Meu cérebro me odeia. É sério! Qual outro motivo pra ele me dar mais uma história pra escrever? *taca a cabeça na parede*

Mas enfim, vamos ao que interessa! Minha primeira fic de LovelyComplex *-* Amo, amo. Espero que gostem, realmente. Vou tentar postar um capítulo por semana, mas não prometo, porque além de eu ter várias fics pra escrever, logo logo estarei em volta às aulas da faculdade e aí complica um pouco. Mas vou tentar não demorar muito. :)

Aproveitem o primeiro capítulo :*

Kessy


1. Rotina

A garota de cabelos ruivos corria apressada pelos corredores. A mochila pesada não parecia ser um obstáculo, e os livros que ela segurava estavam escorregando de seus braços. Ela deixou o campus apressada demais, atrasada demais. Correu até a estação, pegando o trem no exato instante que ele partiu. Só aí ela conseguiu respirar fundo e ficar parada.

Olhou o relógio de pulso e gemeu com a hora. Estava exatamente vinte minutos atrasada, e considerando que se atrasara porque tinha dormido na biblioteca da faculdade, essa não seria uma desculpa aceita. Sua mente trabalhava em mil possibilidades de explicações enquanto o trem ia rápido.

Assim que o trem parou na estação, ela recomeçou sua corrida. Três quarteirões após a estação, lá estava: o Ikebe, a lanchonete onde ela deveria estar há exatamente meia hora atrás. Respirou fundo e correu, entrando como um furacão no lugar. Todas as cabeças se viraram para olhá-la, exceto uma.

E foi exatamente a cabeça que não virou que a garota procurava. Respirou fundo, ajeitou os livros nos braços, e marchou até a mesa, dando a volta para ficar de frente com a pessoa sentada lá.

E assim que o fez, sua expressão era de descrença. Não era possível que ele estivesse dormindo de boca aberta, e ainda por cima babando em plena lanchonete, era?

Ela analisou o rapaz de cabelos ruivos mais uma vez e tomou sua decisão final: sim, era possível.

Ela largou os livros na mesa, junto com sua mochila e pegou os ombros do rapaz, sacudindo-os com vontade.

- Otani... Otani...

Otani não acordava e ela estava ficando impaciente. Sabia que a única forma de chamá-lo era...

- ACORDA SEU ANÃO IDIOTA!

As cabeças da lanchonete novamente se viraram para a garota alta demais, mas o grito dela funcionou. Otani deu um pulo na cadeira e olhou desorientado para todos os lados.

- NÃO! EU NÃO FIZ ISSO! AAH! – ele finalmente percebeu onde estava e seu rosto ficou vermelho pelo que tinha acabado de fazer.

Todos seguravam suas risadas, inclusive a garota, que agora o olhava com a maior cara de histeria que alguém podia ter. Ele fez cara de poucos amigos e sentou-se novamente, fechando os olhos e fazendo uma cara emburrada. A histeria que a garota continha desapareceu e ela sentou-se à sua frente.

- Otani... Desculpa... Eu... Er... Acabei me atrasando.

- Isso eu já percebi.

- Mas... Mas...

- Eu cheguei aqui na hora certa, me esforcei pra sair mais cedo do meu estágio e você me deixa esperando? Poxa, você poderia ao menos ter se esforçado pra sair mais cedo também...

Hm. E agora? Como ela diria a ele que ela não teve aula e se atrasou porque dormiu?

- Desculpa – o biquinho que ela fazia era irresistível pra ele, mesmo que ela não soubesse disso.

Ele a olhou de canto de olho e isso foi sua perdição. Ao ver a garota de cabeça baixa, o biquinho de arrependimento – que ela não tinha consciência que fazia – aliados ao fato que ele não estava realmente chateado, já que ele próprio tinha chegado dez minutos antes dela fizeram-no descruzar os braços e esquecer o atraso.

- Koizumi...

- Hm?

- Tudo bem, não estou chateado – ele pegou na mão da garota, que estava estendida na mesa. – Vamos pedir?

- Sério que não ta chateado comigo?

- Sim.

O sorriso dele era suficiente para fazer o coração de Koizumi disparar no peito, e em reflexo, fazer o próprio sorriso dela aparecer.

Os dois chamaram o garçom e fizeram seus pedidos, como sempre pedindo igual. Os dois eram tão diferentes e iguais ao mesmo tempo, que chegava a impressionar quem olhava de fora.

Otani Atsushi e Koizumi Risa eram namorados desde o terceiro ano do ensino médio, depois de muitas idas, vindas e reviravoltas. Agora os dois já estavam juntos há três anos e meio, no final de seus respectivos cursos universitários.

Otani cursava o último período de Educação Física, e já estava estagiando em uma escola para crianças, trabalhando como professor substituto. Tinha conseguido realizar seu sonho, mesmo que muitas pessoas tivessem duvidado disso. Risa estava também em seu último período de Moda & Design, e já tinha conseguido um estágio numa agência de moda da cidade. A última parte Otani não sabia, mas ela iria contar.

Depois de mais da metade de lanche comido, e o "relatório" diário de atividades dos dois, Risa decidiu que Otani seria o primeiro a saber.

- Otani...

- Hm? – ele disse distraído, enquanto mordia mais um pedaço do sanduíche.

- Sabe aquele estágio na agência da Mimi-chan?

- Sei. O que tem?

- Eu... Hm... Eu consegui.

Otani engasgou com o suco exótico que tomava, mas logo se recuperou.

- Sério?

- Sério...

- Que ótimo Koizumi! – ele se esticou todo sobre a mesa, abraçando a namorada com vontade, mesmo que não completamente. – Estou realmente muito feliz por você!

- Obrigada, Otani-kun.

- E quando você começa?

- Segunda-feira.

- Legal.

Os dois conversaram mais um pouco, Risa empolgada por Otani ter demonstrado tanto carinho e apoio a ela quando ela contara a notícia. Era excitante saber que ele estava lá por ela, mesmo que fosse às vezes tão ocupado quanto ela.

Assim que acabaram seu lanche, saíram da lanchonete de mãos dadas, Otani segurando os livros pesados da namorada enquanto caminhavam de volta pra casa.

Era notória a diferença entre o casal a todos que passavam. Um casal onde o rapaz era mais baixo que a garota sempre chamava atenção. E no caso de Risa e Otani, a diferença era gritante. Ele era bem mais baixo que ela, que era alta demais pro seu próprio bem. Mas, pra eles, aquilo deixara de ser um problema há muito tempo.

- Meus pais querem que você jante conosco amanhã... – disse Risa quando os dois pararam em frente à casa da garota.

- Hm, tudo bem. Amanhã só tenho que dar aula até às 17h. Apareço aqui que horas?

- Acho que sete horas está bom.

- Sete horas estarei aqui.

- Vou marcar...

- Não se preocupe – ele riu.

Ele ficou na ponta dos pés pra alcançar os lábios da garota, e ela, sorrindo pra si mesma, abaixou-se até que seus lábios se juntaram. Um beijo doce e rápido, que demonstrava o carinho um pelo outro da forma física que eles adoravam.

Despediram-se rápido e Otani voltou para casa, as mãos nos bolsos, pensando em tudo que acontecia com sua vida desde que ele – inconscientemente – percebera que amava Risa. No começo, ele próprio achava que era apenas paixão boba, ou talvez uma vontade de retribuir os sentimentos já declarados da melhor-amiga-inimiga. Com o tempo, o namoro e as coisas que aconteciam entre os dois, Otani percebeu que ele amava Risa, e que faria qualquer coisa pra ver um sorriso em seu rosto – mesmo que ele não admitisse isso pra mais ninguém além dele.

O rapaz chegou em casa, e após dizer como foi seu dia para sua mãe e irmã, subiu para o quarto. Assim que abriu a porta, se deparou com os diversos pôsteres do Umibouzu, sua banda favorita. E essa predileção tinha sido uma das muitas coisas que o uniram à Risa, já que ela também era uma fã incondicional.

O rapaz não conteve o sorriso e apertou o botão de Play do seu som, deitando na cama enquanto ouvia sua banda favorita e pensava em sua namorada – o amor da sua vida.

Em casa, Risa respondia às perguntas curiosas de sua mãe, e depois disso, subia as escadas, de volta ao seu quarto. Ela jogou seus livros em cima da escrivaninha e sua bolsa no cabide do quarto. Apertou o Play do seu som, e deitou-se – ouvindo Umibouzu e pensando em Otani. Ela se lembrava de como os dois tinham começado a namorar – e ria sozinha de suas incertezas bobas de adolescente, e não sentia nenhuma falta de seu choro constante quando Otani lhe deu o primeiro fora.

Mesmo assim, Risa estava feliz por ter sido persistente. "Eu sabia que ele era cabeça dura, mas nem tanto", ela se recordava, rindo ao lembrar. Risa não desistira de Otani. E depois de dois foras, ela finalmente conseguiu fazê-lo enxergar que ela era mais do que apenas sua melhor amiga, e a garota que implicava com ele o tempo todo – além da integrante alta da dupla de comediantes pela qual ficaram conhecidos no tempo de colégio.

A mãe de Risa a chamou para jantar, e a garota pulou da cama, desligando o som e descendo as escadas correndo. Depois de, literalmente, devorar o jantar, Risa subiu novamente para o quarto – indo direto para a escrivaninha, abrindo seus livros e seu caderno de desenhos, começando seu novo "projeto pessoal" (era assim que ela o chamava) que serviria como teste para uma de suas matérias da faculdade de moda.

Otani fazia o mesmo em casa, estudando e treinando um pouco, pronto para sua prova de segunda-feira. Além da prova na faculdade, Otani ainda teria estágio à tarde, e precisava preparar sua aula. O rapaz só conseguiu fechar os olhos para dormir à uma da manhã, imitando Risa, que também deitou-se no mesmo horário, com um sorriso no rosto por ter terminado seu projeto.