Fora pra mim evidente, desde a primeira vez em que colocara meus olhos nos teus, que você jamais se trataria de apenas uma estrela cadente. Não brilharias intensamente por um instante, me fazendo desejá-lo mais do que tudo na vida. Ao invés, permaneceria constantemente por perto, obrigando-me a desejar-te tão intensa e loucamente por todos os dias que se seguissem. Com a mesma certeza que constatei isso, soube que você iluminaria meus dias como uma estrela, ou até mesmo como várias delas, tamanho seu brilho. Talvez fosse minha Constelação de Órion, meu pequeno Sirius, meu Canis Major.
O que naquele momento não pude perceber, enganada que estava por tamanho brilho, foi que te comparava ao astro errado. Equivocara-me julgando-o como uma estrela, teu encanto não se resumiria apenas a brilhar. Foste e és como o Sol, que ilumina meus dias, me deixa a noite, mas que me dá o direito de lembrar-te emprestando teu brilho a Lua. E, sendo o gigante e brilhante Sol que és não poderia então deixar de queimar tudo ao teu redor.
Estando tão próxima a ti, queimo com tamanha intensidade, que muitas vezes não entendo como me mantenho de pé. Ao mesmo tempo, não me afasto. Apenas teimo em tentar chegar mais perto, forçando meus limites, querendo ultrapassar tuas barreiras. E queimo a cada dia mais um pouco. Resisto. Pois mesmo que doa, não encontraria maneira de viver longe de ti. Tem uma força chamada gravidade e esta se apresenta tão forte que me impede de ir para longe e me manter salva. E sã. Mantenho-me, então, firme ao teu lado. Cansada de lutar contra uma força maior do que eu, aceito meu destino. E para aqueles que não entendem tal fato, para aqueles que julgam isso como tortura, tenho uma pergunta apenas: o que seria da vida na Terra se o Sol parasse de brilhar?
