A vida lunática de Severo Snape

Capítulo I – Suma Daqui !

Era meio da semana, quase meia-noite, e o mestre de poções encontrava-se em sua sala nas masmorras, acomodado em uma poltrona elegante de couro negro.

Havia um silencio desconfortável naquele ambiente. Snape, parecia não muito envolvido em seu trabalho. O mestre estava corrigindo alguns pergaminhos de trabalhos escolares e entre um rabisco mais duro da pena que não para de correr entre uma linha e outra e um momento de pausa em que Snape tentava digerir as palavras encontradas naqueles textos, ele observava de canto de olho a presença que interrompia a sua completa concentração.

Sentada no outro canto da sala, em uma mesinha apertada, estava uma garota de 14 anos, cabelos louros sujos e mal cortados, até a cintura, sobrancelhas muito claras e olhos saltados, que lhe davam o ar de permanente surpresa.

-É o suficiente, srta Lovegood. –Disse Snape sem olhar a garota. –Pode ir agora. – Continuou o mestre de poções que definitivamente estava perturbado com a presença da menina.

Mas, Luna Lovegood ainda permanecia imóvel em seu lugar. A garota esperou até que o mestre de poções lhe desse alguma atenção e quando isso ocorreu disparou:

- Que pena, professor. – Lamentou Luna. – Eu gosto muito dessa sua sala. – Continuou Luna com um ar sonhador.

Snape que jamais ouvira alguma reclamação de qualquer outro aluno por estar lhe tirando de uma detenção, assentiu um segundo a mais da presença de Luna em sua sala.

- Aqui eu me sinto mais segura, afinal, nenhum daqueles garotos poderão me chamar de Di-Lua na sua presença, professor. – Luna disse meigamente, enquanto trançava o seu cabelo.

Severo avaliava a situação.

- Todos temem o senhor. – Continuou Luna. – Bom, todos menos o Harry Potter, não é mesmo professor? Mas, ele não é um problema. O problema são os meus colegas que colocam insetos no meu cabelo e depois me mandam berradores dizendo: DI – LUA LAVA ESSE SEU CABELO SEBOSO !

- Era só isso, srta Lovegood ? – perguntou Snape friamente tentando o mais rápido terminar aquele bate-papo.

-Não. – Luna, respondeu tão rapidamente que não deixou Snape continuar. – É que eu pensei que o senhor tendo o mesmo problema que eu, sim o cabelo, pudesse me ajudar e...

-Silêncio. – Cortou Snape e seus olhos involuntariamente correram para o cabelo da menina. – Eu mandei a senhorita voltar para a sua sala comunal, agora. – Disse Snape ameaçador.

Porém, Luna não se mexeu. Continuou esperando pela atenção do mestre com o seu ar biruta tradicional.

- Estou sem sono, professor. – Comentou Luna, com um sorriso sonso no rosto.

- Isso não é da minha conta, srta Lovegood. Vá arranjar o que fazer e suma daqui ! – trovejou Snape furioso.

Percebendo o desgosto aparente nos olhos negros e faiscantes do professor, Luna rapidamente recolhe o seu material escolar, depois, separou o pergaminho no qual esteve nas últimas três horas trabalhando em uma pesquisa sobre venenos diversos. A garota estendeu o braço, em suas mãos estava a tarefa, Luna esperou mais uma vez pela atenção de Snape, ao recolher o pergaminho. No entanto, Severo Snape, adiantou-se com um simples agito de varinha e o pergaminho voou direto para as suas mãos. Um sorriso sarcástico apareceu timidamente nos lábios de Snape que apontava seguramente o caminho da roça da garota.

- Oi. Amanhã eu volto para lhe fazer companhia, professor. Boa á noite e tenha bons sonhos. – Disse Luna inocentemente.

- SUMA ! – Repetiu Severo, agora perdendo a paciência e a tolerância com Luna.

Não sabendo o que pensar exatamente sobre a garota, Severo, abandonou os pensamentos sobre aquela figura e voltou-se para as suas obrigações e concentrou-se em corrigir mais alguns trabalhos de alunos.

Não mais de cinco minutos após a saída de Luna, a mesma adentra a sala do professor. Snape aperta o coração e seus olhos estavam com um ar tão surpreso quanto aos da menina que acabara de invadir o seu espaço.

- Desculpa, professor. – Agiu rapidamente Luna, ao ver o olhar agressivo de Snape. – É que eu esqueci a minha caixa de penas coloridas, professor. – Continuou Luna como se não fosse nada de mais.

-Trinta pontos a menos para a Corvinal, por sua completa falta de modos, srta. Lovegood.

Mas, a menção da perda de pontos não fez qualquer parecer em Luna.

- Veja que bonita é essa pena cor púrpura, professor.

E antes que Snape pudesse conter a garota de atos estranhos a lhe causar algum mal, Luna aplica-lhe uma amostra de tinta púrpura em sua mão.

-Mas, que diabos você tem nessa sua cabeça, sua insolente... – REPARO !

Entretanto, Luna parecia não entender o grande perigo daquela situação.

- Eu só gostaria de pertencer a Sonserina porque uma das cores símbolo que representa a sua casa, professor, é a minha cor preferida. Adoro todas as variáveis de cor roxo, professor. – Dizia Luna, como que querendo iniciar uma conversa qualquer.

Tentando permanecer mais uma vez calmo, frio e calculista, Snape volta-se para Luna, agora olhos nos olhos.

- Você já apanhou todas essas suas porcarias? Muito bem, espero que a srta dessa vez concentre-se no que eu vou dizer, muda e quieta.

Luna calou-se. Mas, havia uma certa expectativa em seu olhar.

- A sua presença desprezível em minha sala já ultrapassou todos os limites que a minha paciência e os meus atos racionais puderam suportar nessas últimas horas. Agora, ao menos que a senhorita possa realmente estar interessada em permanecer nessa sala, talvez eu possa lhe encaixar na minha coleção de sapos imundos para experiência e deixa-la aqui para a exposição.

-Estou ! – Gritou Luna desesperadamente sem esperar pelo término da fúria do mestre de poções.

Severo Snape pareceu como nunca em sua vida, desnorteado e sem ação.

- Aqui com você, professor, eu me sinto muito menos sozinha. O que acontece é que os meus colegas espalharam todos os meus livros lá fora.

Luna que estava próxima da janela aponta para a floresta proibida.

- Eu já disse que não tenho nenhum interesse nos seus problemas e agora saia da minha...

- E a essa hora eu não posso apanha-los, professor. – Continuou Luna com sua sinceridade incomum. – Eu até pediria ao Potter a fantástica capa da invisibilidade que ele herdou do pai dele, mas, mesmo assim, eu ainda correria o risco de voltar para o castelo e dar de cara com o senhor, professor, esperando apenas para tirar mais trinta pontos da minha casa, o que seria uma grande injustiça do sistema Hogwarts de ensino. Eu não o culparia. – Luna sorria mais uma vez.

Snape já estava no corredor das masmorras quando Luna voltou a olhar para o mestre. Aparentemente procurando uma boa alma que pudesse socorre-lo nesse momento difícil. E sem saída... agarrou o braço da garota e a arrastou para fora de sua sala. Luna por sua vez, estava assustada com tal atitude, mas, apenas deixou-se levar esperando pelo o que viria a seguir.

- Professor, clamou Luna mais uma vez. O senhor vai me ajudar...opa...me ajudar a procurar pelas minhas coisas? – Perguntou Luna esperançosa.

Snape continuou caminhando. Subindo e descendo escadas com aquele entulho que do nada apareceu para perturbar a sua paz.

-Por que paramos aqui na porta do escritório do professor Flitwick, se ele no momento está em...

-Srta. Lovegood, mantenha a sua boca, FECHADA, para que eu possa raciocinar por um instante. – Rosnou Snape.

-Eu ia dizer que ele saiu a pedido do professor Dumbledore. – Luna choramingou baixinho.

Percebendo que não havia ninguém na sala do professor Flitwick. E que já tão tarde da noite, Severo Snape concluiu infeliz que não havia mais ninguém que pudesse salva-lo da companhia daquela lunática. Decidiu então ajuda-la para rapidamente livrar-se daquele pesadelo.