Redijo aqui uma versão da história contada na música Dance Of Death, de Iron Maiden, usando os mesmos personagens, espero de coração que gostem.
A Dança da Morte (Homenagem à Iron Maiden)
Deixe-me te contar uma história, uma história que vai congelar seus ossos, de uma coisa que eu vi: Uma noite, eu estava andando por Everglades, havia bebido uma taça de vinho e nada mais, eu divagava, aproveitando o belo brilho do luar, em uma noite fria e agradável, o silêncio reinava pelo ambiente, pois nem um único animal fazia barulho. Eu olhava para as estrelas, admirado, pareciam tão belas e distintas naquela noite, entretanto, não percebi uma presença por perto observando cada movimento meu.
Algo saiu correndo dos arbustos, num movimento rápido e selvagem, não pude ver nada, apenas cai de joelhos assustado, enquanto a coisa me agarrava e arrastava pela mata, logo fui levado até um campo desmatado entre as árvores, havia uma grande fogueira e inúmeras formas dantescas, dançando em um frenesi insano ao redor do fogo, eu estava tonto, mas pus-me de pé e senti a energia macabra do lugar, a lua parecia se projetar no centro do céu, como se para iluminar aquele horrendo espetáculo, as formas mascaradas rodando, saltando e cantando, invocando alguma força oculta num louvor sobrenatural.
Então eles me chamaram para juntar-me a eles, juntar-me à "Dança da Morte", sem pensar, para dentro do círculo de fogo eu os segui e ao centro eu fui levado. O tempo pareceu parar, eu ainda estava entorpecido pelo medo, e ainda, eu queria ir, pisei sobre o carvão quente enquanto dançava, as chamas não me feriam ou queimavam, foi então que entrei num estado de transe e meu espírito foi retirado de mim. Se ao menos alguém tivesse a chance de testemunhar o que houve comigo, teria um misto de terror e compaixão, entretanto eu dancei, pulei e cantei com eles, todos tinham A Morte em seus olhos, foi aí que percebi o que era claro: eles eram figuras sem vida, todos mortos-vivos, eles eram monstros que ascenderam do inferno.
Enquanto eu dançava com os mortos, meu espírito voava livre, zombeteiro pela noite, rindo e uivando para mim, eu já não sabia se estava vivo ou morto e os outros se juntaram a mim. Por sorte ou por algum plano divino, uma confusão começou, as criaturas se distraíram com os barulhos, e eu aproveitei sua falta de atenção, quando eles desviaram seus olhares de mim, foi o momento em que eu fugi. Eu corri como nenhum homem jamais correu antes, mais rápido que o vento, não olhei nem um momento para trás, apenas segui em frente, sem ousar jamais parar, creio que então eles perceberam minha fuga e dispararam entre a floresta a me procurar, pude ouvir, ainda que não olhasse, eles correndo pelas árvores, me procurando. Vi vultos passarem longe no escuro, quando senti mãos quase me agarrando, sai para a luz, na estrada e logo cheguei às ruas, em segurança.
Se tenho algo para lhe dizer, é que quando você souber que sua hora chegou, você estará preparado para ela, diga seu último adeus à todos, beba e reze por ela. Não sei se eles me deixaram escapar, não sei se eles ainda me procuram, tudo que sei que às vezes, nos meus sonhos, eu me levanto à noite em transe, e vou dançar com os mortos. E acho que nunca vou saber sobre o que realmente aconteceu aquele dia, nem porque eu consegui escapar, mas eu nunca mais vou dançar, até que dance com os mortos.
Bruno Alfuro Darkness
2013
