O amor de sua mãe o salvou uma vez, eu esperava que meu amor fosse forte o suficiente para salva-lo uma segunda.
o.o.o
Meu pai me odiava, mas ele me amava também. Afinal eu era seu filho, eu era um espião e eu era, principalmente, um traidor.
Quando Potter aparatou com o corpo de Cedric Diggory no campo do torneio tribuxo, eu soube que jamais seria um Comensal da Morte. As crenças que foram tão cuidadosamente plantadas em minha mente secaram, porque um sangue ruim seria menos bruxo que eu? Granger era uma das melhores alunas da escola e eu realmente admirava sua sabedoria. Eu fiz estudos trouxas escondido e descobri que eles são tão normais em sua anormalidade e criam coisas incríveis sem o auxilio de magia.
Eu me juntei a Ordem no sexto ano, se eu matasse Dumbledore eu ganharia a marca. No mesmo dia eu falei com Severus e assim eu ganhei a proteção da Ordem. Daquele dia até hoje eu não me lembro com clareza o que aconteceu, Severus matou o velho, Potter teve um colapso nervoso e desmaiou e eu passei a noite com ele na enfermaria, sozinho, porque o castelo estava um caos. Naquela noite ele passou a ser Harry e eu Draco.
A guerra foi impiedosa, eu e o Trio de Ouro casávamos as Horcruxes em segredo. Harry confiou em mim para destruir a Horcruxe dentro dele, Voldemort o estava esperando na floresta proibida e eu tinha que lançar uma Avada Kadavra no homem que eu amava. Sim, porque eu amava Harry Potter com cada fibra do meu ser. Acho que foi no dia que ele me enfrentou no banheiro, eu tinha acabado de receber minha missão e pretendia mudar de lado, eu me sentia tão perdido. Quando eu cai no chão totalmente ensangüentado, ele veio correndo em minha direção. Seu desespero e arrependimento me comoveram, ele era tão lindo, eu queria acariciar seu rosto e sussurrar em seu ouvido que tudo daria certo, mas eu desmaiei logo em seguida.
Mas eu nunca pude lhe acariciar o rosto nem sussurrar palavras de conforto em seu ouvido. A guerra exigia o maximo e alem de nossa capacidade, que não tínhamos tempo nem sequer para dormir.
Harry matou Voldemort na noite de Natal, ele veio até mim e me abraçou, chorou compulsivamente, eu o levei para a sala precisa e o embalei a noite toda. Eu matei para sobreviver, mas Harry nunca havia lançado uma maldição da morte, ele não havia nascido para matar. Depois daquele dia Harry nunca mais falou.
o.o.o
Três anos depois...
Abro a porta do estúdio de pintura de Harry, deixo a bandeja com o lanche em cima da mesinha ao lado da porta e me aproximo do sofá.
- Harry, acorde – eu digo com suavidade. Não é a primeira vez que ele dorme no estúdio, foi por isso que providenciei um sofá bem grande.
Ele abre o olhos e por um momento olha em volta confuso, quando me vê, sorri e movimenta as mãos.
- "Bom dia, que horas são?"- pergunta na língua dos sinais que passamos anos treinados e agora fluía entre nos com naturalidade.
- Bom dia, já são quase onze – eu digo, ele ainda pode ouvir perfeitamente.
- " Nos vamos ao parque hoje?" – há excitação em seu olhar.
- Sim, hoje nos vamos ao parque. – eu acaricio seu cabelo rapidamente – Coma, eu vou estar no meu escritório.
Já faz três anos desde que a guerra acabou, eu me responsabilizei por Harry e ninguém nunca questionou. Nos moramos em um pequeno povoado, nossa casa fica em uma colina perto de um lago. Harry e eu aprendemos as línguas dos sinais, fica mais fácil para ele se expressar e eu de entender. Harry não quer manter contato com nenhum tipo de magia, por isso me acostumei a viver uma vida trouxa, temos apenas algumas poções medicinais.
Os médicos disseram que Harry sofre de Transtorno de Estresse pós Traumático, mentalmente ele é estável, mas sofre alguns lapsos de humor ou revive momentos traumáticos da guerra. Já o acordei varias vezes durante a noite, e dormimos juntos varias vezes para acalma-lo. A cura pode vir ou não, somente o tempo dirá.
Eu podia estar curtindo a minha liberdade e gastando as toneladas de ouro que eu tenho, mas essa é a vida que eu escolhi. Sinceramente não tenho mais esperanças de ter algo físico com Harry, para seu bem estar guardo minha paixão e apenas lhe dou meu amor platônico.
Eu já me conformei em passar o resto da minha vida assim, cuidando de Harry. Eu não sou obrigado a cuidar dele, mas os de pensar em deixá-lo aos cuidados de outra pessoa me da ojeriza. Apesar de não falar, a vida com Harry não é tão silenciosa assim, ele geme, grita e balbucia, gosta de musica alta e às vezes fica horas fazendo repetidamente a mesma coisa. É um tipo de autismo voluntário, onde a previsibilidade o agrada e acalma.
O passeio no parque é agradável, hoje apenas sentamos em um banco, Harry se enroscou em meu braço e apoiou a cabeça no meu ombro, ficamos lá apenas vendo o movimento, as crianças brincando. Acho que nessa hora, Harry deve pensar sobre sua infância, sei que foi ruim, talvez ele fantasie sobre ela nessas horas, imaginado como seria se seus tios lhe dessem um pouco de amor.
Eu mesmo não tive amor na infância, mas eu tinha babas amáveis, tinha tudo que o dinheiro podia dar e um pouco de atenção da minha mãe. Mas Harry, não teve nada ao que se apegar, talvez a memoria de seus pais, ou talvez a esperança de que um dia ele sairia daquele inferno.
- "Hoje eu sonhei com você" – ele me diz, suas bochechas estão coradas.
- "E o que você sonhou dessa vez? O mesmo de sempre" – eu pergunto em gestos, as vezes é mais confortável. Harry tem pesadelos que foram diminuindo com o tempo, onde em cada um ele ve uma das pessoas que ele gosta ser morta por Voldemort. Ultimamente, seus sonhos tem sido comigo, isso me conforta, saber que eu sou especial para ele.
Ele nega com um movimento da cabeça, e então se vira no banco, me encarando serio.
- " Foi diferente. Muito diferente" – ele diz.
- " Diferente como Harry?" – pergunto curioso, o que ele poderia sonhar de tão diferente comigo?
Harry abaixa a cabeça, o rosto corado e fica em silencio, eu não insisto no assunto. Aprendi a respeitar sua vontade de se comunicar, quando ele está pronto, vem até mim para conversarmos.
- " Podemos ir pra casa?"
- Claro – eu digo, e nos andamos calmamente até em casa.
o.o.o
Meia noite e eu ainda não consigo dormir, a insônia foi uma das sequelas da guerra, dormir pra mim é muito difícil. Tomando um gole da minha taça de vinho, observo um dos quadros de Harry, que é um excelente pintor por sinal, nos vendemos sua obrar em uma galeria no Beco Diagonal, e todos os lucros vão para fundações que ajudam as vitimas da guerra, principalmente os órfãos.
Nesse quadro, esta a Hogwarts de nossa infância, bela e etérea em um dia de verão, a Fênix de Dumbledore voa ao fundo. Os jardins são verdes e a Floresta Negra está calma e silenciosa. Harry me deu de presente no nosso primeiro Natal juntos, ainda não nos comunicávamos por sinais, mas era o modo dele dizer que devemos guardar as nossas lembranças mais felizes que vivemos lá.
Lembro perfeitamente que naquele dia, eu queria beija-lo, deita-lo na minha cama e ama-lo com tanta paixão, que ele se derreteria em meus braços, e sussurrar em seu ouvido o quanto eu o amo.
O barulho da porta abrindo corta meus pensamentos, Harry surge em meu escritório, apenas de pijamas.
- " Não consegue dormir também? " – pergunto.
- " Não. Posso ficar aqui com você?"
Eu faço um gesto, o convidando a se aproximar. Estranhamente Harry hesita, e prefere se sentar no sofá perto da lareira. Então eu levanto, e me sento ao seu lado. Em um momentos desses, eu o abraçaria como sempre, Harry gosta de contato físico, mas prefiro permanecer onde estou.
Lentamente ele se volta para mim e para o meu total espanto ele diz:
- " Você me beijou" – afirma.
- O que! – eu apenas consigo soltar uma exclamação.
- " Você me beijou" – ele afirma novamente.
Procuro me acalmar, respiro fundo antes de falar.
- É claro que já lhe beijei Harry – sorrio nervoso - Quando você esta nervoso, sei que gosta quando beijo seus cabelos...
- "Não. Você me beijou aqui.." – ele leva a mão aos lábios, os tocando com as pontos dos dedos.
- " E você gostou?" – perguntei antes mesmo que me desse conta.
Com um olhar espantado Harry me encara, posso ver que sua respiração é lenta e pesada. Excitante, ele ergues os dedos e forma a frase lentamente.
- " Eu quero de novo" – mordendo os lábios com nervosismo, ele chama minha atenção para a boca que eu sempre desejei. Quero saber como é seu gosto, se seus lábios são macios e quentes, quero estar dentro de Harry tão desesperadamente, que acho que não consigo mais me conter.
- Harry...- eu apenas consigo sussurrar.
Ele arrasta seu corpo perto do meu, posso sentir sua respiração em minha bochecha, nossos olhos estão conectados, suavemente Harry le minha mente, e eu deixo, e dessa vez não escondo meus desejos, e principalmente, não escondo meu mais profundo sentimento.
Seu olhar me transmite confiança, eu apenas seguro seu rosto em minhas mãos, me aproximo lentamente, lhe dando a chance de desistir.
- Eu vou te beijar agora – tenho a necessidade de avisar.
Harry sorri e cola os lábios no meu.
As línguas se encontram devagar, não temos pressa agora. Eu o beijo com carinho, o guiando, explorando, sentindo. Com cuidado, Harry coloca as mãos em meu ombro, aprofundando o beijo, que lentamente se torna mais apaixonado, mais exigente.
Estou excitado, tanto que se não parar agora posso estragar o momento e eu jamais permitiria magoar Harry. Por isso, lentamente termino beijo, eu podia beija-lo pelo resto da vida, ter Harry em meus braços é como estar no paraíso.
Nos encaramos ofegantes, acaricio os lábios inchados com os dedos, fazendo Harry suspirar com o gesto.
- " Posso dormir com você? Só dormir?" – me pergunta inseguro, tão doce e tão inseguro que fazem meu coração parar de emoção.
Eu apenas seguro sua mão e o guio para o meu quarto. Nos preparamos para dormir . Eu deito na cama e automaticamente Harry encontra seu lugar em meu peito, eu beijo seus cabelos enquanto afago suas costas.
Harry se aconchega em mim, mas dessa vez, ele entrelaça nossas pernas e coloca a mão sob minha camisa, acariciando meu peito. Sua mão macia toca meu abdômen de forma provocante, e ele me tortura assim por um tempo, me deixando excitado e duro. Não procuro esconder meu membro duro, quero que Harry veja qual real é meu desejo.
Ele esfrega a bochecha contra meu ombro e acomoda, em poucos minutos sua respiração é calma e compassada. Ele dorme tranquilamente, mas eu não dormirei tão cedo, porque eu simplesmente de passos tão grandes em direção a Harry que eu nem sei o que pensar sobre isso.
