Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não me pertencem. Esta fanfiction não possui nenhum fim lucrativo.

Categoria: Romance/Drama.

Censura: T.

Shipper: Sana.

Spoilers: 3 e 5 temporadas.

Sinopse: E se Ana-Lucia não tivesse morrido e o curso dos acontecimentos fosse alterado? Ainda perdidos na ilha misteriosa, logrados pela única equipe de resgate que veio salvá-los e perseguidos por um inimigo invisível, Sawyer e Ana precisam deixar suas diferenças de lado em prol da sobrevivência.

Feliz Navidad

"Eu digo o que vamos fazer! Vamos para a Orquídea", disse Sawyer com toda a propriedade pousando o rifle nos ombros. E desde quando ele se tornara o líder naquela expedição maluca? Poderia haver situação mais estranha? Por várias vezes durante aqueles loucos momentos em que o céu escurecia e a floresta ao redor girava causando náuseas, dores de cabeça e sangramentos no nariz, Ana-Lucia acreditou estar morta e que aquela ilha era uma espécie de purgatório onde teria de pagar um a um por todos os seus pecados até que não restasse mais nenhuma sanidade nela.

Charlotte, membro da suposta equipe de resgate que tinha vindo para salvá-los, mas que não fora capaz de resgatar a si mesma tinha acabado de se erguer do chão com a ajuda de seu mais fiel companheiro, Daniel Faraday, o cientista louco. Minutos antes ela estivera desmaiada e com o rosto ensangüentado devido ao sangue que jorrava sem parar de suas narinas. Juliet estivera debruçada em cima dela, tentando entender com a ajuda de Faraday o que estava acontecendo.

Ana-Lucia se mantivera à distância segurando seu precioso pacote nos braços. O bebê Aaron. Ela não sabia se o que estava acontecendo com Charlotte era contagioso, por isso se mantinha à distância para proteger o bebê. Quando Kate pedira a ela que cuidasse do bebê um pouco, provavelmente porque não possuía outra opção enquanto ia com Sayid atrás de Jack, Ana nunca imaginou que o garoto fosse se tornar responsabilidade sua. Mas Claire tinha desaparecido, Jack, Kate e todos os outros agora estavam mortos devido à explosão do cargueiro que os levaria de volta à civilização.

Ana, porém, não teve tempo de chorar por eles. Ela, assim como todos os outros sobreviventes agora precisava se preocupar em sobreviver. O acampamento na praia fora atacado pelos nativos e eles tiveram que fugir às pressas. Ela sempre cuidando do bebê, mesmo em meio aos clarões que os transportavam inacreditavelmente de um cenário a outro e deixavam suas mentes confusas. Mas ela estava tão cansada daquilo tudo. Só queria parar, sentar e respirar um pouco. Aquela ideia de ir para um lugar com um nome tão peculiar que não lhe dizia coisa alguma, e principalmente estar sob o comando de Sawyer deixou-a extremamente irritada. Sem perceber, ela explodiu.

- Do que você está falando, cowboy?- Ana gritou segurando Aaron junto ao peito. No começo, ele chorava muito, provavelmente sentindo falta do aconchego e do leite da mãe, mas com o tempo ele foi se habituando à Ana e ela a ele. Ana só largava o bebê quando precisava atender às suas necessidades pessoais e ainda assim não mais do que cinco minutos. – Que história é essa de Orquídea? Que droga de lugar é esse?

Sawyer balançou a cabeça, assim como ela, ele sentia-se cansado e irritado. Rebelados em seu grupo só trariam mais dor de cabeça a ele, e o sulista não estava nem um pouco a fim de discutir.

- Olha, Lulu, se você não estava presente quando contaram toda a historinha sobre as malditas estações da Dharma, eu não posso fazer nada, e sim, nós vamos pra droga da Orquídea!

- Ah, é?- ela retrucou com uma sobrancelha erguida e postura debochada. – Pois eu não vou!

- Ah, não!- Miles resmungou. – Já vai começar. - aquela não era a primeira discussão entre Ana-Lucia e Sawyer que eles testemunhavam desde que ela se unira a eles com o bebê.

- Problema seu se não quer ir, rambina.- disse Sawyer sem paciência. – Entregue o bebê pra Jules e siga o seu caminho. Mas eu te digo uma coisa, não vai ser divertido viajar no tempo sem nós!

Ana bufou. Aaron inquietou-se no colo dela e começou a chorar. Ela balançou o bebê instintivamente antes de dizer para Sawyer:

- Pro inferno que eu vou entregar o bebê para alguém!

Juliet se aproximou com seu ar piedoso e metódico, como sempre esperando ser obedecida ao final de suas palavras. As atitudes dela irritavam Ana tanto quanto as de Sawyer. Para dizer a verdade, tudo naquela ilha a irritava.

- Ana-Lucia, não é seguro para você e o bebê ficarem sozinhos. Eu entendo que queira protegê-lo. Nós também queremos.

- Você não sabe de nada!- disse Ana, virando as costas para o grupo.

- Ana-Lucia!- dessa vez foi Locke quem falou. – Eu sei que você está cansada e assustada.

Ana voltou-se para ele e para a surpresa de todos ficou ouvindo.

- Todos nós estamos cansados. Mas você não quer que isso pare?

- Está falando desses malditos clarões?

Locke assentiu e continuou:

- Fui eu quem disse ao James que a única maneira de fazer tudo isso parar é trazer os outros de volta para a ilha. Tudo isso está acontecendo porque eles saíram.

- Eles morreram, John!- falou Ana com pesar.

- Não segundo a filosofia do Locke.- disse Sawyer com um sorriso debochado.

- Na Orquídea nós encontraremos as repostas que precisamos. Por acaso você tem um plano melhor do que esse?- insistiu Locke.

- Eu só quero que isso pare!- Miles se pronunciou e todos olharam para ele. Ele ficou todo sem graça e disse: - Bem, eu estou só dizendo...

- Vamos para a Orquídea!- Locke instruiu e Sawyer se posicionou a frente do grupo que o seguiu.

Sem escolha, Ana suspirou e fez o mesmo, caminhando logo atrás deles, torcendo para que outro clarão não viesse a raptá-los e confundir suas mentes.

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Eles caminharam o restante do dia com apenas algumas paradas esporádicas para comer e cuidas das necessidades. Os braços de Ana estavam dormentes de tanto carregar o bebê, por isso ela improvisara com um cobertor atravessado no corpo uma pequena rede para carregá-lo de forma que o peso dele não a deixasse ainda mais exausta.

Miles caminhava ao lado dela ao longo de todo o percurso, de todos do grupo ele era a pessoa com quem ela mais simpatizava por assim dizer. Ele era prestativo e se oferecera para carregar o bebê várias vezes, além de trazer água para ambos. Ana estava agradecida mentalmente por ter pelo menos uma pessoa ali que compreendesse um pouco do que ela sentia.

Locke e Sawyer iam à frente, conversando baixinho. Ela não fazia a menor ideia do que diziam, mas também não se importava; era provavelmente mais alguma teoria maluca sobre trazer os outros de volta para a ilha. Ana esperava que pelo menos houvesse um rádio na tal Orquídea. Como Charlie morrera para desbloquear o sinal que impedia que transmissões fossem geradas a partir da ilha, qualquer rádio agora poderia emitir um pedido de SOS e essa mensagem seria ouvida em algum lugar. Ana precisava acreditar naquilo.

A conversa entre Sawyer e Locke, no entanto, apesar de ser sobre como convencer os outros a voltarem para a ilha, falava de uma pessoa em especial.

- O que vai dizer para convencer Kate a voltar quando encontrá-la? Se é que ela esteja viva em algum lugar- Sawyer perguntou a Locke, caminhando ao lado dele.

- Ainda não pensei nisso.- respondeu Locke.

- Bem, vou dizer uma coisa.- disse Sawyer. – Ela estava bem feliz de subir naquele helicóptero e sair daqui. Não acredito sinceramente que ela vá querer voltar.

De repente, um clarão surgindo por entre as copas das árvores ao longe, em meio à escuridão despertou a atenção de todos e fez com que eles parassem.

- Que diabos é aquilo?- indagou Miles com os olhos arregalados. O clarão lembrava holofotes estratégicos dirigidos a um artista em um concerto.

- Seja o que for é melhor ficarmos longe.- falou Locke.

- Nessa eu vou ter que concordar com você.- disse Ana-Lucia com ambos os braços ao redor do corpinho de Aaron.

- A praia é por aqui.- lembrou Sawyer apontando na direção do clarão. – Agora você quer ir pelo caminho em que seremos mais visados, Locke?

- John, você sabe quando estamos?- Ana arriscou perguntar referindo-se ao período no tempo. Não houvera mais clarões desde o último incidente com Charlotte.

- Temos que continuar andando.- ele limitou-se a dizer.

Todos se entreolharam e pouco a pouco começaram a caminhar para longe do clarão. Eles caminharam por alguns instantes até que Ana notou que Miles limpava sangue que escorria de seu nariz. O coração dela bateu mais depressa devido à preocupação. Não era nada bom ter mais uma pessoa sangrando no grupo. Juliet tocou o ombro dele e perguntou:

- Você está bem?

- Estou formidável.- ele respondeu com ironia.

Um ruído súbito fez com que o grupo recuasse novamente.

- O que é isso?- indagou Miles, assustado.

Sawyer olhou na direção do ruído e disse:

- Ninguém se mexe!

Ana, porém, deu um passo a frente.

- O que vai fazer?- perguntou.

Ele começou a caminhar para longe do grupo.

- James!- chamou Locke.

- Deixa comigo!- disse ele se afastando.

Ana-Lucia olhou para Juliet e desamarrando o cobertor de seu pescoço, colocou o bebê nos braços dela, dizendo:

- Cuide dele, por favor! Eu preciso descobrir o que esse maluco vai fazer.

Juliet nada disse, apenas ajeitou o bebê em seu colo e ficou olhando Ana emprestar uma das armas de Locke e ir atrás de Sawyer.

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- Mas o que você pensa que está fazendo?- Ana cochichou, caminhando logo atrás de Sawyer. – Nós temos que ficar juntos. É a única maneira de sobrevivermos!

Sawyer voltou-se para ela e cochichou de volta:

- O que está fazendo aqui? Não me lembrei de ter te chamado. Volta agora mesmo!

Ana-Lucia cruzou os braços sobre o peito ainda segurando a arma, deu um suspiro resignado e disse:

- Olha só, eu vim atrás de você porque infelizmente tenho que admitir que você e o Locke são a melhor chance de sobrevivência que nós temos. Uma mulher doente, um cientista louco e um homem que não tem a menor ideia de para onde está indo não me parecem uma boa chance.

- Você se esqueceu da Jules.- disse Sawyer, pronto para retomar seu caminho e ignorá-la, mas Ana o parou quando tocou o braço dele com suavidade, dizendo:

- Sawyer, eu não confio nela.

As palavras dela provocaram nele uma súbita onda de ternura e orgulho masculino por ela afirmar nas entrelinhas que confiava nele, mas que logo se desfez quando ele disse:

- Pois eu não confio em você! Qual é, Lucy? Você me socou quase até a morte quando eu estava ferrado do outro lado do acampamento, depois fez sexo comigo pra roubar a minha arma, por que eu deveria confiar em você?

Ana sentiu o coração doer e o estômago se contrair diante das palavras dele porque era tudo verdade. Desde que ela o enganara para roubar-lhe a arma, eles mal tinham trocado cinco palavras, considerando que ele tentou se vingar dela assim que descobriu que tinha sido logrado. Mas a tentativa dela de matar Benjamin Linus não tinha dado certo e muita coisa tinha acontecido desde então. Ele fora aprisionado pelos Outros e ela não tinha ideia pelo que ele, Kate e Jack tinham passado. Ela ficara no acampamento e assumira a liderança de tudo até que eles retornassem. Mas ninguém soube reconhecer o que ela tinha feito. Ana seria para sempre a mulher cruel que torturara e enganara Sawyer e assassinara Shannon.

Mas ainda assim, ela tinha uma nova responsabilidade nas mãos, proteger Aaron, e Sawyer e Locke era a melhor chance que ela tinha. Não poderia fazer isso sozinha. Não poderia perdê-los, por isso ela obrigou-se a se manter calma e abaixar a cabeça para Sawyer pela primeira vez.

- Eu sei que eu fiz tudo isso.- disse ela com a voz embargada devido à humilhação que sentia por rebaixar-se a ele. – Mas Sawyer, precisamos um do outro agora para sobrevivermos. Eu tenho que cuidar do Aaron até que eu encontre a mãe dele e possa devolvê-lo sã e salvo. Preciso da sua ajuda. Não posso fazer isso sozinha...se tiver algo que eu possa fazer para consertar um pouco das coisas que eu fiz pra você...

Sawyer a ouvia atentamente e mal podia acreditar em tudo o que ela estava dizendo. A mulher estava mesmo desesperada. Quando ela indagou se havia algo que ela pudesse fazer para consertar o que fizera, um sorriso malicioso formou-se nos lábios dele:

- Bem...tem uma coisa que...

Ela não deixou que ele terminasse de falar, pois o ruído que os atraíra para aquele local foi ouvido novamente. Agora estava muito perto. Ana olhou para ele e pediu silêncio levando o dedo indicador aos lábios. Sawyer assentiu. Ela foi à frente e ele a seguiu.

Logo, eles chegaram a uma pequena clareira, poucos quilômetros da praia e pararam, olhares estáticos diante da cena que agora presenciavam juntos. Ali, alguns metros diante deles avistaram Kate inclinada sobre Claire que sofria as dores do parto.

Instintivamente, Sawyer buscou a mão de Ana e segurou-a com firmeza. Um murmúrio de surpresa escapou dos lábios dela.

- Deus!- ela exclamou tentando conter o nervosismo que começava a se apoderar dela.

Continua...