Missão impossível
(Continuação de James e eu)
Capítulo 1.
A academia de aurores é infinitamente menor que Hogwarts. Ou pelo menos esta foi a minha impressão, quando a avistei pela primeira vez há um ano e meio atrás. Sofri até aceitar aquele como meu novo lar. A simpatia não surgiu instantaneamente como fora com o castelo de minha antiga escola.
James dizia que eu estava complexada com o fato de não estarmos mais num castelo, cada vez que eu implicava com a academia. Ele e Sirius gozavam de mim falando que eu teria de me acostumar, pois obviamente não pertencia a nenhuma família real. Porém, quando estávamos sozinhos, a história era outra.
- Será que Dumbledore tem o mesmo complexo que eu? – perguntei a ele, minha cabeça encostada em seu ombro, olhos semicerrados de sono. - Ele queria tanto ser da realeza que não quis mais sair daquele castelo?
James se mexeu e eu me aconcheguei ainda mais em seu colo. Durante os primeiros meses de nossa estada na academia, eu impedia que ele subisse para o dormitório dos meninos até que eu estivesse caindo de sono. Digo, literalmente caindo de sono. Era a única menina do primeiro ano e apesar de não admitir para mais ninguém, tinha várias teorias sobre os riscos de se dormir sozinha num lugar estranho.
- Nunca pensei muito sobre os complexos de Dumbledore. – James beijou a minha testa e eu percebi que ele sorria. – mas podemos resolver o seu... - ele agora beijou levemente meus lábios, o que era um grande erro, já que isto definitivamente me deixava mais desperta. – claro, se você aceitar ser a princesa do meu reino.
Eu levantei a cabeça de seu ombro e passei a encará-lo com uma expressão pensativa. Sinceramente, tinha como não amar tal criatura? Ainda mais, vocês sabem, ele sendo meu namorado? Sorri para ele com toda a imponência da família real. James ria abertamente, mas de maneira comedida, não precisávamos acordar ninguém, não queríamos arranjar mais encrencas.
- Isso depende... - ele alisava meu cabelo, na altura de minhas costas, e eu cai do colo dele para o seu lado no sofá. James cruzou os braços e manteve toda a atenção no que eu falava, fingindo dar importância para nossa conversa. – você tem um castelo? – ele fez que não. Abri um novo sorriso de princesa, ainda mais petulante. – o que tem então no seu reino?
- Bom, pensei que já soubesse de meu valioso tesouro. – simplesmente amava quando entravamos em mais uma de nossas brincadeiras fantasiosas. – Uma capa, uma vassoura...
- Será que há doces no seu reino? – eu o interrompi com entusiasmo.
- Esta é a parte mais importante! - ele riu e toda a minha pose de princesa já tinha ido por água abaixo.
- Vou ser a princesa dos doces... - falei sonhadoramente e me levantei de forma a imitar o andar das nobres donzelas, ou pelo menos como eu achava que elas caminhavam. – ninguém terá tantos quantos eu... - parei para encarar James que apenas me observava, ainda sentado, com um quase sorriso no rosto. Sentei-me novamente em seu colo. – uma princesa sem castelo, mas ainda assim cheia de doces...
- A mais incrível das princesas sem castelo... - ele disse antes de nós nos beijarmos.
Desde então, há mais de um ano, é assim que ele me chama. Sou a princesa sem castelo. O que posso dizer? Bem mais romântico que a história da babá, certo? Se bem que invariavelmente volto a ser a babá dele, como acontece agora.
O que há na a mente de Alastor Moody? Essa é a pergunta que me atormenta diariamente, tal como Hamlet com o seu dramático "Ser ou não ser".
Eu sei que ele me odeia, vive dizendo que não consigo ser discreta o suficiente para uma auror. E o tom que ele usa para falar da cor de meus cabelos? Chega a ser discriminatório. Apesar disso, sempre achei que ele amasse James. Desde que ele estivesse a quilômetros de mim, pelo menos.
No entanto, faz um frio avassalador lá fora e ele mandou meu namorado a uma missão. Não estamos nem falando de algo de verdade, Moody vive criando essas falsas missões, diz que é para nosso treinamento. Não que ele já tenha me atribuído a muitas, estou falando sério quando digo que ele me odeia.
- Ele já devia ter voltado... – falei para mim mesma, enquanto observava os jardins cobertos de branco da grande janela.
-Preocupada, Evans? – não precisei olhar para saber quem estava falando comigo.
A maior prova de que Moody nutria todo o seu ódio a minha pessoa, foi ele ter permitido que ela entrasse para a academia. Pior que isso, ter escolhido a James como seu tutor. Certamente ele foi olhar em meu histórico escolar para descobrir qual era a minha pior inimiga e a trouxe para ver se eu não desisto de vez desta coisa de ser auror. Juro que ele está quase conseguindo, a idéia de abrir uma loja de doces ou uma empresa de romances me parece cada vez mais tentadora.
- Por que eu estaria? – disse me virando para Héstia. – Você não está com ele.
Ela sorriu de forma cínica e eu subi as escadas em direção ao meu dormitório. Na academia, havia apenas três andares. No primeiro ficava o refeitório e as salas dedicadas a lutas e aulas práticas. Os anfiteatros onde tínhamos as aulas teóricas ficavam no segundo andar, assim como uma grande biblioteca, a sala dos professores e a dos alunos.
Nós dormíamos no último andar, havia quatro quartos para alunos.
Eu ficava hospedada sozinha no dormitório feminino do segundo ano. Realmente uma dádiva que Hestia seja um ano mais nova. Embora, gostasse bastante de ser tutora de Alice e dividiria sem problemas meu quarto com ela. Se Moody permitisse, é claro.
Joguei-me em minha cama sem tirar meu sapato, encostando meus joelhos em meu peito. Desta vez Moody passara dos limites, mandou todas as pessoas do segundo ano para esta missão idiota, e até mesmo permitiu que Alice fosse. Ora, eu sei muito bem que Frank é namorado dela, mas sou eu a sua tutora, era eu quem deveria guiá-la nas missões. Nem ao menos fui informada, só fiquei sabendo pela carta que meu namorado mandou por sua coruja.
Lil,
Moody nos mandou numa missão. Depois explico.
J.
Só isto. Nenhuma menção de que me amava. Nada de me chamar de princesa. Nem de Babá. Nem ao menos um feliz aniversário!
Sim, porque hoje eu faço 19 anos. E até agora só recebi parabéns de meus pais e por meio de uma carta. Aliás, uma tão curta e cheia de clichês que nem faço questão de mostrá-la a vocês. Com certeza isto tudo era parte do plano inquestionavelmente bem bolado de Moody. Ele queria me ver louca. Talvez estivesse mesmo interceptando minhas correspondências de feliz aniversário.
Hoje é dia 31 de Janeiro e eu estou morrendo de frio, jogada em minha cama, sem ninguém por perto. Nem ao menos meu namorado parece se lembrar de mim. Pior ainda, passei o dia inteiro preocupada com ele, pois bem sei como são as missões de Moody. Não me entendam mal, costumam ser bastante didáticas, ao menos para os que sobrevivem.
Levantei-me e resolvi passar o final de semana em minha casa, afinal tinha de aproveitar que meu aniversário caiu finalmente num sábado, e ver as únicas pessoas que pareceram se importar com a data e me fizeram um convite sincero. Era uma das únicas vantagens que a academia tinha sobre Hogwarts. Aqui era permitido aparatar nos jardins, e nós podíamos sair em nossos dias de folga, desde que não tivéssemos nenhuma missão para cumprir.
Vesti meu sobretudo preto e peguei o cachecol antigo da Grifinória. Saí do quarto e nem ao menos olhei para as poucas pessoas que permaneciam na sala dos alunos, desci as escadas e logo estava nos jardins, minhas botas enterradas na neve. Pensei com bastante intensidade na sala da casa de meus pais, e num momento pouco maior que um piscar de olhos me transportei para lá.
Pensei em encontrá-los a minha espera com um bolo em mãos. Quando eu era pequena, eles me acordavam assim nos 31 de janeiro. Mas a sala estava escura, somente a luz da rua permitia que não se encontrasse num completo breu. Olhei a minha volta desesperada, já estava quase que convencida que errara de dia, quando as luzes se acenderam.
Mordi meu lábio inferior e lutei bravamente para impedir que as lágrimas escapulissem de meus olhos. Mesmo com os olhos embaçados e no alto de minha emoção vi todos eles ali, cantando parabéns para mim. Marlene, Frank, Sirius, Remus, Emmeline, Alice, Ania, meus pais, e claro, James. Eles haviam decorado a sala inteira com desejos de parabéns, e tinha um bolo lindo de chocolate no centro.
- Odeio tanto todos vocês! – eu disse enxugando meus olhos e recebendo o abraço de Marlene.
Depois de receber parabéns de cada um, com direito a abraços apertados e embrulhos com presentes, Sirius ligou o som de meus pais, num volume baixinho. Corri para conversar com minhas amigas, elas realmente faziam falta em minha vida na academia. Sentei no chão perto da mesa do centro, junto ao bolo, Marlene ao meu lado.
Pouco falei, sentia tanta falta delas, queria saber todas as novidades. Era bom ouvir sobre trabalho de Lene no ministério, ela sempre tinha longas histórias que terminavam em risadas. Durante sete anos a tive ao meu lado e só Merlin sabe o quanto meu dormitório parece vazio desde que me mudei para academia. Quero dizer, ele é literalmente vazio.
Levantei-me para pegar meu segundo pedaço de bolo e aproveitei para me sentar no colo de James. Ele conversava com Remus e Sirius, mas parou para receber um pedaço de bolo na boca. Hábitos de babá não vão embora do dia para noite, sei que vocês me compreendem.
Tentei me levantar para voltar a conversar com minhas amigas, mas ele me prendeu em seu colo. Então me acomodei ali, recebendo um beijo no rosto e escutando Remus contar sobre o curso de defesa contra as artes das trevas.
Estava começando a ficar com sono, quando todos resolveram ir embora. Chamei Marlene para dormir em minha casa, mas após uma troca de olhares com Sirius, ela negou. Preciso confessar que em muitos momentos, odeio este namoro deles. Afinal, qual era a do Sirius? Era meu aniversário e minha melhor amiga!
- Você vai dormir em casa, né? – perguntei a James enquanto ele beijava meu pescoço.
Nós nos despedíamos do lado de fora da casa, já que minha mãe fazia jogo duro lá dentro. Meu quarto tinha de ficar aberto para evitar que ele aparatasse por lá num acidente de percurso. Eu sei, eu sei, totalmente patético. Uma sorte que eles não soubessem da existência de capas da invisibilidade.
- Estava pensando em voltar para academia... - ele voltou a me encarar, o frio fazia com que saísse fumaça de sua boca. – não falei nada com minha mãe sobre voltar pra casa hoje...
- Não quero você lá... - eu expliquei. – não com aquela Hestia à solta...
- Lil... - ele falou naquele tom sério que me fazia parecer uma garotinha. Eu gostava quando ele me tratava assim, mas sempre fingirei odiar. – nós já conversamos sobre isso...
- Por favor... - fiz cara de drama. Mas nem era fingimento, estava realmente vivendo uma situação para lá de dramática com a volta daquela garota a minha convivência. Ou pior a convivência de James.
- Ok. - ele suspirou. Abri um sorriso enorme e James me puxou para mais perto. – gostou da festa?
- Da próxima vez que você me der um susto desses, juro que te mato. – falei genuinamente irritada me lembrando da angústia que sentira até descobri-los em minha sala, ao que James riu. – Adorei ver Marlene e as meninas, elas me fazem muita falta...
- Eu sei... - ele sorriu compreensivo e me soltou para pegar um embrulho dentro da capa - mais um tesouro pra minha princesa sem castelo.
Peguei o embrulho cheio de doces da dedos de mel. Eles agora eram muito mais raros que na época de Hogwarts, de fato um tesouro. Os guardei dentro do bolso de meu sobretudo e agarrei meu namorado, porque ele estava verdadeiramente lindo ali sobre a lua, com a neve grudando em seus cabelos naturalmente despenteados.
- Parabéns... - ele disse entre nossos beijos. – muitos anos de vida- mais um intervalo de beijos. - e que em todos eles eu esteja aqui do seu lado.
Queria congelar aquela noite para toda a eternidade. Todos os meus amigos felizes, meus pais atormentando minha vida, mas agindo com o mínimo de coerência e eu tendo certeza absoluta de que James e eu éramos para sempre.
Uma pena que eu tenha acordado no dia seguinte.
Nota da autora:
Oie pessoal! Tudo bem com vocês?
Que felicidade é poder voltar a escrever com esta Lily! Sempre me divirto muito com as idéias mirabolantes dela e seu ciúme doentio, além das doçuras de seu James.
Tenho até medo de postar essa continuação, devido à expectativa que alguns criaram sobre ela. Espero realmente não decepcionar nenhum de vocês. Até hoje estou surpresa com o carinho que receberam James e eu, muitíssimo obrigada, não mereço tanto.
E fica a pergunta para quem leu James e eu: Existem missões impossíveis para Lily Evans?
Beijinhos infinitos.
Ju
N/B: Genteee! Fui somente eu ou vocês também ficaram Mega curiosas para saber o que vai acotecer? O que/Quem será que vai se meter na romantica vida de nossos personagens preferidos? Será que Hestia tem algum plano em mente? Ou uma nova desfrutávelzinha aparecerá no pedaço? Acompanhem a mais nova cotinuação de James e Eu e descubram as divertidas e viciantes confusões do casal mais maravilhoso de todos os Tempos.
P.s: Deixem Reviews pra Juh! Ela Merece!1 ( assim como eu mereço voltar a receber em doces vocês não acham? *-*)
Bjinhuss,
Malfeito Feito
