O dia tinha sido quente. A brisa do por do sol trazia um toque aveludado de um conforto triste. Mu estava de pé, com os braços cruzados sobre o peito, escorado nas colunas da casa de Áries. Ele sentia o perigo que se aproximava, apenas não podia nomeá-lo. Pelo menos, não ainda.
Seus cabelos lilases dançavam suavemente com o vento. Seus olhos fechados tentavam entender o aperto em seu peito. Ele sabia que os tempos de paz estavam ameaçados. Uma grande batalha se aproximava, e agora que Athena proibira os cavaleiros de bronze de entrar no Santuário, caberia aos guerreiros de ouro assegurar a proteção da deusa e do mundo.
- Se ao menos tivéssemos mais tempo... se eu pudesse ficar com ele por mais tempo... – seus pensamentos escapavam por seus lábios sorrateiramente.
Mu envolto em seus pensamentos não sentira a aproximação do outro cavaleiro. Caminhando calmamente em direção ao ariano, Shaka sente a preocupação em seu cosmo.
- Mu...
Assustado Mu se vira e não deixa de notar a tristeza nos olhos de Shaka. Ele já o conhecia bem o suficiente para saber que aquela não seria uma visita... agradável (XP – to fazendo o q eu posso). Já fazia algum tempo que eles haviam decidido deixar seus verdadeiros sentimentos se revelarem. Não havia mais dissimulações entre eles. Shaka e Mu se amavam e estavam vivendo juntos esse amor.
- Shaka... – seus olhos estavam quase pedindo que o outro não falasse.
- O que tanto temíamos aconteceu Mu. Essa noite, mais uma vez, o destino do mundo será nossa causa.
Shaka tinha se aproximado do ariano. Eles estavam alguns passos de distancia um do outro. As safiras de Shaka não desviavam do rosto de Mu.
- Nos podemos vencê-los. Tudo voltará ao normal... tudo vai ficar bem. – os olhos de Mu se enchiam de lágrimas, enquanto ele tentava se convencer de suas próprias palavras.
Shaka se vira para encarar as escadarias que dão acesso à casa de Áries, deixando Mu a observar o seu perfil.
- Não seja tolo Mu. Eu não preciso dizer o que vai acontecer... eu não sei o que pode acontecer! Mas nos dois sabemos, nos dois podemos sentir que essa noite será de grande pesar.
As palavras de Shaka, duras mas verdadeiras, tiraram Mu de sua observação atônita. Ele, desviando seus olhos para o chão, coloca sua mão sobre a do loiro. A pele quente, a pulsação forte. Nunca ele sentira tanta saudade de alguém que estava tão próximo.
Shaka colocando as mãos em volta do rosto cabisbaixo de Mu, aproxima seu rosto do dele. Mas ainda ele não tem coragem de encarar novamente aquelas puras esmeraldas.
- Shaka, não sei o que farei se não tiver você comigo.
Fechando os dedos da mão entre os cabelos de Mu, Shaka aproxima sua boca do ouvido dele.
- O que quer que aconteça hoje, qualquer que seja o destino dessa batalha quero que você saiba que sempre estarei com você! Nessa vida, na próxima... em todas.. eu sempre procurarei você Mu.
O ariano levantara seu rosto e encarava o rosto de Shaka. Como um homem tão poderoso poderia parecer tão singelo. Mas a força de Shaka exalava tanto quanto sua tristeza. Mu sentia o coração de Shaka bater e sabia que o seu também era sentido.
- Talvez nosso tempo, com esses corpos, nesta terra acabe hoje. Mas saiba que meu tempo com você não acabará. Mas nossas almas seguirão juntas por toda a eternidade. Nos ficaremos juntos novamente!
As lagrimas de Mu agora eram as mesmas de Shaka.
- Eu te amo Shaka!
- Eu te amo Mu!
Os lábios dos dois se encontraram. Shaka apertou Mu contra si, e pela ultima vez naquela vida, sentiu o calor de seu amado.
Sem dizer mais nada, o virginiano se vira e segue o caminho de volta para sua casa. Mu o observa e se despede em meio ao silencio de suas lagrimas.
