Porquinho
- Porquinho…
James não podia acreditar que seu namorado havia realmente o chamado assim. Tão pré-escola, tão implicante, tão infantil, tão... Tão... Argh! Ele nem ao menos tinha as palavras para começar. Não que a atitude de voltar-se para o outro e mostrar a língua, ainda suja de chocolate, fosse uma resposta de gente grande.
Matt não pôde se controlar. Chegar em casa para encontrar James Hart, seu James, apenas em calças de pijama, as pernas cruzadas em estilo indiano e um pote de nutella ao seu lado. Os dedos sujos o denunciavam. O moreno tinha certeza de que encontraria mancha de doce por toda a superfície das cobertas, mas no momento, o sorriso da boca suja pelo chocolate vindo do homem na cama era mais do que o suficiente para aplacar sua ira.
- Porquinho.
Foi tudo o que ele conseguiu dizer por entre risadas, riso este que trazia à vida suas infames covinhas. James considerava as covinhas de Matt jogo sujo. Elas deveriam ser contra a lei, era simplesmente impossível de se ficar brabo com aquele sorriso tão, Tão... Droga! Lá estava ele, mais uma vez, desarmado. Mostrar a língua era realmente a única resposta às covinhas.
Matt apenas riu mais. Por Deus, aquilo deveria ser ilegal! Matt se aproximava da cama, assistindo seu namorado afastar o pote da doce travessura do predador que chegava cada vez mais perto... Inconsciente de que ele mesmo era a presa.
Como ele poderia não rir? Um homem de mais de vinte anos com cabelos cor-de-rosa e completamente sujo de chocolate, em sua cama? Oh doce paraíso... Era uma verdade nada secreta de que Matt se segurava para não começar mais uma discussão épica sobre o que era melhor: balas de goma ou chocolate? As balas sempre venceriam, mesmo que James achasse o contrário. Mas naquele momento, Matthew Sanders se sentia mais do que contente em correr sua língua pela boca doce de James.
Seu momento de distração fora o bastante para que os dedos do homem em questão encontrassem a oportunidade para manchar sua bochecha com a substância cremosa que havia incitado a discussão.
- Quem é o porquinho agora? – James indagou com os cantos de sua boca, curvando-se em seu clássico sorriso esperto, não tão afiado no momento graças ao chocolate em seu rosto.
Matt o encarou pasmo por um instante, se preparando, para em seguida dar o bote. Segurando os ombros de James contra a cama, o prendendo enquanto esfregava o próprio rosto sujo contra o dele. Logo desistindo de apenas sujá-lo mais, o moreno apenas partiu para mais um beijo. Enquanto James se perdia na pressão dos lábios de Matt - a língua do outro parecendo capturar todo o sabor doce em sua boca apenas para logo devolvê-lo em meio ao mesmo beijo - o menor pareceu não notar que os dedos de Matthew encontravam seu caminho para dentro do pote de chocolate.
Quando James menos esperava, a mão do outro corria de maneira desimpedida por seu peito nu, deixando uma generosa trilha de nutella por onde passava. Matt o encarava com um sorriso vitorioso, a mancha de chocolate ainda presente em sua bochecha e um brilho de malícia nos olhos verde-escuro.
- Porquinho...
Está bem, ele havia vencido.
FiM
