Atenção! Essa fic contém spoilers sobre o final da 2ª. temporada!
Título: Kuroshitsuji III
Autora: Gaia Syrdm
Beta: Mary Sumeragi
Sinopse: O que aconteceu depois que Ciel virou um demônio?
Casal: Ciel Phantomhive e Sebastian Michaelis
Aviso: Antes de mais nada esta fic possui conteúdo homossexual/yaoi/slash/gay ou como queira chamar. Se não gosta, não leia, se leu, não reclame.
Disclaimer: Kuroshitsuji não me pertence e eu não ganho nada com isso. Mas se me dessem o Sebastian, eu não ia reclamar ^.^
Kuroshitsuji III
Vinte anos já haviam se passado desde que Alois Trancy morrera junto dos demônios Claude e Hanna. Vinte anos que Ciel deixara a mansão Phantomhive. Vinte anos da morte do pequeno conde Ciel Phantomhive.
Vinte anos.
Parecia muito tempo, e com certeza era, mas não para ele.
Porque fazia vinte anos que Ciel Phantomhive era um demônio e como tal a passagem do tempo, para ele, não tinha muita importância.
Não era como se o afetasse, realmente.
Cap 1 – Vinte anos depois
Estava com fome. Sentia sua barriga se contorcer, reclamando pelo longo período de jejum. Mas não era como se Ciel não quisesse comer. Ele simplesmente não conseguia comer. Esse havia sido um detalhe esquecido por ele naquele dia há tanto tempo, quando abandonara o conforto da mansão de seus pais para viver no mundo dos demônios. Mundo do qual ele fazia parte agora. Não era algo que ele esperara. Quem imaginaria que a simples caça a um garoto que arrancava olhos de outros, vestido como um conde, traçando na cidade o símbolo do demônio mordomo Claude, iria mudar de forma tal radical o seu destino?
Se ele tivesse ficado naquela caixa, como Sebastian havia dito, ele nunca teria sido capturado por Claude, nunca teria tido suas memórias misturadas as de Alois, nunca teria mandado Sebastian sumir da sua vista, nunca teria ficado na mansão Trancy, nunca teria sido possuído por Alois e nunca, juntos, eles teriam feito um contrato com Hanna. E ele não estaria vivo. Sebastian teria vencido, como de fato venceu, suas memórias recuperadas concluiriam o contrato dos dois e Ciel teria sido devorado. Era assim que deveria ter sido. Era assim que Sebastian queria que fosse.
Mas não foi assim que aconteceu.
E Sebastian estava preso a ele. Por toda a eternidade, como o escravo que havia sido nos quase três anos que servira o Ciel humano. Um escravo com o nome de mordomo.
E todo o trabalho do demônio mais velho, tudo o que ele lutara e enfrentara (porque um anjo e um demônio com certeza eram coisas demais para uma simples refeição) fora jogado fora. Ele não devorara Ciel. Ele acabou de barriga vazia.
Anos jogados fora.
E toda a sua liberdade eterna perdida.
Porque além de trabalhar tanto para um pirralho humano de 10, 11, 12 anos, ele ainda acabara preso a sua própria refeição.
Ciel tinha dó do demônio quando pensava nisso.
Mas não iria retirar a ordem dada há tantos anos. "Será meu demônio enquanto não comer minha alma". Ordem que Sebastian aceitara com tanto prazer.
A vida era realmente irônica.
Mesmo assim não libertaria o demônio negro que cuidara dele quando ele perdera tudo. Aquele que lhe era a coisa mais importante que tinha. Aquele que superava seus pais em importância. Não fora isso que a fotografia tirada há tantos anos por uma máquina mágica mostrara?
Não, ele não soltaria Sebastian, não o deixaria ir embora.
Porque não queria se ver longe dele. Porque sabia que não sobreviveria sem o demônio mordomo ao seu lado. Porque Sebastian era dele.
Levantou-se de sua cama, caminhando até o guarda-roupa em frente. Já era tarde e ele teria que levantar e ignorar sua barriga que ainda protestava. Esse era o detalhe que ele havia esquecido por completo. Que como demônio só poderia comer almas. Almas conseguidas através de contratos. Só que ele não conseguia devorá-las. Já havia devorado duas delas e isso porque Sebastian o obrigara. Ele também não havia conseguido fechar um contrato ainda, não tinha fibra para isso. Não ainda.
Mas Sebastian tinha.
Infelizmente não tinha a liberdade para isso.
Sebastian era de Ciel e não poderia ser de mais ninguém se o menino demônio não permitisse. E não era como se Ciel gostasse de ver Sebastian servindo a outros, chamando a outros de "mestre", sorrindo-lhes, agindo com eles da mesma forma que agira com ele quando ele ainda era um menino. Sua mente ainda infantil querendo acreditar que ele fora o único que o Sebastian tratara daquela forma, seus novos olhos vermelhos vendo que aquilo não era verdade.
Só que Sebastian precisa se alimentar e não era justo que Ciel o privasse do alimento desejado. Ainda mais quando já o havia privado há vinte anos.
Era a contragosto que Ciel permitia que o seu demônio firmasse contrato com outros humanos. Era a muito contra-gosto que ele o via servindo-os. Era com satisfação que ele permitia ou não que Sebastian firmasse contratos. E sabia que o demônio odiava ter de lhe pedir. Mesmo assim, duas vezes Sebastian trouxera para o menino a alma coletada, ficando ele mesmo sem comer.
A primeira vez não fora tão difícil. A segunda fora quase insuportável. E Ciel sabia, pelo barulho que sua barriga fazia que ele teria que se alimentar, mais cedo ou mais tarde pela terceira vez.
Mas não queria.
Ainda mais se fosse do nobre que Sebastian servia no momento.
Ciel não gostava dele. Mas o que poderia fazer?
Para permanecerem juntos Ciel sempre era trazido para perto do novo mestre do demônio, como o irmão mais novo de Sebastian ou como mais um empregado quando a situação permitia (ou seja, quando Sebastian servia algum nobre). Assim, ele sempre ficava por perto, observando.
Não era diferente no presente momento. Não estava ele num quarto de empregados? Não estava ele trabalhando como um simples ajudante de jardineiro? Ele? Mas... ele não era mais um conde. Ele não era mais Ciel Phantomhive. Porque Ciel Phantomhive já estava morto e ele era apenas Ciel.
E se ele não se arrumasse logo iria se atrasar e acabaria recebendo uma bronca de seu próprio mordomo.
Vestiu-se rápido, conseguindo acertar até mesmo como amarrar seus sapatos. Não era algo que gostasse de fazer, mas não podia ter Sebastian servindo-o o tempo todo quando ele estava trabalhando para outros. Fora a contragosto, mas Ciel tivera que aprender a se virar. E até que havia aprendido bem.
Já estava saindo do quarto quando se lembrou do tapa-olho. No mundo dos demônios ele não precisava mais usá-lo, mas ali era uma necessidade. E foi nessa hora que ele se olhou no espelho.
Mas não foi o conde Ciel Phantomhive que o olhou de volta pelo espelho. O conde tinha 13 anos quando morrera e Ciel realmente achou que ficaria com 13 anos para sempre. Não sabia que os demônios cresciam. Mas pensando bem, era algo um tanto obvio, afinal Sebastian nascera um demônio e crescera como tal. Não que Ciel já tivesse visto a verdadeira forma daquele que estava sempre ao seu lado.
Mas era um crescimento lento.
E a frente de Ciel ele via um rapaz ainda um pouco baixo, com cabelos azuis escuros que permaneciam no mesmo corte há anos, a franja incomodando os olhos. Os olhos vermelhos que lhe encaravam de volta. No entanto, seu corpo havia mudado. E muito. Não mais 13 anos, agora Ciel era um garoto de 16 anos, mais ou menos. Pelos seus olhos alguns poderiam lhe dar 17. Pelo seu comportamento 15. Mas o fato é que naqueles vinte anos o jovem demônio dera uma boa esticada, seu corpo se fortalecera, apesar de ainda ser muito magro e ele era um jovem demônio na puberdade.
Ciel gostava do que via no espelho. Seus anos recentes lhe ensinando a ter mais vaidade uma das conseqüências de se viver com um demônio que exalava sensualidade como Sebastian. Uma das conseqüências de ser o "irmão mais novo" do demônio negro.
Mas apesar de viverem como irmãos eles não se tratavam de tal forma.
Ciel ainda era o "Bocchan" e Sebastian o seu servo.
E Ciel realmente não ia mudar isso.
Mas o sol já penetrava seu quarto e Ciel Michaelis saiu de seu quarto para enfrentar outro dia de trabalho humano.
Mas sendo ele um demônio não podia reclamar. Não era como se aquilo lhe exigisse algum esforço.
Continua?
Outubro/2010
N/A: Então... desde que assisti o último episódio de Kuroshituji não consegui deixar de pensar que o Sebastian se deu muito mal nessa história. Fiquei com uma dó dele! Foi um final perfeito e uma ótima saída quando a matar ou não o Ciel, mas... Pobre Sebastian. Esses pensamentos não me saiam da cabeça. Assim como um Kuroshitsuji III que mostrasse Ciel adolescente e enfim a série tivesse o aquele toque yaoi que a série original não permite (afinal seria uma grande pedofilia! 12 anos, caramba!).
E quanto mais eu pensava como seria fofo um romance entre eles...
Para quem leu, valeu mesmo, para quem quiser deixar uma autora feliz, deixa uma review ^.^
Gaia Syrdm
