Porque o Mayuri merece.
Deus Mortal
E lá, por entre tubos de ensaio fosforescentes, instrumentos de tortura inominável, espécimes ignotos, experimentos diversos, tomos antigos e ajudantes imprestáveis, ele se sentia o grande maestro, o artesão insuperável de sua própria grandeza e genialidade, da busca incessante pelas razões do mundo e do além.
Os fenômenos o aguardavam, ele próprio um fenômeno.
Aguardavam-no com a ânsia de que alguém, um dia, seria capaz de extraí-los das entranhas do mundo, das amarras mortais pútridas, da casca simples da matéria e levá-los a eternidade. Esperavam-no, ansiavam pelas suas mãos brancas e gélidas, de tato aprimorado por anos de experiências, do toque conhecedor do pesquisador e do filósofo, do escultor e do libertador.
Porque ele, Mayuri Kurotsuchi, era o deus mortal de bactéria, enzima, molécula e idéia. E ele se certificaria de gravar isso em cada ser vivo, em cada mísera partícula de cada ínfima existência.
Apenas uma questão de tempo, agora.
Presentinho para a Anne Asakura. Motivado por motivações diversas.
