Traduzida em: 13/03/2008

Autora: Spurnd

Parte 1

"Xeque-mate."

"Não."

Puta merda.

Não pode ser... Não, isso não pode estar acontecendo comigo. Não comigo... Não. Não. Não. Não. Nããããããão!!

"Xeque-mate."

Xeque-mate.

Duas palavras.

Quatro sílabas que significam o fim do mundo para mim.

"Não, não, não, não."

Eu encarei Seb horrorizado. Os olhos dele cintilaram com um brilho brincalhão assim que ele cruzou os braços em frente ao peito e se recostou para assistir minha reação.

Eu pude apenas ficar de boca aberta.

"Pode passá-lo, Bouvier." Seb disse afetadamente, gesticulando na direção do meu MP3 e fones de ouvido. "Você perdeu de novo."

Eu enrijeci o corpo internamente e fiz o que me foi dito. "Esse jogo é um saco."

"Só porque você está perdendo."

Pat, Jeff e Chuck riram. Os três estavam parados atrás de Seb como As Três Bruxas de MacBeth, a única diferença era que eles estavam, na realidade, lotados de testosterona, menos horríveis (mas horríveis, ainda assim) e riam, por sobre os ombros de Seb, para o tabuleiro e não para um cadeirão fumacento.

"Bem, veja dessa forma." Pat explicou meio melodramaticamente, tentando fazer uma expressão confiante. "Ao menos, Seb vai te perdoar por todas as merdas que você fez com ele, as quais, olhando numa retrospectiva, são muitas."

Pat fez uma pausa de efeito e eu ergui minhas sobrancelhas para ele. "Como naquela vez que você disse a ele que Chuck estava dormindo com os dois caras da equipe de som e o novo motorista do ônibus, por exemplo. Seb ficou tão maluco com a mágoa que quase pulou da ponte Golden Gate, lembra? E nós tivemos que amarrá-lo no banco da frente do carro e amordaçá-lo, então ele pararia de choramingar sobre como Chuck quebrou o coração dele e tudo mais."

Um suspiro nostálgico deixou os lábios de Pat. "Ahh, bons tempos esses."

Seb rolou os olhos.

Eu me virei para David. David, cujos olhos estavam cheios de lágrimas por causa da minha derrota. Ele sentou atrás de mim no chão, suas longas e finas pernas flexionadas em seu peito e seu queixo descansando, cuidadosamente, em um joelho. Ele não se atrevia a encontrar meus olhos, então eu apenas baguncei o cabelo dele afetuosamente.

"David, está tudo bem." Eu disse a ele, embora soubesse que era o exato oposto. "Foi só um jogo. Eu sei que você se deixa levar às vezes, especialmente quando é xadrez. É por isso que você é meu conselheiro de táticas. Você é o melhor jogador de xadrez que existe."

Um pequeno e relutante sorriso cruzou a expressão de David. "Sim, mas você perdeu, Pierre. Você perdeu por causa da minha estupidez. Era para eu ser seu conselheiro de táticas, não do Seb!"

"Está tudo bem."

"Mesmo?"

"Yeah."

Eu só queria parar de mentir.

Eu queria dizer a ele que o jogo todo foi uma aposta. Eu queria poder dizer a ele que sua respiração chocando-se na minha bochecha desse modo, enviava arrepios pela minha espinha. Mais importante, eu queria dizer a David que Seb tem um plano maligno em sua manga.

Eu sempre soube que os mais quietos possuem as mais psicóticas intenções e uma vez eu comentei com Chuck que, talvez, apenas talvez, toda aquela leitura de Stephen King iria subir à cabeça de Seb, mas ele me ouviu quando eu disse a ele para ser cauteloso com Seb?

Não, é claro que não.

Ao invés de ser cuidadoso, Chuck optou por transar e se apaixonar por ele. Eu acho que Chuck era como eu em alguns pontos... Nós dois fazemos as coisas mais idiotas e nos apaixonamos pelas pessoas erradas.

Algumas pessoas nasceram com o dom da dicção, outros com o dom do canto ou da beleza... Outros são sortudos por terem sidos abençoados com a capacidade de argumentar ou pensar abstratamente, mas eu? Eu nasci com a capacidade única de ferrar tudo e colocar a mim mesmo nas situações mais inflexíveis, como, bem... Como o que o Seb tem na manga.

Se havia algo de que me arrependo na minha vida, algo que eu realmente desejo poder voltar e apagar, para nunca acontecer novamente, seria a aposta que eu fiz com Sebastien Lefebvre momentos mais cedo.

O sorriso malicioso em seu rosto deveria ter sido minha primeira dica... Sempre que aquele desprezível curvar de seus lábios aparecia, isso significava que, ah cara, você está num grande problema. Você tem apenas duas opções quando confrontado pelo sorriso malicioso de Lefebvre. 1) correr para as montanhas ou 2) atirar em seu próprio rosto para evitar maiores estragos no seu corpo.

Não é que eu não tenha visto. Não é como se eu houvesse sido momentaneamente distraído pela proximidade de David quando ele prendeu seus braços ao redor dos meus ombros para me ajudar com meu jogo ou suas mãos apertando meu braço esquerdo forte o bastante para deixar marcas, sempre que o peão de Seb comia os meus. Não é nem mesmo o fato que eu não fui informado de quais tipos de conseqüências apocalípticas o sorriso malicioso de Seb continha.

Era porque David, acidentalmente, deixou escapar, "Hey, Seb! Você pode pegar o rei de Pierre agora." E explicou apenas como a peça de Sebastien poderia pegar meu rei numa tática de aproximação que teria feito Napoleão Bonaparte se orgulhar.

David!

David Desrosiers, de todas as pessoas, me fez perder uma bem-merecida vitória.

E Sebastien sabia. Ele sabia. Ele tinha que saber. Quero dizer, como ele poderia não saber? É muito óbvio que eu gostava de David. Eu tenho gostado dele desde, bem, desde aquele dia quando estava chovendo muito e nós éramos os únicos na escola e eu fiquei tão molhado que David me pegou em seus braços e me ofereceu calor corporal e, então, eu fiquei tão doente no dia seguinte que ele faltou na escola para cuidar de mim... Yeah, bem, é isso.

De qualquer modo, Sebastien tem planejado essas pequenas e loucas idéias em sua mente para se vingar da vez que eu dei uma calcinha fio dental de couro de presente a ele. Nós estávamos em uma pequena festa, eficazmente dada por Chuck, na casa do próprio Seb.

Quando chegou a hora de abrir os presentes, estávamos todos sentados no sofá, comendo o bolo que David comprou na extravagante Shoppe no centro. Chuck deu a ele um cachorro (o que ele sempre quis, de acordo com Seb). Pat deu a ele uma nota de vinte dólares com sua assinatura, assim, quando ele ficasse famoso, Seb estaria livre do problema de ter que pedir seu autografo (para o qual Seb apenas ergueu as sobrancelhas).

Jeff foi sábio o bastante para escolher alguns CDs para Seb. Entre os CDs havia o de artistas como Cher, Madonna e Britney Spears. Você podia ver que evidentemente não agradou Seb.

O presente de David era legal, senão o melhor. Ele deu à Seb um livro que continha os poemas completos de T. S. Eliot e uma pena para escrever. Seb ficou mais encantado pela pena do que com o resto, o bastante para aborrecer Chuck com seu afeto pelo presente de David e o cachorro passou a ser ignorado.

De qualquer modo, quando chegou a vez do meu presente, o silêncio preencheu toda a casa. Eu esperava que alguém falasse algo, você sabe, isso era para ser uma brincadeira, mas você podia dizer que Seb era o menos emocionado. Então, eu disse para espantar a tensão, "Você sabe, quando você e Chuck estiverem a fim, você pode sempre vestir isso. Quero dizer, eu sei que Chuck amaria te ver nisso."

Mais silêncio.

Então, Pat riu e, logo, todos, até mesmo os dois bobos apaixonados, começaram a rir. Seb visivelmente corado e Chuck protestando que ele não era assim. Seb jurou ao se afastar de mim que "eu iria pagar com sangue". Eu nunca pensei que seria tão rápido, entretanto.

"Certo," Seb bateu as mãos. "Eu ganhei." Ele disse isso de um jeito que me aborreceu.

Eu escondi meu rosto nas mãos. "Oh, não."

"Oh, sim."

"Isso é tão errado. Não era para acontecer! Essas coisas só acontecem em filmes!"

"O quê? As pessoas perdendo no jogo de xadrez?" Seb questionou. "Pie, você ganha algumas, você fode algumas."

"Eu pensei que era perder?"

"Yeah, e tem isso também." Seb fez uma careta. "De qualquer modo," ele sorriu malicioso novamente e murmurou algo para Jeff, para a qual Jeff deu risadinhas – risadinhas! - Jeff fez o mesmo e murmurou para Chuck, que murmurou para Pat, que me olhou divertido antes de explodir em risadas.

David e eu nos olhamos. "O quê?" David perguntou, confuso. "O que, diabos, vocês três estão cochichando e dando risadinhas?"

"Não estávamos dando risadinhas!" Jeff disse defensivamente. "Nós estávamos rindo de uma maneira masculina, David."

"Certo."

"Pierre, eu apenas queria que você soubesse que…"

"Oh, Deus, Pat, se você está copiando músicas novamente, é melhor eu me matar."

"Na verdade, essa não é uma má idéia, Pierre, vá se matar. Nós poderíamos arrumar outro vocalista, de qualquer modo." Pat disse amavelmente, e então pausou. "Então, novamente, eu posso ficar no seu lugar. Mas não, eu não estou tentando copiar músicas. Eu nunca gostei de Hoobastank. Eu sempre achei o Chris engraçado. De qualquer jeito, essa não é a questão..."

"Então, qual é?" David perguntou impacientemente.

"Eu acho que eu vou explicar as coisas aqui, assim isso fará mais sentido." Seb disse mais alto, lançando um olhar aborrecido à Pat pelo canto do olho. "David, Pierre e eu fizemos uma aposta mais cedo. Quatro rodadas de xadrez, quem ganhasse, teria o perdedor fazendo o que ele quisesse por três dias. Setenta e duas horas."

"Eu sei quantas horas há em três dias, Seb. Vá direto ao ponto." David rolou os olhos.

O sorriso malicioso de Seb apareceu novamente, o que resultou num suspiro da minha parte. "Chuck? Algemas, por favor?"

"Mas que mer..." David não pôde terminar sua sentença; Seb enlaçou um lado da algema de metal no pulso direito de David e o outro no meu.

"Onde, por Deus, você conseguiu algemas?" eu perguntei completamente chocado. "Pensando bem, não responda isso."

"Não é nada depravado, eu juro!" Chuck disse repentinamente. "Seb nunca me deixaria prendê-lo à cama..."

"Certo, certo, cale a boca! Poupe-nos de uma explicação."

"Essa é a pior imagem mental possível no mundo." Jeff admitiu, estremecendo.

"É, nem me fale." Pat concordou, fazendo uma expressão de desgosto.

"Olhem, caras, vocês estão perdendo o foco aqui!" eu disse. "Isso não é sobre onde Seb conseguiu as algemas, certo? Isso é por que diabos ele decidiu algemar David e eu quando, claramente, desde o começo nós concordamos, muito diplomaticamente, que coisas desse tipo não poderiam..."

"Pierre, Pierre querido…" Seb me interrompeu. "Nós concordamos que o perdedor concordaria com o que fosse que o vencedor quisesse. E, agora, isso é o que eu quero. Tudo o que eu quero. Sendo o perdedor, você não tem o direito de negar isso."

"M-mas... Eu... Isso não é… Você não é!... O qu… Injusto!"

Chuck olhou seu relógio. "São exatamente 11:06 da noite. Nós vamos voltar em três dias para soltar vocês, por volta do mesmo horário. 11:06 da noite, certo? A gente se vê." Ele riu com escárnio.

Pat procurou por algo dentro de seu bolso e o puxou para fora. Era uma lustrosa chave dourada. Ele a balançou na frente do meu rosto, provavelmente para me provocar.

Eu olhei ameaçadoramente. "Eu juro por Deus, eu vou matar vocês, assim que eu me livrar dessas algemas!" eu prometi, ignorando como minha mão esquerda estava presa à mão direita de David.

"Yeah, você vai planejar nossos assassinatos, Pierre." Seb disse com um gesto displicente. "Você vai ter bastante tempo. Veja, você ainda tem o quê? Setenta e uma horas e cinqüenta e cinco minutos!"

Eles todos riram e Pat beijou a chave e piscou para mim, seguindo-os para fora da casa, a risada deles soando alta e fazendo-me sentir desamparado e zangado.

"Isso é uma merda."

Eu me virei para David. David havia ficado completamente quieto o tempo todo. A cabeça dele estava virada para baixo e ele estava fitando seus tênis. Nossas mãos estavam ligadas e nossos dedos quase se tocando.

Eu me arrepiei.

"David..." eu comecei, mas o olhar dele me fez parar. Era um olhar da mais pura traição e rancor.

"Você apostou?!"

"Dav..."

Tapa.

"..id. Eu posso... Explicar. Hey, pra que isso?" eu toquei minha bochecha machucada, horrorizado. David nunca me bateu e eu, certamente, nunca bateria nele de volta. Eu morreria antes disso.

"Você apostou, Pierre Bouvier! Seu apostador. Você não devia fazer isso! Isso é, tipo, contra...contra as regras!"

"Que regras?" David deixou escapar um som de frustração. Eu poderia dizer que, se não estivéssemos presos pelas mãos, ele provavelmente teria saído andando e se trancado no quarto dele a noite toda, até que nós estivéssemos nos falando novamente, mas agora ele teria que me arrastar junto com ele, vendo que estamos algemados um ao outro.

"David, que regras?"

"As Regras!" ele disse isso como se merecesse ser em letras maiúsculas.

"Você é louco, David. Você sequer sabe do que está falando!"

"Eu sei sobre o que estou falando! E, ao menos, eu sou louco e não um criminoso!" eu estava sinceramente magoado pela última frase de David. Um criminoso? Eu apenas apostei! O que há de tão errado nisso? Eu não me preocupei em explicar à David que eu sempre gostei de apostar, mesmo quando era criança. Podia ser em cartas, skate ou bolinhas de gude. Eu percebi que isso iria apenas deixá-lo severamente irritado e eu não queria isso.

"Eu vou para a cama." David anunciou. David era um fã da frase 'eu vou para a cama'. Eu ignorei sua manifestação e disse, "Eu vou assistir TV."

David me lançou um olhar seco. "Mas eu estou com sono. Eu preciso dormir."

"E eu quero assistir o jogo no ESPN."

"Mas você não gosta de esportes, lembra?"

"Bem, eu gosto agora."

"Mentiroso."

"Bichinha."

"Criminoso."

Ficamos nos encarando por alguns minutos antes de fitar o metal lustroso que nos mantinha juntos.

"Que seja. Eu vou dormir." David esfregou sua têmpora esquerda com um dedo.

"Ótimo. Eu vou assistir TV, então." Eu anunciei apenas para, você sabe, irritá-lo.

"Mas é quase meia-noite!"

"Quem se importa?"

David estreitou os olhos. "EU DISSE QUE EU VOU PARA A CAMA, PIERRE BOUVIER!" eu observei o movimento sensual que os lábios de David criaram. Seus lábios pareciam macios, como o botão de uma rosa, gentis como o bater de asas de uma borboleta.

Eu queria apenas puxá-lo pela gola da camiseta e beijá-lo para acabar nossa discussão. Eu queria dizer a ele que eu era o maior idiota no mundo todo por machucar seus sentimentos e não saber o que eram As Regras. Eu queria dizer a ele que estava apaixonado por ele. Mas não podia. Eu não podia arriscar tudo que eu tinha com ele.

Então, em vez disso, eu falei, "Apenas cale a porra da boca, David."

E David calou. Ele me olhou através de seus olhos castanhos do mesmo jeito que uma criança faria se você ralhasse com ela. Ele parecia magoado, mas não disse nada quando eu o puxei para o sofá e liguei a TV.

Eu assisti esportes. Eu não prestei muita atenção. As algemas de metal estavam dolorosamente ao redor do meu pulso e a mão de David estava quase tocando a minha. Eu ignorei isso.

Eu o ignorei mesmo depois de quinze minutos que seus dedos ficaram batendo contra os meus. Eu ignorei o bater rápido do meu coração.

Eu fingi me divertir vendo TV.

E depois de algumas horas, a cabeça de David descansou suavemente no meu ombro.

Ele estava dormindo. Ele realmente não estava brincando sobre querer ir para a cama depois de tudo, eu pensei culpado. Eu queria me socar. Queria retirar todas as coisas que disse a ele. Eu olhei para o rosto pacífico dele. Seus cílios eram longos e tocavam suas bochechas pálidas. Eu senti uma repentina vontade de beijá-lo, mas me parei a tempo.

Eu suspirei. "Eu sinto muito sobre essa história de aposta, David. Desculpe eu não saber sobre As Regras. Desculpe ter agido como um completo idiota e te xingado. Você sabe que eu não quis dizer nada disso. A última coisa que eu queria era te machucar, é claro. Eu apenas, você sabe, fui levado pelo momento. Você me deu um tapa e ficou do lado inimigo! De qualquer forma..." ri sem qualquer humor para mim mesmo. "Desculpe, David."

Eu peguei o controle remoto e desliguei a TV.

"Eu te perdôo." David murmurou sonolento no meu ouvido. "Agora, deite-se de costas para que eu possa dormir em algo macio."

Puta merda! David me ouviu.

"D-dave... Você está acordado?"

"Yeah... Um pouco." Ele bocejou, os olhos ainda fechados. "Deite-se de costas, Pie. Eu quero dormir no meu travesseiro." Eu ri suavemente, um pouco nervoso. David dormindo SOBRE mim é igual a eu terminar fazendo algo que eu provavelmente vou gostar, mas David não.

Mas eu fiz o que ele pediu, de qualquer forma, rezando para quem quer que estivesse ouvindo lá em cima, para não me deixar estragar as coisas. Isso seria um desastre. Seria um momento oportuno. Seria perfeito. Esperançosamente, de qualquer modo.

David entrelaçou nossos dedos e permitiu que nossas mãos presas repousassem no meu ombro esquerdo. Ele se esticou quase como um gato sobre mim, apoiando sua cabeça no meu peito e entrelaçando suas pernas com as minhas. Seu nariz se aninhou na minha camiseta e eu permaneci parado.

"Não está com frio?" eu perguntei, minha voz saindo rouca assim que ele escondia mais ainda seu nariz.

"Não, se você colocar a porra do seu braço em volta de mim, não estou."

Eu pude ouvi-lo sorrir. E eu ri, minha tensão começando a sumir.

Eu passei meu braço direito ao redor da sua cintura fina. Os cabelos de David cheiravam à maça e foi assim, sentindo a tão conhecida fragrância, que eu relembrei a primeira vez em que eu percebi que talvez, talvez houvesse uma pequena chance de que eu pudesse estar realmente apaixonado por David Desrosiers.

"Pierre?"

"Hm?"

"Você não é um criminoso."

"Okay."

"Por que... Você é meu travesseiro."