Nome: Once More
Autor: Fla Cane
Tipo: Long
Gênero: Romance/Drama
Classificação: NC17
Foco: Draco/Harry
Tema: Ganhos X Perdas
Item: Pós-Guerra
N.A.: Meus dedos estavam formigando de vontade de escrever/ler um Pinhão. Eu achei coisas lindas que nunca tinha lido, e quase me bati por isso. Mas eu também estava morrendo de vontade de escrever algo, estava com aquela coisa presa no fundo da mente, querendo sair. Mesmo que sem saber bem de onde essa vontade vinha. Bom, aqui está, a insanidade postada, espero que gostem.
É na época do 7º ano, mas eu odeio o sétimo livro, então aqui ele não existiu. Na verdade, pouca coisa eu uso dos últimos dois livros. E o Epílogo não existe no meu mundo. *-*
A Mihh fez uma capa linda, está no meu perfil. Adorei demais. A Just e a Trice foram as primeiras a lerem essa fic, e espero sinceramente que elas tenham gostado. Mandei a fic para o II Chall Slash do Lucs, mas não merece estar lá mesmo. A Trice betou e eu amo!
Bom, se gosta, aproveite.
Se não gosta, boa sorte e clique em Voltar ou X.
Se vai se arriscar, valeu!
Não ganho nada com essa fanfic e por escrever com esses personagens. Nenhum deles me pertence, pois se me pertencessem tudo seria muito diferente.
Boa Leitura.
Once More
por Fla Cane
.cicatriz.
Por que nada, nada iria mudar o fato de que o quadro já estava pintado. Nada iria mudar o fato de que Harry já sabia o fim, e na verdade, não tinha graça alguma. Estava encostado na parede, observando enquanto tudo acontecia. Aquilo era tão normal, tão costumeiro, tão corriqueiro, que ele apenas observou. O mundo se movia mais devagar, sem graça alguma, por que na verdade, Harry não via graça em simplicidade.
E em tudo existia simplicidade. Vira coisas demais, vira tragédias, desgraças, mortes, tivera que matar para continuar vivo. A vida simples, não era aquilo que lhe chamava mais a atenção. Hermione continuava a falar a seu lado, ambos andando devagar, voltando da biblioteca. Ron parecia querer arrancar a própria cabeça conforme Hermione ainda falava sobre deveres e o último ano ser importante demais para ser deixado de lado.
Harry ouvia, mas não assimilava nada. O mundo estava tão sem graça como um sorvete no frio, a simplicidade daquele mundo poderia ser considerada triste, assim como o fim dele. Voldemort, o homem que o quisera morto por toda sua vida, finalmente estava morto, e ele agora não tinha do que se defender. Não tinha mais motivo para se esconder, ficar em alerta, desconfiar de pessoas.
A vida de Harry já era uma monotonia suficiente sem que ele precisasse olhá-la nos olhos e perceber que ela era apenas do Garoto-Que-Sobreviveu-Novamente-E-Matou-Voldemort. Ele poderia ter certeza de que algo aconteceria, ele poderia esperar por sentimentos fortes quando Voldemort estava vivo. Mas agora, ele tinha que encarar a vida. E a vida parecia tão sem motivo quanto qualquer outra coisa.
-Obrigada. Adoro quando você presta atenção no que digo. – Hermione disse para Ron, mas Harry virou-se para encará-la, percebendo que já estava perto da Sala Comunal de sua casa.
Odiava entrar e ver que as pessoas paravam de falar, sorrindo forçadamente para ele. Ainda acontecia isso, e tudo isso por que Harry não mais se importava em sorrir, conversar, ou ter relacionamento com alguém. Na verdade, Harry apenas sabia que estava vivo porque o resto do mundo notava sua presença. Sempre alguém o olhando com dó, sempre alguém observando como se ele fosse um pobre coitado. E ele era, o que mais ele seria se não isso, um garoto digno de dó?
Algumas alunas do quinto ano arfaram quando ele passou, e ele as observou de canto de olho. Qual era o propósito da vida delas? Elas estudavam, mas sabiam o que era viver de verdade? Claro que não. Elas não tinham idéia de como o coração poderia bater mais rápido do que nunca quando estava a duelar contra alguém que gostaria de cortar e levar sua cabeça de bandeja para alguém. Elas não tinham idéia do que era ter que dormir encostado em uma parede, encarando uma porta, com a varinha na mão e querendo que alguém entrasse, assim as horas passariam e você poderia provar mais uma vez que sua vida valia algo.
Ninguém dentro daquela Sala Comunal tinha idéia de como Harry vivera o último ano de sua vida. Escondido em casas abandonadas, comendo quando conseguia achar algum lugar seguro e escondido, conversando consigo mesmo. Ele sentira todas as emoções possíveis, e logo após, sentira todas esvaindo-se junto com o sangue e a vida de Voldemort.
Ele achara que após matar Voldemort, e estar ferido como estava, morreria, o objetivo de seus dezessete anos vividos, completo. Mas não, por alguma estranha razão conseguiu resistir, semi-inconsciente, enquanto seus amigos e os membros da Ordem o procuravam na Floresta. E quando o acharam, Harry sentia-se sem emoção alguma, sem preocupação alguma, seu objetivo fora alcançado e agora ele poderia morrer. Mas não morrera, na verdade, Harry ficara agonizando dias na Enfermaria semi-destruída de Hogwarts. Via vultos dançando na frente de seus olhos, mas não sentia nada a não ser a estranha sensação de peso.
Peso em sua própria vida, porque agora vinha a pergunta que ele nunca – nunca - se fizera antes, ou pensara em fazer: 'E agora?' A mente não achava resposta, e a vontade de fazer outra coisa não aparecia. E era assim que ele lidava com essa falta de estar presente, em sua própria cabeça. A falta de estar na mente de outras pessoas, na vida delas e de não as entender. Ele simplesmente continuava. Porque no momento, qualquer outra pessoa que não tivesse vivido a vida dele de meses atrás, que não tivesse sentido todos os sentimentos que ele sentiu, e passado por tudo que ele passou, não estava viva.
Ouviu outro suspiro de outra garota, vendo que era uma menina do segundo ano, observando sem conseguir desviar os olhos assustados de si. Mas Harry sabia porque algumas pessoas encaravam, elas estavam a observar aquela maldita cicatriz que atravessava seu pescoço, quase que de fora a fora. Aquele fio brilhante que parecia que se abriria se ele fizesse um esforço muito grande para falar.
Levou os dedos até lá, tocando a pele que parecia enrugada por cima do que fora o ferimento quase fatal. Estivera tão perto de morrer, tão perto de deixar de existir, e deixar de estar no vazio, que parecia que se tocasse vezes o suficiente a cicatriz, ela se abriria e deixaria seu sangue vermelho manchar as páginas dos livros que os estudantes liam perto dele.
Deixou um resquício de um sorriso passar por seus lábios. O sorriso que ele dera quando sentira a faca prensada contra sua pele, a mão de seu captor por seu tórax, o corpo dele por detrás do seu. Teve breve idéia de quem seria, mas não olhou para trás, não debateu-se, apenas esperou, ele não teria coragem de matá-lo de fato, queria apenas machucá-lo, deixá-lo debilitado o suficiente para talvez – só talvez – o garoto não conseguir matar o Dark Lord.
Harry sabia que na verdade, quem lhe causara aquela cicatriz, mesmo que não fosse de todo o mentor da idéia: Malfoy. Ele o segurara, ele o machucara, ele estava a andar por Hogwarts sem se importar com nada, o orgulho sempre em seus olhos. Soube que fora Malfoy a indicar onde seu corpo estava, e entregara-se, avisando que ele é quem o machucara daquela forma.
Até o presente momento, Harry não encontrara os motivos para os atos de Malfoy, mas a cicatriz estava ali, e isso provava a Harry e a quem quisesse ver, que o garoto Slytherin não era alguém para se entender, apenas temer ou odiar. E Harry tinha noção que não sentia nada pelo outro rapaz, apenas quando tocava a cicatriz, e sentia a pele diferente nas pontas dos dedos.
O moreno deu-se conta de que aquela cicatriz era um lembrete que não importasse quanto tempo passasse, ele sempre continuaria a cair no vazio de agora, marcado pela vida no passado.
continua...
