Marvin Adler era um homem extremamente inteligente, mas o que sobrava em inteligência faltava em habilidades sociais. Não que ele não conseguisse se comunicar, ele só era tímido em conversar conversas triviais que interessavam a todos menos ele. Por isso ele passava seus dias trabalhando, imersos em suas contas, como contador de uma pequena empresa de materiais escolares, a Sanders e CIA.

Às vezes, a solidão o incomodava na noite, mas nada que um bom livro não resolvesse. E por esse motivo ele saía tarde da noite da empresa. Ele não esperava que nada de diferente na sua vida acontecesse, continuava a levando como podia.

Foi numa noite que para ele era extremamente comum que algo chamou sua atenção. Marvin concentrava-se o dobro, lutando contra o sono, mergulhado nas páginas de O Jogo do Anjo, quando um barulho no quintal de sua pequena casa o deixou em alerta. Levantou-se e andou na ponta dos pés. Se preciso fosse usaria com pena, mas eficácia o grosso livro em suas mãos como arma. Abriu as portas do fundo com cuidado e... deparou-se com uma geringonça que parecia uma geladeira.

-Mas que viagem cara!-uma mulher saiu de dentro da geladeira num estado que Marvin julgou bêbada.

-Como a srta. veio para aqui?-ele reuniu coragem para perguntar meio assustado.

-Boa pergunta bonitinho-ela se aproximou dele e Marvin deu uns passos pra trás.

Mesmo assim ela conseguiu tocar o rosto dele.

-Boa pergunta-ela deu um sorriso um tanto malicioso-faria o favor de me dizer onde estou?

Ela piscou os olhos incisivamente na última parte.

-Bristol Inglaterra, no meu quintal-Marvin respondeu com hesitação-agora sai da minha casa porque eu não te conheço.

-Mas que modos são esses vermezinho?-a mulher pareceu voltar a sobriedade-eu pensei que vocês humanos eram mais educados com as visitas. Ah já sei! Eu nem me apresentei, como eu espero que você seja legal comigo se não me conhece?

-Isso foi contraditório-Marvin deixou escapar.

-Bom eu sou contraditória!-a mulher deu um sorrisão sinistro-eu sou Missy e acabei parando aqui por acaso.

-Dentro do meu quintal?-ele estava incrédulo-duvido que alguém invade propriedade privada por acaso.

-Ah mas eu vim parar aqui-ela sorriu de novo-com essa belezinha. Missy se encostou na "geladeira".

-Tá, não importa como entrou aqui, quero saber porque entrou aqui-Marvin falou já irritado.

-Eu já falei que foi por acaso-Missy insistiu e se aproximou de Marvin de novo-agora seja bonzinho e...

O diálogo foi interrompido pelo desmaio de Missy. Quando se deu conta do que aconteceu, Marvin estava certo de duas coisas: se via obrigado a abrigar aquela "estranha" estranha e por isso, estava ferrado.