Personagens não me pertencem. Não ganho dinheiro com isso.
"Vamos, querido. Seu pai deve vir logo e eu quero tudo pronto para quando ele chegar".
Luke suspirou. A casa deles era sempre um caos. May insistia em deixar as coisas espalhadas e nunca se preocupava em arrumá-las.
Exceto em um dia do ano.
"Mãe, meu pai não vem. Ele nunca vem!"
"Não seja bobo, querido. Ele deve chegar a qualquer momento agora"
O menino de sete anos fez uma careta quando ela lhe deu as costas, mas não retrucou. Ele tinha toda a certeza de que quem estava sendo boba era ela.
Ele arrumou a sala o quanto pôde sem arrumá-la realmente. Ele sabia que seu pai não viria mesmo, ele só precisava fazer sua mãe achar que ele tinha tentado arrumar.
Depois de algum tempo, Luke largou o que estava segurando e saiu de casa. Ele estava entediado com toda aquela arrumação inútil. Sua mãe fizera um bolo que ele sabia que seu pai nunca chegaria a comer.
Sentou-se do lado de fora da casa e ficou olhando para o nada, perguntando-se como sua vida conseguia ser tão chata. Quando não era chata, era ruim, já que as únicas coisas emocionantes que aconteciam com ele eram os momentos estranhos de sua mãe e as vezes em que ele precisava correr dos garotos mais velhos da escola que queriam bater nele.
"Luke!" ele ouviu sua mãe exclamar atrás de si "Mexa-se! Uma casa não se arruma sozinha".
Ele então se levantou com má-vontade e entrou na casa outra vez.
E teve que piscar quando olhou para a mesa da sala.
"Oras, mas isso não estava aqui quando olhamos, estava?" sua mãe disse surpresa e foi até a mesa ver o embrulho que repousava ali. Ela leu o cartão que vinha junto com o presente e seus olhos se arregalaram consideravelmente "Seu pai me mandou um presente!"
Luke piscou outra vez e enfim foi até sua mãe e o presente. Ele leu o cartão.
"Feliz aniversário. H." Era tudo o que o cartão dizia, numa caligrafia rebuscada que Luke teve que se esforçar para entender. Sua mãe tirou da caixinha embrulhada uma pulseira com vários pingentes pendurados nela.
Outro bilhete caiu da pulseira. Luke o pegou antes que sua mãe o fizesse.
"Para cada vez em que deveria ter te ajudado e não ajudei, um pingente."
"Isso é original" May comentou bem-humorada, guardando a pulseira de volta na caixa "Uma pena ele não ter ficado para comemorar conosco".
Luke então se deu conta de duas coisas.
Primeiramente, ele não fazia ideia de como seu pai poderia ter deixado o presente ali sem que eles vissem.
Segundamente, ele não sabia o nome de seu pai.
"Vamos cantar parabéns!" Sua mãe exclamou alegremente, indo buscar o bolo.
O menino lançou um último olhar à caixa que seu pai deixara sobre a mesa da sala deles de algum modo misterioso e decidiu que pensaria nisso outro dia qualquer.
Afinal, era aniversário de sua mãe e até seu pai fora entregar um presente.
Luke sentou-se à mesa e se preparou para cantar parabéns para sua mãe. Ele mergulharia no mundo estranho e distorcido em que ela vivia, só por aquele dia.
Ele lhe devia isso.
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