Discramer: Saint Seiya não me pertence!Claro, pq se me pertencesse eu não estaria aqui escrevendo e sim gastando minha grana em alguma viagem exótica!

Todos os direitos reservados ao Masami Kurumada, TOEI, BANDAI e mais alguma empresa que detenha os direitos do anime/mangá.

Aviso: Fic YAOI! Se vc não gosta, tem nojo e blá blá, não leia. Se vc me deixar uma review se fazendo de ofendido, como eu sou da paz, chamarei o Ikki para lhe dar uma surra por mim u.u

Se vc gosta, espero que a fic esteja, ao menos, razoável!(Boa sorte para todos!rs)

Narrada do ponto de vista do Milo (não sei o pq de eu dizer isso. Ninguém é burro 8D).

Minha infância querida

Eu queria voltar a ser criança. Não por causa dos motivos convencionais como o fato de uma criança não ter responsabilidades ou por uma possível saudade das brincadeiras. Não é isso que me faz pensar que a infância era o melhor tempo para se viver. Meu motivo é mais, digamos, profundo.

Me enche de saudades o simples fato de que naquela época eu era mais corajoso e ousado. Ou talvez eu fosse assim simplesmente porque não tinha noção das coisas que fazia. E são essas coisas que me fazem querer voltar e aproveitar muito mais aqueles pequenos momentos que hoje me fariam suspirar um dia inteiro.

Desculpe se você está meio perdido leitor.

São divagações de uma mente confusa. Uma mente que a pouco percebeu o que sempre foi óbvio demais. Uma mente que não entende a si própria. Uma mente apaixonada.

E não apaixonada por qualquer pessoa! Não. A mente de um jovem que descobriu, em um belo dia (ou não), que estava apaixonado por ninguém menos que seu melhor amigo. Sim, AMIGO. Eu, Milo, apaixonado por um homem.

Não sei o que foi pior: perceber que se tratava de um homem, perceber que se tratava de meu melhor amigo ou perceber que se alguém observar por alguns minutos vai notar que é óbvio que estou apaixonado por ele. Talvez o pior de tudo fosse se ELE percebesse isso. Afinal ele já me disse diversas vezes:

-Eu não entendo porque essa insistência sua em ser meu amigo.

E eu sempre com o mesmo argumento:

-Porque somos tão opostos que você virou um mistério pra mim. E eu gosto de bancar o detetive.

Agora que sei da verdade, isso até parece uma cantada. Mas sempre foi assim. Desde que éramos crianças, lá estava eu azucrinando a vida de Camus com meus papos aleatórios e intermináveis. E lá estava a mesma observação e o mesmo argumento. Com a única diferença de que quando éramos crianças, minha resposta era menos elaborada.

E aqueles pequenos momentos com Camus são o principal motivo de eu querer dar um chute bem dado no Peter Pan por não ter vindo nos visitar. Mais do que esses momentos, sinto falta das coisas que eu fazia. As coisas de que eu falava no começo.

Coisas que me fazem ter orgulho de um Milo do passado que está em algum lugar aqui dentro, mas que minha insegurança e covardia não deixa sair.

Coisas como os abraços. Eu abraçava Camus a ponto de cairmos no chão, no sofá, onde fosse. Mas tudo com a inocência de duas crianças. Para desconcerto de meu amigo claro. Ele detestava essas minhas aproximações exageradas. Eu o abraçava porque gostava de ouvi-lo reclamar, fechar a cara, bufar.

Mas eu ia mais além. Como eu disse anteriormente, sinto falta da minha ousadia e coragem.

Ás vezes eu não me contentava em abraçar. Eu o beijava. Calma, o beijava como uma criança faria com os pais. Beijos na bochecha acompanhados de um sorriso. Tudo para ouvi-lo reclamar ainda mais.

Não que eu não gostasse dele e por isso queria irritá-lo! Mas porque eu o adorava.

E olha que nem nos falávamos muito. Ele era mais amigo de Shaka. Os dois tinham os mesmos hábitos: ler livros, discutir sobre eles, ficar em um canto olhando as brincadeiras dos outros. Eles eram muito mais próximos que eu e Camus e nem eram tão próximos assim.

Mas Camus tinha um efeito sobre mim. E única e exclusivamente por sermos diferentes. Opostos.

Eu o admirava muito. Falava igual a um adulto: polido e sério, de uma maneira infantil, mas completamente mais madura do que a de qualquer um de nós. E eu gostava de ouvi-lo brigar comigo daquele jeito polido. Eu achava divertido, até mesmo fascinante. E também ele nunca ficava seriamente bravo. E eu achava o autocontrole dele demais.

E ainda tinha o apelido. Uma coisa só nossa, embora fosse contra a vontade dele: Camyu. Era assim que eu o chamava. Depois de um tempo ele havia desistido de me fazer parar com "esse jeito ridículo de me chamar" nas palavras do próprio Camyu. Eu adorava chamá-lo assim. Me sentia mais próximo dele. Quando ele impôs a condição de que eu só o chamaria assim quando não tivesse ninguém por perto, eu concordei sem pestanejar. É claro que ninguém iria saber! Era somente eu quem podia chamá-lo dessa maneira! Ninguém mais tinha esse direito! E mais uma vez, eu agia desse modo com a inocência de uma criança. Porque crianças são criaturas possessivas. Aquele apelido era visto pela minha mente infantil como um segredo. Um segredo entre eu e Camus. Só nosso e ponto.

Esse meu sentimento de posse sobre Camus foi piorando com o tempo. Ainda crianças, eu resolvera implicar com Shaka.

Porque ele e Camus ficavam indo a biblioteca juntos. Porque depois eles ficavam conversando sobre os livros que liam. Vocês devem saber mais ou menos sobre o que estou falando. Porque duas pessoas,quando sabem muito sobre uma coisa em comum, parecem incapazes de mudar de assunto e quem está por perto acaba se sentindo excluído[1]. Todo mundo acaba passando por isso um dia.

O único detalhe é que eu não estava por perto.

Como eu disse antes, Camus e Shaka eram do tipo que preferiam uma boa conversa a uma boa brincadeira. Não que eles não brincassem conosco, mas isso acontecia uma vez ou outra. E eu era mais do tipo brincalhão. Do tipo que não perdia uma brincadeira.

Mas mesmo não estando perto dos dois, aqueles papos longos me deixavam um tanto incomodado. Coisas de criança. E coisas do meu gênio possessivo. Então eu passara a ignorar a presença de Shaka. Quando ele me perguntava alguma coisa eu respondia em monossílabos e sem olhar pra cara dele. Às vezes ficava olhando-o quando ele estava conversando com Camus e como Shaka é uma pessoa muito perceptiva, logo percebia e me olhava. O que eu fazia? Na minha birra de criança eu virava a cara sem disfarçar. Acho que Shaka achava estranho e ao mesmo tempo um tanto engraçado.

Camus até veio para mim perguntando:

-Você brigou com o Shaka?

E eu, no meu cinismo infantil, respondia:

-Eu não Camyu!O que ele inventou?!

-Ele não inventou nada. Só acho que você vem agindo de um jeito estranho nos últimos dias.

-Nem sei do que você tá falando Camyu!- e eu sorria no auge de meu cinismo. Mas não era só cinismo que me fazia sorrir. Era também aquela sensação de que Camus reparava em mim! Ai depois eu o abraçava para que ele ficasse bravo e esquecesse o assunto.

Mas um dia não houve como escapar. Fui pego no flagra mesmo.

Eu estava na cozinha. Naquela época dividíamos o mesmo prédio. Uma só cozinha. Um só corredor cheio de quartos.

Bom, lá estava eu. Bebendo água ou comendo... Não sei, não me lembro muito bem. E Shaka entrou. Me cumprimentou simpático. E eu respondi sem vontade com um "oi" seco.

-O que o Shaka te fez Milo?

Sim. Era ele. Camyu. Eu não o havia visto entrar um pouco depois de Shaka porque estava muito ocupado virando a cara na direção oposta a da porta, de onde Shaka havia acabado de entrar e me cumprimentar. E eu me senti sem palavras. Como uma criança que ofende o irmão e é pego no flagra pela mãe.

-Oi Camus!Tudo bom?!-sim, eu era uma criança cínica.

-O que o Shaka te fez Milo?-perguntou novamente sem sair do lugar e com um tom de voz mais sério.

-Do que você tá falando

-Cínico!-disse Camus cruzando os braços.

-O que?- Eu nem me senti ofendido nem nada. Eu não fazia idéia do que queria dizer essa palavra. Acho que isso estava estampado na minha cara, pois ele acrescentou.

-Você tá mentindo na cara dura. -sempre aquele tom sério. E Shaka? Bom, Shaka estava parado perto da geladeira. Deveria estar indo pegar algo nela quando recebeu meu "oi" seco. Ou talvez tivesse parado no lugar quando Camus entrou. Nem sei. Só sei que eu sentia que não tinha escapatória daquela situação.

-Ele não me fez nada... -disse olhando para o chão num tom de voz um pouco bravo. Como se eu fosse o único que tivesse alguma razão naquela história.

-Então porque foi rude com ele?- Camus sempre teve uma paciência de ouro.

-Eu não fui! Só disse oi! Dizer oi é comum!

-Não foi o que você disse e sim como disse.

-Disse normal oras!

Acho que o mais perdido no meio de tudo aquilo era Shaka. Não que Camus estivesse entendendo alguma coisa, mas ele sabia lidar comigo. Mas Shaka não fazia idéia de como agir. Mas é claro que ele não ia ficar quieto. Entendam, Shaka era a vítima, mas era alguém orgulhoso, não agiria como se fosse uma.

-Deixa Camus. Se o Milo estiver bravo comigo ele vai falar! Esquece isso. -Naquele momento eu fiquei mais bravo ainda com Shaka. Não que ele não pudesse dizer nada. Ele podia brigar comigo se quisesse. Mas ele estava falando com Camus. E num tom amigável. Num tom de quem sabia fazer Camus esquecer aquilo e deixar por conta dele. Um tom que me soou pessoal demais.

-Ninguém aqui tá falando com você!- me manifestei bravo.

Os dois só me olharam um tanto espantados. Digo um tanto porque eles são difíceis de abalar. Camus mais do que Shaka, é verdade.

-Qual é o seu problema? -perguntou Camus sério. Shaka dirigiu seu olhar a ele e Camus retribuiu. Hoje eu entendo o significado daquele olhar. Queria dizer para que Camus esperasse mais alguma reação minha que colocasse fim naquele mistério.

Mas vocês podem imaginar o que se passou pela minha cabeça? Aquilo tinha me parecido um olhar de cumplicidade. Um olhar de amizade antiga. Uma daquelas amizades em que basta um olhar e a pessoa já sabe o que a outra quer dizer.

Foi a gota d´agua pra mim. Retirei-me na hora. Passando por Shaka e esbarrando de propósito nele.

Fui para a sala. Sentei no sofá. Um lugar visível. Claro, porque criança tem uma mania de querer atenção. Por mais que estejam bravas com alguém e queiram distância, internamente querem mais é que a pessoa insista. Se não insistir elas ficam mais bravas ainda. Para sorte do meu mau-humor, foi Shaka quem veio atrás de mim. Ai a raiva se misturou com a mágoa. Eu queria o Camus e não ele!

-Milo, você não quer falar comigo? -perguntou o loiro com cuidado. Eu virei à cara e bufei. -Eu ficaria triste se você não falasse mais comigo. Eu gosto de você. Me desculpe se fiz algo que te deixou bravo. Você pode me dizer o que é?

Eu continuei ignorando, já pensava em ir embora. Dessa vez para qualquer lugar onde eu poderia esbarrar em Camus de propósito.

-Milo?É por causa do Camus?-gelei por dentro e olhei pra ele espantado. Como ele poderia saber?

-O-o que?-perguntei chocado.

-É por causa dele né? Eu vi que você sempre ficava me encarando bravo quando eu tava falando com o Camus. Achei que você poderia, sei lá, estar com ciúmes...

-Ciúmes de que?!-falei me levantando do sofá zangado. -Só porque vocês ficam conversando igual dois idiotas sobre aqueles livros chatos? Só porque vocês são os melhores amigos do mundo?- É, eu me entreguei. E o Shaka? Sorriu. Eu bufei diante daquela reação. Eu não era palhaço!

-Milo!Só porque eu e o Camus gostamos das mesmas coisas, não quer dizer que a gente é melhor amigo um do outro!

-Ok... -disse bravo virando a cara.

-Eu não tô mentindo!Você não precisa ter ciúmes!Eu sei que você gosta muito do Camus. Por isso ficou com ciúmes né?

-Não tenho ciúmes... -argumentei fazendo bico e ainda olhando pro outro lado.

-Sei... Mas eu posso te jurar que não somos melhores amigos. Somos só amigos,como eu e você.

-Porque ficam tanto tempo juntos então?-agora eu olhava para ele. A mágoa por Camus ter mais afinidades com Shaka do que comigo tinha superado a raiva que eu tinha cultivado por Shaka naqueles últimos dias.

-Porque a gente gosta das mesmas coisas ué! Você, por exemplo, passa mais tempo com Aioria bolando brincadeiras do que com outra pessoa.

-Não passo não!-Mentira deslavada. Eu e Aioria éramos as pestes daquele lugar. Às vezes passávamos tardes bolando alguma coisa, quando não tínhamos treino, claro.

Ele sorriu e continuou:

-Bom, a verdade é que Camus tem um melhor amigo sim, mas não sou eu.

Olhei para ele assustado. Os pensamentos a mil por hora.

-T-tem?-perguntei receoso. Shaka afirmou com a cabeça.

-Eu te mostro. Quer ver?

-S-sim...

Shaka pegou em minha mão e me guiou até o outro lado da sala. Me posicionou em frente a um espelho que lá havia. Eu olhei para o reflexo confuso.

-Pronto... Você está olhando pra ele. -disse com um sorriso largo que logo em seguida foi acompanhado por um sorriso sem graça meu.

-Você acha?Ele quem te disse?

-Não me disse não, mas nem precisa. Eu vejo q ele procura você olhando para os lados quando você não está por perto. -tenho certeza que meus olhos brilharam nesse momento. -Ele fala de você de vez enquando, mas sempre tenta disfarçar... Ele gosta muito de você Milo.

Nesse momento abri um largo sorriso e abracei Shaka (que ficou meio embaraçado, mas retribuiu o abraço). Pedi desculpas a ele, envergonhado, e ele as aceitou.

Naquele dia, logo após fazer as pazes com Shaka, fui até Camus. Ele não parecia bravo comigo. Confuso talvez por causa de minhas atitudes, mas bravo não. O abracei antes que ele tivesse tempo de me perguntar o porquê da minha grosseria para cima de Shaka. Ele praguejou contra o meu abraço, tempo o suficiente para ignorar a história.

Eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Eu acreditava nas palavras de Shaka. Eu me agarrava a elas com força, porque eu adorava Camus. Talvez eu já o amasse naquela época...

-Vai ficar muito tempo olhando a janela ou nós vamos treinar?-sorri para mim mesmo. Porque ele sempre aparecia quando eu estava pensando nele?Ah sim: porque eu sempre estava pensando nele.

Sai do parapeito da janela a qual estivera sentado nos últimos minutos. Olhei para aquele que eu tanto admirava. Meu melhor amigo. Meu Camus.

-Vamos nessa Camyu. –respondi sorrindo.

Aquele apelido. Aquele nosso segredo, era a única coisa a qual eu não precisava sentir falta.

E durante o trajeto a arena de treinos, o único desejo que eu tinha era abraçá-lo, ouvi-lo praguejar e em seguida beijá-lo, mas dessa vez sem a inocência de uma criança.

FIM

Notinha:

[1] Citando C. S. Lewis, em "As Crônicas de Nárnia". Eu já ia colocar algo sobre esse negócio das pessoas às vezes se sentirem excluídas quando lembrei q o autor falava sobre isso! Resumindo: só coloquei para vcs me acharem intelectual XD

Agradecimentos:

A minha irmãzinha Yami, pq ela desatou a escrever fic de cavaleiros, eu fiquei com inveja e resolvi que ia terminar de escrever essa. Á Itachi também que betou para mim (alias, achou a fic bem melosa, o q vcs acham?)

E comentem please. Só não me xinguem pq eu sou frágil!