Domo pessoal
Estamos aqui para apresentar a vocês 'O Segredo dos Anjos' a primeira parte de uma trilogia, nascida da parceria entre Dama 9 e Saory-san. Contando sobre uma grande paixão que temos em comum, os dourados é claro...
Nessa nova história que estamos desenvolvendo juntas, apresentamos a vocês duas novas personagens, completamente exclusivas e que não serão vistas em nenhuma de nossas fics, mas para conhecê-las melhor, só lendo.
O Segredo dos Anjos se passa após o Prólogo do Céu, mas contem alguns spoillers da saga original, como poderão comprovar ao longo da história.
Mas vocês já podem imaginar, conhecendo-nos a um bom tempo, o que a parceria entre essas duas doidas pelos dourados como nós pode resultar, mas para não estragar a surpresa, deixamos para vocês tirarem suas próprias conclusões.
No mais, desejamos uma otima leitura e agradecemos pela atenção.
♫ Dama 9 e Saory-san ♫
O Segredo dos Anjos
By Dama 9e Saory-san
Nota: Os personagens de Saint Seya não nos pertencem, apenas Diana e Aisty são criações únicas e exclusivas nossas, para essa saga
Boa Leitura!
Capitulo 1: O Grande Prólogo.
I – Ultimo Suspiro.
Rússia / San Petersburgo...Segurou bem forte sua mão e ouviu seu ultimo desabafo. Sentia um misto de tudo dor, raiva, magoa, saudade, revolta. Sua única vontade agora era de fazer aqueles que lhe tiraram seus bens mais queridos pagarem.
-Prometa que não vai se esquecer; a senhora idosa falou, num último suspiro.
-Prometo; ela respondeu com a voz firme.
A mão que antes se segurava a sua com firmeza caiu. Depositou um beijo suave sobre o topo de sua testa e lançou um ultimo olhar sobre a senhora que durante anos fora como sua mãe. Lembrava-se dela com os longos cabelos negros que agora eram acinzentados quase prateados devido à velhice, mas ainda não perdera seu garbo. O garbo altivo conferido ao posto dos Santos Guerreiros.
Uma amazona de Athena...
Pegou a mascara inexpressiva que deixara sobre o criado mudo ao lado da cama e a recolocou, o brilho crescente da lua prateada sobre o céu iluminou parcialmente os orbes verdes. Levantou-se, era hora de seguir seu novo caminho.
Uma pequena mala deixada ao lado da porta quando entrara, tomou-a nas mãos e desceu as escadas. As paredes antigas e rústicas daquela casa nunca seriam esquecidas, as guardaria na memora como uma lembrança do motivo que lhe levara a seguir aquele caminho.
-Senhorita para onde vai? –uma outra senhora idosa perguntou, ao vê-la chegar à porta do chalé em que sua madrinha vivia.
-É melhor que não saiba; Aisty respondeu, calmamente.
-O que devo fazer agora? –ela perguntou hesitante.
-Abandone esta casa, aquilo que lhe deixei deve ser suficiente para encontrar um lugar seguro, mas saia de San Petersburgo o mais rápido possível. Se um dia as Deusas do Destino nos permitirem, nos veremos, até lá, obrigada por tudo Lílian, não vou me esquecer do que fez por minha madrinha; a jovem de melenas ruivas que caiam com suavidade pelos ombros, falou.
-Obrigada Senhorita; a idosa falou.
-Não há o que agradecer, agora tenho que ir. Adeus; ela falou encaminhando-se para fora da casa.
Lílian correu até a porta pra vê-la partir, mas quando chegou lá, ela já havia desaparecido em meio a neve que começava cair aos poucos sobre aquela terra gelada.
II – Qui est Diane?
França/ Paris...
Embora a noite estivesse apenas começando, eram poucas as ruas transitáveis àquela hora. Muitas pessoas devido à temperatura, mal saiam de seus empregos iam diretamente para o calor e sossego do lar. Mas ainda existiam alguns ratos e vermes a transitarem pelas ruas escuras da cidade luz.
-COMO, QUEM É DIANE? –o homem exasperou, esboçando uma perceptível expressão de medo na face cheia de cicatrizes. –Diane, a Deusa da Lua, que anda com o seu arco e flecha nas mãos. Tão bela quanto à lua nova e mais perigosa que...; Ele começou em tom solene, mas foi cortado.
-Aff! Bobagem! Deusas não caminham entre mortais; o companheiro o cortou, gesticulando displicente. - Vamos, já temos o nosso primeiro trabalho da noite, veja! -disse indicando ao longe do outro lado da rua, uma jovem solitária carregando uma pilha de livros. –Universitários... Ela deve ter algum dinheiro; ele comentou.
-Atendezz... (Espere...); ele falou em tom de aviso, seguindo o companheiro pelo beco escuro. –Diane caminha pelas ruas de Paris há algum tempo e você sabe disso. Felizmente não tivemos o infortúnio de cruzarmos com ela até agora, mas...; Os olhos azuis se voltam apreensivos para o céu. –Hoje é lua nova, não devemos nos ariscar e...;
-Tu ne sois pas mou Pierre! (Não sejas frouxo Pierre!) Está com medo de uma mulher mascarada que anda pelas ruas de Paris brincando de justiceira? A protetora dos oprimidos? Faz-me rir; o companheiro exasperou debochado.
-Então... Admite que já ouviu falar de suas façanhas? –disse Pierre, enquanto ocultavam-se em meio à escuridão, para dar o bote em sua presa.
-Façanhas? – ele falou, voltando-se para trás com um sorriso de escárnio a crispar-lhe os lábios. –Já te disse e repito, não temos porque temer uma mulher mascarada, fruto da imaginação de algum maluco que anseia por um justiceiro, ou de frouxos como você, que temem as ruas de Paris e imaginam tal perigo. Nóssomos o verdadeiro perigo nessas ruas; ele falou, em tom pejorativo.
-Mas...
-ASSEZ! (Chega!) Agora cale-se! Não temos tempo a perder; disse o líder, seguindo a jovem universitária que havia entrado em outro beco.
-o-o-o-o-
Espreitavam-na como duas serpentes prontas para dar o bote em sua presa. Acuaram-na, até que a jovem se viu sem defesas, com a lâmina afiada de uma navalha contra o pescoço. Os livros foram jogados no chão e os olhos azuis com um brilho molhado denotavam que não tinha o que eles queriam... Dinheiro.
-S'il vous plaît... (Por favor...); ela balbuciou.
-Non... Não se preocupe, não vou matá-la, ma belle Dame!; Disse o homem, enquanto deslizava a lâmina fria da navalha por seu pescoço. –Mesmo que não tenhas dinheiro, há outra forma de nos pagar; ele completou com um olhar lascivo e malicioso.
-S'il vous plaît, non...; a jovem pediu, desesperada.
-ATTENDEZ! -soou uma voz firme na escuridão.
-Dominique; disse Pierre que apenas assistia a cena, encostando-se acuado na parede. –C´est elle... Diane... (É ela... Diana...);
-Não sejas idiota Pierre! – Dominique vociferou, afastando-se da jovem, mas sem deixar de olhar apreensivo para escuridão.
-DISSE PARA PARAR. SOLTE-A!!! -exigiu a voz misteriosa.
-ONDE ESTÁ? APAREÇA! – Dominique gritou, olhando a esmo para a escuridão e tentando encontrar a dona da voz feminina que lhe falava.
No instante seguinte, ouviram uma rajada de vento. Uma sombra passar rapidamente sobre suas cabeças, vinda de cima dos prédios e pousar a poucos metros à frente.
As formas de um corpo feminino e esguio trajando uma armadura de cobre, com uma faixa amarela atada à cintura desenhava-se sob a claridade da lua, enquanto punha-se de pé após o salto.
-Diane! -exclamou Pierre, antes de correr e tentar fugir dali.
A amazona apenas retirou o arco das costas e o retesou, atingindo a perna do homem, que caiu imobilizado e então se aproximou do outro, que ainda segurava a jovem estudante pelos braços.
-Solte-a! –Diana ordenou.
-Então você é Diane? –Dominique falou com desdém, enquanto jogava a moça que tinha nos braços contra a parede. –A Joana D'arc das ruas de Paris! Disseram-me que era linda, tão bela quanto à lua... Pas mal, ma belle dame... Tu es vraiment jolie! (Nada mal, minha bela dama... És verdadeiramente linda!); ele completou lançando um olhar de cima a baixo a amazona. –Pena que esconda seu rosto, atrás desse metal;
No instante seguinte apenas um grunhido de dor cortou o ar. O homem havia tentado aproximar-se da amazona, levando uma das mãos até seu rosto e nisso, teve o braço literalmente quebrado pela mesma. Num movimento que ele mal pode ver, mas certamente sentiu cada um de seus ossos se partindo.
Ela não era uma mulher comum...
Mas ele só descobriria, tarde demais...
-Como ousar tentar me tocar? –Diana falou aproximando-se ameaçadoramente do homem prostrado no chão, gemendo de dor. –Morra por sua própria insensatez!
-Achas que pode me matar, mulher? –Dominique falou, acentuando a última palavra com escárnio a provocando. –Pode me matar se quiser, mas se houvesse mais alguém aqui, digo, um homem, você não teria chances;
-Au revoir! –amazona falou num tom de voz contido, mas queimando de fúria em seu interior, elevando o seu cosmo ao máximo, ficando envolta numa aura prateada.
Uma massa de cosmo prateado concentrou-se entre as mãos e mirou na direção do homem, que diante do imenso poder exalado por ela, havia se posto a correr, deixando o amigo com o ferimento na perna caído no chão. Um estrondo, uma grande explosão de luzes e tudo estava acabado.
O homem sumira como se nunca houvesse estado ali.Pierre, o que havia ficado, grunhia de dor e medo prostrado no chão, quando a amazona voltou-se para ele pegando o arco que havia deixado no chão e o pondo nas costas novamente, antes de o segurar pelo pescoço tirando-o do chão.
-Preparado para se encontrar com o seu amigo no inferno? –Diana perguntou, e se ele pudesse ver através do metal frio da mascara, veria os orbes da amazona cintilarem de maneira tão perigosa, que poderiam retalha-lo.
-Non, s'il vous plaît … Miséricorde! (Não, por favor... Piedade);
-Au revo-;
-Attendez! –uma voz soou atrás da amazona de maneira exaltada, já que até agora ela mantinha-se em silencio devido ao medo e choque diante de tudo que acontecera. –Não precisa fazer isso;
-Estava à mercê desses porcos a instantes atrás e agora intercede por eles? –Diana indagou sem voltar-se para trás.
-Deixe que a justiça cuide deles, vou dar queixa na delegacia e...;
-Justiça? Que justiça? –a amazona exasperou, fazendo a garota tremer, quando soltou o homem com brusquidão no chão, fazendo-o chocar-se contra uma parede. –A justiça dos homens é falha! Só a justiça divina poderá por fim nesse caos. Se eu o deixar vivo, ele vai fazer mal outra vez pode não ser contra você, mas vai. É isso o que você quer?
-Não, mas a justiça divina não está em suas mãos; a jovem falou se aproximando, com passos hesitantes. –Mesmo que digam por aí, que você é uma Deusa e que você de fato ajude muita gente, você é tão humana quanto eu. Pra mim, você só está tendo uma visão distorcida do mundo. Precisa conhecer o outro lado, as coisas boas que o mundo, que as outras pessoas podem lhe oferecer. Para aprender a crer, acreditar que ainda possa existir bondade e justiça. Esse homem pagará pelos seus maus atos, mas não é preciso que você suje as suas mãos com isso, a justiça...;
-CHEGA; Diana vociferou, fazendo a garota recuar um passo. –Chega de filosofias baratas! –ela repetiu, afastando-se da jovem que havia tentado tocar-lhe o braço. –Acredite no que quiser, siga o caminho que quiser, mas não me peça para fazer o mesmo! Acredite, ainda vai se arrepender por não ter me deixado matar esse homem; a amazona falou.
Antes que a jovem pudesse tentar mudar-lhe a opinião, a amazona tomou um impulso, saltando para o céu, tendo suas formas ofuscadas pelo brilho da lua, para em seguida, pousar com suavidade no topo do prédio.
-Au revoir et... Ouvrez les yeux! (Adeus e... Abra os olhos!); ela avisou.
-Atendezz! –a jovem chamou vendo a amazona se afastar, mas já era tarde, estava só. –Merci...(Obrigada);
III – Uma Missão em Paris.
Os orbes prateados acenderam-se, aos poucos tornando-se vermelhos. Ao longe conseguia vislumbrar o sol de pôr. Rochas e montanhas, afastavam-se do meio do mar, seguindo o comando de seu cosmo e coisas extraordinárias surgiam.
-"Essa guerra esta apenas começando"; ele pensou, virando-se rapidamente e retornando para dentro do templo, fazendo os longos cabelos azulados esvoaçarem com seu caminhar de porte imponente e opressivo.
Enquanto todos estivessem achando que finalmente a Terra mergulharia em um manto de paz e sossego, agora que seus santos estavam de volta para garantir isso, iriam ter uma grande surpresa, ah se iriam; ele pensou.
-o-o-o-o-
-Droga! Mas que frio é esse? Tem certeza que estamos na França? Pois sinceramente, isso aqui ta parecendo o Inferno de Gelo de Hades; o capricorniano reclamou.
-Como pode reclamar do frio estando em Paris, me diga? Francamente Shura; Kamus suspirou, balançando a cabeça com desalento, enquanto caminhavam pelas ruas da capital francesa. –Além do que, nem esta fazendo tanto frio assim;
-Ah, ta, sei...; Shura bufou indignado, diante do sorriso zombeteiro do amigo e puxando as laterais do sobretudo preto, afim de se proteger do frio. –Para o Senhor do Gelo,pode até parecer um dia de primavera, mas para qualquer pessoa normal, isso aqui está literalmente parecendo um pedacinho da Sibéria;
-Sibéria? –Kamus indagou ainda se divertindo com o frio exagerado do amigo. –Acho que você morreria só de imaginar como é o frio da Sibéria;
-HÁ! HÁ! HÁ! Muito engraçado! –Shura riu com ar irônico, fechando a cara enquanto adentravam a varanda de um barzinho. –Parece que estar em sua terra natal alterou até o seu humor. Quem diria, Kamus de Aquário o 'Senhor Seriedade' se divertindo as custas das desgraças alheias; ele completou, fazendo o sinal de aspas com os dedos.
-Eu? Imagine...; Kamus falou, com um meio sorriso nos lábios, que passaria muito bem por sádico, enquanto se sentavam em uma mesa que ficava ali mesmo no terraço. –E quanto à mudança de humor, já percebeu que desde que chegamos a única coisa que você fez foi reclamar do frio?
-Prefiro o calor da Grécia; o capricorniano falou veemente.
-Ah sei... Calor da Grécia? Ou será que é o calor dos braços de uma certa italiana de sangue quente que esta na Grécia. Uma certa amazona? –o francês falou, gesticulando displicente.
-Não sei do que esta falando; ele respondeu prontamente, diante do olhar inquisidor e do sorriso maroto do amigo. –Um Wisky, por favor! –Shura pediu, ao garçom que havia parado ao lado da mesa.
- Deux, s'il vous plaît (Dois, por favor); Kamus falou assim que o garçom se afastou, voltou a insistir. –Ah Shura, não se faça de desentendido, que eu sei muito bem dos seus enroscos com a Shina;
-Enroscos? –Shura falou arqueando a sobrancelha.
-Bom, pelo menos sei das suas investidas; o aquariano falou abrindo um enorme sorriso ao ver o amigo mudar de expressão. Chegara no ponto certo. –Ah entendi o porque desse seu mau humor e que na verdade, se não me engano, começou lá na Grécia. Ela te deu um fora, não foi? É foi...; Concluiu ao não receber resposta.
O garçom havia voltado com os drinks e depois de levar o copo até os lábios ingerindo de uma só vez o liquido amadeirado, Shura por fim respondeu:
-Aquela mulher é doida. Não sabe o que quer. Uma hora quer, outra desdenha; Shura exasperou indignado. -Cansei desse joguinho de gato e rato! Cansei de mulher difícil; ele completou.
-Vai entrar pro time do Milo então? – Kamus brincou.
-Não seria má idéia; ele respondeu com um sorriso no canto dos lábios. –Não que eu aprove o estilo de vida do Milo, mas mulher amazona nunca mais;
-É, amazona, talvez seja por isso que ela seja assim; Kamus ponderou, enquanto levava o copo de wisky até os lábios. –Acredite, a vida de uma amazona não deve ser fácil, principalmente a amorosa. Você como cavaleiro devia saber disso;
-E sei. Tudo por causa daquele dogma idiota do uso das máscaras, mas espera um pouco...; Shura falou se endireitando na cadeira. –Estamos aqui por outro motivo lembra? Não temos tempo para discutir sobre amazonas e máscaras e... Muito menos sobre a minha vida amorosa, Senhor Kamus!
-Ta certo! –Kamus sorriu. –Só estava tentando te descontrair, fazer você parar de amaldiçoar o frio. Mas e aí? Qual a sua opinião a respeito desse cosmo estranho, que Athena pressentiu? Afinal, é a nossa missão descobrir quem está emanando essa força estranha e hostil;
-Não tenho nem idéia do que seja; ele respondeu com seriedade. –Mas não voltaremos à Grécia sem antes encontrar o dono desse cosmo;
-Certamente;
Kamus e Shura trocaram um olhar de compreensão. A deusa nada revelara sobre o possível inimigo, talvez nem ela mesma soubesse muita coisa a respeito, no entanto, sentiam que não era uma pessoa comum que procuravam. Afinal, como a manifestação de seu cosmo em Paris seria pressentida por Athena, que estava na Grécia? Realmente, era algo com que devessem se preocupar;
-Sentiu isso? –Shura perguntou, levantando-se de súbito ao sentir algo agressivo pairar no ar.
-Senti, será que...; Kamus falou, mas não pode completar a frase seu celular tocara nesse exato momento. –Athena? É uma ligação da Grécia, e... SHURA ESPERA; ele gritou ao ver o espanhol sair correndo dali.
Não sabia se ia atrás dele e da energia hostil que haviam sentido ou se atendia o celular. Por fim decidiu-se por atender o celular, afinal Shura podia conter o 'inimigo' com facilidade e se precisasse de ajuda, logo estaria em seu encalço.
-Athena, mas... O QUE?
IV – Asas que Tocam o Céu.
Rússia/ Moscou...
Enxugou a testa com um lenço e fitou-se no espelho, seus olhos estavam diferentes ou seria o brilho contido neles? Não sabia ainda responder, porém eles transpiravam a confiança, amadurecimento e segurança. Os traços dos olhos estavam mais refinados, embora ainda fossem escondidos pela mascara que se tornara seu dogma, a marca de quem realmente era. Um dogma que levaria para o tumulo consigo se fosse o caso.
Olhou para o relógio de pulso, estava quase na hora de pegar o avião. Decidira que iria para a Grécia, só assim poderia cumprir sua missão.
-Lembrança-
Grécia / Ilha de Naxos / Alguns dias atrás...
Doze anos, doze longos anos se passaram de forma rápida aos olhos daqueles que devoravam os livros com vigor, sem temer as verdades ou as descobertas. A cada dia o treinamento evoluía e o dia do duelo finalmente chegara.
Sob o céu de lua crescente as duas mais fortes amazonas da ilha lutariam pela armadura de Apus. Já que Dione alem de ser amazona e mestra de Aisty, era também a chefe do clã de amazonas da ilha de Naxos e finalmente sua sucessora seria oficialmente sagrada.
-Aisty e Dafne; Dione chamou, postando-se em meio a uma arena, a sua volta um circulo de amazonas formara-se fechando o cerco.
Dafne era uma amazona prepotente que sempre implicara com Aisty, dizendo que ela era protegida de Dione, mas que não seria capaz de ganhar sozinha a amadura, o que mais lhe frustrava era a indiferença de Aisty com relação a isso. Embora em seu intimo Aisty sabia que ela não passava de uma idiota ignorante que mal sabia a influencia das Deusas do Destino em seu caminho, mas deixaria que o tempo viesse a lhe mostrar isso.
-Essa noite vocês duas vão lutar e somente uma restara. A armadura de Apus não é qualquer armadura, vocês sabem disso. Por isso o mínimo que espero é o melhor de cada uma. Que os deuses lhes guiem pelo melhor caminho e que esta noite minha sucessora se revele; Dione falou. -COMECEM! –ela gritou, saltando para fora do circulo.
Sabia que ao seu menor descuido Dafne lhe atacaria e esse seria seu fim, mas não iria permitir que toda a confiança e dedicação que Dione lhe dera fosse desperdiçada, essa noite provaria a Dione o quanto os caranguejos poderiam ser perigosos.
-Fim da Lembrança-
-Passageiros do vôo 327 para Atenas, favor apresentarem-se no portão de embarque 4; a voz da atendente do aeroporto soou nos alto-falantes por todo o lugar.
O aeroporto internacional de Moscou estava movimentado aquela noite, parecia que todas as pessoas haviam resolvido viajar de avião, porque não usavam um trem, era sempre mais interessante viajar assim; ela pensou, lembrando-se dos primeiros invernos que passara com a família indo de San Petersburgo a Paris assim;
Era incrível a mudança que ocorrera em si, há tanto tempo que não tirava a mascara em publico, antes de abandonar Naxos sua mestra lhe informara que após a guerra dos Santos Guerreiros contra Hades e o retorno dos cavaleiros de ouro ela abolira o uso da mascara, deixando a critério das amazonas escolherem se usavam ou não. No seu caso preferia manter-se assim enquanto estivesse entre os seus, mas agora que faria essa viajem de avião não poderia chamar a atenção, então preferira tirar.
Imediatamente sentiu a diferença ao mirar-se no espelho. Os cabelos ruivos que antes eram cacheados, agora haviam se tornado lisos e caiam até os ombros. Os traços refinados dos olhos eram mais evidentes destacando a íris esverdeada.
Vestia-se como uma garota normal de vinte anos, calça jeans, jaqueta e tênis all star, mas nem por isso perdia o ar imponente e os passos firmes que adquiria com coragem e confiança nos anos de treinamento.
Colocou a mochila sobre a costa e saiu do banheiro, em Atenas voltaria ao normal. Ainda mais ao lembrar-se que graças a seu nome conseguira um ou dois favores da alfândega para despachar a armadura sem que alguém lhe indagasse sobre a origem.
-Lembrança-
-Pelos poderes a mim conferidos como líder do clã das amazonas de Naxos e como Sagrada Amazona de Apus e por sua própria escolha, lhe entrego a armadura de prata que conquistaste ao enfrentar Dafne em um duelo justo; Dione falou.
A luta fora difícil, ambas eram boas naquilo que faziam, porem Aisty levara a melhor devido ao seu diferencial. Desde cedo Dione lhe treinara para esconder parcialmente seu cosmo, quando descobria os motivos que levaram Karina a mandá-la para Naxos, entendera que a jovem era diferente das demais e para sua própria segurança seria melhor que ninguém soubesse a verdade.
Dafne a subestimara e cometera a pior traição que uma amazona poderia cometer. Usar uma arma em combate. Nos primórdios quando Athena veio a terra pela primeira vez e convocou seus cavaleiros, por não gostar de lutas, embora soubesse que eram essenciais, ela proibiu o uso de armas e isso estendeu-se até os dias de hoje, só existe uma exceção, mas essa fica no topo da hierarquia com os cavaleiros de ouro.
Mas quanto a Dafne a única coisa que lhe restara fora à morte vergonhosa, pois tentara atacar Aisty de surpresa com uma adaga, porém a explosão do cosmo da jovem fora tão forte que reduzia a adaga em poeira cósmica e a ela uma passagem sem volta para o reino de Hades.
Aisty aproximou-se recebendo a armadura.
-Parabéns, agora você já pode voltar; Dione falou, assim que todas as amazonas abandonaram a arena.
-Obrigada; ela agradeceu.
-Você fez por merecer e creio que seus pais se orgulhariam disso; Dione respondeu de maneira enigmática. –Faça uma boa viajem amanhã e se um dia quiser voltar, Naxos sempre lhe recebera de braços abertos;
-Fim da Lembrança-
-Senhorita, deseja alguma coisa para beber? – a comissária de bordo tirou-lhe de seus pensamentos, passando a seu lado com um carinho de bebidas.
-Não, obrigada; ela respondeu.
Aisty voltou-se para a janela, ainda teria algum tempo antes de desembarcar. Levou a mão para dentro da camiseta, retirando de lá um cordão de prata que ganhara de Karina.
-"Espero que Athena saiba realmente o que fazer"; Aisty pensou, segurando firmemente o pingente em forma de lua crescente.
Continua...
