Prólogo:
Lembro-me muito bem desse dia, pois foi
nesse dia que junto com ele, fora arrancada parte de mim e sido levado para
sempre por aquele véu misterioso.
Meu nome é Julia Norrington. 1 metro e 70 de altura, 57 quilos, cabelos
castanho-claro enrolados até abaixo dos ombros e olhos azuis. Uma pessoa normal
pode-se dizer, exceto que sou uma bruxa. Sim, bruxa, não aquelas de desenhos
animados, feias, com uma verruga peluda na ponta do nariz, é claro. Mas bruxa
de verdade, formada em Hogwarts, a Escola de Magia e Bruxaria. Como se algum
feitiço do mundo pudesse me ajudar... É, nem eles podem. Mas antes que você
pense que eu sou uma louca deprimida e que essa história não tem sentido algum
vamos voltar á 3 anos atrás e você entenderá.
Capitulo 1: A chocante notícia
Acordei num dia comum. O sol desaparecido em meio a um monte de
poluição. O barulho dos carros nas ruas e as sirenes de polícia e ambulância, o
agradável cheiro de esgoto. Como é boa a vida em Londres! Me
levanto, tomo meu rotineiro banho e meu rotineiro café. Depois pego meu
rotineiro táxi e vou para meu rotineiro trabalho. Essa era minha rotineira
vida.
Eu trabalho à uns 10 quarteirões da minha casa, se é
que um flat de 80 metros quadrados, dois quartos, uma cozinha, uma sala e um
banheiro ( não me pergunte como cabe tudo isso porque para mim ainda é um
mistério) pode ser chamado de casa. De qualquer forma, trabalho em um
importante jornal de Londres, sou editora-chefe e gosto de trabalhar lá. Desde
sempre me dei bem com redação, embora em Hogwarts não trabalhássemos com
redações. Quando me juntei à Ordem eu tinha as notícias diretas de lá de
dentro. Então era eu quem escrevia os artigos sobre Voldemort e os publicava,
já que trabalhava no Profeta Diário.
De qualquer forma, lá estava eu naquele prédio cinza escuro, pouco iluminado,
em meu escritório. Eu gostava de chegar 10 minutos mais cedo do resto das
pessoas para tomar meu café quentinho e sossegada. É claro que dez minutos após
minha chegada o lugar transformava-se em uma zoeira. Era gente correndo pra lá
e pra cá, gritando, derrubando café em cima dos outros, mais gritos, telefones
tocando, bebês chorado, mais gritos (se é que é
possível). Ah! Como era bom ser editora-chefe. Pelo menos eu tinha uma salinha
só para mim e, quando a loucura começava, eu fechava a porta e sumia rodeada
pelas minhas memórias.
Estava entretida nas minhas lembranças quando entraram duas de minhas amigas -
as única que eu tinha na verdade - com uma cara não muito boa.
- Julia, o que houve com você ontem?- Perguntou uma delas parecendo realmente
preocupada. Eu somente ri.
- Nada, por quê?
- Você não apareceu na festa- Falou Sarah como se eu
tivesse cometido um roubo ou coisa do gênero.
- Ahhhh! É isso?
Elas me olharam com uma cara de espanto, igual a que tinham feito
anteriormente. Para amenizar a situação resolvi jogar o jogo delas.
- Eu estava sem vontade, tinha um monte de coisas pra fazer...-tentei me
explicar, em vão, elas começaram a falar muito alto, acho que estavam
competindo com o barulho de fora.
- Sem vontade? De novo essa Dona Julia?- Falou Judith, Ah! Como eu odeio quando
me chamam de Dona Julia- Você nunca vai a festas, ou
ao cinema com a gente.
- Muito menos arranja um namorado- Disse Sarah. Fiz
uma cara de "e daí?" e ai elas ficaram vermelhinhas.
Como eu gosto de irritar as pessoas.- Você é freira ou coisa do tipo?
Nessa eu não me segurei, comecei a rir tanto que derrubei café na minha blusa.
Aí eu parei de achar graça. Mas elas não tinham acabado ainda, estavam
realmente bravas. Aiai.
- Sabe você está sendo anti-social, nem tem amigos direito, namorado então nem
me diga- Judith gritava cada vez mais alto- Você vai
acabar é morrendo sozinha.
Ai eu não me agüentei, essa discussão já tinha ido longe demais e eu tinha
muito mais o que fazer. Resolvi acabar logo com isso:
- Ei! Eu sou social, ok? Vocês são minhas amigas não?- falei irritada e para
minha surpresa elas fizeram uma cara de "não sei". Inúteis.- E quem vai morrer
sozinha sou eu, vocês não tem que se preocupar é com nada .
E vão trabalhar porque o jornal não brota do nada, ele é feito por pessoas como
vocês, jornalistas.
Por incrível que pareça , elas não se mexeram. Será
que eu estava falando russo? Alemão? Língua de cobra?
- Estão esperando o que ? Um sinal do céu?- perguntei
com ar de graça. Ahh, como eu era má.
- Na verdade estávamos esperando você parar de falar.- Disse Judith com uma voz
de sentida- Porque ao contrário de vocês, nós a
consideramos muito e as coisas que você nos disse nos magoou profundamente.
Nossa como elas eram dramáticas! Eu podia jurar que vi um par de lágrimas
escorrerem pelos olhos de Judith. Ela sempre foi a mais sentimental mesmo. Mais
Sarah continuava me encarando com uma cara de dar medo.
- Para a sua informação nós viemos lhe trazer uma noticia-
Disse irritada. Essa ela tinha me pegado. Não é que as danadas
trabalhavam?- Aproveitamos para te perguntar porque você não foi a festa ontem, amigas ficam preocupadas.- Nossa essa me
tocou. Espera! Ah, passou. Ela praticamente jogou em
cima de mim o rascunho da noticia. Eu sorri. E baixei os olhos para ler a
noticia. Até hoje me lembro daqueles símbolos chamados letras
combinados de uma maneira que formavam a seguinte frase:
Perigoso assassino denominado Sirius
Black fugiu da prisão.
Eu não conseguia mais respirar. Gelei totalmente. Judith e Sarah começaram a se
preocupar comigo. Mais eu não conseguia ouvi-las, quanto mais meus olhos iam
descendo a noticia, mais eu ia ficando boquiaberta. Ele havia fugido de
Azkaban. Só podia ser ele, claro. Mas como? Ninguém nunca havia escapado antes?
Me levantei da cadeira, não estava passando bem. Tudo
estava rodando. Ele estava em algum lugar por aí. Até no jornal dos trouxas ele
saiu. Como assim? De repente, do nada mesmo, tudo ficou preto e eu desmaiei,
ali mesmo, no chão da minha sala.
