro, para sugar-lhes a alma.
Dean permaneceu ao lado do irmão e atual namorado, com a arma destravada, pronta para intervir caso precisasse.
– Encantatus ilumiatte. – Ao final do feitiço, Sam fechou o livreto encarando a entrada da sala de cinema a espera de alguma reação, porém nada aconteceu.
Desviando o olhar para Dean, o mais novo deixou a dúvida transparecer em seu rosto. Pegando sua arma, destravou-a, colocando-se em posição defensiva.
– Sammy, você fez tudo certo? – O loiro indagou preocupado com a falta de resultado.
– Fiz tudo o que o ritual mandava. Joguei as ervas embaixo das poltronas onde nos sentamos e tenho certeza que recitei o feitiço corretamente. – Sam respondeu dando de ombros. – Não sei o que poderia ter dado errado.
Nem bem o moreno havia terminado de falar e as luzes do salão de entrada começaram a piscar até que se apagaram de vez. O som de rosnado preencheu o lugar, fazendo com que um arrepio percorresse os dois corpos.
Não demorou muito e o espírito todo deformado do zelador apareceu, apontando para os dois em um gesto de repulsa enquanto começava a correr para pegá-los.
– Eu não sei não Sammy, mas algo me diz que é melhor corrermos. – Dean comentou enquanto via o espírito se aproximar rapidamente.
Sam jogou algumas ervas no chão e dizendo mais algumas palavras em latim saiu correndo, indo em direção à rua escura, sendo prontamente seguido por Dean. Os caçadores davam graças aos céus pelas crianças da cidade só saírem depois da meia-noite para ganhar doces, assim não seriam alvos fáceis do espírito revoltado que seguia os dois jovens que corriam pelas ruas desertas.
A perseguição continuou de forma alucinada, o ser sobrenatural já estava quase alcançando os irmãos quando eles conseguiram chegar ao cemitério da cidade. Sem demora os dois entraram, ocultando-se entre as lápides e seguindo até se aproximarem de um túmulo mais afastado, já previamente aberto por eles.
Os dois se posicionaram atrás de grandes lápides, um de cada lado do túmulo aberto. Sam fez um sinal antes de se esconder sussurrando em seguida:
– Dean, precisamos mostrar a inscrição que existe na lápide. Ele precisa saber que morreu.
– Temos mais um desinformado aqui – O loiro ironizou vendo o espírito se aproximar, farejando o ar. – Acho que vou mudar de profissão, de caçador para guia sobrenatural.
O mais novo revirou os olhos enquanto saía de seu esconderijo chamando a atenção do zelador morto. Fazendo um sinal de paz, Sam deixou sua voz quebrar o silêncio em um tom conciliatório.
– Morrison. Senhor Morrison, por favor, me ouça. – Sam deu uma pausa, fixando seu olhar sobre os orbes sem vida a sua frente.
O espírito parou de andar, encarando o moreno que fazia um gesto amplo indicando a lápide do túmulo aberto.
– O senhor está vendo essa lápide? Ela pertence ao senhor há mais de 30 anos, desde que foi atacado no cinema e...
Antes que o moreno terminasse de falar o espírito furioso se lançou contra ele, sendo repelido por uma bala de sal vinda da direção de onde Dean estava.
– Ei Sammy, já deu para perceber que o mal informado não quer saber de papo. – O loiro gritou voltando ao seu esconderijo.
– Espera Dean. Deixa-me tentar mais uma vez. – Sam olhou a sua volta, procurando ver onde o espírito estava.
– Você adora levar porrada de monstros, não é? – Dean ironizou mais uma vez.
Quando Sam ia responder o zelador morto apareceu atrás dele agarrando-o em uma apertada chave de braço, fazendo com que ele soltasse a arma que estava segurando.
– D-Dean! – O mais novo tentou gritar, mas a pressão em sua garganta o impedia.
Ao notar algo errado, Dean saiu de trás da lápide com a arma engatilhada, mas parou ao ver seu irmão sendo imobilizado de maneira brutal pela criatura enfurecida.
Percebendo a falta de reação do mais velho, tirou a mão do braço que o agarrava e pegou com esforço o pequeno livro no bolso interno de seu casaco arremessando-o para Dean.
– Rápido, termina o feitiço e queima os ossos. – O moreno tentou novamente gritar, mas sua voz saiu abafada.
Dean pegou o pequeno livro e hesitante abri-o. Lançando um olhar ansioso para Sam que tentava se livrar da chave de braço, o loiro correu até o túmulo aberto. Lá ele viu as velas que o mais novo já havia preparado ao lado da lápide, marcando o pentagrama de sal e as ervas aromáticas.
Sam sentia-se cada vez mais sufocado. Por mais que desse cotoveladas e chutes a criatura não se abalava e isso só o fazia sentir ainda mais falta de ar. Sua cabeça começou a girar, suas forças se esvaindo rapidamente.
Dean respirou fundo. Suas mãos seguravam o pequeno livro de forma trêmula, pensando em como latim não era seu forte. O loiro se concentrou e lançou mais um olhar ao seu irmão percebendo que ele estava perdendo a luta e apressando-se acendeu a primeira vela.
Um vento gelado cortou o ambiente quando a voz rouca do loiro invadiu o lugar entoando um canto antigo. Os olhos verdes brilhavam intensamente, prestando atenção em cada palavra escrita no livro.
O espírito ficou furioso ao perceber o intento de Dean e sentindo que o ponto fraco do loiro estava diante de si, apertou ainda mais os braços no pescoço do mais novo, que já não se debatia tanto.
Apressando-se em acender mais uma vela, Dean aumentou o ritmo do canto, transmitindo na voz toda sua raiva à criatura. Seu coração batia acelerado ao ver Sam morrendo sufocado.
O moreno sentia seu corpo inteiro doer, sua cabeça girava ainda mais, a falta de ar levando-o rapidamente à inconsciência. Ainda lutava, não queria deixar Dean sozinho, principalmente depois de todo o drama para que pudessem ficar juntos, mas por mais que tentasse impedir o aperto em seu pescoço, mais se sentia impotente diante da força sobrenatural.
Terminando de acender as velas, Dean jogou mais algumas ervas. Levantou-se determinado, aproximando-se do túmulo e jogou as mesmas ervas sobre os ossos no caixão aberto.
– Expellian Lumus – O loiro jogou sal e gasolina enquanto entoava as palavras finais do encantamento.
Sam já não tinha mais força alguma. O espírito furioso havia derrubado-o no chão e sentado sobre ele forçava-o a abrir os lábios, pronto para sugar-lhe a alma.
Sem perder mais tempo, o mais velho acendeu o fósforo e jogou-o sobre os restos mortais do zelador enquanto observava o espírito soltar seu irmão e queimar ao voltar para o inferno.
Uma brisa gelada cortou a noite estrelada apagando as chamas das velas, enquanto Dean corria para socorrer seu irmão que respirava com dificuldade. Ajoelhando-se ao lado do mais novo, acomodando a cabeça deste em seu colo, ajudando a respiração se normalizar pela posição.
Após alguns instantes de aflição para o loiro, Sam voltou a si, sorrindo de leve ao ver a expressão preocupada no belo rosto do mais velho.
– Deu tudo certo no final. – O moreno sentou-se passando a mão sobre a pele avermelhada do pescoço dolorido.
– Ainda bem, pois latim não é meu forte. – Dean levantou, sorrindo de lado.
Sam não disse nada, apenas observou o loiro pegar a pá atrás da lápide do zelador e começar a fechar o túmulo. Levantando-se com dificuldade, o mais novo juntou as velas e as ervas que estavam jogadas pelo chão, jogando-os no túmulo para serem enterrados enquanto o túmulo era fechado.
Após alguns minutos, em que apenas os sons da pá pegando terra e jogando-a sobre o buraco preencheu o lugar, o moreno ficou a observar seu namorado. Assim que o loiro terminou essa tarefa passou a mão no rosto em um gesto cansado. Estava ofegante e ligeiramente suado, fazendo sua camisa grudar ligeiramente em seu corpo, acentuando sua beleza.
Sam admirava enlevado a esses pequenos gestos. Adorava ver seu irmão e amante depois de uma caçada, ele passava um ar tão selvagem e isso o excitava. Pensando nisso, o moreno se aproximou pelas costas, silencioso como um gato, e enlaçou o corpo ligeiramente menor, enterrando o rosto no pescoço dele, sentindo o perfume amadeirado de seu amado.
Com um sorriso doce, Dean ergueu sua mão tocando nos fartos cabelos do moreno em uma carícia delicada. Nem parecia o ser irônico e sarcástico de sempre, ali era o amante apaixonado. E Sam sempre se surpreendia com essa faceta do loiro.
– Melhor irmos embora. Logo esse lugar vai estar cheio de crianças fantasiadas e adolescentes bêbados. – O mais velho se afastou terminando de juntar suas coisas.
Colocando sua bolsa no ombro, Dean olhou para Sam que se aproximou rapidamente e em silêncio caminharam em direção à saída do cemitério.
O mais novo admirava as estrelas pensando em todo o romantismo que elas envolviam. Aquele ambiente calmo o fazia se lembrar da noite em que se declarou para o irmão. Temendo ser repudiado, deixou para falar após encerrarem mais uma caçada, para que o cansaço impedisse qualquer reação violenta da parte de Dean. Após confessar toda a gama de sentimentos que o sufocava, o moreno se surpreendeu ao ser beijado calorosamente e desde aquela noite sua vida mudara completamente.
Dean andava em silêncio, satisfeito por ter terminado mais um caso. Estava louco por um banho, mas o que realmente povoava sua mente era o filme que não pudera ver na íntegra. Queria tanto ter terminado de assistir, mas acabar com aquele ciclo assassino que havia na cidade era prioridade. E ao pensar isso um pequeno sorriso iluminou suas feições sérias.
Concentrado em suas lembranças, Sam não viu o pequeno sorriso de seu irmão. Na verdade, nem ao menos reparava por onde estava andando e acabou por esbarrar numa pequena árvore assustando os morcegos que ali dormiam. O estouro dos pequenos voadores arrancou o mais novo de seus pensamentos. O susto foi tão grande que o moreno pulou para trás, agarrando o braço de Dean num ato inconsciente.
Ao ver a cena, Dean tentou conter a risada, sem sucesso. Dobrando o corpo, o loiro gargalhou até lágrimas escorrerem pelo seu rosto e ao ar se fazer necessário. Quando finalmente conseguiu se controlar encontrou o moreno emburrado, encarando-o de braços cruzados. Enxugando as poucas lágrimas que ainda escorriam, Dean encarou seu irmão, sem ocultar toda a diversão que sentia.
– O caçador de seres sobrenaturais grita como uma florzinha por causa de morcegos? – O loiro desviou o corpo a tempo, escapando do soco irritado do mais novo.
Preferindo não comentar absolutamente nada, Sam voltou a caminhar. Irritado com a infantilidade do namorado o mais novo se segurou para não bufar como uma cobra. Detestava quando o loiro usava de ironias com ele. Afinal, quem é que nunca se assustara com coisas pequenas ao menos uma vez em toda uma vida?
Dean ainda ria ao seguir seu irmão. Adorava vê-lo irritado, pois ele ficava muito fofo. O mais velho admirava esse lado mais infantil do irmão, capaz de se assustar ou emburrar por coisas pequenas. Isso o fazia se lembrar da infância dos dois e de como sentia falta daquela época em que fazia de tudo para preservar a inocência do mais novo. Era por isso que sempre apelava para ironia para provocá-lo. Além que não era de seu feitio deixar uma situação como essa passar em branco.
"Perco o namorado, mas não perco a piada", pensou divertido enquanto acelerava o passo para caminhar ao lado do moreno.
Apesar de emburrado, Sam diminuiu a velocidade da caminhada para que Dean pudesse acompanhar. Sabia que não podia se chatear com as palavras do loiro, afinal, se ele não dissesse nada não seria normal. Descruzando os braços, o moreno deixou sua mão se encontrar com a do mais velho e em silêncio continuaram o curto trajeto de mãos dadas.
Quando os dois namorados aproximaram-se do portão do cemitério um gato preto que estava sobre o muro se alarmou e pulou, caindo sobre Dean, que estava tão desligado, aproveitando o calor que seu irmão lhe passava, que se assustou, berrando desesperadamente, achando que era um possível ataque do zelador que acabaram de queimar.
Para Sam a cena aconteceu em câmera lenta. Ela havia notado o felino, pois os intensos olhos amarelos brilhantes como o luar chamara a sua atenção, despertando lembranças nada agradáveis de certo demônio. O moreno acompanhou fascinado aos movimentos precisos do gato ao pular, pensando em todo o significado que aquele ser ostentava no âmbito sobrenatural. Mas, ao ver a reação quase histérica de Dean seus olhos se arregalaram em choque, olhando para todos os lados procurando um motivo para aquilo. Quando finalmente entendeu o que havia acontecido o moreno não se conteve e soltou uma gargalhada mais que estrondosa.
Dean foi despertado de seu estado abalado pelas gargalhadas quase escandalosas do mais novo. Percebendo o que motivo das risadas o mais velho sentiu seu rosto enrubescer, coisa rara de se ver, e rapidamente franziu o cenho, soltando a mão de seu irmão e cruzando os braços, imitando a reação do mais novo sem nem ao menos se dar conta disso.
– Nem começa Sam. – O loiro rosnou enquanto encarava o irmão que pressionava a barriga com os braços, sentindo dores de tanto rir.
– Quem é a florzinha agora? – O moreno não perdeu a oportunidade de se vingar, fazendo com que a carranca do loiro aumentasse.
Dean mordeu os lábios, contendo-se para não explodir num acesso de palavrões. Não queria brigar, afinal sabia que tinha dado motivos para as provocações, mas não podia perder a pose e deixar de lançar um olhar mortal para o namorado.
Sam ria mais vendo seu irmão tentando se controlar. Resolvendo apelar um pouco mais o moreno caminhou até onde o felino estava e o pegou no colo. Se aproximando do irmão, o caçula deixou seu rosto ser iluminado por um sorriso quase demoníaco, que mesclava diversão e ironia.
– Olha Dean... Ele é tão fofo, tem o pelo tão macio... – Sam acariciava o animal, que se derretia ronronando com as caricias no pescoço.
O loiro bufou, virando o rosto, ficando mais emburrado com a criancice do outro.
– Dean com medo dessa coisinha fofa. Isso é quase um pecado. – Sam comentou como quem não queria nada, se aproximando ainda mais do irmão.
– Já chega Sam. Acho que já deu pra se divertir o bastante. – O loiro encarou Sam com um brilho perigoso nas esmeraldas.
Ignorando o perigo implícito naquele olhar o moreno estendeu as mãos, incitando o mais velho a pegar o gato.
– Vamos Dean, pegue o bichano. Ele é inofensivo.
Dean encarou seu irmão incrédulo e inconformado. Fechando os punhos para se controlar, mostrou a língua e começou a andar, finalmente saindo do cemitério.
Rindo, Sam soltou o gato que se espreguiçou manhosamente, miando. O mais novo ficou parado por mais alguns instantes, observando Dean andar com passos duros, demonstrando sua irritação mal-contida. Seus belos olhos verdes brilhavam com a travessura.
Percebendo que Sam não o acompanhava o loiro olhou para trás se deparando com o olhar divertido sobre si. Não resistindo, abriu um sorriso, fazendo um gesto para que o moreno andasse logo.
Sem esperar um segundo chamado, o moreno se aproximou pegando a mão de Dean, segurando-a forte para que ele não a puxasse. Ainda sorrindo, beijou o rosto do loiro que não disse nada, apenas voltou a caminhar.
Sam já estava acostumado com aquela atitude mal-humorada do loiro que ainda sentia-se um pouco desconfortável com demonstrações públicas de carinho. O rapaz sabia que era um imenso avanço poder andar de mãos dadas com o namorado.
Os dois caminhavam pelas ruas há alguns minutos quando a voz impaciente quebrou o silêncio, assustando Sam que devaneava.
– Bendita hora em que resolvi deixar o carro no motel. Parecia ser tão perto, mas essa cidade engana.
– Calma Dean. Vamos aproveitar a caminhada. Faz tempo que não ficamos assim. – Sam apertou um pouco mais a mão do mais velho, acariciando-a com o polegar.
– Ah, Sam. É você que gosta desses programas saudáveis e chatos. – O loiro bufou impaciente. – Queria minha 'garota' aqui.
O mais novo revirou os olhos ao ouvir o comentário quase melancólico do outro. Não pôde deixar de pensar em como o mais velho era infantil às vezes.
– Para de ser sedentário. Pelo menos por essa noite. – Sam pediu recebendo um muxoxo como resposta. – E não seja chato, emburrando como criança.
– Ah Sammy, o que você realmente quer é que eu não dirija porque se sente...
O loiro foi interrompido por um homem fantasiado de esqueleto que saltara cambaleante na frente dos dois caçadores, bloqueando-lhes o caminho.
– Noite infernal! – Dean resmungou olhando para os lados tentando descobrir de onde tinha surgido aquele ser estranho.
Sam encarou o homem que mal se aguentava em pé, visivelmente bêbado e com desgosto sentiu sua mão esfriar com o ar noturno quando Dean a soltou com brusquidão. Suspirando, esperou a explosão de seu irmão.
O bêbado sorriu, apontando para o rosto do loiro com a mão que segurava uma garrafa de Whisky barato. Seus olhos dilatados pela bebida olhavam para os dois irmãos, ensaiando algumas palavras.
Dean olhou para Sam demonstrando nervosismo. O mais novo pôs sua mão sobre o ombro do namorado já preparado para conter o impulso dele de pular sobre o homem ébrio.
O homem cambaleou um pouco mais e abrindo um sorriso ainda maior pulou estendendo os braços para cima, gritando:
– Gostosuras ou travessuras?
Dean revirou os olhos, sentindo a mão sobre seu ombro apertar um pouco mais. Sua vontade era dar alguns tapas no bêbado impertinente que estava a sua frente bloqueando-lhe o caminho, mas estava se contendo por causa do pedido mudo de seu irmão. Mordendo o lábio inferior, fechou os olhos em busca de paciência.
Sam, que observava a cena calado, temia dizer alguma coisa que provocasse ainda mais a ira do loiro. Sua mão continuava firmemente sobre o ombro do mais velho, apertando um pouco mais sempre que sentia que o autocontrole dele estava por um fio.
Depois de um momento de expectativa o bêbado começou a cantar e dançar entoando uma música típica do Halloween, assustando os dois irmãos que não esperavam aquela reação.
Sem aguentar nem mais um segundo daquela situação ridícula, Dean desvencilhou da mão de Sam e avançou sobre o homem ébrio, pegando-o pelo colarinho da camisa suja, encarando-o com um brilho mortal no olhar.
– Eu não aguento mais um pé no saco como você! – O loiro vociferou, chacoalhando o embriagado ser que tremia a sua frente.
Quando o loiro preparava o soco sentiu seu braço sendo segurado e a voz do seu irmão chegou aos seus ouvidos.
– Não vale a pena, Dean. Solta ele, por favor. – Sam sentia dó do olhar assustado do homem que começava a chorar. – Ele é apenas um pobre coitado.
Dean permaneceu parado, ainda segurando o bêbado pelo colarinho enquanto este chorava. Considerou as palavras do moreno por um instante e vendo que ele tinha razão soltou o homem com violência.
– Patético! – O mais velho resmungou indiferente às lágrimas do homem e dando as costas se afastou.
O homem embriagado, que caiu no chão após ser solto, abraçou-se a sua garrafa de Whisky chorando copiosamente.
Sam ainda observou o homem ébrio por mais algum tempo, dividido entre ajudá-lo a se levantar e ir atrás de Dean. Vendo que o homem não mostrava intenção de reagir tão cedo decidiu pela segunda opção. Não demorou muito para alcançar o namorado que chutava irritado tudo o que encontrava pelo caminho.
– Isso só aconteceu porque minha 'garota' ficou mofando no motel. – Dean resmungava mal-humorado.
– De novo com essa história? – O mais novo perguntou em um tom cansado.
O loiro não respondeu, apenas cruzou os braços e continuou andando. O silêncio mais uma vez se fez presente entre eles.
Depois de alguns minutos caminhando os dois irmãos começaram e ver crianças correndo pelas ruas, indo de casa em casa pedindo doces e prometendo travessuras. Dean continuava emburrado, ainda inconformado com o episódio do bêbado. Sam, por sua vez, observava as brincadeiras infantis com um leve aperto no coração ao se lembrar que nunca havia feito aquele tipo de coisa, pois sempre estava mudando de cidade por conta das caçadas do pai e, assim nunca havia tempo para fazer amigos e curtir a idade.
Perdido nessas lembranças, o mais novo caminhava um pouco mais lento, ficando atrás de Dean. O loiro observava irritado aos sorrisos das crianças. Não via rostos angelicais nelas, e sim, demônios disfarçados. Suspirando deu de ombros.
"Se elas soubessem que todos esses monstros são reais...", pensou enquanto via uma menina, de aproximadamente cinco anos, mostrar aos amigos o doce em formato de morcego que acabara de ganhar.
Tentando afastar a raiva que continuava a ferver seu sangue, Dean começou a reparar nos detalhes daquele feriado de que não gostava tanto. Reparou nos enfeites feitos com abóboras e velas, nas luzes coloridas, nas esculturas estranhas, nos espantalhos nos jardins. Atento a isso, o loiro começou a analisar as fantasias e as máscaras, intimamente admirando a criatividade demonstrada. Foi então que seu olhar recaiu sobre uma figura parada na esquina.
– Mas que merda é essa? – Repugnado com a visão, Dean parou de andar, provocando um choque com Sam, que não prestava atenção por onde andava.
Acordando de seu transe ao ouvir seu irmão reclamando em um tom indignado, Sam ergueu os olhos, curioso com o que provocara ainda mais o mau-humor do loiro. E quando finalmente se deparou com a figura estranha não soube o que dizer.
Parada na esquina estava uma mulher já de idade, de estatura baixa, cabelos desgrenhados e grisalhos, vestida com um antiquado vestido verde escuro e uma capa negra que chegava até os pés. Seus olhos eram de um negro intenso e possuía um brilho estranho. Em sua cabeça um chapéu pontudo da cor do vestido e com abas largas completava o traje. Além de se vestir de forma estanha a mulher ainda segurava uma vassoura de palha já antiga e gasta, mas o que mais chamava a atenção era a enorme verruga que havia no lado direito de seu nariz pontudo.
– Que diabos de coisa feia é aquele troço ali? – Dean piscava, custando a acreditar em seus olhos.
– Eu não sei. Mas é melhor não mexer com ela. – Sam disse quase num sussurro, sem desgrudar os olhos da figura excêntrica. – Algo me diz que ela não é tão inofensiva quanto parece.
– Ah, bobagem! – O mais velho desdenhou. – Aquilo ali é o maior atentado à beleza do século!
Os dois continuaram o caminho discutindo sobre a estranha mulher. Quando passavam pela esquina, Dean começou a gargalhar olhando para seu irmão e dizendo em voz bem alta num tom escarnecedor:
– Sabe Sam, eu fico inconformado com adultos patéticos que se aproveitam de um feriado qualquer para libertarem seus fetiches estranhos, usando fantasias bizarras, como por exemplo, bruxa de contos de fadas... – A ironia escorria por cada palavra. O rosto de Dean brilhava em sarcasmo puro.
A mulher, que até então ignorava a presença dos dois, ao ouvir as palavras maldosas encarou os Winchesters com um brilho maligno no ar.
– A quem você está chamando de farsa seu reles ser sem poder? – A mulher ergueu a mão que segurava a vassoura revelando uma varinha.
– Olha Sam, essa aí encarnou bem a personagem. – O sorriso ácido do loiro enervou ainda mais a mulher.
– Personagem? – A idosa começou a emanar uma áurea negra e sufocante, fazendo Sam tossir. – Vou te provar que não se deve mexer com uma mestra veterana do poderoso clube das Bruxas de Salém.
Dean não prestou atenção ao perigo contido na voz nasalada da mulher e insensível a toda aquela áurea sufocante deu as costas para os outros dois. Na sua cabeça passava pensamentos coléricos contras adultos infantis e sorria internamente lembrando-se de que ele próprio não era tão maduro quanto deveria ser.
Sam sentiu sua pele arrepiada ao ver a senhora de cabelos longos e alvos erguer a varinha de madeira lustrosa na direção de seu irmão. Alarmado, o moreno agarrou a manga do casaco de Dean.
– Por favor, Dean, para com isso. – O mais novo sussurrou ao pé do ouvido de seu namorado, olhando para a mulher que fazia movimentos circulares com a varinha.
O loiro sentiu um arrepio gostoso percorrer seu corpo até chegar a seu baixo-ventre, mas querendo evitar uma cena constrangedora assumiu uma postura irritada.
– Você vai acreditar nas besteiras de uma velha gaga que provavelmente bebeu todas? – Dean perguntou num tom incrédulo.
– Dean... É melhor a gente correr. – Sam começou a puxar insistentemente o irmão pelo casaco.
– Mas por quê?
O moreno não falou nada, apenas apontou para a velha estranha, que sussurrava algumas palavras que Dean reconheceu ser em latim e, para sua surpresa, da ponta da varinha surgiu uma luz verde de aspecto perigoso.
– Ok. Agora eu realmente acho que é melhor corrermos. – O loiro disse, saindo da letargia que o acometia e puxando o moreno saiu correndo, bem a tempo de escapar do primeiro raio mortal.
A bruxa não se deixou abalar com a fuga iminente dos dois e montando graciosamente em sua vassoura levantou voo, perseguindo-os.
– Vocês não escaparão de mim, escória maldita! – A gargalhada estridente da mulher ecoou por toda a rua.
Os irmãos olharam para trás e pasmos viram a grotesca figura voando na direção deles. A gargalhada funesta fez com que os corpos arrepiassem, provocando um mal-estar.
– Droga! Era tudo o que faltava para essa noite ser uma desgraça total. – Dean fechou os punhos aumentando a velocidade da corrida.
Apesar de todo preparo físico que tinha, Sam ofegava e começava a sentir pontadas dolorosas nas costelas.
"Droga, por que Dean sempre tem que nos meter nessas frias?", o moreno pensou enquanto olhava por sobre os ombros mais uma vez. Uma agitação cada vez mais crescente tomou conta de si ao ver a bruxa idosa terminar de recitar outro feitiço e uma nuvem de morcegos surgir no céu. Centenas de pequenos seres de olhos rubros voavam, irradiando um brilho maligno e destruindo tudo por onde passava velozmente, indo atrás deles.
– Dean, corre! – Sam gritou ainda de olho na nuvem espessa de morcegos.
– E você acha que estou fazendo o que, Sammy? Brincando de esconde-esconde? – Irônico, o loiro encarou seu irmão.
Percebendo que a atenção do moreno estava em alguma coisa que estava atrás deles, o mais velho seguiu o olhar, curioso para saber do que se tratava, e se chocou ao ver o novo ataque da bruxa.
– Velha maldita! – Dean gritou, pegando a mão do moreno e puxando-o para correr mais rápido. – Corre Sammy, CORRE!
Por mas que os dois corressem rápido os morcegos continuavam na cola deles. Depois de percorrerem mais de duas quadras o cansaço e a falta de ar obrigou os dois a diminuírem um pouco do ritmo. Os morcegos não se fizeram de rogados e continuaram avançando contra eles, aumentando não só a velocidade, mas a quantidade também, ocupando toda a extensão da rua. Não tinham para onde fugir.
Foi então que Sam parou de correr bruscamente, sendo atingido por um raio vermelho vindo da varinha da bruxa, dobrando o corpo. Dean, que segurava a sua mão, foi puxado, quase caindo.
Preocupado, o loiro olhou para cima vendo os morcegos mudarem a rota da perseguição, subindo o mais alto que podiam, pegando impulso para se lançarem sobre os dois caçadores.
Continua...
Ahhhh...
Nem acredito que depois de três meses finalmente consegui finalizar esse texto. E o melhor, dentro do prazo... *apanha*
Esse foi um dos maiores desafio que já me impus nesse 1 ano em que escrevo. Fazer uma comédia foi uma experiência dolorosamente boa. Aprendi muito.
E aqui está o resultado. Espero que agrade a todos que lerem.
Quero agradecer ao meu querido Peu Wincest pro moderar esse concurso. É uma honra participar desse seu projeto amoré. Fiz essa fic pensando em você, espero que aprecie. Obrigado pelas palavras de ânimo quando pensei em desistir. Você é DEMAIS! Te amo muito!
Agradeço à minha Koi, Marida linda do meu coração, Aria, por me aguentar nesse tempo todo, sendo minha cobaia, me auxiliando em cenas, dando ideias para melhorar o desenvolvimento desse projeto. Amada, agradeço pela paciência.
Agradeço à minha maninha, amiga queridíssima, Sheilla Mendes, por betar essa fic em cima do prazo de entrega. Obrigado por todas aquelas palavras de motivação que fizeram com que eu não parasse de produzir.
Agradeço também à Lady Anúbis e Yume Vy, minha Mommis e outra maninha, por estarem sempre ao meu lado, lutando contra a depressão que ameaçava sobrepor a inspiração e vontade de escrever. Sem vocês eu não teria conseguido chegar até o fim. Muito obrigado.
Agradeço antecipadamente a cada juiz que julgará esse concurso. Obrigado por disponibilizarem de seu tempo para apreciarem o trabalho que cada autor fez.
Bem, por hora é só. Happy Supernatural Halloween à todos!
Beijos,
Eri-Chan
29 de Outubro de 2009 – 23h:45min
Depois de quase 7 meses, finalmente resolvo postar essa fic... Sim, depois desse tempo todo me lembrei da existência dela... xD *se bate*
Mais uma vez, reforço minhas dúvidas sobre como essa fic chegou ao segundo lugar, sendo os juízes pessoas bem críticas... *rolando*
Espero que ela agrade e divirta aos leitores, assim como me diverti muito ao escrever.
Muitos podem estar se perguntando porque postei agora e não esperei até o Halloween desse ano. Mas, eu queria comemorar o final da 5ª season. Como não saiu uma fic nova, vai a que já está concluída...
Obrigado a todos que leram até aqui.
Beijos e Até a Próxima!
Eri-Chan
16 de Maio de 2010 – 14h:00min
