Sinopse: Draco descobre que no passado, para salvar sua vida, Lúcio usou uma antiga e poderosa maldição. Agora, com seu pai preso em Azkaban, os dias estão contados para que Draco consiga terminar o ritual e continuar vivendo.
Disclaimer: Nada aqui me pertence... somente a minha imaginação podre e bizarra.
Coração de Dragão – O vôo
Capítulo 1 – De volta à Mansão
Deixou-se cair na cama e fechou os olhos. Havia acabado de chegar em casa depois de mais um ano em Hogwarts. Mas esse ano havia sido muito mais atribulado do que todos os outros.
Quando finalmente havia alguém de pulso firme comandando a escola, lhe dando os devidos créditos, tudo se acabou. A Brigada Inquisitorial, criada pela - na época - diretora e professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dolores Umbridge, tinha sido comandada por ele, lhe dando a chance de perseguir, a hora que bem entendesse, seu arqui-inimigo e seus coleguinhas imbecis.
Mas Umbridge fora enganada pelos guerreirinhos do bem, sendo largada por eles na Floresta Proibida, em companhia dos Centauros. Fora salva, sabe-se lá como, por Dumbledore, porém, ainda assim ficou com sérios problemas psicológicos. E como se não bastasse ter seus dias de glória arrancados à força, ainda tivera mais outra grande decepção. E era isso que o estava tirando do sério.
Inspirou profundamente, tentando em vão acalmar aquele sentimento que o rasgava por dentro. Ódio. Nunca em sua vida sentira tanto ódio como agora. Não conseguia imaginar como seriam as coisas dali pra frente. E a culpa da sua desgraça pessoal tinha um nome: Harry Potter.
"Maldito garoto cicatriz! Maldito seja você e todos os que te rodeiam, Potter!" – jogou o travesseiro de plumas de verbinso (um parente mágico dos gansos, que se diferenciam pelo bico mais quadrado, com pequenos orifícios nas laterais, por onde soltam faíscas alaranjadas quando se sentem ameaçados) na parede. – "Eu juro, pela honra da minha família que você ainda vai ter aquilo que merece! E quando eu acabar, seus restos caberão em uma caixa de fósforos." – tentava soar ameaçador em sua própria mente.
Draco sentou-se na beirada da enorme cama de lençóis verde musgo. Olhou pela janela e contemplou a lua por alguns instantes. Tão bela e solitária ali no céu escuro. Lembrava estranhamente dele mesmo. Sempre isolado de tudo e de todos, em meio às trevas. Ao contrário do Potter-Perfeito. O Menino-Que-Sobreviveu nunca se encontrava sozinho, estava sempre acompanhado dos seus fiéis seguidores, o pobretão e a sangue-ruim. Juntos, eles formavam o "famoso" Trio Maravilha. E no último ano ele havia recrutado ainda mais imbecis para se juntarem aos seus propósitos.
"Mas a trupe de imbecis está com seus dias contados." – jurava para si mesmo enquanto continuava a fitar a lua. Perdido em seus pensamentos de vingança e destruição, Draco adormeceu.
Acordou quando o sol atingia o topo do céu, já passava do meio-dia. Fechou os olhos novamente, tentando conter a claridade que entrava pelas frestas da cortina. Havia chegado tarde da noite em casa, Draco passara a última semana no Hospital Saint Mungus para se recuperar dos feitiços lançados pela trupe de Potter no Expresso de Hogwarts. Nada muito grave quanto à sua saúde, já que aquela semana de cuidados especiais o deixaram como novo, mas isso o humilhou profunda e dolorosamente.
Mais uma onda de raiva atingia seu peito enquanto relembrava o acontecido no Expresso. Resolveu então tomar um banho gelado, para que pudesse pensar melhor no que deveria ou não fazer. Dessa vez ele não seria fraco nem tolo, como o seu próprio pai dissera tantas vezes, o ódio que sentia não o cegaria.
"Não. Não dessa vez."- pensou.
Saiu do banho com a cabeça mais tranquila. Vestiu-se, como sempre impecavelmente, e seguiu em direção à escadaria da mansão. Quando chegou à mesa, esta já estava posta e Narcisa, sua mãe, havia acabado de se sentar para o almoço.
- Pensei que não fosse se levantar hoje, meu filho. – olhou Draco de cima a baixo. – Acho que você deveria voltar ao Saint Mungus para mais uma consulta, está com uma aparência horrível. – finalizou, torcendo o nariz.
- Bom dia pra você também, mãe. – respondeu secamente enquanto se sentava. Estava certo de que sua aparência não era das melhores, afinal tinha um imenso espelho dentro de seu closet, mas ele realmente não precisava que ninguém lembrasse-o disso. – Quero que mande algum elfo preparar a carruagem, vou até o Beco Diagonal resolver alguns assuntos. – e antes que Narcisa pudesse fazer menção de dizer algo, Draco continuou: – Meus assuntos.
Narcisa crispou os lábios, detestava quando Draco agia como o pai.
- Que seja. – disse, dando de ombros.
O almoço seguiu como o de costume, apenas com conversas triviais, sem nenhuma importância. A única diferença na mesa, era a ausência de seu pai. Assim que terminou de comer, Draco levantou-se e seguiu para os jardins da Mansão Malfoy, onde um elfo já o esperava na porta da carruagem negra, como ordenara Narcisa.
Atraiu muitos olhares quando entrou no Beco Diagonal, afinal, todos já sabiam da situação de seu pai e essa era a primeira vez que ele saía em público depois do acontecido. Manteve sua habitual expressão superior, o olhar gélido de sempre, causando aos passantes um misto de descrença e desgosto. Como poderia continuar com toda essa pose depois de ter seu pai preso e seu nome jogado na lama?
Primeiro passou em Gringotes para apanhar dinheiro, depois seguiu rumo à loja de artigos esportivos. Tinha muitos planos para seu sexto ano em Hogwarts, e vencer o famoso Potter no quadribol era um deles. Tudo bem, não era o mais importante, mas isso lhe renderia algumas risadas.
Quando o atendente veio prestar assistência, mesmo que receoso de lhe dirigir a palavra, Draco avisou que estava ali para falar com a gerência.
Em poucos minutos, estava em uma sala imensa, quase vazia, onde havia apenas uma mesa de vidro entre duas cadeiras, estofadas com couro de dragão malasiano. Não haviam quadros nem objetos e as paredes eram insuportavelmente brancas. Sentou-se e logo em seguida um homem de meia idade adentrou a sala.
O gerente era baixinho e quase não tinha cabelos. Exceto por um pequeno tufo branco que surgia no centro de sua cabeça lustrosa. Draco teve ímpetos de sacar sua varinha e dar cabo daquele penteado. Aquilo era asqueroso, mas não perderia sua vaga em Hogwarts somente por causa dessa repulsa. O homem, incomodado com o olhar sobre si, quebrou o silêncio:
- Mark Stevenson. – apresentou-se. – Em que lhe posso ser útil, senhor Malfoy?
Deixando de lado a aparência do pobre gerente e lembrando-se do motivo pelo qual viera encontrá-lo, Draco foi direto ao assunto:
- Quero uma vassoura que ainda não tenha sido lançada no mercado. A melhor de todas elas. – fitou o homem com um brilho estranho no olhar. – Meu pai me disse sobre o protótipo de uma nova vassoura, que ainda está em fase de testes. Eu a quero pra mim e estou disposto a pagar qualquer preço por ela.
Ele olhou para Draco e pensou por um instante antes de responder.
- Senhor Malfoy, nós realmente estamos trabalhando em um novo protótipo de vassoura, que inclusive revolucionará o mundo do quadribol, por sua leveza, agilidade e estabilidade fora do comum. – ele fez uma pausa, deixando no rosto uma evidente insatisfação e em seguida continuou. – Mas como o senhor mesmo disse, ainda está em fase de testes e receio lhe informar que estamos com certas dificuldades em alguns deles. Portanto, até que o projeto seja totalmente concluído e aprovado pelo Departamento de Esportes Mágicos do Ministério da Magia, eu não tenho permissão para negociá-lo, se é que o senhor me entende.
- Sim, entendo perfeitamente. Mas parece que quem não entendeu algo aqui foi o senhor. – Draco tirou do bolso de suas vestes um pequeno saquinho verde, de veludo, abrindo-o em seguida e espalhando o conteúdo por sobre a mesa. Galeões não paravam de cair do saquinho, que havia sido enfeitiçado com magia para ter o espaço interno aumentado. Um monte dourado se formou entre os dois. – Eu disse que estou disposto a pagar qualquer quantia por essa vassoura. E preciso que ela esteja em condições de vôo até que recomecem as aulas em Hogwarts.
O homem, que estava olhando hipnotizado para os galeões à sua frente, respondeu simplesmente:
- A enviarei pelo correio coruja uma semana antes de suas aulas recomeçarem, senhor Malfoy.
- Estarei à espera. – e com um aceno de cabeça, Draco saiu da sala.
Andou pelo Beco durante algumas horas, até que resolveu passar no Caldeirão Furado pra tomar uma cerveja amanteigada antes de voltar pra casa. Fez seu pedido no balcão e sentou-se em um canto afastado, detestava lugares mal frequentados. Abriu o livro que trazia consigo e começou a ler, meio desinteressado. Ao olhar para a senhora idosa que vinha com a bandeja, notou cabelos vermelhos na mesa ao lado da sua.
- Ei, Weasley! Que faz aqui? – quando a menina se virou em sua direção, ele mesmo respondeu a pergunta. – Ah, já sei. Seu pai foi promovido à limpador de janelas no Ministério da Magia e agora, com um salário melhor, você e seus irmãos vão poder se revezar pra comer fora. – e fazendo-se de pensativo continuou: – Hum... e quando será a vez do próximo? Daqui a um ano?
- Pelo menos no Ministério tem janelas! – Gina fez cara de falsa preocupação. – Oh... o que será que seu querido papai estará limpando em Azkaban? – e levantando-se da mesa onde havia deixado alguns sicles, sussurrou em direção à Draco, para que somente ele pudesse ouvir: – Que pena que os Dementadores deixaram Azkaban, eu tenho certeza que ele adoraria limpar o traseiro de algum deles.
O que aconteceu a seguir foi muito rápido. Draco levantou-se bruscamente, derrubando a cadeira em que estava sentado e arrastando a mesa para frente, fazendo a cerveja amanteigada cair no chão. Naquele momento, nem de longe ele lembrava um Malfoy. Gina virou-se, assustada com o barulho de vidro quebrando.
- Como você se atreve a falar assim do meu pai, sua pobretona nojenta? – ele já estava com a varinha apontada para ela, à alguns centímetros da garganta. Gina engoliu em seco, e seus olhos marejaram. Sabia que havia ido longe demais com a provocação.
- Desculpe... eu... me desculpe, Malfoy. – a essa hora, todos que estavam ali olhavam para os dois com assombro. Ele percebeu que estava totalmente descontrolado, e por um instante sentiu medo. Sua fama estava pior do que antes e se proferisse qualquer feitiço contra a menina ali, fora dos portões da escola, certamente seria expulso de Hogwarts.
"Ótimo, era tudo o que eu precisava agora." – pensou com seu costumeiro sarcasmo. Guardou novamente a varinha dentro de suas vestes e falou com uma calma dissimulada:
- Certo. Vá embora daqui, Weasley. – fez um gesto com a mão, indicando a porta do estabelecimento. – Nós resolveremos esse assunto em Hogwarts. – acrescentou de modo que apenas ela pudesse escutar.
Gina saiu depressa, quase espumando por ter estado em uma posição tão vulnerável, enquanto Draco tentava passar ao rosto uma expressão de tranquilidade, que era inexistente. Tirou alguns galeões do bolso e os jogou no balcão em frente ao homem que atendia.
- Tome, acho que isso encerra o assunto. – e dizendo isso, foi embora sem olhar pra trás.
- Garota estúpida! Malditos Weasleys, bando de mortos de fome. – repetia enquanto subia para o quarto.
- O que é que você tanto resmunga, meu filho? Será que não te ensinei que isso não é nada elegante? – perguntou Narcisa, que estava ao pé da escadaria. – Desça e me espere na sala de visitas, junto aos outros. Estarei lá em alguns instantes. Tenho algo muito importante para lhe falar. – e saiu, andando de uma maneira tão suave que lembrava um dementador, em uma versão oxigenada e bonita.
- Mais essa agora... – seguiu para a sala de visitas, bufando.
Sua mãe sempre vinha com essas "agradáveis" surpresas, ele detestava ter que recepcionar qualquer visita. Sabia que era imprescindível manter boas relações com bruxos importantes, com famílias puro-sangue e com pessoas do alto escalão do Ministério. Mas, definitivamente, isso não lhe agradava.
Não que não gostasse de seu status, de seu lugar privilegiado na alta sociedade bruxa. Só que Draco detestava ser forçado a rir de piadas sem graça, conversar sobre falsos propósitos apenas para ganhar a confiança daqueles que ele nem mesmo confiava. Era tudo muito maçante.
Ao chegar na sala, percebeu que esta não estava vazia. Haviam três homens. Um muito velho, estava de pé, a um canto perto da janela. Ele usava uma capa acobreada, com botas marrons e muito gastas. O cabelo branco estava preso em um rabo de cavalo muito comprido. Tinha os olhos fixos no chão. Os outros dois, mais jovens, mantinham um diálogo que foi imediatamente cessado com a chegada de Draco.
- Senhor Draco Malfoy, presumo? – cumprimentou um dos homens que estavam conversando. Era magro e alto, tinha a voz grave e os olhos eram de um verde meio amarelado. Estendeu a sua mão para Draco. – Prazer, sou Michael Duff. Creio que o senhor já conhece meu amigo aqui, não é mesmo?
Draco olhou para o outro homem que estava ao lado deles e teve que reprimir uma exclamação de horror. "Que diabos esse homem pensa que está fazendo na minha casa?"
- Ahn... o prazer é meu, senhor Duff. – Fez uma pausa antes de recomeçar, incerto. – Eu conheço seu amigo sim, mas... bem, eu não gostaria de parecer rude nem nada, mas eu gostaria de saber, exatamente, o que é que ele faz aqui na minha casa. – o homem a quem Draco se referia não pareceu ficar incomodado. – O que vocês fazem aqui na minha casa. – corrigiu-se.
Michael apenas sorriu para ele, mostrando seus dentes muito brancos, que quase competiam com os de Lockhart. Narcisa entrou em seguida, trazendo um pergaminho enrolado nas mãos.
- Vamos, não temos muito tempo. – e fez um sinal para que eles entrassem pelo alçapão que ela acabara de abrir, com magia. Os dois homens desceram prontamente, enquanto Draco permanecia estático. O homem mais velho pôs a mão em seu ombro, dando um tapinha amigável.
- Não há o que temer, jovem Malfoy. Acredito que não há nada lá embaixo que o senhor desconheça a existência. – disse sorrindo, conduzindo Draco pela passagem.
N/A: Bem, aí vai mais uma fic... essa é beeeeem longa, espero que tenham paciência para lê-la! D/G? Sim, com certeza! Algumas surpresas na vida do Draco, só pra sair um pouco do usual...
Ao ler esta fic, ignorem o sexto livro, por favor! Os acontecimentos se limitam até o quinto ano, logo, esse será o sexto ano de Draco em Hogwarts.
Sugestões, comentários e críticas serão muitíssimo bem vindos!
Espero que curtam!
Com carinho,
Mila Fawkes.
