(O anime Inuyasha não me pertence, e sim a Rumiko Takahashi e cia., como todos sabem.)

(Um meio-youkai sábio nas artes da medicina natural apaixona-se por uma bela e alegre moça. Mas ela é a protegida de um poderoso e temido youkai. O que poderá fazer o tímido Jinenji?)

QUANDO A NOITE AMANHECE

Na solidão misteriosa do bosque, uma moça banhava seu belo corpo num riacho de águas límpidas e calmas.

Mesmo ali havendo muitos youkais, tal perigo parecia não amedrontá-la, tampouco incomodá-la.

Depois que Naraku foi derrotado e a caçada pela Jóia de Quatro Almas terminou, um período de tranqüilidade reinava no mundo dos youkais e os humanos estavam podendo finalmente ter um pouco de paz.

A jovem mulher estava alheia ao que acontecia ao seu redor, enquanto enxaguava seus longos cabelos negros.

Às margens do riacho, um quimono azul-bebê esperava para cobrir seu corpo.

Uma brisa suave moveu as folhas verdes das copas das árvores e, por conseguinte, arrepiou a frágil pele de Rin, que apressou-se a cobrir-se com o quimono.

Não percebeu uma aproximação sorrateira e livre de ruídos e um par de olhos dourados, sem querer, pousou em sua silhueta nua, desviando-se imediatamente com expressão perturbada.

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- Sr. Sesshoumaru, estou com fome. – disse Rin, montada em Aruru – Vou procurar algo para comer.

- Jaken. – chamou Sesshoumaru, sem voltar o olhar para a moça ou para o pequeno youkai – Acompanhe-a.

- Sim, Sr. Sesshoumaru. – respondeu Jaken fazendo um gesto semelhante a uma continência e afastando-se com a garota e Aruru.

ooo000ooo

- Sr. Jaken... – Rin chamou a atenção do youkai, desmontando de Aruru – Fique aqui, por favor. Eu já volto.

- Rin, onde você vai?

- Não se preocupe. – respondeu ela, subindo uma encosta – Eu já volto.

- O que será que ela pretende? – perguntou-se Jaken, enquanto Aruru sentava-se na grama.

ooo000ooo

- Sr. Jinenji! – chamou Rin em frente a uma cabana – Sr. Jinenji, o senhor está aí? É a Rin, Sr. Jinenji!

- Rin? É mesmo aquela menina Rin que me pediu a planta dos Mil Dias? – uma voz grave respondeu do interior da cabana.

Rin, curiosa, adentrou no local e deparou-se com o meio-youkai Jinenji, que examinava algumas folhas. Era a primeira vez que o via em sua forma verdadeira mas não expressou nenhum espanto, sorrindo alegremente para o imenso ser a sua frente.

- Ah, é você... – disse ele – Há quanto tempo, menina...

Jinenji espantou-se com a nova forma de Rin. Quando a viu, uma única vez, ela era apenas uma criança, mas ainda se lembrava de sua coragem ao dizer que iria sozinha buscar a planta em lugar tão perigoso. A garotinha de enormes olhos castanhos havia se tornado uma bela moça de corpo esguio, feições suaves e longos cabelos negros, dos quais ainda conservava parte da franja presa em rabos-de-cavalo. Mas ainda mantinha aquela inocência de criança na expressão do rosto. Ela tinha agora 18 anos.

- É verdade. Eu nunca pude voltar para agradecer pela sua informação. Aquela planta foi de uma ajuda muito valiosa. – Rin sorriu agradecida.

- Então você foi mesmo àquela montanha procurar por ela? Você foi muito corajosa. Não tem porque me agradecer. Eu nem pude acompanhá-la na época e deixei que uma garotinha como você se aventurasse entre tantos perigos...

- Claro que devo agradecer. Sem o senhor, eu jamais a haveria achado. - Rin, curiosa como sempre, perguntou – O que está fazendo, Sr. Jinenji?

- Há poucos instantes, um humano veio até aqui e me pediu uma planta cicatrizante... Estou vendo se esta serve...

- O senhor é tão bom, Sr. Jinenji... Sempre ajudando as pessoas com suas ervas... – Rin sorriu novamente, sentando-se ao lado do enorme meio-youkai.

Jinenji enrubesceu, mas continuou seus afazeres. Como ela era bonita...

- Sr. Jinenji, onde está sua mãe? – perguntou Rin, repentinamente sentindo falta de tal senhora.

- É que... – Jinenji cessou momentaneamente seu esforço em amassar uma folha, inclinando um pouco a cabeça com ar solene – Mamãe já não está mais neste mundo.

- Oh! – exclamou Rin, surpresa – Me... Me desculpe, Sr. Jinenji... – apressou-se, constrangida - Eu não... Eu... Sinto muito.

- Não se preocupe... – Jinenji forçou um sorriso. - Já faz algum tempo que isto aconteceu e já estou conformado. Se bem que ainda sinto muita falta dela. A minha vida tem sido bem solitária desde então...

Rin apressou-se em encaminhar a conversa para assuntos mais leves e conversaram longamente sobre ervas medicinais e outras plantas esquisitas que o meio-youkai sempre cultivava ao redor de sua casa.

Mais tarde, Rin levantou-se rapidamente e caminhou para fora, voltando pouco depois.

- Sr. Jinenji, já está tarde. Eu tenho que ir.

- Não pode ficar mais um pouco? – perguntou Jinenji e acrescentou, esperançoso – Quando voltará a me visitar?

- Vou tentar não demorar tanto na próxima. Adeus, Sr. Jinenji. E obrigada por ser meu amigo. – acrescentou de maneira infantil, indo embora.

"Ela é maravilhosa." – Jinenji pensou, enrubescido e com os olhos brilhantes.