"Boa noite. Hoje eu sou apenas a Liane, uma depressiva em recuperação."
"Boa noite, Liane!"
"Fora daqui eu sou a mãe de um adolescente de catorze anos. Assim que ele nasceu eu desenvolvi um quadro de depressão pós-parto e não fui capaz de segurá-lo por oito meses. Eu estraguei meu filho fazendo todas as suas vontades simplesmente porque eu me sentia muito culpada por tê-lo rejeitado.
"Eu acho que o meu filho me despreza como pessoa. E eu não o culpo. Eu sei que minha vida começou a desmoronar no dia em que eu descobri que estava grávida. Quando contei ao meu namorado a notícia, fui acusada de traição. Ele alegava que aquele bebê que eu esperava não era dele. Fiquei arrasada e uma semana depois ele mudou da cidade sem dizer para onde ia.
"Eu estava grávida de três semanas e não sabia nem se aquilo iria vingar! Então eu decidi viver sem limites. Numa única noite bebi tanto ao ponto de esquecer com quantos homens eu havia dormido em um festa.
"Eu era- eu sou uma puta suja. E eu sei que ele sabe disso. Eu me odeio todos os dias por não ter sido capaz de ser uma mãe melhor. Por não ser uma mãe melhor. Eu vejo o meu bebê com catorze anos e eu sei que ele está confuso, que ele está passando por problemas. Mas ele é incapaz de abrir comigo. Eu sou incapaz de me abrir com ele.
"Meu filho... Ele não teve um pai, ele não teve uma mãe. Ele está sozinho."
