– Vai correr tudo bem, por isso acalma-te querida. – incentivou-me a pegar no cetro real. Eu devia era o meu destino ser rainha. – Amanhã será o dia da coroação…a tua coroação.
– Mas eu não quero ser rainha. – pousei o cetro na almofada. – pai – controlei meu tom de voz na sua presença – nós já conversamos sobre isso.
– O lugar é teu por direito. És a minha primogénita. Sei que vais ser uma excelente rainha. As pessoas vão amar-te.
– As pessoas!! – afastei-me do trono real. Por mais que tentasse fugir não conseguia abrir as portas do salão. – abram as portas! – ordenei aos guardas. – não me ouviram suas malditas penas brancas.
É verdade. Eu detestava a cor branca, enquanto que minha irmã amava.
– Sei que parece assustador voltar a encarar o mundo, mas eu sei que és capaz. – não acredito que estou a entrar em pânico.
Abraçou-me com dificuldade, seu corpo cansado já não aguentava as minhas reações agressivas. Desde criança que as rinhas, e desde o acidente que ele as tratava. Pousou a mão na minha cabeça desproporcional, a acariciando
– Se te acalmares ela não cresce.
– As pessoas irão rir-se de mim! – confessei meu maior medo. – eu não posso ser rainha pai. Eu não quero que se riem de mim.
Ocupar aquele cargo era submeter-me a total humilhação. Eu detestava quando aquilo acontecia durante as refeições, na biblioteca, simplesmente detestava.
– É isso que te preocupa? Ninguém vai rir de você.
– E se rirem? – coisa que sei que farão.
– Eu mando cortar sua cabeça. – parei de me debater para observa-lo. Estava brincando. – é uma promessa. Quem fazer a minha menina chorar vai perder a cabeça.
– Vai perder a cabeça. – repeti aquelas palavras, numa forma de acalmar meu coração. Isso fez minha cabeça diminuir de tamanho, ninguém iria rir do meu estado com aquela ameaça de morte – ele vai perder a cabeça?
– Sim! Quem rir de você.
~~
O tão esperado dia chegou, a minha coroação. Tinha que manter-me calma durante 30 minutos, apenas 30 minutos. Seria coroada, depois voltaria para os meus aposentos.
Guardei a minha primeira tiara na gaveta, e olhei para os guardas na porta, o coelhinho saltitante e sempre atrasado entrou com o seu relógio nas mãos.
– Está na hora vossa majestade. Seu povo aguarda-a.
– Um minuto.
– Vossa alteza estamos atrasados. – mostrou o relógio, como se eu pudesse ver as horas naquela coisa minúscula.
Aproveitei o tempo que ele dava seus ataques para fazer o meu ritual, em que fechava os olhos e contava até 100, nunca falhava com ele.
– Estou pronta.
~~
As pessoas levantaram perante a minha presença, depois de 12 longos anos, finalmente apareci em público. A futura rainha do país das maravilhas. Depois do meu acidente na fonte de água, nunca mais saí do palácio, para bailes, eventos, passeios noutros países, nada. Isolei-me do mundo.
Mas agora meu pai me pedia para assumir o meu lugar por direito. De hoje em diante eu teria que mostrar meu rosto, minha s fraquezas, meus defeitos para todos.
Aproximei-me do trono e baixei o corpo, enquanto o rei recitava o juramento real.
– Prometes governar com justiça e amor. E nunca roubar a alegria do país das maravilhas? – acenei – pelo poder que me foi investido, declaro que de agora em diante és a nova rainha do país das maravilhas. Rainha de copas.
Até agora tudo bem. Os habitantes convidados aplaudiram, e eu tô com o pensamento, eles aceitaram-me.
– Levante! – ordenou o meu pai.
– Sim! – levantei o corpo, mas baixei uma última vez a cabeça em sinal de respeito a sua autoridade.
Aquele movimento fez a coroa cair e sair rolando pelo tapete encarnado. Os guardas atrapalharam-se para apanha-la, arrancou algumas risadas das pessoas. Sem querer sua cabeça cresceu um pouquinho, só ela percebeu.
– Está aqui! – entregaram a coroa nas mãos do rei e ele voltou aquela parte da coroação.
Dessa vez não ajoelhei-me, ninguém iria se incomodar, era apenas uma formalidade desnecessária.
– Longa vida a rainha de copas…viva a rainha do país das maravilhas.
Virei para saudar os habitantes. A coroa voltaria a cair se não a segurasse a tempo. As pessoas já tinham notado, a coroa não cabia na minha cabeça.
A coroa não cabia na cabeça gigante da rainha.
– A cabeça dela é tão grande! – o jovem confessou para o pai, o motivo da sua risada – parece uma melancia.
"Uma melancia" virei na direção do rei, meu pai. Onde estava a sua promessa? "Corta-lhe a cabeça!"
Ele virou o rosto para outro canto, ele sabia o que lhe pedia silêncio. Que cumprisse a sua promessa.
Mas ele não podia matar o único filho do seu amigo o chapeleiro.
– Mentiroso! – soletrei baixinho cada palavra para que ele entendesse.
Peguei na coroa de ouro e a joguei no trono com força. As pessoas ficaram surpresas incluindo meu pai.
Corri para fora da sala do trono. Não posso ser rainha de um povo que não me respeita, nem no dia da minha coroação.
– Apanhem a rainha! – o chefe dos guardas gritou da sala do trono.
Agora tinha uma dúzia de cartas vermelhas a minha trás. Perseguiram-me por toda a cidade.
Só consegui os despistar numa parte bizarra do país. Não que estivesse sendo maldosa, talvez estivesse exagerando, afinal, fiquei 12 anos presa no castelo. Mas aquele lugar não me fazia lembrar da minha casa, era simples, diferente das coisas malucas que vi no país das maravilhas.
Um relâmpago iluminou os céus e já sabia o que viria a seguir.
– Chuva! – soltei uns quantos palavrões, isso fez a minha cabeça aumentar – boa! Mas alguma coisa. Como se já não estivesse ruim.
Andei durante um bom tempo, vi um castelo sombrio a distância.
"Será que sai dos limites da cidade?"
Não importava, precisava de um abrigo contra o temporal, e aquela estrutura era a sua melhor e única escolha.
Gritei, bati na porta, empurrei-a, procurei por janelas abertas mas nada. Que tipo de castelo era aquele. Procurei um local seguro ao redor para dormir.
A porta do castelo era a melhor solução, tinha a varanda por cima para me proteger das gotas da chuva. Sentei no chão e fechei os olhos até cair no sono.
~~
– Amo!
– Silêncio! – abri os olhos e logo me dei conta que não estava sozinha.
Será que meu pai havia me encontrado? Não, não havia. Quem era aquele homem? Seus olhos eram azuis claros, seu cabelo era loiro, suas roupas eram pretas e esquisitas. Porque não falava nada?
– Onde estou? – finalmente arranjei coragem para perguntar.
– No castelo do senhor tempo. – olhei para o pequeno ser de metal.
Se não tivesse visto ao longo da minha infância, um cão, rato, sapo, e uma lebre falante, não esquecendo de um gato risonho irritante que desaparecia, uma largará bastante inteligente, ficaria assustada com aqueles pequenos seres de metal.
"Nada é impossível no país das maravilhas."
– Castelo do senhor Tempo. – voltei a olhar o ser de olhos azuis.
Bem que eu podia ganhar vergonha e levantar do seu colo.
– Quem é você? – o dono do castelo perguntou.
– Eu…eu sou Hyuuga Hinata – se você é o senhor do castelo do tempo, eu sou – a rainha de copas do país das maravilhas.
– Estás longe de casa vossa alteza. – não se abalou com a informação. Devia estar numa posição igual ou superior a minha, ou devia ser muito lento, corajoso, burro. – o que fazes aqui?
– Eu fugi de casa.
