Bom, mais uma fanfic de par e fandom esquisitos '=' Desculpe universo, mas meu cérebro parece apenas funcionar dessa maneira. Essa história se passa depois do final da série, com eles adultos e cuidando de suas próprias vidas.
Espero que alguém leia e_e Não sei pra que eu resolvo escrever sobre coisas pelas quais ninguém se importa '-'
De qualquer modo, boa leitura! :)
Chris não soube muito bem o que fazer quando Greg lhe contou que gostava de outros garotos. Eles estavam na universidade e, apesar de conseguirem a façanha de continuar se vendo todos os dias e de manter a amizade praticamente intacta desde que se conheceram, ainda foi um choque descobrir esse lado do amigo que nunca tinha lhe passado pela cabeça.
Quando Greg parou de ficar de mimimi por causa de garotas, Chris achou que ele tinha só desistido e aceitado o seu destino como nerd solitário. Mas nada, nada no mundo, o tinha preparado pra isso.
Claro que Chris tentou não ser um babaca e apoiou Greg do modo que pode.
Ele, entretanto, nunca imaginou que passaria uma quinta à tarde oferecendo o ombro e falando sobre caras. O universo nunca parou de odiá-lo, pelo que parecia, e lá estava ele, consolando o melhor amigo porque um idiota quebrou seu coração.
— Ele é um idiota – Chris reassegurou, só para o caso de Greg ter se esquecido, considerando os olhos vermelhos e as fungadas ocasionais. — Aquele filho da puta não merece o seu sofrimento, Greg. Na verdade, ele não merece nada de você. Eu tenho certeza que deve ter algum… cara… decente por aí e que goste de você.
Dava pra ver que Greg tinha chorado antes de Chris chegar em seu dormitório e que tentava ser forte, fingindo a expressão mais neutra que conseguia. Mas, ao ouvir a tentativa de conforto do amigo, Greg fez a pior cara de dor que Chris já tinha visto e lágrimas escaparam de seus olhos. O garoto as limpou com força, claramente com raiva de si mesmo por demonstrar alguma coisa.
— Mark não me merecia. Tony não me merecia. Pablo não me merece e é um idiota. – Greg começou, irritado. — "Deve existir um cara decente por aí", você diz, mas acontece, Chris, que não tem. Eu sou um nerd imbecil, as pessoas não gostam de mim, nunca gostaram... Você não entende, eu não estou triste porque fui traído, eu estou com vontade de morrer porque nada pode ser normal pra mim! Eu sou uma aberração!
Greg se levantou em um impulso, batendo as mãos na escrivaninha em que estava debruçado antes e começou a caminhar de um lado pro outro no quarto. Chris, mais uma vez, não sabia o que fazer e esperou.
— Cara, eu durmo com pijamas de super heróis até hoje, leio livros de física pra passar o tempo, ainda tem lugares que eu evito para não ter que enfrentar valentões e eu tenho 20 anos. De repente percebo que sou gay, meu pai me odeia, e do mesmo modo como eu não sabia como falar com garotas há alguns anos, eu não faço a menor ideia de como falar com caras. Eu sou CHATO. Não sou nada especial para ser merecido. Eu só queria... sei lá o que eu queria… eu só…
Chris suspirou e observou enquanto o amigo ofegava de leve, ansioso. Não era normal pra ele falar tanto sobre si mesmo, Chris, geralmente, tinha que adivinhar o que se passava na cabeça dele.
— Senta aqui, Greg. – disse, gentilmente, e deu duas batidinhas no espaço vago ao seu lado na cama. Viu o outro revirar os olhos e resistir, parecendo mais uma bolinha branca cheia do ódio do que o gênio da engenharia aeronáutica que ele era. Chris insistiu e o garoto acabou dando o braço a torcer, emburrado. — Agora me escuta bem, não existe absolutamente nada de errado com você. E não resmunga pra mim, Gregory Wuliger, eu não estou dizendo isso pra te animar, estou dizendo a verdade. Quando a gente era criança e apanhava do Caruso, nós éramos diferentes da maioria e eles não sabiam lidar com as diferenças. Você sempre foi brilhante e eu sempre fui seu amigo e se você disser de novo que ninguém nunca gostou de você, eu vou ter que te dar um tapa na cara.
Foi a vez dele se levantar.
— Seu pai não te odeia, ele tentou falar com você várias vezes, mas vocês são dois idiotas e não conseguem ficar cinco minutos sem brigar. Deixa eu te contar uma novidade: ser gay não te define. Seu pai sabe disso. Conversa com ele, ok? E você é especial SIM, seu mané cabeça dura. E se nenhum desses babacas com quem você sai achando que não vai conseguir nada melhor não acham que você fica incrivelmente fofo nesses pijamas, tem alguma coisa muito errada com eles.
Depois desse discurso, Chris se viu parado no meio do quarto, com as mãos na cintura e uma postura a la Rochelle inscrita nele todo. Ele sorriu, sabendo que tinha feito uma ótima imitação da mãe e Greg riu, lágrimas ainda escorrendo pelas maçãs do rosto e entrando em sua boca, os olhos menos tristes.
— Valeu, Chris. — ele respondeu, limpando o rosto com as costas das mãos. — Eu acho que estava precisando de alguém que me chamasse de idiota e dissesse que eu fico fofo de pijamas.
— É bom ficar agradecido mesmo. – Chris completou, fechando com chave de ouro o papel de mãezona e sentando de novo. Os ânimos tinham melhorado imensamente e Chris sentiu que podia respirar direito de novo. Um Greg infeliz não era um bom Greg e Chris adorava um bom Greg. — Agora, será que dá pra parar de sentir pena de si mesmo e me dizer se vai ou não comigo assistir a partida de sábado.
— Você vai levar alguém? – ele perguntou, abrindo a gaveta e tirando um pacote de remédios de dentro, separou dois e os engoliu no seco. Sob o olhar desaprovador de Chris ele deu de ombros. — O quê? Eu preciso dormir, oras.
— Eu não vou dizer mais nada sobre isso, cara. Você já sabe o que eu penso… – eles tinham tido essa discussão milhares de vezes. Desde que os pais de Greg se separaram, ele vinha tomando calmantes e antidepressivos em momentos de crise, Chris não notava isso na época do Corleone, porque esses momentos quase não aconteciam e, quando aconteciam eram bem longe de seus olhos. Mas, depois do colégio e no início do curso superior a coisa saiu do controle e, em dias ruins, Greg não conseguia nem mesmo pregar os olhos sem medicamento. — E não. Em respeito a sua dor de cotovelo eu prometo não te deixar de vela.
— Hm. Vou pensar e te falo amanhã, ok? – respondeu, mas a voz já estava pesada e ele se reclinava sobre os travesseiros.
— Você comeu?
— Uhum...
— Hoje?
Quando Greg apenas grunhiu, fechou os olhos e abanou uma mão dispensando Chris, ele revirou os olhos e saiu sem dizer nada, voltou com snacks da máquina de vendas do corredor e os deixou em cima da mesa de cabeceira. Ele se perguntava quando ia poder parar de se preocupar com o amigo.
Greg era como uma bomba relógio, uma que explodiria caso Chris desviasse os olhos.
Depois de tanto anos engolindo sapos, levando socos e sendo esquecido pelo mundo, Chris aprendeu algumas lições que o fizeram se tornar um adulto mais forte e resistente às merdas que a vida, inevitavelmente, jogava nele. Descobriu como se defender melhor com palavras e o que fazer sobre as agressões físicas. Percebeu que o preconceito nunca ia acabar, mas que alguns lugares eram melhores do que outros para ser negro e não precisar "vender drogas". Encontrou outros como ele na faculdade, que tiveram infâncias complicadas em bairros complicados, mas que estavam se ajeitando, de modo que Chris se sentia menos sozinho. E, por fim e não menos importante, notou que garotas maduras se amarravam em caras altos e de pele escura. Se ele se achava feio antes, agora não mais.
O processo de Greg, entretanto, foi mais doloroso. Ele só conseguia superar a insegurança quando assumia papéis de pessoas que não eram ele, tudo o atingia com uma facilidade imensa e, aos olhos de Chris, Greg era tão frágil e especial que deveria ser enrolado em um plástico bolha para sempre. O pai do garoto achava a mesma coisa e essa foi a origem do problema, ele prendia e protegia Greg do mundo de um modo tão intenso que ele não foi capaz de enfrentá-lo quando precisou.
Apesar de tudo, até que ele não estava se saindo tão mal assim, era o melhor da turma e costumava tomar suas próprias iniciativas, mesmo que elas acabassem sendo muito idiotas na maior parte do tempo. Chris deu uma última olhada pro amigo, agora uma bolinha branca enrolada na cama e saiu.
Enquanto Greg se divertia com números e fórmulas, Chris tinha se metido em Gastronomia e estava mais do que atrasado para a próxima aula.
Quando perguntou se Chris levaria alguém, Greg se referia à Kayla, a namorada que ele tinha arranjado na turma de Antropologia Gastronômica. Talvez "namorar" fosse um termo forte demais para o tipo de relação que eles tinham, na verdade, os dois apenas saíam de vez em quando nos finais de semana e ficavam grudados quando tinham aula juntos. Mas não era como se ele fosse se importar se ela estivesse saindo com outras pessoas, assim como odiaria ser obrigado a ter uma conversa sobre exclusividade com ela.
De qualquer modo, o campeonato de basquete estava acontecendo e, em nome dos velhos tempos, quando Chris quase entrou em coma no ensino médio por causa de uma carreira inexistente como jogador, ele decidiu acompanhar o time da universidade. E arrastar Greg com ele, claro, porque alguém precisava tirar a bunda dele do quarto de vez em quando, levar pra tomar um ar, evitar o mofo, coisas do tipo. Kayla estaria fazendo sabe-se lá o que enquanto isso e ele tinha que admitir que ela não era nem um pouco divertida quando se tratava de esportes, Greg, por outro lado, se aproveitava da multidão e da falta de atenção sobre si mesmo para liberar um pouco da raiva que existia dentro dele. O resultado era um verdadeiro show de gritos, xingamentos e comentários sarcásticos e imbecis que faziam Chris enxugar lágrimas dos olhos de tanto rir. Uma vez, ele teve que lutar com os seguranças quando Greg começou uma briga com o mascote do time adversário e rolava no chão com um cara vestido de antílope. A relação de Greg com mascotes nunca foi boa, por motivos óbvios, mas aquele sujeitinho tinha a boca suja e estava merecendo levar uns tapas, Chris só tinha que se certificar de que ninguém ia se meter no meio.
Eles foram banidos das arquibancadas por alguns meses, mas tinha valido a pena, o evento se tornou um clássico das noites no barzinho e Greg sempre teria a história de como abateu um veado para contar quando estivesse bêbado.
Chris tentou jogar todas as preocupações e as lembranças para o fundo da mente quando entrou na sala de aula, quase meia hora atrasado e, mesmo assim, sem nem ao menos receber um olhar repreensor do professor. Ele tinha uma estranha sensação no fundo do peito de que faltava bem pouco para que aquele fosse o momento de sua vida. Tudo o que ele passou o tinha levado até ali e feito quem ele era. Se soubesse o que estava faltando, se ele pudesse…
— Terra para Chris! – Jefferson estalou os dedos na frente do rosto dele e o pensamento se dissipou. Ele seria lembrado mais tarde.
Notas finais: Se você, por acaso, leu e tem alguma opinião sobre a história, positiva, negativa, técnica ou o que mais for, por favor, comente :) Gosto de saber o que as pessoas pensam sobre o que escrevo.
Até o próximo capítulo. o/
