Desilusão

Não posso escapar do hábito dos one-shots, desculpem, t�? (Especialmente porque eu não consigo escrever uma história em capítulos direito... ) Vou parar de empatar vocês aqui. Divirtam-se. -

O dia era aparentemente normal na casa que os cinco pilotos dividiam. Aparentemente, porque quem os conhecesse bem saberia que em um dia realmente normal não haveria um baka de trança cantarolando na cozinha enquanto fazia o café às 8 horas da manhã de sábado.

- Nossa, Duo, qual é o motivo de tanta alegria às "8 da madrugada de sábado", como você mesmo diz? – indagou Quatre, vestido apenas com uma camisa de Trowa, que era grande o suficiente para lhe cobrir as coxas até a metade.

- A noite foi boa, loirinho? – perguntou, com um sorriso malicioso no rosto, apoiando as mãos nos ombros do outro, fazendo-o corar com a pergunta.

- Foi, e a sua deve ter sido péssima pra você acordar a essa hora. – rebateu, com um sarcasmo que poucos sabiam que ele tinha.

- Como você é cruel, Q'at... – resmungou, fazendo bico.

- Você começou. E não me respondeu porque está tão contente.

- Ah, o Hee-chan escreveu um poema pra mim e me deu ontem à noite. Vou ler depois do café... – suspirou, apertando uma folha suavemente perfumada contra o peito. – E o seu morenão, hem?

- Ainda está dormindo...acho que eu cansei ele um pouquinho demais ontem...- explicou, com um rubor adorável nas bochechas, contrastando com o sorrisinho safado em seus lábios, fazendo Duo rir.

Até o final do café, apenas Wufei havia acordado e saído logo depois de comer, deixando Duo e Quatre sozinho para fofocarem à vontade.

- Deixa eu ver o poema? – pediu, pegando a folha que Duo lhe estendeu. Ah, que doce...perfumado e...em japonês! – exclamou, devolvendo a folha ao americano com um ar aborrecido.

- Ele estava me ensinando...ontem ele me disse que eu já estava pronto para ler um texto sozinho. – disse Duo, se largando no sofá com a folha apertada contra o peito.

- Aah...eu vou tomar um banho e depois você me conta o que tá escrito aí?

- Conto! – assim que o loiro saiu, abriu a folha e começou a ler:

"Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza de que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada!
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..."

À medida em que ia lendo, Duo se debulhava em lágrimas. Um soluço mal contido atraiu a atenção de Heero, que descia as escadas.

- Que foi, koi? – perguntou, sentando-se ao lado do choroso garoto e envolvendo-o com os braços fortes.

- Ah, Hee-chan...- soluço -você não me ama mais, né- soluço -Por isso que você me deu esse...chuif...poema? Olha...- soluço- disse, apontando para o primeiro verso vertical da esquerda, por onde começara a leitura.

- Duo no baka...você está lendo ao contrário. Lembra que eu expliquei na semana passada? Quando a escrita está na vertical, você começa a ler por aqui. – disse, puxando-o carinhosamente e indicando-lhe por onde deveria começar a ler.

(Agora experimentem voltar ao poema e ler de baixo pra cima -)

- Que lindo, Hee-chan...- suspirou, puxando-o para si e enchendo-o de beijinhos. – Brigado!

- Pelo menos você conseguiu aprender japonês, meu baka...gotão - suspirou, com Duo ronronando contente em seus braços.

OWARI!

N.A.: cara, eu mereço o prêmio de menor one-shot da história. Menos de uma página e meia no Word com letra 12! xx Eu tive essa idéia na aula de redação, quando o professor deu uma folha com esse poema pra gente. Eu li e tive um estalo... esse poema é da Clarice Lispector e saiu recentemente na propaganda impressa (eu vi na Veja. Nossa, essa foi horrível...XD) do filme "A dona da história".

Agradecimentos: Desde já agradeço aos leitores que tiverem a intenção de me deixar um review... o