NA.: fic de presente do amigo secreto da nostalgia para a buh. espero que goste, estava tão enferrujada que foi difícil sair! mas saiu rs. feliz natal! 3


thistle & weeds, a tom/ginny story

longos dias e noites e horas e frações milimétricas de momento conhecendo sua alma; longas e curtas viagens por espaços em que jamais estive; mas você, de peito aberto, com suas lágrimas e seu fervor, apresentou-me nas palavras escritas, caligrafia torta, tortuosa, como o coração transbordando de vivacidade por detrás do rosto tímido de onze anos.

o conhecer tornou-se consumir e o seu calculado papel em minha ressurreição se transfigurou em obsessão desmedida; pois sentia em seus fios ruivos não apenas o perfume infantil de sua ainda-não-descoberta feminilidade, mas também o etéreo odor de seu futuro ser. via em minha frente uma criatura mágica que transcendia qualquer outra – até mesmo minhas proezas -, uma criatura que condensa em si duas dimensões do tempo e miríades de faces desafiadoras, que você mesma não conhecia.

voltei às trevas e você voltou à superfície dourada do cotidiano e do heroísmo, mas já era tarde demais – para mim, para você. pois havia algo de seu vermelho obstinado se enredando em mim, e algo de minha sina gélida e obscura enraizando no branco sardento que era você. no fim, éramos parecidos, ginevra. mais parecidos do que você imaginava.

o isolamento não nos fez menos perdidos na trama do outro, e sabe por quê? porque fui o primeiro em toda a sua vida que a ouviu, que ofereceu-lhe conforto e, acima de tudo, importância. pois a única garota em uma linhagem de homens nunca teve voz – em minhas páginas, teve. e você sabia disso, ginevra; no fundo você sabia quem eu era. não há volta para isso e você nunca mais foi a mesma.

e seu rendimento não foi uma vitória, afinal. em meus braços, você foi a mulher resiliente e a criança silenciada, carregando nos ombros o peso de meu poder; eu fui, em teus lábios, tom riddle novamente, em toda minha ambição e paixão. nós fomos o terrível e repugnante embate de dois vermelhos – o teu, imaculado e vivo, nos cabelos; o meu, cru e impuro, correndo por minhas veias: o sangue de todos que levei.

e uma longa pausa precedeu sua pele branca se separando da minha. dispensei as tentativas de enjaulá-la em meu peito indigno. dispensei, ginevra, pois nunca caberia a nós desafiar o balanço do universo dessa forma. o que eu sou sempre esteve entre você e o que eu era, e nem mesmo deixá-la entranhar-se em minha desfalecida alma foi suficiente para uma redenção.

mas foi suficiente, afinal. sem complementos. e essa brevidade bastou.


corrupted by the simple sniff of riches blown

i know you have felt so much more than you've shown

and i'm on my knees and the water creeps to my chest