Autora: Marie Vigorito
Título: The Trenches Dug Within Our Hearts
Ship: Draco/Harry
Sumário: Questionar destinos traçados não é sábio, porém sabedoria não é uma qualidade deles.
N/A: Fic para o Projeto THE TARDIS 1.0 do Fórum 6V. Projeto de UA's e a minha se passa na Rússia do início do séc. XX. O resto vocês vão descobrir. Espero que gostem. Mil e um agradecimentos a linda da Narcisa que betou para mim e ao lindo do livro de história da minha irmã que, sem ele, eu não seria nada.
Disclaimer: Personagens não me pertencem e blá blá blá.
I. Prólogo
São Petesburgo, Rússia.
Dezembro de 1905
"Mas, Lílian, eu tenho que ir!" James falava desesperado para a esposa, enquanto um Harry de cinco anos de idade encarava a cena estupefato.
Ele, em sua mente infantil, tinha consciência de que alguma estava coisa errada, mas ele definitivamente não sabia o que. Seus pais brigavam cada vez mais, discutindo sobre coisas que estavam muito além de sua compreensão de criança. Sentado no sofá, brincando com o pequeno trem de brinquedo, que tinha ganho em seu aniversário - o único brinquedo que ele tinha, de fato -, o menino olhava atento para os adultos com seus olhos cor de esmeralda, pensando o que havia causado a briga.
"Não, James, você não tem que ir!" Lílian respondeu exasperada, tentando arrumar a mesa na intenção de se distrair dessa briga eminente.
"Lílian, eu estou desempregado por causa dos dirigentes que seguem ordens diretas do czar. E não sou só eu. São milhares de pessoas sem emprego, sem a menor condição de sustentar suas famílias, por causa de algumas regras estúpidas estipuladas por aquele prepotente." James se mantinha firme em sua decisão, enquanto tentava pôr algum senso na cabeça da esposa. "Nós temos que reagir diante desse ultraje! Nós somos pessoas, ora essa. Não simples animais que ele pode simplesmente jogar na rua e desconsiderar a existência."
"James, você não precisa ir." A ruiva respondeu, sentando-se na frente do marido à mesa. "Você não disse que têm milhares de desempregados por aí? Não vão precisar de você, acredite em mim. Então, por que correr esse tipo de risco tão desnecessário?"
James já ia responder quando bateram na porta. Bufando, ele se levantou e foi abrir, dando de cara com seu melhor amigo, Sirius. Este já estava preparado para o protesto, carregando um pedaço de madeira com uma expressão furiosa e ao mesmo tempo divertida no rosto.
"Sirius, o que você pretende fazer com isso?" A mulher perguntou assustada com a ferocidade do amigo.
"Não se preocupe com isso, Lily, é só uma precaução caso as coisas fiquem um pouco mais animadas." Sirius respondeu com um sorrisinho no rosto, deixando Lily mais exasperada. "Vamos, James?"
James assentiu, se levantando e dando um beijo de leve na esposa.
"Eu volto, Lily." Ele falou, com um sorriso no rosto. "Confie em mim."
Ela assentiu, se mantendo distante para que o marido não pudesse ver as lágrimas que corriam em seu rosto. James simplesmente suspirou e se voltou para Harry, dando um beijo na cabeça do filho.
"Cuide de sua mãe para mim, ok Harry?" Ele pediu, recebendo um aceno de cabeça do filho.
Foi quando Harry percebeu que as coisas estavam mais erradas do que nunca. Ele botou o trem no chão e correu para abraçar a mãe, enquanto a porta se fechava.
"Mãe, eu estou aqui." Falou no auge de sua inocência e ignorância das coisas da vida.
"Eu sei, querido, eu sei."
-x-
"Draco?" O garoto de sete anos levantou o rosto do livro que estava lendo para encontrar sua mãe, que andava em sua direção.
Ele estava sentado em uma poltrona no meio da sala de leitura do Palácio de Inverno, aonde seus pais eram convidados de honra, de um convite feito pelo czar em pessoa. Draco tinha completa consciência de que seus pais tinham muita influência na monarquia Russa, sendo parte do círculo mais próximo do czar. Sempre tão educado, ele tinha os melhores mestres, sendo avançado com relação aos outros meninos da sua idade.
"Sim, mamãe?" Ele fechou o livro com cuidado, posicionando-o na mesa ao seu lado.
"Venha comigo para seu quarto, está bem?" A mãe pediu, chegando perto do filho com uma expressão apreensiva no rosto. "Seu pai recebeu ordens de se manter recluso por enquanto."
O menino assentiu, pegando o livro e se levantando. Os dois andaram em silêncio, algo que já era de costume total para ele. Seus pais o criaram seguindo duas regras básicas; sem perguntas e sem conversa. Draco tentava ao máximo seguí-las, por mais que algumas vezes a curiosidade infantil dominasse seus pensamentos. Eram nesses momentos que seu pai assumia uma postura rude e virava com os olhos duros para o filho.
"Não é de seu interesse." Era sempre a frase que Lucius dizia, fazendo o menino se calar e parar de importunar os pais.
Por conta de toda a delicadeza de seu pai, Draco aproveitava bastante as tardes que ele só tinha a companhia da mãe, que era uma pessoa extremamente agradável na intimidade. Conhecida por ser uma pessoa tão controlada, Narcisa Malfoy era uma mãe afável e carinhosa, sempre atendendo aos maiores caprichos de seu filho. Lucius continuava insistindo que aqueles caprichos fariam mal a ele, mas a mãe insistia.
Chegaram ao quarto e Lucius já estava lá, andando de um lado para o outro com uma expressão furiosa no rosto. Draco reconhecia essa expressão e sabia muito bem que não era certo questioná-lo sobre o que estava acontecendo. Nem ao menos Narcisa foi capaz de falar alguma coisa. Simplesmente pegou o filho e se sentou ao lado dele na cama, mexendo em seus cabelos com carinho. Foi quando os barulhos começaram.
Eram tiros, Draco sabia muito bem isso, pois reconhecia o barulho de todas as vezes que já tinha sido levado para caçar com seu pai - mesmo que ele nunca tocasse nas armas muito menos nos "prêmios". Mais do que tudo, ele tinha medo daquele barulho. Era estridente demais, irritante demais. Tirava toda a sua concentração e impedia que ele lesse - ou sequer pensasse, mas ele sabia que, se reclamasse, seu pai mandá-lo-ia calar a boca.
Então, em um de seus raros momentos infantis, ele se virou e enfiou o rosto no colo da mãe, tentando segurar as lágrimas de medo que subiam.
