O olhar do diretor Franklin era acusador. Havia ali uma frieza que ela nunca vira antes. Ela, Sam Puckett, uma das alunas que mais pegava detenção na Ridgeway, nunca o vira daquele jeito. Sombrio. Sério. Assustador, até.

Teve que engolir em seco.

- O que foi dessa vez? – perguntou com certa hesitação. Não se lembrava de ter feito nada grave. Olhou para o diretor de um jeito suplicante, antes de emendar: – eu juro que não fiz nada!

Ele suspirou. Sam ficou mais nervosa.

- Sente-se, Puckett.

Ela obedeceu de imediato. Estava curiosa e – custou a admitir para si mesma – com medo. Sam Puckett, com medo?

Experimente se comportar por alguns dias e depois ser chamado à coordenação. Veja o seu diretor te olhar como se você tivesse acabado de matar um cara. Ai você entenderá o medo de Sam. Ela simplesmente não tinha a menor noção do que estava acontecendo.

Franklin olhou-a nos olhos, sério. Um arrepio percorreu a espinha dela.

- Uma acusação muito grave foi feita contra você – ela tentou argumentar, mas o diretor levantou a mão em um pedido para que se calasse. Então continuou: - custei a acreditar, Sam. Admito que sempre gostei de você, apesar da sua incontrolável rebeldia. Mas o que você fez foi... horrível. Serei obrigado a encaminhá-la para as autoridades.

Sam abriu e fechou a boca repetidas vezes, como um peixinho. Ela não sabia o que pensar, e muito menos o que dizer. Mas precisava falar algo em sua defesa.

Mas como se defender, se ela nem ao menos sabia do que estava sendo acusada?

- Eu não fiz nada! – praticamente gritou – não sei do que você está falando! E não estou mentindo dessa vez!

Franklin continuou impassível.

- Não se faça de inocente.

Aquilo a revoltou. Sam sempre havia respeitado o diretor na medida do possível, mas ser chamada descaradamente de mentirosa meio que mudava as coisas. Tudo bem que ela nem sempre havia sido muito sincera, mas como Franklin não reconhecia o seu olhar suplicante?

- EU-SOU-INOCENTE! – gritou, furiosa.

- Você roubou, Puckett. Um celular. Dentro da escola. Vai negar?

Sam levantou-se da cadeira em um movimento brusco. Agiu por impulso, não sabia o que fazer. E é claro que ela não havia roubado nada! Quem tinha a acusado daquilo? E pior: o diretor havia dito que chamaria a polícia. E se ele estava tão sério, ele realmente acreditava que ela era culpada. Mas não era.

O fluxo de pensamentos de Sam se intensificou. Ela começou a olhar para todos os lados, como se pudesse encontrar uma prova ao seu favor bem ali, no gabinete de Franklin.

- Eu não roubei celular algum! Não sei quem disse isso, mas é mentira! Ok, posso até admitir que eu já fiz muita coisa que você considera ruim ou ilegal, mas não roubei! Como você pode simplesmente me acusar?

- Acalme-se, Puckett.

- NÃO DIGA PARA EU ME ACALMAR!

O diretor olhou-a de uma forma surpresa. Ainda mais séria do que antes, se é que era possível. Sam havia explodido e gritado com ele, o que era algo que feria as regras da escola fortemente. Franklin parecia meio desapontado e meio furioso. Mesmo assim, manteve a calma e respondeu com aparente tranqüilidade:

- Vou ter que te dar uma detenção por gritar comigo.

Sam sentiu seus olhos inundarem. Não eram lágrimas de tristeza, mas sim de raiva. Pura raiva. Primeiro, era acusada de roubar um celular. Depois, tinha que levar detenção por ter tentado se defender. Que mundo injusto era aquele?

- Você tá de brincadeira, né? – ela falou, antes que pudesse se controlar. Não estava mais gritando, ou com raiva, e sim desapontada.

- Adoraria estar – ele suspirou mais uma vez. Sam nunca havia reparado que Franklin tinha essa mania, mas aquilo não vinha ao caso – ok, vamos fazer o seguinte... amanhã você me procura na hora do almoço para conversarmos com mais calma. Você está muito agitada agora.

- É claro que estou – ela falou com sarcasmo, antes de sair do escritório. Bateu a porta atrás de si, o que provavelmente piorou as coisas. A detenção provavelmente duplicaria.

Antes de qualquer coisa, observou o corredor à sua frente. Os alunos andavam pra lá e pra cá. Sorriam como se o mundo não fosse feio, nem mal, nem injusto. Por um momento, Sam invejou a felicidade deles.

Sua vida era uma merda. Tinha uma mãe ausente, uma irmã perfeita que devia ser seu exemplo, um problema com comida, um amor platônico que gostava de sua melhor amiga... e ainda era acusada de roubo.

A máscara de Sam caiu, assim como a primeira lágrima do dia. Olhou para o chão, procurando esconder o rosto. Não podia deixar que a vissem daquele jeito. Ela era conhecida por ser segura demais, forte demais.

O problema é que ninguém – nem mesmo Carly e Freddia – sabiam toda a verdade sobre a sua vida. No fundo, Sam era apenas uma criança assustada e insegura.

Teve que correr para o banheiro, antes que alguém a visse tão desmoronada. Chorou um pouco, trancada em um dos boxes. Depois ouviu a sineta tocar, mas não foi para a sala. Subiu em um dos vasos sanitários e escalou até a pequena janela. Pulou para fora. Só queria chegar em casa.

NOTAS SOBRE O CAPÍTULO: então, eu até gostei desse. acho que poderia ter escrito melhor e tudo mais, mas espero ter conseguido passar a mensagem direitinho. sobre o "problema com comida", logo vocês vão descobrir o que é, e talvez fiquem chocados. ok, muitas coisas podem chocar vocês nessa fic XD

só pra constar: eu não revisei, então podem ter erros de escrita/gramática/enfim. peço que não liguem para eles.

E COMENTEM *-*