Ela crescia. E isso o encomodava.
Rin já estava com seus 10 anos e tinha traços de que seria uma mulher bonita e elegante. Após a derrota de Naraku, ela passara 3 anos em uma pequena vila, onde Inuyasha morava, sempre aos cuidados de Kaede-bachan. Quando fez idade suficiente para saber o que fazer da vida, decidiu ir com Sesshoumaru para o palácio de seu falecido pai, onde sua mãe o aguardava para passar a posse do reino para seu filho.
Os anos se passavam e ela crescia em beleza e sabedoria. Teve os melhores professores para todas as ocasiões; etiquetas, música, história, escrita..., mas ela sempre dava um jeito de ficar o mais tempo o possível em seu pequeno jardim que ficava atrás de seu quarto. Sesshoumaru mandara cultivar flores de todos os tipos, especialmente para ela.
Era óbvio que ele esbanjava cuidados e mimos para com ela: lhe dava presentes, lhe levava a lugares antes nunca vistos (nem mesmo em suas viagens com ela quando pequena), mas o que ela mais gostava era quando ele voltava de seus afazeres em outros reinos com lembranças estranhas e exóticas do lugar.
Mas ela crescia...tão rápido aos olhos dele. Isso o encomodava. Na verdade, isso também o entristecia.
Ela tinha agora 15 anos. Cabelos longos e pretos, tão bonita e meiga quanto qualquer outra.
Sesshoumaru havia passado 1 ano fora de seu reino; as coisas não andavam bem: os taiyokais declaravam guerras entre si alegando aumentar seus reinos, e para evitar um derramamento desnecessario de sangue, ele havia ido negociar com os grandes governantes. Embora não tivesse conseguido muito êxito, um leve acordo entre eles consentiria em alguns meses-assim ele pensava- de paz, até que o primeiro estourasse a paciência e declarasse guerra de vez.
Voltara tarde da noite e Rin, que estivera acordada ao máximo que conseguira, estava dormindo.
"Uma pequena boneca" ele pensou quando entrou no quarto da garota. "Uma pequena boneca de longos cabelos".
Ao se sentar do lado de Rin, ele repensou em tudo que havia acontecido, nas coisas que passaram...em suas mortes. Duas mortes. Uma ele reviveram por agradecimento e a outra...por que revivera uma outra vez? Talvez por pena sua mãe tenha feito isso. E as palavras ainda ecoavam em sua mente "a cada dia que passa ele fica mais parecido com o pai". Por tantas vezes se repreendia pelo pai que tinha, por ter amado uma humana e agora...ele também amava uma humana. Uma humana frágil e delicada que em pouco tempo poderia morrer!!! Ele poderia ir ao inferno como da última vez só pela sua alma, mas seu destino era esse: permaneceria humana até o fim de seus dias e não havia nada que pudesse reverter esse destino.
Um súbito transtorno misturado a tristeza e raiva que sentia veio até seus olhos que sintilaram tornando quase vermelhos. Levantou-se e saiu do quarto da garota, não podia mais ficar perto dela ou de qualquer lugar que tivesse tais pensamentos e então fora para seu quarto descançar.
Ao amanhecer a garota corria pelo castelo a procura de seu mestre, afinal, 1 ano se passara desde que o vira pela última vez. Encontrou ele, por fim, em seu quarto. Estava acordado e vendo várias mensagens que chegara até ele pela manhã do descontentamento que a breve trégua estava causando entre os taiyokais. Pequenos manifestos estavam sendo frequentes e brigas com mortes também e isso o preocupava. Sesshoumaru previa que a guerra, querendo ele ou não, chegaria a seu reino. Estava tão absorto que não viu a chegada da menina que pedira permissão para entrar. Sentiu então seu cheiro quando ela entrou e a garota, com os olhos transbordando felicidade e fazendo uma pequena reverencia disse: "Meu Senhor, seja bem-vindo!!!" viu então cartas em cima da mesa e ele com algumas em mãos. "Desculpe!! Eu o encomodei, está atarefado".
O cheiro dela é tão bom, pensou ele. "Não está Rin. Nunca me encomodou." A garota abriu um simples, mas carinhoso sorriso para ele. "Trouxe algo para você" e dizendo isso puxou uma caixinha de sua manga e deu para a garota. Era um prendedor de cabelo. Simples, mas entalhado a mão. Alguns pequenos detalhes ficavam na ponta. "Obrigada, Sesshoumaru-sama. Rin fica feliz com o presente" e a garota deu um sorriso em agradecimento. "Use hoje. Teremos um pequeno acontecimento aqui."olhou para expressão dela "Não se preocupe, os yokais que viram não se atreveram a tocá-la. Tenho negócios a tratar agora, então ficarei fora por algum tempo até o jantar". Ela olhou para baixo, com uma expressão cabisbaixa e assentiu. Sesshoumaru chegou perto da garota e ergueu sua cabeça com os dedos em seu queixo, levemente. Eles se olharam por um curto período de tempo até Sesshoumaru quebrar o contato se afastando dela e saindo do quarto.
