Título: Hyuuga's Anatomy
Gênero: Humor, romance, drama.
Avisos: Baseado em Grey's Anatomy (dãr), mas não exatamente igual. Pode conter insinuações de sexo, linguagem inapropriada, doenças esquisitas, etc.
Sou realmente péssima com essas coisas, gente. De qualquer forma, espero que gostem! *-*
1. O primeiro dia
Hinata pegou a caneca de café no balcão da cozinha e mexeu com uma colher pequena, observando distraída o líquido girar e girar no fundo. Odiava o sabor amargo da bebida mas, entre dois minutos de gosto ruim na boca e desmaiar de sono no seu primeiro dia de residência no hospital St. Louis, ficava com a primeira opção. Talvez devesse se lembrar de fazer o café mais fraco da próxima vez, em vez de deixar que sua colega de apartamento o fizesse.
O sol entrava pelas grandes janelas da sala de estar, iluminando o sofá puído e a velha mesa de madeira que Hinata herdara da avó quando anunciou que estava saindo de casa. Sentada sozinha na ponta oposta à luz, ela tinha que reconhecer que, embora claramente improvisada, a mobília dava personalidade ao apartamento. Ela amava aquele lugar de paixão e sabia que, a partir dali, passaria cada vez menos tempo dentro de casa. Era a única parte da sua nova vida que ela lamentava.
- Bom diaaã! – bocejou Ino, a amiga com quem dividia o apartamento, entrando na cozinha a passos lentos – Já está pronta? Céus, Hinata, por que não me acordou?
- Desculpe – murmurou Hinata, tomando mais um gole do café – Achei que dava tempo de você dormir um pouco mais. Ainda falta uma hora, eu é que fiquei nervosa demais para continuar dormindo...
Ino se arrastou de volta até a porta e encostou no beiral, tomando uma xícara de chá de hortelã, seu favorito. Seu cabelo louro e liso caía despenteado até o meio das costas e seus olhos azuis estavam emoldurados por olheiras arroxeadas. A imagem do cansaço.
- Está brincando comigo? – reclamou ela – Fiquei rolando na cama por mais de duas horas antes de conseguir pegar no sono. Nervosismo é o meu nome do meio, colega.
Hinata assentiu, distraída.
- Uma sorte a gente poder passar por isso tudo juntas, né?
- Pois é – Ino bebericou seu chá – Imagina chegar naquele hospital sem conhecer ninguém?
- Também não seria bem assim... um monte de gente da nossa turma vai fazer residência no St. Louis.
- É, mas você entendeu o que eu quis dizer.
Hinata levantou-se e deixou a caneca na pia da cozinha, andando na ponta dos pés calcados com meias de listras coloridas. Pegou o All Star vermelho no tapete da sala e calçou, lançando um olhar para Ino que dizia com todas as letras: vai trocar de roupa, anda!.
- Vou me vestir e já volto.
Enquanto esperava, Hinata pegou a bolsa e conferiu de novo se não estava esquecendo nada muito importante, como o celular ou a carteira. Encontrou um abridor de garrafas no meio das coisas e colocou de volta na gaveta da cozinha, crente que o nervosismo estava começando a deixá-la meio louca. Respira fundo, pensou. Vai dar tudo certo.
- Estou pronta – disse Ino, saindo do corredor perfeitamente arrumada. Era incrível como conseguia se produzir tão rápido – Vamos, vamos!
As duas saíram de casa e entraram no velho Uno cinzento de Hinata, praticamente quicando de empolgação. O hospital ficava do outro lado do Brooklyn e elas poderiam ir de metrô mas, como não sabiam exatamente a que horas voltariam para casa, acabaram optando por sair de carro. O trânsito estava relativamente tranquilo; passaram-se apenas vinte e cinco minutos até Hinata parar ao lado de um Corsa modesto no estacionamento do St. Louis. As duas saíram e respiraram fundo o ar gelado do inverno nova-iorquino.
- Acha que vai ser difícil demais? – perguntou Ino, caminhando a passos largos em direção à entrada do hospital – Quero dizer, nós vamos dar conta, certo?
Hinata quase tropeçava nas próprias pernas com o esforço para conseguir acompanhar o tamanho das passadas de Ino. Cada passo dela correspondia a três dos seus.
- Claro que sim, Ino. Nós estamos preparadas! Nós estamos muito preparadas.
Já havia um grande grupo reunido na recepção do hospital quando elas entraram, todos aparentando entre vinte e cinco e vinte e oito anos, e todos muito ansiosos, cochichando animadamente entre si. Hinata conseguiu reconhecer alguns rostos entre o grupo, o que a tranqüilizava um pouco. Seria muito pior ter que passar pelo período de adaptação entre estranhos competitivos.
- Hinata! – uma voz masculina chamou do grupo, e um homem alto de cabelos castanhos se aproximou para abraçá-la – Que bom ver você!
- Oi, Kiba – ela cumprimentou de volta e sorriu, timidamente – Não sabia que você viria para cá! Quero dizer, eu pensei que você ia voltar para o Japão.
- De jeito nenhum – ele deu um sorriso largo e se virou para cumprimentar Ino – E aí, Yamanaka?
- Oi, bobão – brincou Ino – Você andou se bronzeando?
Não era novidade para ninguém que Kiba tinha uma quedinha pela Hinata – talvez fosse surpresa apenas para a própria Hinata. Desde os primeiros anos de faculdade eles eram muito amigos, mas Kiba sempre dera a entender que sentia alguma coisa a mais por ela. Ele seria capaz de se tornar o faxineiro do hospital, se ela pedisse. Mas, por mais que Ino gritasse no ouvido da Hyuuga que ele estava completamente apaixonado por ela, Hinata se recusava a acreditar a menos que o próprio Kiba se declarasse. E ele não se declararia enquanto houvesse uma possibilidade de levar um não.
Então ficava tudo exatamente na mesma.
- Ficou maluca? – brincou Kiba, beliscando de leve a bochecha de Ino – Pareço moreno para você, que continua branquela como sempre.
- Ah, falou.
Uma mulher loura vestida com o uniforme azul do hospital por baixo do jaleco branco se aproximou do grupo de internos na recepção e todos se calaram imediatamente. Hinata se empertigou em seu casaco vermelho, sentindo os dedos dos pés ficarem gelados de repente. Sabia que estava começando, e sentia-se mais nervosa e ansiosa do que nunca.
- Bom dia, pessoal. Meu nome é Tsunade, e eu estou no comando aqui – disse ela, jogando uma mecha loura para trás. Estava na cara que ela gostava de deixar claro quem é que manda. – Os anos de moleza na faculdade acabaram. A partir de agora vocês serão médicos, e terão que agir de acordo. Vão ter que aprender a lidar com a pressão e agir com rapidez. Não haverá espaço para erros por aqui.
Seus olhos passaram por cada um dos rostos que a encaravam em silencio. Depois ela sorriu, radiante.
- Por aqui, por favor.
Tsunade guiou o grupo até o corredor dos elevadores e chamou um deles. Havia espaço o suficiente do lado de dentro para abrigar uma maca e alguns equipamentos, portanto coube todo mundo sem maiores problemas. Ela apertou o botão para subir um andar.
- É claro que muitos de vocês vão acabar caindo fora quando não agüentarem o peso do trabalho, é normal – continuou, o tom de voz tranqüilizador contraditório a suas palavras. – Apenas 60% dos internos que passam pelas portas deste hospital continuam até o fim. Mas não se preocupem, tenho certeza que poderá haver uma segunda chance.
Hinata mordeu o lábio inferior e encarou os próprios tênis. Tsunade estava claramente tentando assustá-los, mas o que ela dizia tinha um fundo de verdade. Ela nunca soube muito bem como lidar com a pressão. Será que havia escolhido o curso certo? Tinha vocação para medicina?
As portas do elevador se abriram e Tsunade saiu, seguida de perto pelos internos. Estavam todos muito excitados, cochichando entre si e praticamente dando pulinhos de alegria. Nem todo mundo estava particularmente preocupado com o peso do trabalho como Hinata.
- Isso é tão legal – murmurou Ino, passando seu braço pelo de Hinata. – É um desafio em tanto. E eu adoro desafios.
- Certo, parece desafiador até demais – disse Hinata. Depois sorriu. – Realmente, é a sua cara.
Tsunade virou o corredor e entrou em uma espécie de vestiário estreito, com alguns reservados onde era possível trocar de roupa e armários nas paredes. Os olhos dos internos brilharam ao percorrer os escaninhos cinzentos e ao piso de ladrilhos brancos. Seu novo lar!
- Aqui é onde vocês vestirão os uniformes e guardarão suas coisas – disse ela, indicando a parede de armários – Para evitar confusões, cada armário já contém uma etiqueta com o nome de cada um de vocês, o material necessário e o nome dos médicos com quem vocês irão trabalhar. – Tsunade sorriu largo. – O que estão esperando?
O grupo avançou, cada um procurando sua etiqueta nos melhores e depois nos piores armários – não que eles fossem muito diferentes entre si; o que contava era apenas a localização; melhor quando era em cima, pior embaixo. Hinata encontrou Hyuuga, Hinata escrito no armário superior da esquerda, no canto. Primeiro ponto de sorte no trabalho – o seu era um dos melhores.
O de Ino ficava embaixo, três armários adiante para a direita. Era preciso se sentar no banco de madeira para abri-lo sem criar um belo problema na coluna, mas ela não se importava. Girou o código que estava escrito na sua etiqueta e abriu a porta, quase entrando no cubículo de tanta animação. Lá dentro estava dobrado o uniforme azul padrão, um estetoscópio, alguns blocos para anotação, uma lanterna clínica, um pager e uma profusão de instrumentos médicos usados tanto para o trabalho quanto para seu estudo particular. Todos os outros residentes a imitaram, conferindo o material. Empolgante!
Hinata desviou a atenção do minúsculo pager para a folha de papel branca dobrada sobre o uniforme.
- E aí, saiu com quem? – perguntou Kiba, aproximando-se do armário dela com sua própria folha de papel nas mãos. – A minha é uma tal de Sabaku no Temari. Parece durona, pelo que ouvi falar.
- Uchiha Sasuke. – leu Hinata. Ela dobrou o papel e o colocou de volta no armário. – Ouvi falar que ele é um ótimo cirurgião. Muito sério. Fiquei com medo agora – brincou.
Ino se aproximou, quase quicando de excitação.
- Sabaku no Temari. Alguém aqui saiu com ela? – perguntou.
- Toca aqui – Kiba levantou a mão direita e Ino bateu a dela na palma – Pelo menos agora não vou ficar deslocado.
Hinata olhou em volta, procurando algum rosto conhecido que gritasse subitamente "Uchiha!", mas é claro que ninguém o fez. Além do mais, o sobrenome não dizia muita coisa – pelo que ela sabia, Uchiha Sasuke tinha um irmão mais velho chamado Itachi que também trabalhava no hospital. Os dois eram cirurgiões brilhantes.
- Sortuda! – exclamou uma garota de cabelos rosados, olhando Hinata com curiosidade. – Você saiu com Uchiha Sasuke não foi?
- Err... sim.
- Ele é simplesmente incrível! – continuou a primeira – Além do mais, você já olhou para ele? É o médico mais gato que eu já vi na minha vida. Você tem mesmo muita, muita sorte.
Hinata riu, achando engraçado o raciocínio da outra. Será que era mesmo tão importante o fato de seu médico encarregado ter uma beleza tão surpreendente? Ela estendeu a mão e sorriu amigavelmente.
- Meu nome é Hyuuga Hinata.
- Haruno Sakura – respondeu a garota de cabelo rosa, apertando sua mão e sorrindo de volta – É um prazer conhecer você. – Ela se virou para olhar Kiba e Ino conversando atrás de Hinata – Esses são seus amigos?
- Ah, sim! – Hinata se virou para apresentar – Yamanaka Ino e Inuzuka Kiba. Pessoal, esta é a Sakura.
- Oi – cumprimentaram em uníssono Kiba e Ino.
- E aí? – Sakura acenou, depois deu uma olhada rápida para trás. – Bom, eu vou lá falar com minha amiga, a TenTen. Posso apresentá-la para vocês no horário de almoço, se vocês quiserem.
- Claro, isso seria ótimo – respondeu Hinata.
- Tudo bem, a gente se vê. – Sakura sorriu e se virou, andando em direção ao armário do canto direito.
Hinata sorriu e puxou o uniforme azul de dentro do armário, colocando-o na frente do corpo para verificar o tamanho. Ficaria perfeito, no comprimento e largura certos.
- Vou me trocar – disse ela, virando-se para os reservados. – Ino, você vem?
- Claro – respondeu, pegando também seu uniforme e partindo atrás de Hinata – Ei, Inuzuka, não olhe.
Kiba ficou ligeiramente vermelho, mas deu de ombros.
- Até parece.
Hinata e Ino entraram no mesmo reservado para deixar espaço para outras pessoas também – o que não era exatamente um problema para elas, já que se conheciam desde que tinham quinze anos e moravam juntas desde os dezenove. As duas vestiram as calças azuis, enfiaram a parte de cima sobre a blusa de manga 7/8 – por causa do frio – e saíram para o espaço dos armários. Kiba já estava completamente vestido e esperando por elas perto de um cara de cabelo castanho-escuro preso no alto da cabeça.
- Ino, Hinata – disse ele, indicando o outro – Este é o Shikamaru. Ele também saiu com o Uchiha Sasuke, Hinata.
Hinata olhou para Kiba com admiração. Ele era tão legal com ela que se preocupara em encontrar o seu "colega de médico" para que ela não precisasse ficar sozinha como uma idiota quando todos já tivessem encontrado seus parceiros. Ela definitivamente não merecia o afeto dele, pelo menos não enquanto suspeitava que ele sentia por ela alguma coisa que ela não sentia por ele. Era totalmente injusto.
- Oi – cumprimentou Shikamaru, apertando a mão de Hinata com firmeza – Por acaso você é parente do Dr. Hyuuga? – perguntou educadamente.
- Hyuuga Neji? – Hinata retribuiu o aperto de mão e sorriu. – Sim, somos primos em primeiro grau. Por quê?
Shikamaru cumprimentou Ino e sorriu de volta para Hinata.
- A cor dos olhos é igual, e não é uma cor comum. – respondeu. – Vocês são bem parecidos. Achei até que fossem irmãos.
- Não somos.
Tsunade havia saído por alguns instantes do vestiário e voltou, trazendo uma prancheta de madeira. Ao vê-la parada na porta, fazendo anotações em uma velocidade incrível, todos se calaram e organizaram-se em pares segundo o médico responsável por cada um. Ela leu em silêncio uma das folhas que trazia na prancheta e olhou para os internos, como se conferisse alguma coisa.
- Muito bem, vocês estão prontos, ou quase – sorriu. – Nós vamos para a Emergência, agora. Lá vocês encontrarão os médicos com quem irão trabalhar. Aproveitem a oportunidade. Escutem o que eles têm a dizer. Aprendam o que eles têm a ensinar. Evitem os erros, aprendam com os acertos. – Tsunade encarou o grupo com olhar severo. Depois, abriu novamente um sorriso. – E boa sorte.
Ela saiu pelo corredor com todo o grupo de internos ansiosos em seus calcanhares e chamou os elevadores. A máquina quase não conseguiu conter o bando de residentes agitados que entrou como um furacão em direção a Emergência.
Sasuke examinou mais uma vez o raio-x contra o quadro de luz, verificando a boa recuperação do paciente. Pegou o prontuário e verificou os números. Estava tudo bem normal.
- Parece que vou ter que deixar você ir para casa hoje – disse ele, sério – Mas tente ficar em repouso o máximo possível, certo? E nunca mais pilote uma moto sem capacete.
- Sim, doutor – respondeu o garoto. Não devia ter mais do que 18 anos.
Sasuke assinou a alta e saiu do quarto. Entrou no primeiro elevador e apertou o botão do andar da emergência, batucando no bolso do jaleco com impaciência. Estava tão atrasado que seus internos provavelmente eram os únicos que ainda estavam por ali, se perguntando quem era o babaca por quem estavam esperando. Não que ele se importasse muito com o que os residentes pensariam a respeito dele. Mas, ainda assim, era uma falta de responsabilidade.
As portas se abriram e Sasuke deu de cara com uma Tsunade aflita, praticamente engolindo o pager de tanta ansiedade para apertar os botões. Ela levantou o olhar e sua expressão assumiu imediatamente uma máscara de alívio ao vê-lo. Ela enfiou o aparelho de volta no bolso do jaleco.
- Onde você esteve? – perguntou ela – Estou esperando com seus internos há mais de quinze minutos! Todos os outros já foram. Acho até que os coitados estavam se perguntando se não teriam falhado no exame e vindo parar aqui por acidente.
Sasuke deu de ombros.
- Desculpe. Tive que dar alta à um paciente irresponsável.
Tsunade fez um sinal com a mão para que ele a seguisse e foi em direção às duas pessoas uniformizadas que esperavam distraidamente na recepção da Emergência. Shikamaru e Hinata, como Tsunade havia suspeitado, já estavam começando a imaginar o que estava errado e trocavam teorias entre si. Ele sugeriu que talvez ambos estivessem participando de um reality show e em alguns minutos Ashton Kutcher apareceria e gritaria: "You just got punk'd!". Já Hinata optava pela tese de que talvez Uchiha Sasuke nem mesmo existisse, e tudo não passava de uma invenção do governo para as pessoas acreditarem que existiam médicos realmente competentes no sistema público de saúde, enquanto na verdade a maioria mal sabia fazer um curativo. Já estavam praticamente caindo na gargalhada quando Tsunade os chamou.
- Uchiha Sasuke – ela apresentou – Estes são Nara Shikamaru e Hyuuga Hinata, seus novos residentes. Hyuuga, Nara, este é o Dr. Uchiha. Boa sorte com ele.
Tsunade se foi e Sasuke ficou à sós com seus mais novos pupilos. Ele juntou as palmas das mãos e respirou fundo, imaginando o que deveria dizer à eles em primeiro lugar. Já fora apresentado. Não havia a mínima necessidade de falar sobre si próprio ou sobre qualquer coisa não-relacionada ao trabalho. Os dois internos o encaravam com atenção, esperando.
- Muito bem. O trabalho não é muito difícil quando se acostuma. – começou ele. – Aquelas coisas que a Tsunade disse são apenas para assustá-los, mas servem como um incentivo para mantê-los atentos, também. Vocês vão começar com tarefas simples para evoluírem aos poucos segundo o seu desempenho. – Ele fez uma pequena pausa. – Vou fazer o possível para acompanhá-los e ajudá-los no que for preciso, mas talvez em alguns momentos vocês precisem se virar sozinhos. Ah, sim, sempre se apresentem quando forem bipados, isso é muito importante.
Hinata ficou mais tranqüila ao ouvir as instruções de Sasuke. É claro que a coisa toda ainda parecia ser um grande desafio para ela, mas já estava começando a se sentir mais segura em relação a si mesma e sabia que acabaria se adaptando muito bem à sua nova vida de médica.
- O primeiro trabalho de vocês vai ser limpar e examinar os ferimentos de algumas vítimas de um acidente de ônibus na 5ª Avenida. Nada muito grave, no máximo algumas fraturas e luxações, mas acho que está bom para o primeiro dia – disse Sasuke, virando-se para a ala de ferimentos do pronto-socorro – Venham.
Os dois seguiram-no. Havia cerca de quinze pessoas deitadas em leitos em uma área comum, de crianças a idosos, com ferimentos simples espalhados pelo corpo. Hinata calçou as luvas e se aproximou de uma garota de cerca de dezesseis anos cuja perna direita tinha um ferimento que ia da coxa ao tornozelo.
- Olá, senhorita... – ela conferiu o prontuário – Fletcher. Como está se sentindo?
- Não muito bem – respondeu a garota, olhando sugestivamente para a perna machucada.
- Não se preocupe, vamos dar um jeito nisso. Agora me diga, por favor: a dor que você está sentindo é só no ferimento externo ou é mais profunda, no músculo ou nos ossos?
- Acho que é só no ferimento – respondeu ela.
Hinata segurou delicadamente o tornozelo da garota para dar apoio.
- Acha que consegue dobrar o joelho? – perguntou.
A menina assentiu e o dobrou devagar. Não sentiu nenhuma dor a mais por isso.
- Muito bem! – disse Hinata, girando seu tornozelo devagar – Dói quando eu faço assim?
- Só um pouco.
Tentando causar o mínimo de dor possível, Hinata limpou e desinfetou os ferimentos na perna direita e um pequeno machucado no cotovelo. Depois de enfaixá-la, examinou o resto do corpo a procura de hematomas. Não havia mais nada.
- Vai ficar tudo bem – disse, por fim – Vou pedir uma radiografia da sua perna, por via das dúvidas, e receitar um antiinflamatório.
Hinata encaminhou a paciente para a sala de raio-x e passou para o próximo leito, onde um homem estava deitado de barriga para cima e pressionando com um lenço um corte na testa que claramente precisava de pontos.
Apesar de hipoteticamente simples, o trabalho exigia concentração, e Hinata fez o melhor que pôde. O resto do dia foi dividido entre cuidar de ferimentos e observar Sasuke em ação. Claro que ela ainda não veria uma cirurgia ao vivo, mas podia assisti-lo examinando um paciente com suspeita de trauma craniano ou sua avaliação de um raio-x na cabeça. Conhecia muitas daquelas coisas em teoria, mas na pratica era tudo mais emocionante.
Encontrou-se com Ino no horário de almoço, mas nem Kiba nem sua nova amiga de cabelo rosa apareceram no refeitório no mesmo horário que elas – provavelmente já haviam comido, ou comeriam mais tarde. As duas pegaram suas saladas, sentaram-se em uma das mesas brancas e quadradas e começaram a comentar animadamente sobre o dia agitado que estavam tendo, para depois engolir tudo bem rápido e voltar ao trabalho.
Finalmente, às dez horas da noite, o turno acabou e Hinata pode se arrastar até o vestiário para poder trocar de roupa e ir embora. Pela primeira vez em muitos meses sentia-se definitivamente exausta, e só o que queria era dormir por mais umas boas oito horas.
- Ei, já saiu? – Kiba abriu a porta de um dos reservados e deixou seu uniforme no cesto de roupas sujas – Estava me perguntando se ia demorar muito. Um monte de gente já foi embora.
- É, eu percebi – disse Hinata, abrindo o armário e pegando suas roupas normais. – A ino já...?
- Sim, ela está trocando de roupa.
Hinata entrou no reservado mais próximo e substituiu o uniforme azul por seus velhos jeans e seu suéter de cashmere preferido. Soltou os cabelos negros do coque apertado que havia feito mais cedo para não atrapalhar no trabalho e penteou os fios com os dedos. Saiu do vestiário se sentindo bem menos acabada e deixou o uniforme no cesto junto com o de Kiba, pulando em um pé só para calçar o All Star vermelho. Ino já estava esperando com seu casaco pendurado no braço esquerdo.
- Podemos ir? – chamou, parecendo tão cansada quanto ela própria.
- Por favor – concordou Hinata. Ela se virou para Kiba – Quer uma carona? Posso te deixar em casa, se você não estiver de carro.
- Eu estou – garantiu ele.
Os três saíram para os elevadores de braços dados, com Hinata pendurada entre Ino e Kiba. Estavam cansados, sonolentos mas, acima de tudo, felizes. Apesar do dia duro que haviam acabado de ter, era apenas o começo de uma nova vida. E eles mal podiam esperar pela continuação.
Considerações finais:
That's all, folks! :D
Certo, eu sei que ficou meio pobre, mas a vida é assim mesmo. *apanha*
De qualquer modo, é verdade: o Sasuke é mais velho do que o pessoal da residência mesmo. Acho que ficou mais sexy assim, no fim das contas (né?).
A propósito, vocês ainda não descobriram toda a equipe de médicos veteranos. Me aguardem, BUAHUAHUAHUÁ.
Pelamordedeus, mandem uma review. Nem que seja só pra xingar. Vocês não fazem idéia de como o meu coração se enche de alegria ao ver um linda review esperando por mim. *-*
