Uma estranha em Hogwarts – parte 1
Brasil...
-Ana Stradivários... – o diretor disse com um certo orgulho o nome da menina a sua frente, ela era linda. Alta, com pele branca, o cabelo negro como ébano e olhos cor de céu, ela era realmente muito bonita. – você sabe por que está aqui criança?
-Deveria? – ela respondeu insolente, fazendo o diretor sorrir.
-Há alguns meses atrás você preencheu o formulário de intercambio para Hogwarts, é um prazer dizer que foi aprovado.
Ana, que pensava estar em problemas, finalmente relaxou e sorriu.
-Sério? – ela perguntou sem acreditar.
-Bem sério. – ele lhe entregou uma pasta, ela viu a lista de material, a passagem de avião e a de trem e o papel de transferência. – a escola já providenciou a sua passagem de avião e como você é uma de nossas alunas modelos, conseguimos u desconto considerável no uniforme e no resto do material.
-Obrigada senhor. Quando eu vou pra lá?
-Em amanhã de manhã, sei que é meio difícil mudar de escola no meio do ano, mas não acho que será um problema pra você.
-Obrigada de novo senhor.
Ela saiu correndo pra casa e sua avó, claro, já sabia o que tinha acontecido. Ter um parente com o Olho não era fácil, as surpresas eram uma coisa rara perto dele. Mas o que deixou Ana assustada foi o fato da avó estar nervosa, temerosa até.
-O que aconteceu, vovó?
-Ana, você precisa ajudar esse pobre menino. Ele é tão triste, tão oprimido... se continuar assim ele vai causar um caos tão grande que pode nunca mais ter paz.
-Que menino, vovó?
-Você vai conhecê-lo em Hogwarts.
-Só isso? Sério? Poxa vovó, assim você dificulta as coisas...
-Pare de choramingar e vá fazer as malas e não se esqueça dos seus melhores casacos, lá neva pra caramba! Eu vou escrever uma carta pro seu pai dizendo a novidade.
Ana desistiu e foi arrumar as malas, ela levou a noite toda pra arrumar tudo. De manhã ela e a avó foram para o aeroporto, mas antes de entrarem elas soltaram Preta, a coruja de Ana, que ia encontrar a dona em Londres. Já lá dentro avó e neta ficaram que nem loucas procurando pelo voo para Londres. Depois de tudo pronto Ana se despediu da avó e respirou fundo. Finalmente ia passar um tempo na melhor escola de bruxaria do mundo, a tão bela e famosa Hogwarts. Era um sonho se tornando realidade! E ela não podia estar mais feliz.
Mas Ana ficou preocupada, será que ia conseguir encontrar o tal menino que precisava de ajuda? Será que ia conseguir ajudá-lo? O avião decolou e Ana prometeu a si mesma que ia fazer o máximo pra conseguir.
Londres...
Depois de doze horas em um avião apertado Ana finalmente chegou em Londres. Era uma cidade linda onde as pessoas tinham aquele sotaque maravilhoso, ela não conseguia parar de sorrir. E nem ligou quanto as pessoas ficaram olhando enquanto ela puxava a bagagem da esteira. Quem podia culpá-las por olhar? As duas malas de Ana eram de cores e tecidos muito chamativos e a vassoura não ajudava no termo discrição. Muito menos uma gaiola de pássaro vazia.
Quando ela saiu do aeroporto sua linda Preta pousou em seu ombro e as duas viram uma mulher pra lá de velha, mas nobre, segurando uma placa com seu nome.
-Ana Stradivários? – ela perguntou.
-Eu mesma.
-Prazer. Eu sou a professora Minerva. – as duas apertaram as mãos e Minerva continuou. – vou te escoltar até a estação de trem. Devo confessar que o trem vai estar bem vazio, já que estamos no meio do ano, mas estamos esperando mais alguns alunos de intercâmbio, então você não vai ficar completamente sozinha.
-Eles também vieram do Brasil?
-Não, você é a única que veio de lá. – ela olhou a lista que tinha na mão. – dois deles já devem estar na estação, vieram de Paris. Temos um que veio da China e três Australianos. Agora que eu estou lendo, parece que todos já estão na estação.
-Então só falta eu?
-Sim. Melhor irmos.
Minerva foi para o carro preto e dois homens de terno ajudaram Ana colocar suas malas no porta-malas e, com Preta dentro da gaiola, e com a gaiola dentro do carro, eles foram para a estação. Os dois homens de terno estavam na frente, Minerva estava no banco de trás junto de Ana e Preta.
-É uma bela coruja, senhorita Stradivários.
-Obrigada professora. É uma coruja-preta, muito rara no Brasil. Foi o último presente que a minha mãe me deu.
Minerva deu um toque de conforto no ombro de Ana.
-Sinto muito em ouvir isso.
-Tá tudo bem. Eu sou muito feliz com a minha avó.
-E o seu pai?
-Ele viaja muito, não tem tempo pra me visitar. Mas quando vem sempre me traz presentes maravilhosos.
-Fico muito contente em ouvir isso. O seu diretor nos disse que a sua avó é vidente, isso é verdade?
-É, ela nasceu com o Olho, mas não fica se gabando muito, sabe?
As duas continuaram conversando até chegarem na estação, quando chegaram Minerva foi para um vagão reservado enquanto Ana guardava suas coisas no bagageiro. Quando Ana entrou no trem ficou surpresa de ver quase todas as cabines vazias, mas era como Minerva tinha dito. Estava no meio do ano e o trem só ia levar os alunos de intercâmbio.
Ana achou os australianos no vagão do meio, eram três meninos, igualmente grandes, loiros, sorridentes e bonitos.
-Você é a brasileira? – o maior perguntou.
-Sim.
-Prazer. – os dois apertaram as mãos. – eu sou Dylan, esses são Kevin e Josh. Qual seu nome?
-Ana. – ela apertou a mão dos outros dois.
Só aí ela notou que os três tinham ratos-cangurus no ombro, eram bem fofinhos, mas Preta ia voar neles assim que saísse da gaiola.
-Me desculpe, meninos, mas eu vou achar outra cabine. A minha coruja tem que esticar as asas e é meio perigoso fazer isso aqui.
-Volta depois, queremos conversar com você. – Josh disse.
-Pode deixar.
Ela achou a cabine com o chinês e os franceses. Os três também eram meninos. Os franceses eram loiros diferentes dos australianos. Enquanto Dylan, Kevin e Josh eram bronzeados, fortes e falantes os franceses eram pálidos, altos, magrelos e charmosos. O chinês era consideravelmente menor, era mais tímido e mais quieto.
-Bonjour mademoiselle, meu nome é Louis. – um deles disse erguendo a mão. – e esse é Teo.
-Oi. – ela respondeu apertando a mão dos dois.
O chinês se levantou e fez uma reverência.
-Nín hǎo. – Ana o imitou. – eu sou Jin Ling.
-Eu sou Ana.
Ela olhou procurando animaizinhos indefesos que Preta poderia comer, mas só achou um panda-vermelho do lado de Ling, e duas corujas, uma branca e outra marrom, com os franceses. Preta conseguiu sair da gaiola e logo fez amizade com as outras duas.
No meio da viajem Kevin apareceu para sequestrar Ana e a levou para a cabina dele, claro que Preta foi junto, então Ana ficou meio preocupada. Mas os ratos estavam em segurança em suas gaiolas, livrando Ana de suas preocupações. Ela ficou o resto da viagem conversando com os australianos.
Quando eles chegaram já era noite e as malas já estavam na carruagem. Ana ficou meio surpresa quando viu que a carruagem andava sozinha, todos os intercambistas ficaram. Ela dividiu a carruagem com Ling, Dylan e Kevin. Josh, Louis e Teo ficaram na outra.
Quando chegaram no castelo já estavam jantando. Minerva deu um tempo para eles se esticarem e cinco minutos depois eles estavam sendo chamados pelo diretor Dumbledore. Ana olhou curiosa para as mesas, milhares de alunos olhavam pra eles curiosos.
-Sejam bem vindos, alunos de intercâmbio. – Dumbledore disse lhes dando um sorriso caloroso. – espero que vocês se sintam em casa aqui e que aproveitem sua estada. Mas antes de qualquer coisa vocês devem ser colocados em casas.
Só aí Ana notou que na frente tinha um banco, e em cima do banco tinha um chapéu todo remendado. A professora Minerva levantou o chapéu com uma mão e com a outra ergueu uma lista.
-Jin Ling.
O coitadinho ficou tremendo de nervosismo, dava pra ver que daria tudo para não ser o primeiro. Se sentou inseguro no banco e Minerva colocou o chapéu na sua cabeça. Não demorou muito para ele gritar em alto e bom som:
-Corvinal!
O pessoal da Corvinal explodiu em aplausos e Minerva esperou um momento antes de chamar o segundo nome.
-Dylan Kaills.
Dylan foi andando como se estivesse andando na praia, sem nenhuma preocupação. Ficou sorrindo o tempo inteiro, mesmo quando o chapéu cobriu seus olhos e gritou:
-Grifinória!
Todos mundo na Grifinória bateu palmas, assoviou, fez a festa. Minerva os calou e disse:
-Teo Marchand.
Teo foi com completa indiferença, estava mais que claro que ele não acreditava na divisão dos alunos em casas. Ele simplesmente não ligava pra que casa iria. Nessa o chapéu demorou, mas tomou uma decisão.
-Sonserina!
O povo da Sonserina comemorou e Minerva esperou pra chamar o próximo nome.
-Louis Percollet.
Louis foi mais indiferente que Teo, os dois compartilhavam a mesma crença e, assim como Teo, acabou indo para a Sonserina. A Sonserina comemorou mais um pouco e Minerva esperou.
-Kevin Pierce.
Kevin foi andando feliz da vida, seu sorriso era maior que o de Dylan e não se desmanchou nem uma vez.
-Grifinória!
Kevin foi pulando pra perto de Dylan e o povo da Grifinória fez a festa de novo. Minerva teve que pedir silêncio antes de chamar o próximo nome.
-Josh Perkins.
Josh andou relaxado e mal o chapéu tocou na sua cabeça já gritou:
-Grifinória!
Mais uma comemoração incrivelmente longa da Grifinória que teve que ser silenciada por Minerva.
-Ana Stradivários.
Ana andou normalmente e se sentou no banco, o chapéu cobriu seus olhos e tudo ficou silencioso. Demorou um pouco até o chapéu gritar pra quem quisesse ouvir:
-Corvinal!
O pessoal da Corvinal comemorou e Ana foi se sentar do lado deles, Ling estava feliz por Ana estar lá, ele não iria aguentar se fosse o único estudante de intercâmbio naquela casa. Durante o jantar Ana aproveitou para dar uma olhada nos alunos, nenhum parecia especificamente oprimido ou triste. Teria que procurar mais fundo.
Quem lembra do Castelo Rá-Tim-Bum? Ana é filha do Nino, e só pra avisar, eu fiz baseado no filme, não no programa. O nome inteiro do Nino é Antonino Stradivários, eu não queria escrever Stradivárius porque é o nome de um violino e cadê a originalidade disso?
Comentem!
PS: tenham paciência que fica melhor na parte 2.
