Eu como uma carioca da Gema, amo praia e vivo andando por lá. Não necessariamente na areia, mas onde ficam os quiosques e essas coisas. Parei em um, já cansada de tanto andar, comprei uma água de coco e sentei num banco de cimento para admirar a beleza da minha cidade. Quando depois de uns 5 minutos um homem sentou do meu lado. Percebi que ele não estava muito bem.
- Oi. – disse para o homem com o melhor sorriso que eu tinha
- Oi. – ele respondeu mio confuso, nunca tinha me visto antes.
- Tudo bem? – perguntei simpática novamente mesmo sabendo que ele não estava bem.
- VO-CÊ está bem? – ele perguntou dando ênfase no "você" que disse separando as sílabas.
- É, acho que sim. – eu disse dando os ombros sem importância – E você, como está?
- Bem – ficamos um tempo em silêncio quando ele começou a falar para si mesmo – Quem estou querendo enganar? Eu não estou bem. Minha vida está uma merda. EU estou na merda.
- Por quê? – perguntei, dava pra perceber que ele queria desabafar.
- E porque você quer saber? – ele perguntou desconfiado.
- Por nada. Por perguntar. Pra puxar um assunto – respondi normalmente.
- Não estou muito bem no casamento, minha mulher quer se separar, meus filhos não entendem, o mais velho me ver como o errado, o vilão da história. É horrível!
Ele enfim começou a desabafar. Falou, falou e falou muitas coisas, muitos problemas de uma vez só. Pobre homem. Chegou a chorar conversando comigo. Dei conselhos básicos como "converse", "pense melhor". Nunca tinha o visto na minha vida, mas ele precisava de um ombro amigo. Às vezes, na maioria delas, eu me sinto a Madre Tereza de Calcutá, disposta a ajudar a quem der e vier.
Depois de um tempo, quando o céu já estava quase totalmente escuro eu me despedi do homem que nunca soube o nome dele e vice-versa. O chamava de "O coroa da Praia", pois o cabelo dele era grisalho.
