Disclaimer: Supernatural não me pertence.

Samhain

Escrito por: Anna Gonçalves

O vento entrava sem impedimentos através da janela semi aberta do quarto de motel. Era frio e forte.

A sensação de trazer algo inundou o sono do homem que dormia tranquilamente na enorme cama do quarto.

Ele abriu os olhos lentamente. As pálpebras recuando vagarosamente enquanto piscava, ajustando os olhos verdes à falta de iluminação. Manchas escuras recaíram como toldos sobre eles, bloqueando a visão.

Entreabriu os lábios e suspirou pesaroso. Devagar e com cuidado remexeu debaixo do travesseiro, apalpando a arma guardada ali por questões de segurança. Sua segurança.

Seu instinto avisava que algo estava ali à espreita, esperando que tomasse algum descuido e o atacasse. O silêncio que pairava ali parecia muito mais do que simplesmente assustador, parecia mortal. Rompido em intervalos irregulares pelos uivos desesperados do vento.

- Sam? – chamou por seu irmão que não havia feito um movimento sequer na outra cama que possuía no quarto.

Se fosse algum perigo seu irmão também sentiria e acordaria. Certo? Talvez estivesse tão cansado que estaria sentindo o perigo até em seu momento de descanso.

Ignorou o seu talvez quando sentiu o vento gelado congelar suas veias e sua sanidade. Sim, havia algo naquele quarto. Algo sobrenatural, algo que ele seria capaz de derrotar. Era seu trabalho.

O punho cerrou-se, agarrando a arma com força. Manteve-se imóvel por alguns segundos, pelo menos até que as manchas escuras em seus olhos se dissolvessem o bastante para que pudesse enxergar. Conforme recuperava o domínio do sentido, moveu seu braço lentamente até a luminária que estava ao lado da cama. Parou atônito quando sentiu o toque gelado em sua mão.

O rosto que seus olhos captaram deixou-o inquieto. Tentou ignorar o desconforto e o nervosismo que o apanhou.

- Pólvora não vai adiantar contra mim, Dean. – ela lhe olhou carinhosamente e sorrindo.

Aquele sorriso que ele sempre adorou, os olhos tão sinceros. Ele tentou inutilmente evitar aquele sentimento nostálgico, aquela saudade que sentia daquela mulher que estava a sua frente.

- O que está fazendo aqui Jo?

- Samhain. – sorriu – Sabe que é nesse dia que ocorre o desaparecimento da fronteira entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Seus olhos verdes percorriam a silhueta a sua frente. O corpo que o enlouquecia e que nunca havia tocado, provado. Olhou para seus lábios, provados uma única vez. Um beijo de despedida, antes de deixá-la para morrer.

- Eu... – sua voz vacilou. – Eu sinto muito por você estar assim, desse jeito. Morta. Se eu não...

- Dean... Não o culpo. Em nenhum momento eu o culpei.

Ele tirou a mão que estava pousada na arma e levou lentamente até o rosto de Jo. Seus dedos tocaram suavemente suas bochechas até que pousaram em seus lábios. Ela fechou os olhos para aproveitar melhor as caricias do homem que idolatrava, admirava e amava.

- Estou feliz Dean. Morri para te salvar e isso me deixa feliz.

Só mais uma vez. Ele tinha que saborear os lábios dela só mais uma vez. Será que seria a mesma coisa? Ele estaria beijando um fantasma. Um fantasma que estava sólido por causa do samhain, mas ainda continuava sendo um fantasma.

Ele ignorou o estranho nervosismo que apertava a boca de seu estômago. Aproximou-se devagar e levemente tocou seus lábios com os dela. Não havia mudado. Era ela, sua Jo.

O beijo era calmo, suave e cheio de sentimentos. Separaram-se para tomar ar, para se encararem e sorrirem. Ele não pensou no amanhã e dessa vez não se conteve.

Dean segurou-a pela nuca e tomou seus lábios novamente. O beijo foi urgente, quente, inundado da paixão que os consumia. Seus corpos se apertavam como se desejassem se fundirem em apenas um.

- Jo... – Dean afastou seus lábios dos dela, seu peito oscilava, seu corpo estava tenso, seus olhos escuros de desejo.

Ela apenas sorriu. Cercou o pescoço dele com os braços e murmurou carinhosamente em seu ouvido

- O que você faria se fosse seu último dia vivo?

Ele sorriu, lembrando da última noite que havia passado com ela viva.

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Bem, espero que gostem.

É pequena mas achei bem fofa. Simples e fofa. Minha primeira história de Supernatural, portanto não sejam tão malvados.

Dean e Jo para mim é o melhor casal da série. Por mais que não tenham sido um casal explicito... Desde o primeiro encontro deles na série eu já shippei. Chorei horrores quando ela morreu, sério. E saltitei muito quando ela reapareceu no episódio na sétima temporada.
Há muito tempo eu queria escrever uma coisa sobre eles, mas nada saía. Daí saiu enquanto tirava meu cochilo da tarde haha
Espero mesmo que gostem.