Prólogo – Uma Nova Aventura

Depois de tantas batalhas, tantos inimigos, tanto sangue derramado, os heróicos Cavaleiros de Athena desfrutavam de merecido descanso. Todos retornaram às suas terras natais em busca de uma vida pacífica, mas sabiam que era necessário ficar em alerta constante. Outros inimigos poderiam aparecer a qualquer momento e seria preciso lutar novamente.

Findada a luta com os Gigas, os cavaleiros decidiram se reencontrar dali a um ano, para que pudessem dar continuidade a uma nova fase de sua amizade, para celebrar os tempos de paz.

Nossa história começa dois dias antes do reencontro dos cinco cavaleiros com Athena no Oriente. Muitas surpresas, novidades e emoções nos aguardam, além de muita aventura. Mais um inimigo ameaça a raça humana, mais uma vez Athena e seus bravos cavaleiros defenderão nosso planeta com a força da justiça e do amor verdadeiro. É hora de elevarmos nossos cosmos!


Capítulo 1 – O Reencontro

Era noite. Já fazia mais de um ano que Shiryu vivia com Shunrei e suas vidas não poderiam estar mais tranqüilas; eram felizes. Shunrei dormia nos braços de Shiryu que demorou a pregar os olhos naquela noite devido a ansiedade por rever seus amigos, tinha saudade de todos. Quando finalmente dormiu, Shiryu viu alguém que há muito não encontrava em seus sonhos. Seus olhos, que só voltavam a enxergar em seus sonhos, custaram a acreditar no que viam:

É você? É você mesma?

Sim, Shiryu. Você parece surpreso.

E de fato estou. Faz alguns anos que não a vejo. Desde que...

Desde que você decidiu ficar com Shunrei.

É verdade.

Mas eu não vim até aqui para falar sobre assuntos já resolvidos. Lembra-se da última vez que nos falamos?

Como poderia esquecer-me? Você me disse que voltaria depois de um tempo para me contar algo muito importante. Acho que chegou o momento.

Exatamente. Você precisa contar algo para Athena. E como você partirá amanhã para reencontrar seus amigos, achei que não haveria melhor oportunidade senão esta.

Mas como é que você sabe de nosso reencontro?

Isso não importa agora. Olhe para seu pulso esquerdo.

É a minha marca de nascença. O que tem ela?

Ela é a prova de que você faz parte da Profecia. Você é o Portador da Profecia.

Profecia? Mas, que profecia é essa? Do que está falando, Luminessa?

Você saberá a hora certa de contar isso a Athena e seus amigos. E entenderá tudo isso em breve. Preciso ir.

Não, espere! Me fale mais sobre isso!

Não há nada que eu possa lhe falar. Faça o que eu lhe disse, por favor, é muito importante. Adeus.

Espere, Luminessa!

Shiryu acordou assustado, por pouco não acorda Shunrei. Há muito não sonhava com a mulher de longos cabelos negros parcialmente trançados e duas mechas brancas, olhos pretos e uma beleza incomparável. Ele pensava:

Portador da profecia? Quer dizer que esta marca é... que estranho! Se depois de tudo o que aconteceu Luminessa voltou só para me falar isso, é sinal de que é muito sério. Bom, vou fazer como ela me disse. Se o que ela falou é verdade, o momento de contar isso para Saori e meus amigos vai me ser muito claro. Vou voltar a dormir, falta pouco para amanhecer.

Duas horas depois Shunrei acordou Shiryu. Ela o despertou com um beijo apaixonado e o chamou para o café da manhã. Conversavam:

Quando você vai voltar?

Dentro de cinco dias, no máximo.

Dê lembranças à todos por mim.

É claro, Shunrei, eu darei. Bom, preciso ir.

Enquanto Shiryu levantava da mesa, Shunrei percebeu que a Armadura do Dragão estava ao seu lado. Ficou preocupada, temia que Shiryu voltasse à lutar:

É realmente necessário que você leve a sua Armadura, meu querido?

Shiryu colocou a urna de sua armadura nas costas, foi em direção a Shunrei e a abraçou:

Não se preocupe, Shunrei. É apenas um costume que vem desde os tempos mitológicos. Um cavaleiro precisa estar em posse de sua armadura ao lado de Athena, mesmo em tempos de paz. Por favor, não se preocupe à toa. Preciso ir volto em cinco dias.

Está bem, mas tenha cuidado.

Despediram-se e Shunrei foi acenar para Shiryu na porta, como sempre faz. Estava tranqüila, sabia que era um encontro entre amigos, nada de mau poderia acontecer. Já Shiryu, seguia pensativo. As palavras de Luminessa não lhe saíam da cabeça. Eram tantas as dúvidas que Shiryu temia que a resolução delas lhe trouxesse muito arrependimento, em todos os aspectos possíveis.

Hyoga foi acordado por Jacó, seu amigo que agora morava com ele, na casa de seu eterno mestre Cristal, na Sibéria. Estava ansioso, afinal já fazia um ano que não via seus amigos, que em tantas batalhas o acompanhavam. Sua felicidade era bastante perceptível:

Hyoga! Finalmente chegou! Você vai para o Oriente reencontrar seus amigos!

Sim, Jacó. Finalmente chegou. Tenho certeza de que todos estão felizes assim como eu.

É claro que sim Hyoga!

Jacó?

Sim?

Você ficará bem aqui?

Claro que sim, Hyoga, não se preocupe!

Já andei falando com o povo da aldeia, eles vão lhe proteger enquanto eu não estiver aqui. Prometa-me que ficará bem e será bonzinho.

Eu prometo!

Ótimo, agora desça da urna da armadura de Cisne e me ajude a coloca-la nas costas... muito bem!

Não se preocupe comigo Hyoga, já estou grande e ficarei muito bem aqui!

Está bem... então vou indo. Até breve, meu pequeno amigo!

Até breve, Hyoga.

E Hyoga partiu, deixando seu amiguinho. Jacó acompanhou com os olhos Hyoga e sua armadura de Cisne até desaparecerem no intenso nevoeiro da Sibéria.

Shun? Shun?

Era June, que procurava Shun por toda a Ilha de Andrômeda. E como de costume, Shun estava no ponto mais alto da ilha, olhando em direção ao Oriente:

Shun! Até que enfim te encontrei! Passou mais uma noite sem dormir? O que foi desta vez?

Um ano se passou, June. É tempo de rever meus amigos... passei a noite aqui, rezando para que lá eu encontre não só Saori, Seiya, Shiryu e Hyoga, mas também meu irmão... meu querido irmão Ikki.

Ah, Shun! Tenho certeza de que seu irmão estará lá, afinal é um chamado de Athena! Ora, não fique assim tão triste, em breve você vai rever seus tão queridos amigos, e isso não é motivo para tristeza!

É, você tem razão, June! Devo me alegrar!

Viu como eu tinha razão?

Sim!

Não se preocupe, a reconstrução da Ilha de Andrômeda correrá muito bem enquanto você não estiver aqui. Eu cuidarei de tudo pessoalmente!

Obrigado! Não sei o que faria sem você... devo-lhe muito mas não sei como retribuir toda a sua bondade comigo... bom, vou indo, preciso me arrumar pois logo o navio parte para o Oriente.

Sim, vá Shun! Boa viagem e até breve!

Até breve, June!

Shun desce correndo em direção à sua cabana e June o acompanha com os olhos. Enquanto isso, pensava consigo mesma:

Existe uma forma de você me pagar, Shun. Só não sei se você me ama como eu te amo... mas não importa, eu te esperarei por toda a minha vida se preciso for...

Ouve-se um som de uma agitada partida de futebol, onde crianças jogam. Muito barulho, vozes infantis muito animadas gritam e comemoram a cada gol. Mas então, uma voz conhecida aparece:

Seiya! Seiya! Vamos, já está na hora... você me pediu pra avisar quando estivesse na hora!

Já vou!

Seiya, vamos! Já está na hora! Parem já com essa bola!

Ah, mas já, Mino? Eu ainda não fiz os cinco gols que prometi para a Seika.

Vamos Seiya, já está na hora! Você sabe que...

Sim, eu sei! Só estava brincando. Bom crianças, preciso ir. Estarei de volta em alguns dias.

Um coro respondeu:

Tchau Seiya! Volte logo!

Tchau crianças, adeuzinho!

Seiya devolveu a bola às crianças e começou a andar em direção à porta. No meio do caminho:

Mino, a gente precisa investir no Makoto, ele está jogando muito bem, precisa de... Mino? Mino? Minooo!

Ai, Seiya! O que foi? Não precisa gritar!

Desculpa, mas é que você não prestou atenção em uma só palavra que eu disse. O que foi? Por que está com essa cara e tão calada?

Nada, nada não.

Mas uma lágrima denunciou Mino e por mais que ela tentasse esconder, Seiya percebeu:

Você está chorando, por quê?

Ah, Seiya! Você já vai de novo... é isso!

Que isso Mino! Só vamos nos reencontrar! Há um ano não vejo meus amigos e é esse o motivo deste reencontro! Os inimigos já foram vencidos, não há com o que se preocupar.

Então por que você está levando sua armadura?

É apenas um costume. Os defensores de Athena precisam estar em posse de suas armaduras quando estão próximos à ela.

Mas, Seiya...

Por favor, não chore Mino! Eu logo volto! E, olha só, você precisa estar bem para cuidar das crianças, do Orfanato e da Seika. Afinal, eu só posso contar com você!

Seiya enxugou as lágrimas de Mino e ela esboçou um sorriso de tranqüilidade. Eles ainda ficaram alguns instantes se olhando, mas a buzina do táxi quebra o clima romântico que tinha se formado em volta dos dois. Seiya entra no táxi e acena para Mino e Seika, que tinha chegado ainda há pouco para dar adeus ao irmão. As duas acenaram para Seiya até que ficou impossível de se enxergar o táxi. Elas se olham e voltam para comandar o animado jogo das crianças que continuava sem Seiya.

Saori cumpriu o que prometera ao seu avô e a si mesma. Tinha reconstruído a mansão Kido. Estava no observatório, era lá que se sentia mais próxima a ele. Feliz por poder rever seus fiéis cavaleiros que logo chegariam, Saori contava animadamente à seu avô as novidades que logo contaria para Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki:

Ah, vovô! Eu não poderia estar mais feliz! Meus cavaleiros logo chegarão e logo depois deles, a surpresa! Tenho certeza de que o senhor ficará tão feliz quanto eu, e eles também! Sabe vovô, eu não poderia imaginar que depois de todos esse anos algo assim poderia acontecer e...

O som de três batidas na porta interrompe Saori. Ao abrir a porta, ela se depara com Tatsumi:

Senhorita, o motorista nos ligou e avisou que todos estavam no ponto de encontro. Já estão vindo para cá.

Todos eles? Tem certeza, Tatsumi?

Err, exceto pelo Ikki, senhorita.

Como eu pensei. Mas ele virá... quanto tempo até chegarem?

Cerca de vinte minutos.

Está certo. Obrigada, Tatsumi. Já estou descendo.

Tatsumi se retirou e antes de descer para recepcionar seus cavaleiros, Saori deu a última olhada para as estrelas do observatório:

- Logo o senhor saberá, vovô.

Não demorou muito para que o animado grupo chegasse na mansão Kido. Muito mais que seus cosmos, Saori sentia a alegria que eles emanavam, assim como ouvia as altas risadas, das quais se destacavam as de Seiya. Saori ri sozinha e corre até a porta:

Saori, Saori! Cadê você? Sou eu, o Seiya! E estamos todos aqui! Temos muito pra te contar!

Você não precisa falar que é você, Seiya. Quem mais senão o cavaleiro de Pégaso faria tamanho escarcéu ao chegar em minha casa!

Todos riram animadamente, exceto Shun que mal esboçou um sorriso.

É o Ikki – disse Hyoga – Shun esperava vê-lo, assim como todos nós. Mas Shun é seu irmão, não o culpo por não conseguir estar feliz.

Não se preocupe Shun, ele virá. Posso sentir seu cosmo vindo em nossa direção.

Verdade? Tem certeza, Saori?

Claro que sim, você sabe melhor do que nós que Ikki adora causar polêmica, para então surgir triunfante!

Seiya soltou uma gargalhada e suas palavras obviamente fizeram todos rir também. Saori pede que seus cavaleiros entrem para que continuem a tão esperada conversa. Na imensa sala, um banquete os aguardava. Era o mínimo que Saori podia fazer àqueles que tanto lutaram por sua vida. Saori pediu para que todos pegassem uma taça para que fizessem um brinde:

Vamos brindar! Com vinho, como os antigos faziam! Que a paz, o amor e a justiça reinem na Terra. E que vocês, meus queridos cavaleiros, possam viver sem precisar usar seus punhos para obter um mundo justo e igualitário para a toda a humanidade. Saúde!

Saúde!

Brindaram esperançosos de que as palavras de Saori sejam verdadeiras por toda a eternidade. Mas um grito de saúde veio tardiamente da porta. Os olhos de Shun brilharam e logo se encheram d'água como sempre. Ele sabia de quem era aquela voz e não hesitou em virar e gritar:

Ikki! Você veio, irmão!

É claro que vim, Shun! E vocês, iam brindar sem mim?

De forma alguma Ikki! Eu jamais deixaria que isso acontecesse!

Todos riram e depois de um longo abraço cheio de saudade em Shun, Ikki cumprimentou seus amigos e Saori. A alegria era imensa, finalmente os cavaleiros de Athena se encontravam para apenas celebrar a amizade e não para lutar. Conversaram por um bom tempo, até que Saori resolve se pronunciar:

Ah meus amigos, fiéis cavaleiros! Como vocês podem ver reconstruí a mansão. Mas mesmo assim, está não é a minha maior novidade.

Os cavaleiros olharam surpresos para Saori, que parecia de fato estar muito empolgada com a tal novidade. Seiya, como sempre desajeitado, não podia agüentar a espera. Ignorou o que Saori tinha acabado de dizer e falou:

Pelo jeito são muitas as boas novas! Shun está reconstruindo a Ilha de Andrômeda, eu estou com minha irmã Seika e com a Mino tomando conta do orfanato. Hyoga também está fazendo muitas benfeitorias na Sibéria, além de estar cuidando de Jacó. Shiryu construiu uma vida tranqüila com Shunrei e estão muito felizes. E você Ikki, não têm novidades?

Bom, eu também estou tentando reconstruir algo que eu perdi. Estou fazendo um memorial para Esmeralda. Já era hora de transformar a dor em alegria.

Todos ficaram muito surpresos e felizes com tal notícia, mas antes que pudessem parabenizar o amigo, Tatsumi entra no salão e fala:

Senhorita, ela acaba de chegar.

Já estou indo, Tatsumi. Ela está lá em cima como pedi?

Sim, está esperando que a senhorita vá buscá-la.

Esperem aqui amigos, a minha mais importante novidade acaba de chegar e eu vou buscá-la. Não saiam daqui.

Enquanto Saori ia buscar a tão esperada novidade, os cavaleiros aguardavam em um misto de expectativa e ansiedade. Para descontrair, todos parabenizaram e apoiaram Ikki, depois começaram com conversas paralelas. Saori começa a descer as escadas, interrompendo a conversa de todos. Com seu sorriso magistral ela anuncia:

Meus caros cavaleiros e amigos. Aqui está minha maior novidade... eu lhes apresento minha irmã, Luminessa...

Enquanto ela descia as escadas, todos ficaram totalmente estarrecidos, mas ninguém mais que Shiryu. Sim, essa energia só poderia ser a dela, ele podia sentir sua presença, como se estivessem em um de seus sonhos, mas a diferença é que desta vez era real, ele estava acordado. Era ela. Tinha os mesmos cabelos pretos longos com duas leves mechas brancas que desciam por seus ombros e que mesmo assim não conseguia tirar o brilho de seus belos olhos negros. Um sorriso divino, que iluminava seu belíssimo rosto. Ela o olhava, com brilho e intensidade inigualáveis, tanto que ele podia sentir. Não havia mais dúvidas, a irmã de Athena era a Luminessa de seus sonhos. Ele não conseguia conter a quantidade de pensamentos que invadiam a sua mente. Finalmente Shiryu conseguiu responder a pergunta que mais lhe afligiu durante toda sua vida: ela é real. Todos se levantaram e andaram em direção a Saori, afinal ela tinha descoberto uma irmã. Saori, para quebrar o clima de suspense que só parecia crescer, começou a apresentar sua irmã para seus cavaleiros:

Shun, esta é minha irmã, Luminessa.

Muito prazer, senhorita, meu nome é Shun, sou...

... o cavaleiro de Andrômeda. Saori me falou sobre você e seu irmão Ikki.

Prazer senhorita, sou Ikki de Fênix.

Luminessa, esse é Hyoga...

... o cavaleiro de Cisne. Como vai, Hyoga?

Bem, senhorita. É um prazer conhecê-la.

E eu, Saori? Já que você tá demorando, deixa que eu me apresento. Sou Seiya de Pégaso.

Olá, Seiya. Sou Luminessa.

Todos riram, menos Shiryu que ainda não havia conseguido absorver a realidade. Esperava ansioso para poder segurar a mão dela. Saori então, apresenta sua irmã ao cavaleiro de Dragão, mas antes que pudesse dizer qualquer palavra, Luminessa dirige-se a Shiryu, estende carinhosamente sua mão à ele e diz:

E você é Shiryu de Dragão.

Por um momento Shiryu e Luminessa se esqueceram de tudo. A única coisa que existia para ambos, naquele momento, eram suas mãos unidas de verdade e não só em seus sonhos. Alguns segundos de silêncio coroaram o encontro dos dois, até que Saori interrompe:

Finalmente vocês a conheceram! E então amigos, aposto que estão muito surpresos e felizes assim como eu, não estão?

Mas na verdade os cinco estavam atônitos. Uma irmã? De onde ela havia surgido? Todos queriam lhe fazer perguntas, até que Ikki se manifestou:

Você tem certeza que Saori é sua irmã?

Ikki, claro que sim! Fizemos testes para termos certeza. Além do mais Kiki me trouxe uma carta de Mu que contava toda a história e a carta era verdadeira, era mesmo de Mu!

Me desculpe, Saori, mas que história é essa?

Antes que Saori pudesse responder a pergunta de Seiya, Luminessa decidiu responder para melhorar o ambiente:

Somos irmãs por parte de pai. Nascemos no mesmo dia e horário, só que em locais diferentes. Logo de nosso nascimento, Saori foi levada ao santuário para ser guardada pelos Sagrados Cavaleiros de Athena. Nós iríamos crescer e ser educadas juntas, mas quando Saori sofreu a ameaça de morte do Mestre Ares e foi levada do Santuário por Aioros, o Mestre Ancião e o Mestre Shion pediram para que Mu me levasse para sua terra natal, Jamiel e lá me protegesse, até que as coisas ficassem esclarecidas. Mu foi como um pai para mim... pediu para que eu ficasse afastada de minha irmã até dois meses atrás. Kiki tinha instruções e como fomos criados praticamente juntos ele me ajudou. Quando o momento certo chegou, eu vim contar esta história para Saori e agora aqui estou eu.

Luminessa sorriu apesar dos acontecimentos. Após alguns minutos de silêncio, os cavaleiros refletiam toda aquela história que Luminessa havia acabado de contar. Era um tanto quanto impressionante mas, Saori e Luminessa pareciam decididas. Hyoga, ainda tentando entender o que acontecia, perguntou:

Irmãs? Mas vocês são tão diferentes! E por que você ficou tanto tempo afastada de sua irmã? E por que ela não sabia sobre você, apesar de tudo isso? E o que você quer dizer sobre "momento certo"?

Deixem de tantas perguntas, amigos! Por que duvidam tanto de minha irmã? Já não lhes disse que tudo isso é verdade?

Tenha calma, Saori. Eles são seus defensores e tem todo o direito de terem dúvidas e quererem saber quem eu sou – diz Luminessa, que após um longo suspiro responde à Hyoga – O Tempo nos trará todas as respostas, Hyoga, só precisamos esperar e ter calma. Enquanto isso devemos aguardar. Agora, se vocês me dão licença, vou me recolher, foi uma longa viagem.

Mas já? - Pergunta Saori – Ainda é cedo! Fique, temos muito o que comemorar!

Não, obrigada. Vocês é que tem muito a comemorar e conversar. Sou apenas uma intrusa. E não é tão cedo assim, minha irmã. Boa noite a todos.

Saori acompanhou a irmã até seus aposentos. Enquanto subia as escadas, Luminessa olha para Shiryu, que a acompanha com um triste olhar. Assim que ela desapareceu, Seiya não hesitou em anunciar:

Essa história é muito estranha. O Tempo trará as respostas, a carta de Mu, o Kiki... Shiryu, você sabia sobre ela? Shiryu?

Ahn? É, o que você me perguntou, Seiya?

Você está bem, Shiryu?

Sim.

Você sabia sobre ela? Afinal, seu Mestre foi um dos que pediram a Mu que a protegesse.

Não, nunca soube de nada. Se eu soubesse, talvez não estaria...

O que me intriga é o fato de ter que esperar por algo que não temos nem idéia – indaga Hyoga, interrompendo Shiryu propositalmente – O que será que é isso?

Devemos perguntar à Kiki, afinal foi ele quem a ajudou e se foram criados praticamente juntos, como ela mesma disse, ele saberá o porquê de todo esse mistério.

Você tem razão, Seiya, devemos ir até Kiki. Mas onde ele está?

Ele vai estar com as crianças do orfanato! Todo dia 30 de cada mês ele vai até lá para nos ajudar e para brincar com as crianças. É isso, Shun, agora ficou muito fácil! O orfanato fica na próxima cidade!– responde Seiya que imediatamente é cortado por Hyoga:

Então está feito, amanhã todos nós iremos até lá.

Se todos nós formos, Saori ficará chateada conosco. Devemos agir em segredo até conseguir o que precisamos. Seria melhor que só alguns de nós fossem até lá.

Você tem razão, Shiryu. Eu, Hyoga e Shun iremos visitar Kiki. Vocês ficam aqui e cuidem das duas irmãs.

Se vocês não se importam, eu prefiro acompanhar essa história de longe, porque para mim, vocês estão fazendo uma tempestade em um simples copo d'água, o que é bem típico de vocês.

Mas Ikki, isso é...

Seiya interrompe Shun dizendo:

Isso sim é bem típico de você, Ikki. Mas se você não quer ir, tudo bem, não vamos impedi-lo, não pretendo repetir nossas brigas. Afinal, você sempre vai embora nos momentos cruciais.

Se você acha que vai me irritar com isso, Seiya, você está muito enganado. Vocês gostam de procurar problemas, se Saori disse que a história é verdadeira, é porque é. Vou embora. Até mais, Shun.

Mas meu irmão...

A decepção era perceptível nas feições de todos e principalmente no rosto de Shun. Mas não seria isso que faria com que Seiya desistisse:

Shun, seu irmão nunca vai mudar, ele sempre zomba de nossas preocupações. Mas isso não me derrubará. Eu ainda vou no orfanato procurar por Kiki. E vocês?

Desculpem o meu irmão, amigos. Mas conte comigo Seiya, irei com você até o Kiki. E você Hyoga, vem conosco?

Acho melhor eu ficar aqui com Shiryu protegendo as duas irmãs. Afinal, agora são duas e não há necessidade de tanta preocupação, vocês vão visitar um amigo. Diremos à Saori que vocês precisam tratar de alguns assuntos pessoais.

É, você tem razão, Hyoga. Eu e Shun faremos isso.

Bom, então acho melhor ir dormir. Boa noite, amigos!

Boa noite, Shun!

E todos também foram dormir.Neste momento Saori desce as escadas e fica surpresa que seus cavaleiros já estejam indo para seus aposentos. Eles tentam disfarçar para que ela não suspeite de nada:

Mas vocês já vão dormir? Ainda é cedo.

Me desculpe, Saori, mas esqueci algumas coisas em casa e o Shun vai comigo buscá-las amanhã bem cedo. Mas voltaremos amanhã mesmo, no início da tarde, não se preocupe.

Está bem, sem problemas. E quanto a vocês, Hyoga e Shiryu? E onde está Ikki?

Shun respondeu rapidamente, mas um tanto quanto inseguro:

Ele teve que ir, ele precisava resolver alguns assuntos inadiáveis. Veio até aqui só para nos dizer olá.

Quanto a nós, Saori, nossa viagem foi longa, também precisamos descansar. Amanhã conversamos mais, afinal temos alguns dias ainda, precisamos de assunto para todos eles!

Você tem razão, Hyoga!

Todos riram. Hyoga percebeu que Shiryu estava triste, parecia precisar de ajuda. Então fez com que Saori, Seiya e Shun subissem as escadas na frente. Ele precisava lhe dar seu apoio. Esperou que os outros amigos não pudessem ouvir a conversa que ele pretendia ter com Shiryu:

Não precisa nem me dizer, Shiryu, é ela.

Então você se lembrou do que eu lhe contei há tempos atrás.

Sim! Você tem razão, já faz algum tempo mas eu me lembro. Como esquecer de uma história tão ímpar como esta?

É, como esquecer... é impossível.

Pretende falar com ela?

Não sei se terei estrutura para isso. E já se passou algum tempo, talvez ela não queira nem falar comigo.

Não foi o que pareceu. Converse com ela, amigo! Foi por isso que fiz com que ficássemos aqui amanhã. Você poderá falar com ela, e como eu já sei sobre o caso, seria mais fácil do que ter que explicar para os outros.

É, você tem razão, eu vou falar com ela. Passarei a noite me preparando. Muito obrigado, Hyoga, você é um grande amigo. Boa noite.

Boa noite, Shiryu.

Shiryu deu um sorriso à Hyoga e entrou em seu quarto. Hyoga queria poder ajudar mas sabia que só Shiryu poderia resolver tal problema.

Já que não posso fazer nada, só me resta o descanso.

E entrou em seu quarto, para que pudesse descansar da longa viagem da Sibéria até o Oriente. Mas estava sorrindo, afinal, estava com seus amigos de novo.