Capítulo 1
Musica: Gap - The Kooks
Alguém me explica uma coisa. Que PORRA a minha mãe tava pensando quando me falou que a gente ia se mudar pra Nova York?
Fala sério. A nossa vida é ótima aqui em Denver, Colorado. Não precisamos de uma cidade fria e suja feito Nova York pra sermos felizes. Mas não. Eu e meu irmão Nico somos forçados a largar a nossa vida perfeitamente feliz aqui em Denver pra nos mudar pra lá junto com o novo maridinho da minha mãe, Justin. Será que eles não podiam se casar e viver felizes para sempre aqui?
Será que a minha mãe não pensa? Veja só: eu, Bianca di Angelo, do alto dos meus 17 anos, tenho que ter... Vida social, certo? E eu tenho uma vida social aqui. Não sou a pessoinha mais popular do colégio nem nada, – que Deus não permita que eu vire uma loira oxigenada com silicone feito as lideres de torcida de lá. Mas o caso é que eu vou ter que começar tudo de novo em Nova York. Vou ser uma intrusa. Uma anormal.
Tirando que eu vou morar justo no Upper East Side – é, aquele bairro de riquinhos esnobes mesmo que você está pensando. Aliás, não só no Upper East Side, como na QUINTA AVENIDA. Parece que o Justin é rico ou coisa assim. Ele é produtor musical. Ah, apesar do nome, o sobrenome dele não é Timberlake. Infelizmente.
(não que eu goste desse tipo de musica pop.)
E eu não quero estudar na Constance Billiard junto com a Blair Waldorf ou coisa assim.
Felizmente, hoje minha mãe me informou que já tinha feito a matrícula no colégio onde eu ia estudar. Não é a Constance (dã). Se chama Birch Wathen Lenox School, e fica perto de onde vamos morar. Esse é o lado bom. O lado ruim é que eu vou ter que usar uniforme. E que escola é conhecida por ser líder em vários campeonatos de esporte e tal.
Ótimo. Só porque eu sou alérgica a qualquer coisa com times e bolas.
Também, ela não é daquelas exclusivas só pra meninas. Ainda não decidi se isso é bom ou ruim.
No mesmo dia que minha mãe me disse sobre o colégio, fomos pro aeroporto. Nova York é do OUTRO LADO DO PAÍS. Eu ia ter que passar tipo, 12 horas no avião. Quando eu perguntei quanto tempo era a viagem, minha mãe não respondeu, o que indica que iria ser realmente longa e ela não queria me deixar mais irritada do que eu já estava.
Por esse motivo que eu passei a noite em claro antes do dia da viagem. Não queria ficar acordada o tempo todo no avião, e eu nunca consigo dormir durante o dia, a não ser que eu não tenha dormido a noite. Então fiquei acordada, lendo, vendo TV e tal. Estava andando igual uma zumbi no aeroporto.
Nico ficou me enchendo o saco, falando que eu parecia uma morta viva. Zumbi-Bianca. Que engraçado. As vezes ele é tão criança que nem parece ter 14 anos.
Consegui dormir quase a viagem toda (que durou tipo, 10 horas). Não tive a infelicidade de sentar ao lado de alguém que ronca alto ou... Você sabe. Esse tipo de pessoas que não são legais de encontrar num avião.
Apesar de tudo, Nova York é incrível. Eu fiquei quase sem fôlego ao ver os prédios gigantes na hora do avião pousar. Eu gosto de Denver, não me leve a mal, mas não tem muito a ver comigo. Primeiro, porque eu gosto de usar preto, e em dever o clima é tipo... Desértico. Segundo, ela é próxima das Montanhas Rochosas. Não que eu seja antiecológica, eu só sou, sei lá, urbana.
Ok, acho que ainda to meio grogue de sono.
Outra coisa: adoro esses táxis amarelos! (é, eu sei que estava falando mal da cidade antes, mas eu estava com raiva)
O Justin já estava nos esperando na casa, então eu, minha mãe e Nico fomos juntos espremidos num desses. Graças a Deus fiquei na janela. Só de ver os prédios eu já queria pegar meu caderno e desenhar todos – inclusive a Estátua da Liberdade.
Então, chegamos na casa. Era ENORME. Ao sair do táxi, vi algumas garotas andando por ali, se equilibrando em saltos gigantescos que me davam vertigem só de olhar. Uma outra, com uma bolsa que parecia ter custado uns 300 dólares (ou mais, já que tinha aquele símbolo de 2 C`s entrelaçados – oi, Chanel! Você não me pertence), passou por mim e me lançou um olhar tipo "o que você pensa que tá fazendo aqui?". Eu a ignorei e peguei minhas malas no táxi.
Pareceu que, só porque eu prefiro all star em vez de salto alto eu não ia ser bem aceita aqui. Legal.
- Ah, vocês chegaram! – Justin apareceu na porta da frente.
Juro que, se a minha mãe não fosse casada com ele, eu pensaria que ele era gay. Ele estava usando uma camisa pólo azul turquesa, shorts brancos minúsculos e um tênis de corrida. O pior detalhe era a meia cor-de-rosa aparecendo totalmente, e o cabelo loiro platinado penteado pra trás.
Sério, minha mãe podia ter arrumado coisa melhor. Ela sempre se virou bem, cuidando do meu irmão e de mim sozinha – meu pai morreu quando eu tinha dois anos (eu não me lembro dele, então não sinto falta, obrigada). Mas desde que ela conheceu o Justin, ficou meio... Sei lá. Ficou diferente.
- Vem cá, garotão, me dá um abraço – disse Justin, ridículo como sempre, ao abraçar meu irmão. Nico fez cara de quem queria sair correndo. – Oi, princesa – ele disse pra mim, e foi a minha vez de querer correr.
- Oi – falei, fazendo o abraço durar o mínimo possível.
- Ah, Justin, que bom que chegamos! Fiquei morrendo de medo do avião – minha mãe falou, toda afobada, praticamente se jogando em cima dele. Os dois se beijaram.
- Eca! – disse Nico. Eu revirei os olhos e tentei enxergar dentro da casa, através da porta aberta.
- Bem, vamos entrando – disse Justin. Eu ia pegar minhas malas, mas ele completou: - Não, não precisa carregar peso, princesa. Um dos meus empregados virá buscar.
Eu dei um sorriso azedo.
- Não ligo de carregar. Estou acostumada a ter uma vida normal. – peguei minhas malas e marchei em direção à porta.
- Querida, pra chegar no seu quarto, é preciso subir três vãos de escada. – disse minha mãe.
Coloquei-as no chão.
- Então talvez seja melhor começar a viver a vida anormal – falei baixinho demais pra eles escutarem.
- Entre, entre – disse Justin. Eu entrei e fiquei sem fala.
O lugar era enorme e não tinha nenhuma parede separando cômodos. Num canto, havia uns sofás amontoados em volta de uma mesinha cheia de livros e revistas. No outro, mais sofás. Mais no fundo, havia um bar, com cerca de três mesas com cadeiras perto dele. Do lado esquerdo do bar, havia portas duplas de vidro, e através delas, dava pra ver...
- Uau! Piscina! – disse Nico, todo feliz. É, era uma piscina enorme, azul e brilhante, cheia de bóias. Confesso que fiquei impressionada, a medida que fui percebendo que o lugar todo tinha um toque meio... Grego. Havia aquelas pilastras por todo o lado, e, perto da piscina, tinha uma réplica da Vênus de Milo. (hã?! O que leva uma pessoa a colocar uma estatua grega perto da piscina?)
- Sim, uma piscina – respondeu Justin, feito um idiota. – Nico, se quiser subir, seu quarto é no segundo andar. É a terceira porta à esquerda.
- Legal! – disse ele, e saiu correndo pras escadas que eu não tinha reparado antes. Elas começavam do lado da entrada da piscina.
- Posso subir também? – falei no meu tom mais amável, querendo fugir dali.
- Claro – minha mãe respondeu, sorrindo. – Onde é o quarto dela, Justin?
- É no terceiro andar. É a ultima porta do corredor, a do fundo. Pode pegar o elevador – ele sorriu.
- Elevador? – olhei pra onde ele estava apontando e vi uma portinha prateada, do lado de um dos sofás. – Oh.
Então quer dizer que, se eu quisesse, poderia ter carregado as minhas malas? Rá. Legal.
Dei mais um sorriso amável e entrei no elevador. Apertei o numero 3 – haviam 4 andares, sem contar com o térreo – e esperei. Antes de chegar ao terceiro andar, a porta se abriu no segundo, e dei de cara com Nico.
- Legal! Um elevador! Pra onde você tá indo?
- Pro meu quarto – respondi, revirando os olhos.
- Ah, para de fazer isso – disse ele.
- Fazer o que?
Ele imitou meu revirar de olhos dramaticamente.
- Tchau, Nico – apertei o botão de fechar as portas.
O elevador subiu pro terceiro andar e se abriu para um corredor enorme. Eu o atravessei e abri a ultima porta, a do fundo.
Meu novo quarto não tinha nada a ver comigo. Não era muito grande (comparado com o resto da casa), tinha uma cama gigante com um edredom cor-de-rosa com florzinhas. O chão era forrado com um carpete lilás. Tinha uma mesa vazia num canto, com uma poltrona rosa e felpuda, e estantes vazias do lado. Uma porta rosa-choque dava pro closet, e outra pra um banheiro, todo decorado com tons de vermelho.
Fiquei enjoada com tanto rosa.
Minhas malas já estavam no chão, perto da porta. Me perguntei como elas tinham ido parar ali. Eu abri a mala com meus CDs e livros, e tentei colocá-los nas estantes, mas o contraste foi gritante. Bom, o que Green Day, The Kooks e, sei lá, Agatha Christie tem a ver com cor-de-rosa?
A casa tinha tantas portas que eu resolvi ir perguntar pro Justin se tinha como eu trocar de quarto.
Quando saí do elevador pro térreo, me deparei com dois adolescentes idênticos e perfeitos, um menino e uma menina, ao lado de Justin e minha mãe.
- Ah, Bianca, que bom que você desceu – disse ele. – Eu já ia te chamar pra conhecer meus filhos.
Peraí. FILHOS?
Continua ;)
___________________
N/A: oláa, novos leitores :)))
só pra esclarecer: essa fan fic é tipo um "spin off" da minha outra fan fic de PJ, kiss with a fist. a bianca apareceu em um capítulo, e essa fan fic aqui é mais ou menos a vida dela 6 meses depois.
espero que gostem :D
