Capítulo 1: O Guardião de Hogwarts.


- Mitch, acho que você está se torturando à toa. – disse Elric, o senhor ruivo, vestido em vestes douradas com um brasão de cor verde esmeralda, aonde a varinha, a espada e a flecha se cruzavam.

- Eu podia ter o impedido de morrer. – disse o jovem ruivo irlandês, diante de seu avô.

- Você devia saber que esse é o destino daqueles que se aliam às trevas, Mitch. – disse seu irmão Cedric. – Eu também não queria que Adrian morresse, mas ele foi idiota em acreditar que Você-Sabe-Quem deixaria-o vivo. Ele também foi muito estupído, e não merecia portar o símbolo de Sonserina: se tinha uma coisa que Salazar Slytherin nunca perdoou, foi idiotice!

- Mas eu vi ele caindo na frente da Avada Kedavra. Consegui salvar você, Cedric, e Harry, mas não consegui salvar Adrian.

- Cedric tem razão! – disse sua irmã Enya – Mitch, você se exige demais. Precisa relaxar um pouco, porque senão Você-Sabe-Quem não precisará de nenhum Avada Kedavra para acabar com você: você mesmo fará o serviço por ele!

- Tem razão...

Mitch pensava no que tinha acontecido no seu último ano escolar. Claro que ele gostaria que as coisas fossem muito diferentes, mas elas tinham acontecido daquela forma. Mitch começou a se perguntar porque seu cabelo era ruivo. Pois isso em sua família era sinal de que a pessoa era um bruxo.

Mitch Andaluzia McGregor estava indo para o seu 4º Ano na Escola de Magia e Bruxaria em Hogwarts. Seu avô, Elric, foi um dos maiores Aurores, bruxos especializados em caçar bruxos das trevas, de todos os tempos, mas agora era considerado traidor, porque durante a invasão de Caer Masar, antigo protetorado dos McGregor, ele fugiu, impedindo que seu clã, os McGregor, fosse dizimado.

Mitch tinha como irmãos mais velhos os trouxas Angus e Ramon. Eles eram trouxas pois seu clã foi amaldiçoado a muitas centenas de anos atrás por um dragão antigo muito poderoso e maligno, chamado Kryandor, e desde então o nascimento de bruxos em sua família passou a ser irregular. Seu avô foi o único de sua geração a ser bruxo e a ter filhos, sendo que todos eles eram trouxas. John, filho mais velho de Elric, foi o único a ter filhos, e foi também o único a se casar e tinha um poder útil aos McGregor: por algum motivo, apesar de trouxa, John possuia a habilidade de ver e ouvir coisas mágicas, o que não o tornava totalmente trouxa. John e sua mulher, Andrea, também trouxa, mas de um clã tradicional de bruxos espanhóis, tiveram cinco filhos antes de morrerem durante uma investigação que os dois executavam em segredo no local conhecido como A Torre de Ma'at, no Vale dos Reis no Egito: os dois mais velhos trouxas Angus e Ramon e os três jovens ruivos Mitch, Enyamarana e Cedric.

Enyamarana, ou Enya, era dotada de um estranho dom, herdado do lado McGregor da família: ela era uma Barda Verdadeira, uma pessoa capaz de retirar poder de três poderosas Canções, a goltraí (a Canção da Saudade, capaz de trazer as lembranças felizes deixadas pelos fatos bons do passado), a geantraí (a Canção do Júbilo, que aumentava a esperança e confiança daqueles que a ouviam) e a suantraí (a Canção de Ninar, capaz de induzir a pessoa a um confortável e relaxante sono). Apesar dos doze anos de idade (treze a completarem-se na noite de Samhain, ou do Halloween), ela era muito mais madura e experiente do que se imaginava e seus olhos verde-esmeralda mostravam isso. Ela também era da Casa de Grifinória, a mesma de Mitch, e atualmente usava seus longos cabelos ruivos sem nenhum tipo de adorno.

Seu irmão mais novo Cedric, gêmeo de Enya, aparentemente herdou poderosas habilidades de Adivinhação do lado Andaluzia da família. Mas não que isso não o tenha tornado menos briguento. Talvez menos irascível, mas não menos brigão. Também com doze anos de idade, sua estatura porém era a de um garoto pelo menos 2 anos mais velho que ele. E se isso não fosse suficientemente intimidador, seus braços musculosos talvez o fizessem temer. Se isso já não era o suficiente para mostrar que os dois gêmeos eram diferentes como água e óleo, o Chapéu Seletor, um velho e sábio chapéu criado pelos Fundadores de Hogwarts, selecionou-o para a Casa Rival de Enya e Mitch, a Sonserina.

Mitch, como alguns alunos de Hogwarts, era um aluno que vivia se envolvendo em aventuras. Nos três anos anteriores, já enfrentara perigos que provavelmente fariam tremer um adulto trouxa. Já colocara-se em risco de vida pelo menos 5 vezes e, entre outras peripécias, já teve a medula cervical lesada (depois curada com o uso de magia), já sobrevivera a ataques das mais perigosas magias existentes, as chamadas Maldições Imperdoáveis, e também já resistira e sobrevivera ao ataque do bruxo mais poderoso de todos os tempos: Voldemort, tão poderoso e maligno que muitos chamavam-o de Você-Sabe-Quem.

Naquele momento, Mitch tentava colocar a cabeça no lugar depois de um terceiro ano de Hogwarts turbulento, mas não havia jeito: todas as noites, a mesma imagem lhe vinha à cabeça. Um jovem moreno, olhos verdes, sendo atingido no peito por um raio verde, e esse mesmo jovem tombando, olhos vítreos de morte dolorosa não revelada. Aquele era Adrian Andaluzia, primo que ele descobrira ter apenas no ano anterior e que morrera ainda em seu primeiro ano de Hogwarts.

Enquanto os quatro conversavam, após o chá da tarde, quatro corujas entraram pelas janelas de Caer Slaeun, o atual protetorado dos McGregor irlandeses: uma rústica, embora bem conservada, fazenda na zona rural da grande cidade (para os padrões irlandeses) de Sligo, aonde seu avô criava corujas e plantava alimentos, entre outras coisas. Duas dessas corujas carregavam cartas em pergaminho e tinta verde fosforescente, enquanto as duas outras carregava um pacote na direção de Mitch.

- Que pacote é esse? – disse Enya – Essas corujas...

- Não, eu reconheceria se fosse alguma coruja de algum amigo, como Edwiges, Odin, Neil, Zumbi, Agrippa ou Baskhara, por exemplo.

Mitch sempre teve muitos bons amigos, com o qual se comunicava por coruja, que era o correio dos bruxos. Algumas corujas, ele próprio deu a seus amigos: como seu avô sempre teve muitas corujas, e elas se reproduzem com certa facilidade em cativeiro, ele podia pegar algumas e presentear seus amigos, mesmo as corujas sendo artigos bruxos muito caros. Era o caso de Neil, que dera a sua namorada Helen Ebenhardt, Zumbi, que dera ao bom amigo de classe Carlos Amaral, e Agrippa, que foi dada de presente a um veterano amigo seu, Ronald Weasley, chamado normalmente de Rony.

Já outras foram compradas por outros amigos seus, ou eles as ganharam de outros: foi o caso de Odin, da amiga da Casa Rival de Sonserina Erika Stringshot, Baskhara, que era de uma outra amiga veterana da Grifinória, Hermione Granger, e Edwiges, que era de posse do famoso Menino que Sobreviveu Harry Potter.

Mas aquelas corujas lhe eram estranhas, e o único motivo pelo qual ele aceitou o pacote disforme foi ver que por cima dele estava desenhado o brasão de Hogwarts:

- O que será isso? Vovô, você faz alguma idéia do que possa ser?

- Infelizmente não, Mitch. Talvez seja melhor você abrir.

De certa forma, o pacote disforme que caira sobre seu colo lembrava-lhe os pacotes que a sra. Weasley, mãe de Rony, lhe mandava todos os natais, com suéteres tricotadas à mão, quase sempre em verde e laranja, as cores do Eire (a Irlanda, seu país de origem e sua pátria-mãe). Mas quando ele o abriu, não foi uma suéter que apareceu, mas sim uma grande capa avermelhada, com um brasão de Hogwarts bordado ao centro. Dragonas douradas pendiam das laterais da capa, unidas por aramelas também douradas.

- O que é isso? – disse Cedric, curioso.

- Que lindo! – disse Enya, maravilhada com a capa.

- Santa Brigitte, quem me mandou isso? – perguntou Mitch.

- É meio óbvio! – disse Cedric – Veio de Hogwarts! O brasão está tanto no pacote quanto na capa.

- Tem uma carta aqui! – disse Mitch, enquanto desdobrava o volume da capa.

Ele pegou então um pequeno envelope que estava endereçado a ele, com o brasão de Hogwarts lacrando-o, e abriu-o. De dentro, retirou um pergaminho aonde estava escrito:


"Caro Sr. McGregor:

Pedimos-lhe que confirme seu retorno a Hogwarts para o seu 4º Ano de Estudos. Aguardamos sua confirmação. Também aproveitamos para lhe informar que você foi escolhido para integrar a Guarda de Hogwarts, um novo grupo de alunos que irão fazer a proteção de nossa escola. Caso não deseje integrar esse grupo, favor devolver a capa que está lhe sendo enviada em anexo. Ela será a indicação de que é parte da Guarda e possui Feitiços Anti-Ladrão. Sua aceitação fará tais Feitiços desaparecerem.

Atenciosamente

Professora Minerva McGonagall

Diretora Adjunta

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts"


- Guarda de Hogwarts! – perguntou Cedric, ao ler a carta.

- Que será isso... – pensou Enya.

- Acho que tem a ver com a volta de Voldemort. – disse Mitch, pesaroso.

- Ânimo, Mitch. Se você foi escolhido, não deve ter sido à toa! Você tem muitas habilidades. Lembre-se de seu Sangue. - disse Elric McGregor, com a força de voz de um Auror

- Tem razão, vovô! Já que isso começou, vamos até o fim. – disse Mitch, pronto para a ação.

Muitos de seus amigos sabiam que Mitch era dotado da habilidade conhecida entre os bruxos como Sangue Auror, que era a habilidade de distinguir amigos de inimigos e de sbaer, com precisão quase absoluta, em quem e quando confiar. Muitos possuem tal habilidade, mas em Mitch e em alguns outros poucos bruxos ela era quase um sexto-sentido.

Naquela mesma tarde, os três jovens bruxos enviaram de volta as corujas com as confirmações de inscrição. Foi quando Mitch disse:

- Vovô, talvez devessemos voltar para Kievnashravostok, em Londres. Boris e Anastasia devem estar lá, e Anya poderá nos receber bem. Podemos ir pela rede do Flu. Teremos que fazer nossas compras no Beco Diagonal e tudo o mais, e imagino que de repente eu vá ter missões importantes antes de ir para Hogwarts. Mas mais importante que isso é o fato que não posso colocar o senhor em risco.

- Não se preocupe comigo, Mitch. - disse Elric enquanto olhava para eles - Você sabe que apesar de velho posso me cuidar muito bem sozinho. Espero apenas que você se cuide e cuide de seus irmãos e que nunca esmoreça. Esmorecer é desistir, desistir é ser covarde, ser covarde é cair, e na queda é que o mal encontra sua vitória.

- Tem razão vovô! Espero que tudo acabe bem!

Os três prepararam suas coisas e em pouco tempo os três malões estavam prontos. As vassouras Stardrive estavam empacotadas, assim com as três gaiolas, de Hawking, Brigitte e Lee, as três corujas dos irmãos, estavam também em seu lugar. Então, pegaram um pouco de Flu e atiraram contra a lareira. As chamas mudaram do vermelho para o azulado. Mitch disse:

- Para Kievnashravostok: Anya, será que tem espaço para mim e meus irmãos aí?

Anya colocou a cabeça para fora. Os cabelos loiros agora mais do que nunca belos escorriam em mechas cacheadas. Agora Mitch entendia de onde sua irmã havia tirado a expressão "Cachinhos dourados" para Anya. Suas bochechas eram rosadas, de um rosa lívido, que constratava com o branco de neve de seu rosto. Seus olhos verdes eram de uma cor de musgo, viva mas ao mesmo tempo fria, o que condizia com uma bruxa formada pela escola de Durmstrang, reputados por formarem bruxos de frieza e calculismo incríveis. Mas tal frieza escondia um bom coração, que Anya demonstrava sendo a Embaixatriz da Rússia no Ministério da Magia inglês:

- Oi, Mitch! Bom ver que você está bem! Sim, tem espaço o suficiente, apesar que termos parentes aqui.

- Boris e Anastasia? – perguntou Enya.

- Não apenas eles! – disse Anya. – Dois novos primos, e os pais deles também! Venham!

- Já estamos a caminho. Se pudesse mandar Boris nos ajudar com as coisas... – disse Mitch.

- Claro, que sim, camarada! – disse Boris, colocando a cabeça para fora. O rosto de Boris era duro como o aço e redondo como uma goles de quadribol, o popular esporte bruxo, mas escondia uma certa suavidade.

Poucos segundos depois, Boris passou pela lareira de Caer Slaeun. Mesmo sendo da mesma idade e quase do mesmo tamanho de Cedric, Boris conseguia ser ainda mais intimidador que o jovem irlandês. Seu corpo era ainda mais brutal e compacto, o que escondia a agilidade que tinha, como era condizente com a posição de goleiro que ele ocupava nos times de quadribol. Falava com um inegável sotaque russo, ao qual Boris, embora falasse perfeitamente o inglês, não sabia ou não fazia a menor questão de esconder. Ao chegar perto de Mitch, abraçou-o como a um irmão e beijou-lhe as bochecas, como os russos habitualmente fazem. Fez o mesmo com Cedric e Enya.

- Como foram de férias, Boris? – disse Enya.

- Muito boas! Visitamos Praga e Kiev, e vimos a partida do campeão mundial de xadrez trouxa Anatoli Karpov contra Gary Kasparov! Camaradas, poucas coisas são mais épicas que o embate mental entre dois homens diante de um tabuleiro, decidindo qual é o mais preparado mentalmente para suportar a pressão psicológica de seu adversário!

- Bem... – disse Cedric, bocejando – Vamos?

Boris pegou as três gaiolas, enquanto os irmãos colocavam sobre carrinhos os três malões. Boris foi na frente primeiro, com Enya e Cedric logo atrás. Mitch esperou um pouco e disse:

- Adeus, vovô! Espero que tudo dê certo.

- Adeus! Juízo! – disse Elric.

Mitch então atirou o flu nas chamas avermelhadas, que logo passaram à cor do gelo, dizendo "Kievnashravostok". Em seguida entrou, desaparecendo de Caer Slaeun, e deixando para trás um Elric pensativo.

Boa sorte, Mitch! – disse Elric – Que a Deusa o proteja do mal!