Olá Pessoal ;D

Está é uma adaptação do meu, do nosso, querido casal.
Espero de coração que vocês gostem.

Boa leitura.

CAPÍTULO 1

SAKURA

INO ESTÁ ENROLANDO o mesmo cacho de cabelo há dez minutos, e isso está começando a me deixar louca. Eu balanço a cabeça e aproximo meu latte gelado, colocando estrategicamente os lábios no canudinho. Ino está sentada à minha frente com os cotovelos apoiados na mesinha redonda, segurando o queixo com uma das mãos.

— Ele é lindo — afirma Ino, olhando para o sujeito que acabou de entrar na fila. — Sério, Testuda, quer fazer o favor de olhar pra ele?

Eu reviro os olhos e tomo mais um gole.

— Ino — respondo, apoiando a bebida na mesa. — Você, tem namorado. Eu preciso mesmo ficar te lembrando?

Ino faz uma cara bem-humorada de puro desdém.

— Não sabia que você era a minha mãe! — Minha amiga não consegue ficar muito tempo prestando atenção em mim, não enquanto aquele poço de sensualidade ambulante está de pé diante da caixa, pedindo café e bolinhos. — E Gaara nem liga se eu olhar, desde que eu fique de quatro pra ele a noite toda.

Eu bufo e fico vermelha

— Viu? U-hu — ela diz, abrindo um sorrisão. — Consegui te fazer rir. — Ino estende a mão para a sua bolsa de unicórnio. Como ela é perua. — Preciso fazer uma anotação. — continua pegando o celular e abrindo o diário digital. — Sábado. 15 de Junho. — Ela corre o dedo pela tela — Sakura Haruno riu de uma das minhas piadinhas sexuais. — Ela enfia o celular de volta na bolsa e me olha com aquela expressão pensativa que sempre faz quando está para entrar no modo psicanalista. — Dá só uma olhadinha! — Insiste, sem brincar.

Só para ela sossegar, viro o queixo de lado para olhar rapidamente para o sujeito. Ele se afasta do caixa e vai para a ponta do balcão, onde pega sua bebida. Alto. Maçãs do rosto perfeitamente esculpidas. Olhos verdes cativantes de modelo e cabelo castanho espetado.

— Tá — admito, voltando a olhar a minha amiga —, ele é gato, mas e daí?

Ino precisa admirá-lo enquanto ele sai pela porta dupla de vidro e passa em frente às vidraças antes de conseguir olhar para mim de novo e responder.

— Meu. Deus. Do céu! — Ela exclama, de olhos arregalados e incrédulos.

— É s ó um cara, Ino. — Eu coloco os lábios no canudinho de novo. — Você devia andar com " obcecada " escrito na testa. Pra ser completamente obcecada, você só falta babar.

— Tá brincando comigo? — Sua expressão se transformou em puro choque. — Sakura, você tem um problema sério. Sabe disso, não sabe? — Ela se encosta na cadeira. — Precisa aumentar a dose do seu remédio. É sério.

— Parei de tomar em abril.

— Quê? Porquê?

— Porque é ridículo — retruco com decisão. — Não tenho impulsos suicidas, então não tenho nenhum motivo pra continuar tomando aquilo.

Ela balança a cabeça e cruza os braços sobre o peito. — Você acha que eles receitam esse negócio só pra quem tem impulsos suicidas? Não.

— Não é bem assim. — Ela aponta para mim rapidamente e volta a cruzar os braços. — É um lance de desequilíbrio químico, alguma porra dessas.

Eu abro um sorrisinho.

— Ah, é? Desde quando você entende tanto de saúde mental e dos remédios usados pra tratar as centenas de transtornos? — Ergo as sobrancelhas só um pouco, o bastante para mostrar o quanto sei que ela não faz ideia do que está dizendo.

Quando Ino franze o nariz para mim em vez de responder, eu continuo: — Vou me curar no meu ritmo, e não preciso de um comprimido pra consertar as coisas. — Minha explicação começou delicada, mas inesperadamente ficou amarga antes que eu conseguisse acabar de dizer a última frase. Isso acontece muito.

A Yamanaka suspira, e o sorriso desaparece completamente de seu rosto.

— Desculpa — digo, com remorso pela resposta atravessada. — Olha, eu sei que você tá certa. Não posso negar que tenho uns problemas emocionais bem complicados e que às vezes sou meio grossa...

— Às vezes? — Ela resmunga, mas está sorrindo de novo e já me perdoou.

Isso também acontece muito.

Abro um meio sorriso também.

— Só quero encontrar as respostas por conta própria, sabe?

— Encontrar que respostas? — Ino está chateada comigo. — Testuda — diz ela, inclinando a cabeça para o lado para parecer pensativa. — Detesto te dizer isso, mas na vida as merdas acontecem mesmo. Você precisa superar. Derrotar isso fazendo coisas que te deixam feliz.

Tudo bem, talvez ela não seja tão péssima terapeuta, no fim das contas.

— Eu sei, você tem razão — admito —, mas...

Ino ergue uma sobrancelha, esperando.

— O quê? Desembucha, vai!

Dou uma olhada rápida para a parede, pensando a respeito. É tão comum eu ficar pensando na vida, ponderando cada aspecto possível dela. Quero saber que diabos estou fazendo aqui. Até agora mesmo. Neste café, com esta garota que conheço praticamente desde que nasci. Ontem me perguntei por que eu sentia necessidade de me levantar exatamente na mesma hora do dia anterior e fazer tudo como fiz no dia anterior. Por quê? O que motiva qualquer um de nós a fazer as coisas que fazemos, quando no fundo uma parte da gente só quer se libertar de tudo?

Desvio o olhar da parede para a minha melhor amiga, que sei que não vai entender o que vou dizer, mas, como preciso botar isso para fora, digo da mesma forma.

— Você já imaginou como seria viajar pelo mundo com uma mochila nas costas?

Ino fica sem expressão.

— Hã, acho que não — foi a resposta. — Deve ser... um saco.

— Bom, pensa nisso um momento — insisto, me apoiando na mesa e concentrando toda a atenção nela. — Só você e uma mochila com o indispensável. Nada de contas pra pagar. Nada de acordar na mesma hora todo dia pra ir pra um emprego que você detesta. Só você e o mundo à sua frente. Sem nunca saber o que o dia seguinte vai trazer, quem você vai conhecer, o que vai comer no almoço ou onde vai dormir. — Percebo que me perdi tanto nessas imagens que eu mesma devo ter parecido um pouco obcecada por um segundo.

— Você tá começando a me assustar — Ino desconversa, me olhando do outro lado da mesinha com cara de incerteza. Sua sobrancelha erguida volta a se alinhar com a outra e ela diz: — E também tem que andar pra caramba, tem o risco de ser estuprada, morta e desovada numa estrada qualquer. Ah, e também tem que andar pra caramba...

Ela claramente acha que estou à beira da loucura.

— Enfim, de onde saiu isso? — Nat pergunta, tomando um gole rápido de sua bebida.

— Parece algum tipo de crise de meia-idade, e você só tem 20 anos. — Ela aponta novamente, como que para salientar: — E nunca pagou uma conta na vida.

A Porca toma mais um gole; segue-se um barulho desagradável de aspiração.

— Posso não ter pago — digo baixinho para mim mesma —, mas vou pagar quando for morar com você.

— Pode crer que vai — concorda minha amiga, tamborilando em seu copo. — Tudo rachado ao meio... peraí, você não está pensando em dar pra trás, está? — Ela fica imóvel, me olhando com desconfiança.

— Não, o trato continua de pé. Semana que vem, eu saio da casa da minha mãe e vou morar com uma vadia.

— Sua vaca! — Ela ri.

Dou um sorrisinho e volto a ruminar as coisas de antes que ela não entendeu, mas eu já esperava isso. Mesmo antes que Sasori morresse, sempre tive ideias meio não convencionais. Em vez de ficar o tempo todo imaginando novas posições sexuais, como Ino muitas vezes faz com Gaara, o cara que ela está namorando há cinco anos, eu prefiro pensar em coisas que realmente importam. Ao menos no meu mundo, elas importam. Como é sentir o ar de outros países na minha pele, qual é o cheiro do oceano, por que o barulho da chuva me faz suspirar. "Você é muito cabeça", foi isso que Gaara me disse em mais de uma ocasião.

— Ai, nossa! — Ino diz. — Você é muito deprê, sabia? — Ela balança a cabeça com o canudo entre os lábios. — Vem! — Exclama de repente, se levantando. — Não aguento mais esses lances filosóficos, e acho que lugares estranhos que nem este te deixam ainda pior. Hoje à noite a gente vai pra Glow.

— Quê? Não, eu não estou a fim de ir.

— Você. Vai. Sim. — Ela joga o copo vazio na lata de lixo a um metro de distância e me segura pelo pulso. — Vai comigo desta vez porque, até onde eu sei, você é minha melhor amiga e eu não vou aceitar não de novo como resposta. — Seu sorriso de lábios cerrados se espalha por todo o seu rosto levemente bronzeado.

Sei que Ino está falando sério. Ela sempre fala sério quando me olha com essa cara: cheia de empolgação e determinação. Provavelmente vai ser mais fácil ir com ela está noite e dar um fim nisso, senão ela nunca mais vai me deixar em paz. São ossos do ofício para quem tem uma melhor amiga mandona.

Eu me levanto e jogo a bolsa sobre o ombro.

— São só duas da tarde — digo.

Tomo o resto do meu latte e jogo o copo vazio na mesma lata de lixo que ela.

— Sim, mas antes a gente precisa comprar um modelito novo pra você.

— Hum, não — retruco decidida enquanto ela sai comigo pelas portas de vidro para o ar fresco do verão. — Eu já tô indo pro Underground com você, já tô pagando meus pecados. Me recuso a sair pra fazer compras. Já tenho muita roupa.

Ino me dá o braço enquanto andamos pela calçada, passando por uma longa fila de parquímetros. Ela sorri e olha para mim.

— Tudo bem. Então me deixa pelo menos te vestir com alguma coisa do meu closet.

— E qual o problema com as minhas roupas?

Ela estufa os lábios para mim e estica o queixo, como se estivesse debatendo em silêncio por que preciso fazer uma pergunta tão ridícula.

— É a Glow — é o que ela diz, como se não houvesse resposta mais óbvia.

Tudo bem, até que Ino tem razão. Nós duas somos grandes amigas, mas no nosso
caso, é aquele lance dos opostos que se atraem. Ela é uma patricinha apaixonada pela Anna Wintour editora chefe da revista Vogue. Eu sou mais uma garota sossegada que raramente usa roupa escura, a menos que seja para um velório. Não que Ino só use preto e tenha um penteado fashion, mas ela jamais sairia em público vestindo alguma coisa do meu guarda-roupa porque, segundo ela, é tudo normal demais. Eu discordo. Sei como me vestir, e os meninos nunca reclamavam das roupas que eu escolhia, pelo menos na época em que eu ainda prestava atenção nos olhares que eles davam pra minha bunda quando eu usava meu jeans favorito.

Ultimamente eu não ando inspirada para ir a baladas como a Glow, mas, acho que vou ter que suportar me vestir como ela por uma noite, só para me enturmar. Talvez Ino tenha razão.

O quarto de Ino é totalmente o quarto de alguém que tem TOC. Essa é a única semelhança entre nós duas. Eu organizo minhas roupas pela cor. Ela organiza pelas marcas de grifes. Eu tiro o pó do meu quarto todo dia. Ela tem uma camareira para fazer isso.

— Este aqui vai ficar perfeito em você — decide a garota It, segurando um curtíssimo vestido branco rendado. — Fica colado ao corpo, e os seus peitos são perfeitos. — Ela põe o o vestido sobre o meu peito e examina como fiquei.

Rosno pra ela, insatisfeita com a primeira escolha.

Ela revira os olhos e seus ombros afundam.

— Tudo bem — desiste, jogando o pequeno pedaço de pano sobre a cama. Ela corre a mão pelo cabideiro e puxa outro, mostrando-a com um sorrisão que é também uma de suas táticas de manipulação. Sorrisões cheios de dentes me deixam com menos vontade
de lhe dizer não.

— Que tal alguma coisa que não seja tão curta, tão espalhafatosa e tão colada — digo.

— É um Valentino — Ino exclama, arregalando os olhos. — Como pode não gostar de Valentino?

— Ele é legal — respondo. — Só não quero exibir uma amostra grátis do meu peito e da minha bunda.

— Eu queria era mostrar meu peito e minha bunda mesmo — comenta Ino, admirando o vestido aderente com gola em V, praticamente igual ao primeiro que ela tentou me mostrar.

— Usa você, então, ué.

Ela me olha de lado, balançando a cabeça como se estivesse considerando a ideia.

— Acho que vou usar mesmo. — Ela tira o top que já está usando e o joga no cesto de roupas perto do closet, vestindo em seguida aquele pedaço de pano que ela chama de vestido sobre os peitões.

— Ficou legal em você — elogio, observando-a enquanto ela se ajeita e admira o que vê no espelho por vários ângulos.

— Ficou mesmo — Ino concorda.

— O que a Anna Wintour vai achar disso? — Brinco.

Ino dá uma risadinha, joga o cabelão loiro para trás e pega a escova.

— Ela sempre vai ser meu número um.

— E Gaara, sabe, aquele seu namorado nada imaginário?

— Para com isso — ela reclama, me olhando pelo espelho. — Se continuar me pentelhando com Gaara desse jeito... — Ela para com a escova na mão e vira o corpo para me encarar. — Você por acaso tá a fim do Gaara?

Viro a cabeça e sinto meu cenho se franzir com força.

— Claro que não, Porca! Que besteira é essa?

Ino ri e volta a escovar o cabelo.

— Vamos achar alguém pra você hoje. É disso que você precisa. Vai resolver tudo.

Meu silêncio revela imediatamente que ela foi longe demais. Detesto quando Ino faz isso. Por que todo mundo precisa estar com alguém? É uma ilusão idiota e um jeito de pensar bem patético.

Ela coloca a escova de volta na penteadeira e se vira completamente, deixando o ar de brincadeira desaparecer do rosto e suspirando profundamente.

— Sei que eu não devia dizer essas coisas... Olha, prometo que não vou ficar dando uma de Cupido, tá? — Ela levanta as duas mãos num gesto de rendição.

— Tá bom, eu acredito — digo, cedendo à sinceridade dela. Claro que sei que uma promessa nunca a detém completamente. Ino pode não tentar me arrumar alguém de forma descarada, mas só precisa piscar aqueles cílios loiro dela para Gaara e depois olhar para qualquer cara que estiver por perto, e Gaara saberá na hora o que ela quer que ele faça.

Mas eu não preciso da ajuda deles. Não quero ficar com ninguém. — Ah! — Ino está com a cabeça enfiada no closet. — Este vestido é perfeito! — Ela se vira, exibindo um vestido preto largo com aberturas nos ombros. Na parte da frente está escrito: PECADORA. — Comprei em um Outlet — ela conta, tirando do cabide.

Sem querer que a sessão de escolha de roupas se arraste por mais tempo, tiro minha camiseta e pego o top da mão dela.

— Sutiã preto — Ino comenta. — Boa escolha.

Enfio o vestido e me olho no espelho.

— Então? Fala aí — Ino pergunta, parada atrás de mim com um sorriso enorme. — Gostou, não gostou?

Dou um sorrisinho e me viro para ver como a barra do vestido mal cobre a minha bunda. Em hipótese alguma eu irei me abaixar.

E então noto que nas costas está escrito SANTA.

— Tá — admito —, eu gostei. — Eu me viro e aponto para ela, séria. — Mas não o suficiente pra começar a atacar o seu closet, então não fique muito esperançosa. Tô satisfeita com minhas lindas blusinhas de abotoar, obrigada.

Eu nunca disse que as suas roupas não eram lindas, Testuda. — Ino sorri, estica a mão e estala a alça do sutiã nas minhas costas. — Você é sexy pra caramba todo dia, garota. – De repente seus olhos azuis se estreitam e ela dispara — Agora me deixa maquiar você — ela decide, me levando para o espelho.

— Não!

A Yamanaka põe as mãos na cintura de violão e arregala os olhos, como se fosse minha mãe e eu tivesse acabado de dar uma resposta malcriada.

— Vai ser por bem ou por mal? — Pergunta, me fuzilando com o olhar.

Eu cedo e desabo na cadeira diante do espelho.

— Tanto faz — resmungo, levantando o queixo para lhe dar total acesso ao meu rosto, que acaba de se tornar sua tela. — Mas nada de olhos de guaxinim, tá?

Ela segura meu queixo com força.

— Agora, quieta — ordena, tentando não rir e parecer séria. — Uma arrtista — ela diz, com um sotaque dramático e um floreio da outra mão —prrecisa de silêncio parra trrabalhar! Onde acha que estarr, num salón de Detrroit?

Quando Ino termina, estou igualzinha a ela. Exceto pela ausência dos peitões gigantes e o cabelo loiro e liso dela. Meu cabelo é o tipo de ruivo que algumas garotas pagam uma fortuna no salão de beleza para conseguir, e vai até o meio das minhas costas.

Admito que tirei a sorte grande no quesito cabelo perfeito. Ino disse que fica melhor solto e eu obedeci. Não tive escolha. Ela foi bem ameaçadora...

E ela não me deixou com cara de guaxinim, mas também não economizou na sombra escura para os olhos.

— Olhos verdes com cabelo ruivo — ela disse enquanto aplicava o rímel grosso e preto. — É sexy pra caramba. — E pelo jeito minhas sandálias peep toe também não serviam, porque ela me fez tirar e calçar um de seus pares de botas de salto fino, que aderem às pernas do meu jeans colado ao corpo. — Você tá muito sexy, sua cachorra — Ino declara, me olhando de alto a baixo.

— E você me deve uma, por ter topado essa balada — digo.

— Hã? Eu te devo uma? — Ela inclina a cabeça. — Não, querida, acho que não. Você vai acabar é me devendo uma antes do fim da noite, porque vai se divertir pra cacete, e vai implorar pra eu te levar lá mais vezes.

Eu brinco, fazendo uma careta, com os braços cruzados e o quadril virado para o lado.

— Duvido — respondo. — Mas vou te dar o benefício da dúvida e torcer pra me divertir pelo menos um pouco.

— Ótimo — conclui Ino, calçando as botas. — Agora vamos nessa; Gaara tá esperando a gente.

\O/

ADAPTAÇÃO do meu querido casal.

Comentem, per favore!

Até breve!

XoXo.