Sumário: Neji estava habituado a lidar com o exterior das pessoas, com o que elas usavam sobre o rosto, sobre o corpo. Qualquer Hyuuga sabia. O que ele precisava era descobrir como prestar atenção em mais do que apenas o que ficava sobre a pele.
Capítulo: 1/2
Estado: Completa
Disclaimer: Naruto, anime e mangá, não me pertence.
Alerta: Universo Alternativo. Personagens com Características Diferentes. Eu recomendo que prestem atenção às datas.
Betado pela Muri :3
EDIT
Caso alguém tenha desenvolvido algum tipo de curiosidade pelas roupas citadas, bem... Não posso fazer nada =D
A maioria delas existe apenas na minha cabeça, mas eu procurei em alguns sites.
No último Milão Fashion Week, Zegna chutou traseiros com os ternos. Eles eram babáveis! Todos em tons verdes e azuis. Como isso não combinava com a minha visão do Neji, eu imaginei-os em um tom grafite com camisa cinza.
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A roupa da senhora Otsuka me fez subir pelas paredes. Eu não consegui achar nada que parecesse com o que estava na minha imaginação! Porque o roxo profundo é o novo preto D;
Se tirarem a renda e o laçarote e fizerem a saia mais em A, esse é o modelo que mais se parece.
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Para a Tenten.
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O vestido no canto superior direito, de nome DSQUARED2.
/EDIT
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Sobre a Pele
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by L. Ganoza
Parte I
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Tu dizes que gostas de usar tênis, que aquele rabo-de-cavalo que enfeita o topo da tua cabeça é prático, que as roupas largas são confortáveis, que maquiagem é perda de tempo.
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18 de dezembro de 2009
Neji mudou o peso de um pé para o outro, distraidamente observando o salão que havia sido reservado para a festa de encerramento da empresa. Havia sido uma decisão conjunta que a decoração não deveria envolver as cores verde e vermelha – coisa que poderia ter levado à associação direta com certa festividade de final de ano. Entretanto, o dourado não havia sido vetado e o Hyuuga sentia-se quase orgulhoso do ambiente que havia sido criado. Os tons creme e ouro encarregavam-se da sensação de conforto que usualmente faltava em grandes espaços.
- Preciso te chamar de senhor Hyuuga durante a festa?
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26 de fevereiro de 2007
Hiashi sumiu pela porta fumê deixando o jovem Hyuuga mudando o peso de um pé para outro ao lado da secretária de meia idade.
- Neji Hyuuga – ela cantarolou. – O bebê que vai cair de pára-quedas no meu colo para assumir o papel do titio – ela riu, uma risada incomum.
Ele estendeu-lhe a mão, convencendo-se de que a personalidade dela não o intimidava e de que, se as coisas chegassem aos extremos, sempre havia a declaração de assédio sexual.
- Nori Otsuka – apertou o membro estendido. – Tua futura secretária, criança. Tu não poderias estar em melhores mãos.
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18 de dezembro de 2009
O chamado voltou-se para a voz com um semi-sorriso nos olhos. A senhora Otsuka era, essencialmente, a alma da empresa. Trabalhava há quase trinta anos para o CEO e havia ensinado-o todos os truques necessários – e alguns desnecessário.
Ela não tinha mais que um metro e sessenta centímetros de altura, de corpo e rosto redondos, cabelos castanhos com mechas loiras – que eram, de fato, fios brancos tingidos de dourado -, olhos pequenos de íris claras, grandes, nariz empinado e boca enrugada. Algo que, na sua infância, ele teria associado como uma mistura entre a tia chata e uma fada-madrinha.
O rapaz acenou com a cabeça à pergunta dela e a senhora riu, segurando-o pelo braço. A companhia dela fê-lo bem. Não havia como negar que ele não conhecia grande parte dos funcionários; mantinha contato apenas com os coordenadores e com a sua própria secretária.
AnzenSuuji era a porção da empresa Anzen dedicada à segurança digital e a que mais crescia. As equipes de desenvolvimento de sistemas, em geral, não pensavam em segurança durante as fases de projeto e implementação do software. Geralmente, lembravam-se de segurança apenas no momento da implantação. Nesta hora, usavam soluções como VPN, Firewall, IDS para garantir a proteção do ambiente onde o software opera. Essas soluções, porém, não resolviam todas as necessidades de proteção que um sistema possui, deixando-o exposto a fraudes oriundas tanto de fora quanto de dentro da organização.
A AnzenSuuji trabalhava na criação de linhas de serviços com o objetivo de fazer com que as organizações possuíssem seus softwares desenvolvidos com total segurança.
Isso também significava que ele trabalhava no prédio da cidade com maior concentração de ratos de computador por metro quadrado.
Neji balançou uma vez sobre os calcanhares, tentando identificar os convidados. Parte deles, a parte que parecia saída de um desfile de moda, a parte pequena, era mais conhecida. Esposas, filhas e filhos de coordenadores e diretores. Os demais, parecendo experiências de uma dona de casa ou modelos de lojas de produção em série, eram rostos que não puxavam lembrança alguma. Por míseros segundos, ele sentiu nojo da própria prepotência.
Sentia-se bem vestido em uma versão mais austera da coleção mais recente de Ermenegildo Zegna, um terno grafite que, devido ao local, dispensava as luvas que o acompanhavam. Se havia algo que uma criança Hyuuga aprendia desde cedo era que aparência era algo importante.
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22 de setembro de 2009
Ele desceu do seu recém adquirido Infiniti G37 – presente de formatura –, acionou as travas e o alarme. Mais dez passos e estaria no elevador.
- É o teu aniversário, Shikamaru! Nós temos que fazer algo especial!
Aquela era a primeira vez que ele ouvia a voz da estagiária desde que havia assumido como Diretor Geral. Ela caminhava com outro rapaz – que ele desconhecia – em direção ao lado mais distante do estacionamento.
- Eu não quero atrapalhar todos com uma comemoração no meio da semana – ele murmurou, quase como em um pedido de desculpas, mas sua voz não conseguia esconder o tédio. – É muito problemático.
- Tsc! Não será problema! Nós comemoramos na hora do almoço! E eu conheço uma loira muito interessada em participar de tudo!
E a voz dela começou a sumir enquanto balbuciava sobre as preparações. Logo Neji estava sozinho, parado ao lado do carro novo, olhando para a curva cinza onde eles haviam desaparecido.
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18 de dezembro de 2009
- O que observas, criança? – perguntou a senhora Otsuka e os olhos claros voltaram-se para ela.
O CEO havia auxiliado-a na escolha da roupa – um conjunto de duas peças de um roxo profundo.
- A senhora se sente confortável nessa roupa? – ignorou a pergunta inicial.
- Querido, achas que eu usaria algo que não me deixasse confortável? – ela ergueu as sobrancelhas ralas e Neji viu-se obrigado a concordar.
Sua secretária não usaria, faria ou concordaria com qualquer coisa que não a deixasse confortável. Era algo quase reconfortante. Depois de tantos anos no mesmo posto, a mulher sabia mais sobre a companhia e o que deveria ser feito que metade dos coordenadores e não era tímida em afirmar isso.
- Não respondeste a pergunta.
O Hyuuga pôs as mãos dentro dos bolsos da calça antes de responder:
- Não conheço a maior parte das pessoas que trabalham para mim.
- Estás no posto há apenas um ano, isso é normal. Se não os conheceres dentro de três anos, nós começaremos com os exercícios para memória fotográfica.
Os olhos pérola não precisaram pousar sobre a mulher para saber que ela sorria, divertida.
- Pensando em conhecer melhor alguma das tuas funcionárias?
Aquilo o pegou de surpresa. Não era como se eles não conversassem sobre problemas pessoais, mas relacionamentos não estavam em seus planos por ao menos mais três anos. Isso apenas se a família insistisse que ele precisava de um herdeiro. Por enquanto, sentia-se confortável o suficiente com o loft de solteiro, as viagens constantes para outros países e sua secretária como companhia feminina mais constante.
- Isso é contra as normas da empresa – respondeu simplesmente.
- Criança, as normas da empresa apenas não encorajam a interação entre os funcionários. Impedi-los seria querer demais – abanou-o.
- A minha posição não permite que eu... interaja com as funcionárias. Seria assédio sexual.
A risada dela, algo que sempre o lembrava uma raposa, fê-lo voltar-se para a senhora. Os olhos azuis dela observavam os convidados, sem sinais de uma resposta. Ficaram em silêncio pelos minutos seguintes.
- Precisas de um amigo.
As sobrancelhas finas ergueram-se.
- Como?
- Um amigo. Alguém que se preocupe contigo.
Ele rodou os olhos internamente. Às vezes, a senhora parecia uma professora de jardim de infância. O herdeiro Hyuuga estava satisfeito com a sua vida no dado momento e não via necessidade de criar laços com pessoas apenas para manter aparências sociais. Obviamente, esse argumento não funcionaria no exato instante, então, usou outro.
- Tenho amigos.
- Amor, eu organizo a tua agenda, não há como negar.
Ele havia se esquecido desse pequeno detalhe.
- Amigos não são particularmente necessários nesta profissão.
Assim que as palavras saíram, Neji percebeu que esse argumento era tão inútil quanto o anterior. O problema de discutir com a pessoa mais próxima de ti e com uma experiência que poderia te fazer girar em círculos por horas é que ela estaria sempre um passo à frente.
- Porque nós sabemos como a tua posição não gera estresse e como a tua família te apóia.
Talvez colocar uma empresa nas mãos de um recém-formado, deixando que ele equilibrasse as exigências de um posto usualmente preenchido por pessoas com o dobro da idade dele não fosse a melhor forma de demonstrar amor. Mas com certeza demonstrava confiança – ele podia lidar com isso.
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20 de maio de 2007
Se havia um espaço em todo o prédio que fazia a pele de Neji enrugar-se era o refeitório. A comida não era ruim, o espaço era sanitário e a decoração suave o bastante. O problema do Hyuga com o cômodo, era como as pessoas comportavam-se nele. Pareciam animais em bando, todos buscando um local seguro para devorar a presa.
Uma bandeja foi depositada em frente à dele e os orbes pérola subiram para encontrar a expressão desafiadora da garota que, como ele, era apenas uma estagiária e, portanto, não tinha lugar nos grupos.
Os dois encararam-se por alguns momentos, ele com os braços apoiados sobre a mesa, ela, com um joelho sobre a cadeira e o corpo ereto. Finalmente, a morena deu de ombros e disse:
- Eu sou nova por aqui e, como tu pareces isolado, pensei que ambos poderíamos usar a companhia – dito isso, sentou-se.
O Hyuuga observou-a curiosamente enquanto ela pegava o garfo e começava a mexer em uma empadão de legumes. Não demorou muito e ambos, silenciosamente, dispuseram-se a comer.
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18 de dezembro de 2009
- Olha ali – apontou para o lado bem vestido. – Até as Nozes estão interagindo!
Havia uma lógica por trás do apelido que a senhora havia dado aos coordenadores - era uma evolução de Nariz Empinado. O recém-formado não sabia como ele não era catalogado como uma Noz.
Seguindo as ordens da secretária, seus olhos pousaram sobre os coordenadores e as suas famílias. As Nozes estavam, de fato, interagindo. Apenas entre eles. Os homens e mulheres separavam-se em pequenas rodas de conversas, habituados uns aos outros.
- Pouco interessa o quão falsos eles estão sendo! – a senhora Otsuka completou.
Neji optou por ignorar o comentário malicioso – porém não menos verdadeiro – da colega e voltou a observar o salão.
A parte saída da produção em massa parecia um pouco mais relaxada que as Nozes. Eram em maior quantidade, quase cinco sextos dos participantes, a maior parte homens e praticamente nenhum com acompanhantes. Riam em pequenos grupos formados, provavelmente pré-dispostos pelos departamentos nos quais trabalhavam.
Distraidamente, seus olhos pousaram sobre a estagiária, apertando-se, então, para capturar os detalhes da inesperada visão.
Era como tivessem despido-a de personalidade.
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22 de agosto de 2007
Ele suprimiu um suspiro ao perceber que o elevador havia sido chamado no saguão do prédio. Previamente, afastou-se do meio da caixa de metal, as mãos acomodadas dentro dos bolsos das calças. As portas deslizaram e logo estava em frente à estagiária. Ela sorriu suave em forma de cumprimento antes apertar um dos botões e parar ao seu lado, as pernas afastadas e os braços cruzados.
A menina moveu os pés e deixou os braços caírem ao lado do corpo com um barulho que ele não soube identificar. Os olhos pérolas deslizaram para a lateral diante do desconforto feminino. A Yuan Jia coçou o pescoço antes de virar o corpo abruptamente para a figura masculina.
- Saca só, tu és um dos figurões, não és? – perguntou finalmente.
Neji ergueu as sobrancelhas em sua melhor expressão "E isso é de teu interesse porque...?". Ela pareceu contente consigo mesma e voltou a encarar a porta metálica.
- Nem precisa falar, o teu terno diz tudo – riu. - Mas a tua gravata... – ela fez uma careta – faz o teu rosto parecer amarelo – concluiu, com um meio sorriso.
Foi a vez dele de virar-se para observá-la. A menina – porque não havia melhor forma para descrevê-la – usava um par de calças que passavam dos joelhos, um tom entre tecido cru e caramelo, uma camiseta de mangas curtas azul escuro com detalhes mais claros, tênis rasteiros pretos, meias brancas com estrelinhas prateadas e dois coques.
Ela definitivamente não podia reclamar da gravata dourada e azul dele.
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18 de dezembro de 2009
Os olhos quase brancos dele deslizaram sobre o corpo feminino, captando a informação visual. Os trajes, usualmente moleques e despojados, haviam se transformado em um vestido. Aliás, um quadrado marrom – que dava destaque aos olhos dela, mas fazia a sua pele parecer amarelada - de tecido leve, amarrado na cintura por um fio fino de mesmo tecido. O vestido em si não era feio, mas, no corpo da garota, parecia um saco sem curvas, deixando os antebraços mais magros, as canelas destoantes dos quadris. Os sapatos, pretos, de tiras largas, eram pesados demais para o tecido e não escondiam a ausência de pedicure. Os coques haviam se transformado em um único – desfeito o bastante para parecer casual-chique -, mas, ao invés de usar brincos de destaque, a garota havia optado por uma correntinha dourada. A maquiagem, ou a ausência dela, resumia-se a lápis de olhos preto – que realçava as suas olheiras - e um brilho labial. Para completar, o guarda-roupas usual dela havia marcado suas pernas e braços com um bronzeado meio-a-meio.
Ela parecia uma garotinha indo a uma festa de formatura.
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26 de fevereiro de 2008
Ele correu as digitais pela lateral do relatório, seus olhos passando uma e outra vez pela análise – que ele já havia decorado – feita. O elevador deu um suave "plim" antes de as portas abrirem-se e de ele deslizar para um andar não administrativo. Os orbes pérolas correram pelas cabeças desconhecidas antes de ele dar o primeiro passo em direção ao chefe do departamento.
- Final de semana com a família! Tem coisa melhor?
Neji virou-se, surpreso ao ouvir a voz da estagiária.
- Suponho que não – respondeu quem deveria ser a outra única figura feminina trabalhando naquele andar.
- E tu? Vais fazer o quê? – ela perguntou, enquanto as duas bebericavam algo de um par de xícaras.
- Faxina, arrumar algumas coisas.
Ele rodou os olhos diante da trivialidade delas. Deveriam estar trabalhando e não conversando sobre o final de semana.
- Não queres deixar para o próximo final de semana?
O Hyuuga viu-se dando um passo incerto na direção das vozes. Só para confirmar se o estilo caótico dela não era ocorrência de apenas um dia.
- Aí eu posso te ajudar! – continuou a estagiária.
Não demorou muito e as duas entraram em seu campo de visão.
- Se tu fores lá para casa, a última coisa que nós faremos é arrumar – a amiga riu e Tenten mostrou-lhe a língua.
A menina usava calças verde-floresta, um modelo similar ao da vez anterior, uma blusa branca com detalhes em dourado, tênis caramelo, meias de bolinhas e um par de coques.
Aparentemente, o estilo caótico dela era algo usual.
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18 de dezembro de 2009
- Ela é bonita – disse a senhora Otsuka e Neji tentou contar se o tempo que havia observado a garota era o bastante para gerar alguma conclusão.
Ela era bonita. Aquele tipo garota-da-porta-ao-lado bonita – nada de especial.
- Ele é uma estagiária, não deveria estar na festa de encerramento de ano dos funcionários – foi a resposta dele enquanto ambos observavam a moça bebericar uma taça de champanhe pela terceira vez.
- É impressão minha ou a taça dela está sempre cheia. Quero dizer, a garota bebe e ela não esvazia! – comentou, quase ultrajada, tomando um gole da própria bebida.
- Ela apenas finge que bebe, por isso a taça está sempre cheia – justificou.
- Oh, então tu estás prestando atenção nela.
Ele havia andado para essa que nem um patinho.
Sim, Neji havia prestado atenção no fato de que ela não engolia o líquido espumante. Também havia prestado atenção à forma como mantinha um braço cruzado em frente ao corpo, o jeito descontraído que usualmente a acompanhava faltando, como mal movia os pés do lugar, desabituada ao salto, como seu sorriso era mais fixo e menos divertido.
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5 de março de 2007
Se existe algo para o qual o mundo preparou Neji Hyuuga, foi para assumir a posição de cabeça de uma das inúmeras filiais da empresa da família. Portanto, aos vinte e um anos, seria apenas normal que ele aceitasse o estágio mais ortodoxo e não curricular já criado. Por esse derradeiro motivo, ele se encontrava atrás da parede espelhada da sala de entrevistas, observando Hiashi Hyuuga, atual Diretor Geral da empresa, fazer algo que nenhum CEO faria, porque "se ele queria conduzir uma empresa, ele o faria sabendo o papel de todos".
- Você é muito jovem, senhorita... – os olhos claros dele passaram sobre o currículo que se encontrava em suas mãos – Yuan Jia.
- Eu sei – ela respondeu simplesmente, os olhos castanhos imperturbáveis enquanto ela observava o entrevistador.
O senhor Hyuuga observou-a cautelosamente, analisando se a garota intencionava algum tipo de desacato.
- Mesmo com as notas e as atividades extracurriculares, não é comum aceitarmos alguém com apenas três anos de faculdade – disse, por fim. – Há muitas coisas que não a favorecem – concluiu, largando as folhas sobre o tampo de vidro.
As sobrancelhas da menina ergueram-se e a expressão dela moldou-se, confusa.
- Três anos de curso, - quantos anos? Vinte e um? – imatura, uma mulher em uma profissão que favorece a forma de pensar masculina – argumentou, cruzando os dedos sob o queixo.
- O senhor já ouviu a citação "Segurança é, essencialmente, uma superstição. Não existe na natureza. Nem mesmo as crianças dos homens a experimentam como um todo."?
Eles ficaram em silêncio por alguns instantes e Neji se perguntou se a garota não entendia que havia sido dispensada.
- Helen Keller, caso o senhor esteja curioso, apesar de não ser esse o ponto – a menina sorriu lentamente, inclinando-se para frente. – O ponto é que eu posso hackear todo o sistema de vocês – disse, a cabeça pendendo para o lado esquerdo como se ela estivesse contando a uma criança que ela não poderia tomar sorvete, um sorriso de lado.
Os dois Hyuugas observaram-na atentamente, esperando algum tipo de sinal.
- Isso é uma ameaça, senhorita Yuan Jia? – perguntou, finalmente, o mais velho.
- Não, isso é apenas um aviso do que vocês estariam perdendo – ela sorriu, algo mais divertido e relaxado que antes.
Nesse dia, Tenten Huo Yuan Jia conseguiu o estágio na segunda maior empresa de segurança do mundo.
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18 de dezembro de 2009
- Eu estava na entrevista dela para o estágio.
- Ela é jovem.
- Ela impressionou.
Assim que as palavras saíram, Neji percebeu que não era a coisa certa a ser dita. A senhora-raposa riu.
- Ela citou uma escritora, filósofa e conferencista em uma ameaça bem sutil – tentou corrigir-se.
- Três pessoas ou uma mulher multiuso? – riu.
- Uma mulher multiuso.
Ele absteria a ambos de falar que, depois de ouvi-la, havia pesquisado a autora da frase. Conseguia recordar-se, ainda, dos detalhes mais importantes. Helen Keller falava francês, latim e alemão, ganhara diversos títulos e diplomas honorários de inúmeras instituições, fora membro honorário de várias sociedades científicas e organizações filantrópicas nos cinco continentes. Era, mais que isso, uma mulher nascida no final do século XIX, que havia superado preconceito na carreira de filósofa e jornalista, mesmo depois de, aos dezoito meses de idade, ter-se tornado cega e surda.
- Ela tem quase a tua idade, assumo? – sorriu, divertida.
Forçou-se a não lançar um olhar de aviso para a senhora.
- Suponho – deu de ombros.
- Hm, ela parece interessante.
Nesse instante Neji Hyuuga soube que a sua secretária – aquela mistura estranha de tia chata, professora de jardim de infância e fada-madrinha - estava planejando algo.
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Tu dizes que aquele jantar de gala é futilidade, que salto alto estraga a coluna, que jóias são gasto de dinheiro, que cabeleireiros são neuróticos, que saias são arejadas demais.
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Nota da Autora:
Porque eu precisava de algo leve depois de ter escrito quatro capítulos de Boneca de Plástico um atrás do outro.
By-bye.
