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Naruto não me pertence
Nota 1: Escrevi sobre Naruto em 2009. Cansei, fiz outras coisas, mas um plot bunny me pegou e eu achei que eu devia alguma coisa melhor do que eu entreguei pro fandom na época. Uma SasuSaku que não vai ser bonita, já aviso.
Cute wihout the E
"Hoping for the best just hoping nothing happens
A thousand clever lines unread on clever napkins
I will never ask if you don't ever tell me
I know you well enough to know you never loved me"
(Cute Without the E – Taking Back Sunday)
Ela era... Bem, como se define alguém que é mais vazia que uma sacola plástica presa na fiação? Sim, essa era ela. Vazia, oca e tão adoravelmente bonita.
Foi tudo o que eu consegui ver quando tentei realmente olhar em seus olhos verdes.
E isso me fez desejar que os olhos que me encaravam fossem de outra forma – mesmo que eu não soubesse que forma que eu desejasse que eles tivessem.
Pode parecer que eu me importava com ela de verdade, mas na verdade ela só era minha como uma posse (que eu julgava ser minha por direito, porque eu era eu e isso me bastava para merecer a posse sobre outro ser humano) – ou eu achava que era.
Mas quem possui quem nessa vida?
Sakura me ensinou que eu não tinha o direito de considerar que alguém era garantido, mesmo que fosse pelo olhar oco e ser humano se tornando cada vez mais eco. Eu consegui apagar as cores de uma das pessoas mais coloridas e vivas que eu jamais conheci.
E a ausência de qualquer segundo pensamento sobre a culpa ser minha era um sinal de que nada estava certo nessa história.
Ela me beijou, os lábios rosados e macios contra os meus; e, com as pontas dos dedos, contornou meu maxilar. Ela era linda, mas vazia, eu repetia.
"Você nunca me amou." – Ela afirmou com um meio sorriso e os olhos vazios – vazios de quê? De sua essência? De sentimentos? Eu não poderia adivinhar o que faltava nem se tentasse.
Com a minha falta de resposta, ela balançou a cabeça, os cabelos acompanhando o movimento.
Seria lindo se não fosse tão Sakura.
Eu poderia dizer que doeu, mas eu estaria mentindo.
Estaria, certo?
X
Pessoas são mais fáceis do que elas gostam de pensar que são, na verdade. Veja minha melhor amiga Sakura, por exemplo, ela acreditou que alguém como Sasuke abriria uma exceção a ela, se abriria se encontrasse alguém disposto a cuidar dele.
Eu podia dizer "Eu bem que avisei", mas não poderia fazer isso com ela. Ela está oca e fria e destruída e tudo porque acreditou demais na capacidade de amar de uma criatura cuja atitude mais cortês foi ignorar o mundo ao redor dele.
Tudo que eu queria dizer que eu faria ele pagar, que isso curaria Sakura, mas eu sei melhor que isso. Seres humanos são muito menos complexos que julgam ser: Sakura vai sofrer por ser mais esperta que jamais gostaria de ser – e assim não notar que ela nunca foi amada por Sasuke – e Sasuke vai mergulhar em seu drama natural sobre como a condição humana é patética – obviamente ignorando que ele é um ser humano como todos os outros – até que vai parar de doer e eles vão viver numa órbita destrutiva em que um deseja conseguir mais do que jamais vai receber e o outro vai sempre se questionar porque nunca pôde entregar – quando não há nada para entregar para início de conversa.
E como um míssil atraído para a terra, Sakura vai cair por mentiras que nunca saíram dos lábios dele e eu vou ver toda essa dança pronta para recolher os cacos no fim e deixar acontecer de novo. E de novo. E de novo.
Ela estava deitada com o rosto escondido no travesseiro, Johnny Cash cantava que ele ia me machucar no volume máximo e me fazia pensar nessa teia de verdade, desejos e mentiras que minha melhor amiga sempre se envolvia quando se tratava de Sasuke.
"Dessa vez foi para valer." – E uma chama de força brilhou nos olhos dela. Alguma coisa completamente Sakura ressurgia por entre os escombros que a cercavam e, assim como uma pessoa que sobreviveu a uma catástrofe natural, sabendo mais sobre si mesma. – "Ele nunca me amou."
Eu podia dizer que talvez sim, do jeito torpe dele. Mas era inútil e só a arrastaria de volta para o furacão Sasuke e eu não poderia deixar isso acontecer, ela merecia a liberdade que só viria se conseguisse se afastar dele. E da fumaça tóxica dele que destruía ela.
"Ele só ia acabar me quebrando de vez." – Sakura concluiu. - "Foi melhor assim."
Eu sabia – ela sabia talvez até mais que eu – que ela não acreditava de verdade no que dizia, mas ela era sonhadora e eu era uma pessoa prática – e, assim como as plantas precisam de um ambiente saudável e acolhedor para crescer, os seres humanos também precisam e eu daria esse espaço para minha Sakura.
Torcendo para que o jogo de gato-e-rato entre Sasuke e Sakura ter enfim terminado.
Como se eu não soubesse que não tinha.
Nota 2: Faz tempo que eu não publico nada que eu não tenha finalizado. Mas eu me peguei escrevendo isso e decidi publicar. É isso.
Beijos,
Misa Black
