Naruto não me pertence. Eu não ganho nem um grão de milho por essa fic. Mas ganho a antipatia dos ShikaTemaDePlantão, e isso me deixa feliz. AsumaShika 4eva s2

Dedico mais essa fic ao Dan, porque ele é a única pessoa tão igualmente gamado em Asuma/Shikamaru quanto eu que eu conheço. Oi Dan s2

Summary: Aquelas malditas perguntas às quais nós fazíamos questão de responder continuavam na minha memória. Eu perguntava com ironia, ele com malícia. As respostas sempre nos surpreendiam, principalmente por serem desnecessárias.

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Perguntas retóricas

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Ela não precisa saber de tudo. Entretanto é insuportável eu fingir não saber de nada.

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1. Você pensa que eu sou idiota?

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Amanheci com uma determinação que, sinceramente, não me cai nada bem.

Eu deveria ser o primeiro a falar com a Kurenai-san sobre o que aconteceu com o Asuma, mas ainda havia em mim uma relutância insuportável em encará-la. Não por odiá-la ou sentir pena; A verdade é que não sinto nada. Ela é uma boa pessoa, o tipo de mulher que um homem pode querer para se casar e ter filhos. Talvez um dia eu venha a encontrar uma assim também... mas a verdade é que no fundo há uma dificuldade imensa em olhá-la nos olhos hoje e saber que ambos dividimos a mesma dor da perda dele.

A mesma.

Não sou o tipo de pessoa que divide segredos com ninguém. Considero isso muito problemático, assim como a maioria das relações humanas são. Prefiro me contentar com o meu silêncio a ter que passar horas tentando explicar tudo o que penso ou faço. Tenho sorte por ter um pai paciente e uma mãe mais preocupada em brigar com ele do que fazer perguntas a mim.

Por falar em mãe, a minha é do tipo de mulher com a qual eu jamais aceitaria me casar.

Lembro de ter dito isso ao Asuma uma vez. Ele riu na minha cara, engasgou com aquela nuvem de nicotina e apontou meu rosto, quase sufocando com a fumaça. Lembro claramente das palavras dele:

- Você me parece bem o tipo de homem que vai ser posto no cabresto, Shikamaru!

Ele podia rir. Porque ele não era esse tipo de homem. Sempre estive próximo o bastante para perceber que o Asuma não se deixava controlar pela Kurenai-san. Na verdade ele era mais controlador. Eu sei disso. Ele costumava fazer isso comigo. Diabos... ao invés de me concentrar no que falar a ela, estou aqui lembrando de besteiras que nem sequer deveriam estar na minha cabeça agora.

Deve ser o que o Chouji chama de 'efeito Asuma'.

Eu sempre penso demais quando é nele que estou falando. Deveria ser o contrário, eu acho. Eu devia limpar a mente dessas baboseiras e me concentrar em alguma coisa que valha realmente a pena. Sempre foi assim... desde o dia em que jogamos Shoji a primeira vez. Penso em possibilidades múltiplas de coisas a dizer a ele e no final acabo encontrando estratégias absurdas e - admito -, muito boas para puxar assunto. Pena que a maioria dos assuntos se resumisse a táticas de jogo.

E como eu imaginei, estou sem coragem de bater na porta da Kurenai-san. Analisei que o jardim dela ganhou algumas flores nesses últimos dias. Papoulas. Asuma me disse que lhe dera sementes de papoulas antes de irmos à busca da Akatsuki. Ao questioná-lo sobre o porquê de papoulas ele afirmou ter sido uma indicação da Ino.

Foi impossível evitar o riso.

- Você pensa que eu sou idiota? – perguntei, encarando o horizonte para fugir dos olhos dele.

- De jeito nenhum! – eu detestava quando ele dava respostas a essas perguntas tolas que as dispensavam. – Tanto é que estranhei você vir me perguntar o motivo para dar essas sementes pra Kurenai. Papoulas são flores para consolar alguém! É óbvio!

- Sinceramente? Não há algo de muito óbvio nisso – Pelo menos eu acreditava que não. – O que há para consolar? Quero dizer, se é para consolar a Kurenai-san, então que tivesse dado essas sementes depois de deixá-la, ou algo desse tipo.

- Por que eu a deixaria?

Então eu emudeci. De fato não havia uma razão forte o bastante – não para ele – para deixá-la. Afinal, quem era eu e o que eram todas as coisas que aconteceram entre nós para que fosse o bastante? Deixar a futura mãe de seus filhos não contava como uma prova de amor ou algo do tipo. Creio que eu já era grandinho o suficiente para entender esses fatos. Era estupidez minha ficar imaginando tais coisas. A estupidez só não era maior por que eu realmente não era idiota. Talvez, pensei, ele é que fosse.

- Ao contrário do que você pensa de mim, Asuma, às vezes penso que você é idiota. Só às vezes.

Parece que eu fazia questão de vê-lo rindo das bobagens que eu dizia. Poderia ser exatamente isso, mas eu ignoro esse fato.

Então, pondo de lado as lembranças, bati na porta. Quando a Kurenai-san me recebeu eu me vi quase obrigado a fitar o chão. Não sei se vergonha era o sentimento certo, mas certamente era algo parecido. É insuportável agir como um perfeito idiota quando a intenção é demonstrar força. E eu tenho certa facilidade em agir como tal nessas situações.

- Como vai, Kurenai-san? – uma daquelas perguntas às quais ninguém realmente espera ser respondida. Asuma respondia. Ela não. Ela apenas sorriu com educação e me indicou o sofá. – E o bebê?

- Bem. Você quer um chá?

- Não, obrigado. Eu estava pensando em ir visitar o túmulo do Asuma e... – as palavras me falharam. Engoli em seco e tentei buscar alguma ponta de força nos olhos dela, mas apenas vislumbrei suas lágrimas. – Levar flores, sabe?

- Espera pela minha companhia? – a vi acariciar a barriga e meus sentidos falharam momentaneamente. – É que...

- Não, - intercalei-a, imitando o que eu planejava ser um sorriso. – Acho que é melhor você ficar, mesmo.

- Obrigada – ela sufocou o choro e eu permaneci calado. - Ainda é difícil...

- Eu sei – mal sabe ela... sou o que mais sei, na verdade. – Bem, passei mesmo só para saber se está precisando de alguma coisa.

- Ah, obrigada, Shikamaru. Mas não, no momento eu não preciso mesmo de nada. Talvez amanhã eu vá até o Asuma e...

O choro lhe veio desenfreado e eu quase não tive tempo de oferecer meu abraço antes que ela se deixasse cair nele. Pela primeira vez eu me sentia falso e, até certo ponto, um traidor afagando meu inimigo. Que problemático... Seria tão mais prático dizer que eu compreendia toda aquela dor, toda a falta que fazia o abraço dele e o calor do seu hálito. Eu me queimava no inferno ao abraçar a mulher que outrora esteve nos braços dele. Será que se ela soubesse, também sentiria o inferno no meu abraço?

Naquele momento eu fiz silêncio e tentei aproximá-la de um paraíso qualquer bem longe de mim.

A Kurenai não merecia sentir o mesmo que eu. Um pouco do Asuma está nela e isso ainda me faz querer protegê-la. Já fui capaz de me perguntar se eu não estava protegendo apenas o filho dele e não a ela. No entanto essa é mais uma dúvida desnecessária.

- Tente descansar e parar de chorar. Não vai fazer bem pro moleque – arranquei-lhe um sorriso apagado e a deixei enxugando as lágrimas quando saí de lá.

O caminho até o túmulo era interminável, principalmente quando se tem que fazer uma parada de quinze minutos na floricultura com a Ino insistindo para ir junto. Já tenho problemas demais para ter de suportar mais uma mulher choramingando no meu ombro.

Estranho. O caminho que leva ao túmulo de quem nós amamos tem o poder sufocante de desenhar nosso passado no chão. E, incrivelmente, apenas o passado em que vivemos juntos. O resto é apagado da memória por período nostálgico de tempo.

Quando paro diante dele consigo ver a imagem segura do homem que chamei de Capitão, de mestre, amigo... companheiro. E isso é problemático demais. Principalmente quando a única coisa que me vem à mente são as coisas que costumávamos discutir entre nós.

Lembro de uma pergunta que cabe em muitas situações que vivemos. Desde as melhores até as insuportáveis como essa de agora. E, inesperadamente, me encontro a ouvir a voz dele sussurrando tal pergunta no ouvido da minha alma:

- Como isso foi acontecer?

Eu também queria saber, Asuma.

Continua...

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N/A: Ain gente, eu ia engolir minha língua com vinagre azedo se não postasse essa fic hoje! Aliás, escrevi esse capítulo hoje e me vi obrigada a postar! Bom, agora que a morte do Asuma se fez mais uma vez presente na minha vida eu senti necessidade de escrever isso... Dan, é teu, beesha s2

Mandem Reviews ou seus peitos vão crescer e encostar no chão em 5... 4... 3... 2...