Aviso: Esses personagens não pertencem, etc.
Contém Yaoi, ok?
É Preciso Voltar
É preciso voltar.
Mas até que ponto?
Nós dois. Sim, claro. Mas quando?
Nós dois na cama. Beijos, cabelos ruivos e loiros se misturando. Eu e você na noite. Transtornados. Perdidos no vai-e-vem alucinante de nossos corpos.
Mas daí eu não posso tirar nenhuma conclusão.
Antes. Antes.
Mas quando?
Nós dois. Sim, claro. Mas quando?
Nós dois crianças. Eu sério. Você rindo de mim. Eu te achei um idiota. Não foi amor à primeira vista, muito pelo contrário. Nem sequer foi amizade à primeira vista.
Não, daí também não! Muito antes.
Mas de quando, então?
Nós dois. Sim, claro. Mas quando?
Daquela noite?
Sim, daquela noite.
Eu estava tão irritado com você...
Você havia passado horas tentando me convencer a ir naquela maldita festa para, uma vez nela, me deixar sozinho para ir se agarrar com algumazinha pelos cantos. Eu não bebia, sabe? Anos na Sibéria e nunca havia bebido nenhum copo de Vodka. Mas eu estava tão irritado com você que quando alguém me ofereceu um copo eu aceitei sem pensar. Bebi o conteúdo todo do copo em um gole só. E de outro. E de outro. E outro. E outro. Quando dei por mim, estava vomitando em um canteiro. Que desgraça! Logo eu, de todos os cavaleiros, fui cair em tamanha desgraça. Voltei para casa humilhado.
Ah, eu era tão estúpido, Milo! Passei dias te evitando. Toda vez que te avistava saía correndo na direção contrária, e, quando o encontro era inevitável, sempre arranjava uma desculpa para não ter que falar com você por muito tempo. Ridículo, non? Sim, eu era ridículo, e foi disso que você me chamou quando entrou gritando na casa de aquário para tomar satisfações. E eu? Eu gritei de volta, te acusei de ter me abandonado na festa. E foi aí que eu me traí. E você, claro, viu tudo. Agarrou-me pelos ombros e me puxou para um beijo. E foi aí que eu me perdi.
Noites, então. Nós dois na noite. Nossos corpos suados colados um no outro. Nossos cabelos ruivos e loiros se misturando nos travesseiros. Nossas palavras na noite: Obscenas, carinhosas, mas nunca de amor. Um acordo não pronunciado, mas por ambos compreendido.
Estou fugindo do ponto. Não pretendia entrar nestes detalhes. Serão eles relevantes? É possível, mas eu sou o cavaleiro de gelo e não posso escrever sobre isso. Não posso.
De qualquer forma, as noites eram nossas, mas os dias não. Os dias eram de Athena. E em nome dela eu retornei para Sibéria para treinar dois futuros cavaleiros. E em nome dela eu retornei ao santuário. E por ela eu morri. E por ela você morreu. E foi ela quem nos trouxe de volta. Trouxe-nos de volta para tempos de paz.
Sim, há paz. Mas que direito têm esses deuses de inventar a paz de um homem? Há paz, Milo. E eu não tenho idéia do que fazer com ela. A única coisa em que penso é que preciso voltar. Retornar ao início de tudo isso, ao início de nós, de você e eu. E quem sabe assim eu possa entender.
Entender qual foi o momento em que eu errei.
Entender o que foi que eu disse para fazer com que você me olhe assim. Me olhe assim com cansaço, mágoa e com uma determinação que só me diz uma coisa: vou te esquecer.
Talvez se eu voltar ao início eu possa entender.
Por que mesmo que eu não disse que te amava?
Fim
Nota: Eu comecei essa fic com toda a intenção do mundo de dar um final feliz a ela. Mas estava virando uma coisa meio pônei-purpurinado-no-país-dos-caramelos-rosas. Aí eu resolvi poupar vocês de tamanha profusão de clichês.
Outra nota: Deixem reviews e façam uma autora feliz!
Nota da beta [La Française: feliz da vida por ter betado essa fic. História linda, né, gente? Fiquei derretidinha com o nosso gelinho favorito... ; Reviews para a Ígnea, please! \o
